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Ensino de Astronomia no ABC

ASTEROIDES, COMETAS E
FORMAÇÃO DO SISTEMA
SOLAR
Profª Fernanda Siniscalchi
Formação do Sistema Solar
Hipótese moderna: sugerida e desenvolvida por
René Descartes, Immanuel Kant e Pierre-Simon
de Laplace

Nebulosa Solar: grande nuvem rotante de gás


entrou em colapso. Início da contração ->
aceleração do colapso devido à força
gravitacional da nuvem atuando em si mesma
Formação do Sistema Solar
A Nebulosa Solar já possuía 2% de elementos
mais pesados que H e He (de outras estrelas)

Devido à conservação do momento angular, a


rotação da nuvem aumentava e a massa de gás
rotante assumia uma forma discoidal, com uma
concentração no centro (daria origem ao Sol)

O material do disco daria origem aos planetas


Formação do Sistema Solar

Disco de acreção (similar aos anéis de Saturno)


Formação do Sistema Solar
Resfriamento da nuvem -> apenas o proto-sol
manteve a temperatura alta

O material se condensou rapidamente devido ao


resfriamento e originou os planetesimais, corpos
de até 1km formados por forças de coesão

No disco protoplanetar, a composição dos


corpos dependia da distância até o centro
Formação do Sistema Solar
Interior: temperaturas altas, material rochoso se
condensou, poucos planetesimais

Exterior: temperaturas baixas, materiais voláteis


podiam se condensar, muitos planetesimais
rochosos e gelosos

Linha de congelamento: fronteira entre as


regiões (~5UA do Sol, T~150K)
Formação do Sistema Solar

Planetesimais,
concepção artística Linha de congelamento
Formação do Sistema Solar
A atração gravitacional entre os planetesimais
acarretou na formação dos protoplanetas

Disco interior: protoplanetas rochosos, massa


baixa (poucos planetesimais), não conseguiram
atrair e acumular atmosferas (formadas depois
por vulcanismo, vento solar e/ou trazidas por
asteroides/cometas/planetesimais)
Formação do Sistema Solar

Protoplanetas, concepção artística


Formação do Sistema Solar
Colisões resultaram na nossa Lua e nas
inclinações dos eixos rotacionais dos planetas

Disco exterior: protoplanetas rochosos e gelosos


de massa alta (muitos planetesimais)

Conseguiram atrair e acumular atmosferas ->


gigantes gelosos ou até atmosferas massivas ->
gigantes gasosos
Formação do Sistema Solar
Em torno dos planetas gigantes, formaram-se
algumas luas da mesma forma que os planetas

O disco era mais denso na região de Júpiter ->


acumulou a maior massa

Cinturão de Asteroides: região onde os


planetesimais rochosos não conseguiram formar
um planeta grande
Formação do Sistema Solar
Mais para o exterior, o gelo podia ser integrado
mais facilmente nos asteroides (explica as
posições dos vários tipos de asteroides)

Região mais exterior aos protoplanetas gigantes,


a densidade era menor, os planetesimais gelosos
formaram alguns corpos menores -> Cinturão de
Kuiper
Formação do Sistema Solar
Formação do Sistema Solar
Formação do Sistema Solar
Por interações viscosas e de maré com o disco
de acreção e os planetesimais, Júpiter migrou
mais para dentro e Saturno, Urano e Netuno
migraram mais para fora do disco

No caminho, os planetas gigantes capturaram


alguns planetesimais (luas menores) e
defletiram outros para dentro ou fora do disco
Formação do Sistema Solar
Os planetesimais defletidos para dentro caíram
para dentro dos planetas e luas (crateras de
impacto)

Os defletidos para fora formaram a Nuvem de


Oort ou foram expelidos do Sistema Solar

No caminho para fora, Netuno capturou alguns


objetos do Cinturão de Kuiper
Satélites e Planetas Anões
Satélites Naturais: objetos celestes que orbitam
objetos bem maiores. Ex: luas dos planetas e
dos planetas anões; planetas anões orbitando
estrelas, galáxias anãs orbitando galáxias
maiores
Planetas Anões: são uma categoria acima dos
asteroides, por serem maiores e terem
características semelhantes aos planetas
Corpos Menores do Sistema Solar
Asteroides: corpos rochosos, normalmente no
Sistema Solar interior (até a órbita de Júpiter)

Objetos TransNetunianos (TNOs): corpos gelosos


depois de Netuno (Cinturão de Kuiper ou Nuvem
de Oort). Não são cometas nem planetas anões

Cometas: objetos gelosos que às vezes chegam


perto do Sol (e criam caudas nessa ocasião)
Corpos Menores do Sistema Solar
Asteroides
A maior parte dos asteroides se encontra no
Cinturão de Asteroides, mas alguns possuem
outras órbitas:

- Troianos compartilham a órbita de Júpiter, 60°


atrás ou à frente do planeta. Os da frentes são
chamados, às vezes, de Gregos

- Centauros orbitam entre os planetas externos


Asteroides

Cinza: troianos, verde:


centauros
Posições dos Troianos e Gregos
Asteroides
Amors, Apollos e Atens orbitam o Sistema Solar
interno e podem cruzar as órbitas dos planetas
internos.

Hipótese de que os asteroides do cinturão


sofreram perturbações causadas por Júpiter

Famílias Hirayama: consistem de fragmentos de


corpos maiores destruídos em colisões (hipótese)
Asteroides
Classificados segundo as suas composições:

Tipo S: 2 a 3.5UA do Sol. Silicatos ricos em ferro e


magnésio, pouco voláteis, avermelhados, albedos
moderados

Tipo M: 2 a 3.5UA do Sol. Ferro e níquel,


avermelhados, albedos moderados
Asteroides
Asteroides
Tipo C: 2 a 4 AU. Compostos carbonáceos, muitos
contêm água, albedos baixos

Tipo P: 3 a 5 AU, compostos orgânicos,


avermelhados, albedos baixos

Tipo D: similar aos tipo P, mais vermelhos e um


pouco mais longe do Sol, a maioria dos Troianos
são tipo D
Asteroides
Quanto mais longe do Sol, mais água e outros
voláteis (assim como os planetas e luas)

Dica sobre a formação do Sistema Solar.


Asteroides
Em 2014, foram descobertos anéis em torno de
10199 Chariklo (um centauro), por ocultação
estelar. A origem dos anéis não é muito clara.
Asteroides
1I/2017 U1 (Oumuamua): primeiro objeto
interestelar conhecido a passar pelo Sistema
Solar (perto do Sol), em 2017.

Foi classificado, inicialmente, como cometa,


depois foi reclassificado como asteroide e,
finalmente, como primeiro de uma nova classe
de objetos interestelares.
Asteroides

Trajetória de Oumuamua
Meteoroides, Meteoros e
Meteoritos
Meteoroides: matéria no espaço interplanetário
muito pequeno para ser chamado de asteroide
ou cometa e em rota de colisão com a Terra.

Meteoro: quando os meteoroides se queimam


na atmosfera, conhecido como estrela cadente.

Meteorito: se resta algo chegando ao chão.


Chuvas de Meteoros
Ocorrem quando a Terra cruza a trilha de
detritos deixados por um cometa.
Chuvas de Meteoros

Chuvas de meteoros mais importantes


Meteoritos
Têm idades de ~4.5 bilhões de anos e são
amostras de matéria dos primórdios do Sistema
Solar, embora em muitos casos as propriedades
deles tenham sido modificadas por processos
térmicos-metamórficos.

Ajudaram muito no estudo da formação e


evolução do Sistema Solar.
Meteoritos
Grupos: Rochosos, Ferrosos Rochosos, Ferrosos.

- Rochosos - ~94% dos meteoritos conhecidos:

- Condritos: ~86 %. Contêm côndrulos, peq.

partículas redondas compostas na maioria


por silicatos. Parecem ter se formado como
objetos flutuando livremente no espaço.
Alguns contêm material orgânico.
Meteoritos
- Acondritos: ~8 %. Não contêm côndrulos,

são formados pelo derretimento e


recristalização. Vêm de crostas de
planetesimais, asteróides, ou de corpos
maiores (a Lua, Marte).
Meteoritos
Meteoritos
- Ferrosos (sideritos) ~5 %. Constituídos por ligas
metálicas de Fe e Ni e quantias secundárias de
carbono, enxofre, e fósforo. Maioria pode ter se
formado nos núcleos de planetesimais
derretidos
Meteoritos
- Ferrosos rochosos (siderólitos), ~1 %,
constituídos por mistura de minerais silicáticos e
liga metálica (Fe + Ni). Parcialmente formados
nas zonas de fronteira entre os núcleos e crostas

de planetesimais.
Meteoritos
Meteoritos
Alguns Meteoritos Conhecidos
O meteorito de Bendegó, um siderito, foi
encontrado em 1784 perto do riacho de mesmo
nome, na Bahia.

É o maior meteorito já encontrado no Brasil e o

16°maior do mundo.
Alguns Meteoritos Conhecidos

Meteorito de Bendegó
Alguns Meteoritos Conhecidos
O meteorito de Murchison, um condrito
carbonáceo, caiu em 1969 na Austrália.

Contém mais de 92 aminoácidos!


Alguns Meteoritos Conhecidos
Na manhã do dia 15/02/2013, era esperada a
passagem de um asteroide próximo à Terra, que
caiu perto de Челябинск (Chelyabinsk), na
Rússia. Um meteorito de 17 a 20 metros de
diâmetro e 11 mil toneladas. Gerou uma onda
de choque que feriu mais de 1200 pessoas e
danificou centenas de residências.
Alguns Meteoritos Conhecidos
O evento de Тунгуска (Tunguska), na Sibéria
(1908), foi uma explosão gigantesca (~mil vezes
a da bomba de Hiroshima) que derrubou 80
milhões de árvores em uma área de 2150 mil
km². É o maior corpo celeste que já atingiu a
Terra na história registrada.
Alguns Meteoritos Conhecidos

Árvores derrubadas em Tunguska


A Extinção dos Dinossauros
A teoria mais aceita sobre a extinção Cretáceo-
Paleogeno, há ~65 milhões de anos, é o impacto
de um meteorito de ~10Km de diâmetro. Esse
evento levou a grandes mudanças climáticas,
extinguindo os dinossauros. A provável cratera
fica em Chicxulub, no México. É um cratera de
180 km de diâmetro descoberta em 1978.
Meteoritos
Near Earth Objects (NEO, objetos próximos à
Terra) são corpos celestes como cometas e
asteroides, cujas órbitas se encontram perto da
órbita do nosso planeta.

Os Potentially Hazardous Asteroids (PHAs


asteróides potencialmente perigosos) são os que

possuem maior risco de colidir com a Terra.


Meteoritos
A Escala de Torino
categoriza os NEO
pelo risco de um
impacto com a
Terra e os possíveis
danos que eles
causariam.
Objetos Transnetunianos
Corpos gelosos com órbitas além de Netuno.

Distribuídos em 2 regiões:

- Cinturão de Kuiper, de 30 a 100 AU do Sol,


originam os cometas de curto período.

- A hipotética Nuvem de Oort, entre 300 e


100'000 AU do Sol, repositório de cometas de
longo período.
Plutão
Descoberto em 1930 por Clyde Tombaugh na
procura por um nono planeta.

Foi batizado o nono planeta.

Semi-eixo maior da órbita: 39.5 AU

Período orbital: 246 anos terrestres

- Período rotacional: 6.4 dias terr. (retrógrado)


Plutão
Foram encontrados 5 satélites naturais (luas) de
Plutão: Caronte (Charon), Nix, Hidra (Hydra),
Cérbero (Kerberos), Estige (Styx)
Plutão
Propriedades não muito típicas para um planeta:

- Órbita muito mais inclinada, 17° com a


eclíptica, e elíptica, e = 0.25, que as dos outros
planetas, e que cruza a órbita de Netuno, em
ressonância 3:2 com o período orbital de
Netuno.
Plutão
- Raio e massa baixos de 0.18 R⨁ e 0.002 M⨁

- Composição química similar a TNOs e a Tritão,


mas não aos planetas.

- Em 2005 foi descoberto um TNO com


tamanho aproximado de Plutão, Éris. =>
Conflito
Plutão

Órbita de Plutão
Plutão
Em 2006, a União Astronômica Internacional
(IAU) estabeleceu 3 critérios para planetas:

1. Orbitar uma estrela, i. e. o Sol.

2. Massa alta o suficiente para ter forma esférica


pela gravitação própria.

3. Ter “esvaziado” a vizinhança da órbita.


Plutão
Plutão não satisfaz critério 3:

Reclassificado junto com Éris para planeta anão,


ou plutoide (objeto que satisfaz 1 e 2, mas não
3), ou objeto transnetuniano ou objeto da
Cintura de Kuiper.

Plutinos são TNOs em ressonância 3:2 com


Netuno.
Cometas
Pequenos TNOs compostos por gelo (água,
metano, amônia e dióxido de carbono), poeira,

às vezes material orgânico e/ou um núcleo


rochoso => “Bolas de gelo sujo” que se
aventuram no Sistema Solar interior.

Formam caudas de até 1 AU de comprimento


quando passam pelo Sistema Solar interior.
Cometas
Quando o cometa se aproxima do Sol (< 5 AU),

o gelo sublima, formando um coma de gás


evaporado e poeira em torno do núcleo sólido.

Ainda se forma um halo de hidrogênio em torno


do coma.

O gás é parcialmente ionizado pela radiação


solar.
Cometas
A radiação do vento solar empurra a poeira para
longe do Sol, formando a cauda de poeira.

O campo magnético e o vento solar empurram o


gás ionizado, formando a cauda de íons.

A(s) cauda(s) está(o) sempre voltada(s) para o


lado contrário do Sol.
Cometas
Cometas
Quando o cometa sai de perto do Sol, a cauda
some (mas o cometa pode voltar algum dia).
Cometas
Há cometas periódicos :

- de curto período (< 200 anos) como Halley,


que volta a cada 76 anos, vindos da Cintura de
Kuiper.

- de longo período (> 200 anos, até mais de 1


mio. anos), vindos da Nuvem de Oort.
Cometas
Há teorias, de que estes (de longo período) são
defletidos rumo ao Sol por estrelas passando
perto do limite do Sistema Solar.

Cometas não-periódicos: vão para fora do


Sistema Solar.
Cometas
Cometas
No passado, cometas colidiram frequentemente
com planetas, luas e asteroides. Trouxeram pelo
menos metade da água dos oceanos na Terra.

Moléculas orgânicas: cometas ou meteoritos


podem ter trazido os elementos precursores da
vida ou mesmo os primeiros elementos vivos
para a Terra. -> (neo)panspermia
Cometas mais conhecidos
Hale-Bopp: 19 meses de visibilidade (recorde) a
partir de 23/07/1995, muito brilhante por ser
grande, só volta em 2400 anos

Swift-Tuttle: passou em 1862 e 1992, deixa uma


trilha de detritos que causa a chuva de meteores
das Perseidas. Já foi suspeito de poder se chocar
com a Terra algum dia
Cometas mais conhecidos
Cometas mais conhecidos
Hyakutake: passou perto da Terra em 1996, uma
das caudas mais compridas já observadas.

Não volta por pelo menos 14'000 anos

Halley: Cometa periódico com período de 76


anos, seus detritos causam a chuva de meteoros
das Orionidas. Volta em 2061
Cometas mais conhecidos
Shoemaker-Levy 9: conhecido por ter se
chocado com Júpiter, forneceu informações
sobre a composição do planeta gigante
Missões Espaciais
1991: 951 Gaspra, primeiro asteroide visitado
por uma sonda (Galileo)

1993: 243 Ida, 1º asteroide com satélite natural


(Dactyl) visitado por uma sonda (Galileo).

2001: 1º pouso em asteroide (433 Eros, sonda


NEAR Shoemaker)

2014: 1º pouso em cometa, sonda Rosetta.


Observação de Corpos Menores
Observação de Corpos Menores

Comparação entre as magnitudes dos cometas e planetas


Referências
CARROL, B. W.; OSTILE, D. A. An Introduction to
Modern Astrophysics (2nd editon), editora
Pearson / Addison Wesley, 2007
National Aeronautics and Space Administration.
Disponível em: <https://www.nasa.gov/>
OLIVEIRA, K; SARAIVA, M. F. Astronomia e
Astrofísica, ed. Livraria da Física, 2014
WESTERA, P. W., Corpos Menores, Origem e
Evolução do Sistema Solar. Noções de
Astronomia e Cosmologia

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