|SSN: 198í-8963 https: / /doi.ore/ 1 0.

5205 / 1 981 -8963-ví 3i02a23ó224D353-3ó2-201 9

Costã AKAN, PfrÍmer lAH, Menezes AMF et a[. Aspectos ctínicos e epidemiolóqicos da...

ffi*tr*sân *
llf PF íi* I lnp
vãíkvâã&r1lç

I §

cos
CLINICAL AND EPIDEMIOLOGICAL ASPECTS OF LEPROSY
AspEcros clíNrcos y EplDEmloLóclcos DE LA LEPRA
Ano Karlo Aroújo Nascimento Costal , lrmtrout Aroci Hoffmonn Pfrimer2, Ana lÁorio Fernandes hlenezes3 ,
Laura Branouinho do Noscimentoa, José Rodrigues do Carmo Filhos
RESUMO
Objetivo: analisar os aspectos clínicos e epidemiotógicos da hanseníase. ltétodo: trata-se de um estudo
quantitativo, descritivo, transversal, envolvendo 35.853 casos de hanseníase, no período de 2005 a 2015.
lnforma-se que a anátise dos dados adveio do Sistema de lnformação de Agravos de Notificaçáo, e os
resultados foram apresentados em forma de tabeta e figura. ResulÊados: registraram-se 35.853 casos de
hanseníase, sendo a maioria do sexo masculino na faixa etária entre 40-59 anos, de cor parda, com nível
fundamenta[ incompteto e residente em zona urbana. Revela-se que a forma clínica dimorfa, multibacilar e o
grau zero de incapacidade física foram os mais incidentes, e o modo de entrada mais frequente foi o de casos
novos; a cura foi a principat forma de saida, a baciloscopia não foi realizada na maioria dos casos e o esquema
terapáutico iniciat foi a potiquimÍoterapia para muttibacitares. Conclusõo: conctui-se que a hanseníase é
endêmica e ainda constitui um problema de saúde púbtica, e é fundamental que sejam desenvolvidas
atividades educativas de forma permanente, sobretudo para a poputaçáo vutnerável. Deve-se íundamentar
esta açâo na compreensão da representaçáo social que esses grupos popu[acionais têm acerca da hanseníase.
Descritores: Doenças Negtigenciadas; tlycobacterium leprae; Hanseníase; Saúde Púbtica; Epidemiologia;
lnfecção.
ABSTRACT
Objective: to analyze the ctinicat and epidemiologica[ aspects of leprosy. hlethod: this is a quantitative
study, descriptive, cross-sectionat, invoMng 35,853 cases oÍ leprosy in the period from 2005 to 2015. Informs
you that the anatysis of the data came from the lnformation System of Reportabte Diseases, and the resutts
were presented in the form of tabte and figure. Resulfs.' it was registered 35,853 cases of leprosy, the
majority being mate aged between 40-59 years otd, brown cotor, with incomplete primary education and
residing in the urban area. lt turns out that the dimorphic clinical form, multibaci[[ary leprosy and the zero
degree of physicat disabitity were the most incidents, and the mode of entry more frequent was the new
cases; the cure was the main form of output, the sputum smear microscopy was not performed in the majority
of cases and the initiat therapeutic regimen was the polychemotherapy for muttibacittary patients.
Conclusion: it is conctuded that teprosy is endemic and stitl constitutes a public health probtem, and it is
essential to be devetoped educational activities on a permanent basis, especiatly for the vutnerable
poputation. You must substantiate this action in the understanding of the social representation that these
poputation groups have about leprosy. Descriptors: Neglected Diseases; hlycobacterium leprae; Leprosy;
Public Health; Epidemiology; lnfection.
RESUMEN
Objetivo: anatizar los aspectos clínicos y epidemiotógicos de la lepra. ltlétodo: se trata de un estudio
cuantitativo, descriptivo y transversat que envuelven 35,853 casos de lepra en et período de 2005 a 2015. Le
informa de que et anátisis de los datos proviene del Sistema de lnformación de Agravios de Notificación, y [os
resuttados se presentaron en forma de tabtas y Íiguras. Resultados: se registraron 35,853 casos de lepra, [a
mayoría son varones con edades comprendidas entre 40-59 afros, de color marrón, con prÍmaria incompleta y
que residen en et área urbana. Resulta que [a forma ctínica dimorfa, lepra multibacilar y e[ grado cero de [a
discapacidad fisica fueron [a mayoría de los incidentes, y et modo de entrada más frecuente fue e[ de casos
nuevos; [a curación fue ta principat forma de producción, [a baciloscopía no se ltevó a cabo en [a mayoría de
tos casos y [a pauta terapéutica inicial fue ta potiquimioterapia para pacientes multibacitares. Conclusión: se
conctuye que ta lepra es endémica y aún constituye un problema de salud púbtica y es esencial que se
desarrotten actividades educativas sobre una base permanente, especialmente para [a pobtación más
vutnerabte. Debe justificar esta acción en [a comprensión de la representación social que estos grupos de
pobtación tienen acerca de la [epra, Descriptoresi Enfermedades Olvidadas; hlycobacterium leproe; lepra;
Satud Púbtica; Epidemiotogía; lnfección.
lMestra, Centro Universitário UniFG/CESG. Guanambi (BA), Brasit. E-mait:
b4aal3gjgbiqlcmajLsgll ORCID iD: http://orcid.orq/0000-
0002-5066-5276; rDoutora, Pontifícia Universidade Catótica de Goiás/PUCGO. Goiânia (GO), Bràsit. E-mait: pfrimer@brturbo.com.br
ORCID iD: httos://orcid.ore/0000-0002-3737-0027; rGraduanda de Biomêdicina, Centro UnivêRitário FG/CESG. Guanambi (BA), Brasit. E-
mai[: anamaria-amfm@hotmail.com ORCID iD: http://orcid.orq/0000-0002-ó443-0080; 4secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.
Coiânla (CO), Arasit. E-maif. tbranquinhonOgmái1.com; ORCIO iD: https://orcid.orqlm00-0003-2620-5437;5Doutor, Pontifícia
Universidade Catótica de Goiás/PUCGO. Goiânia (GO), Brasit. E-mai[: biomedico53@qmait.com ORCID iD: https://orcid.orq/0000-0002'
5044-5774

Português / lng[ês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 13(1):353-62, fev., 2019 353

|SSN:1981-8963
Costa AKÂN, Pfrimer lAH, Menezes AÀ{F et â1.
Sabe-se que a hanseníase é doença
infectocontagiosa de evolução crônica,
causadapelo lvlycobocterium leproe, que
possui atta iníectividade e baixa
patogenicidade, acomete os neryos periÍéricos
e pode ser transmitida por meio de gotículas
ou aerossóis.í
Explica-se que sua distribuição geográfica
não é uniforme e os maiores coeficientes de
prevatência locatizam-se nas regiões de baixo
desenvotvimento socioeconômico, como a
América Latina, a África e a Ásia, e a índia, o
Brasi[ e a lndonésia são os países mais
endêmicos, pois, juntos, esses países
registram 81% dos casos novos em todo o
mundo. Revela-se que, 2013, a índia e o Brasil
registraram, respectivamente, 126.913 e
31.044 casos, e, no ano de 2014, a lndonésia
registrou fl.A25 casos novos.2-r
Destaca-se, no cenário da hanseníase no
Brasit, que o Estado da Bahia ocupa o décimo
primeiro lugar entre aquetes com as maiores
prevatências e com elevada taxa de detecção.
Tem-se como outro aspecto retevante o
aumento dos casos muttibacilares (MB) e do
coeficiente de detecção em menores de 15
anos (6,071100.000 habitantes), o que reveta
transmissão ativa. a'5
. Anatisar os aspectos ctínicos
epidemiotógicos da hanseníase.
Estuda-se o Estado da Bahia. Localiza-se a
área em questão na região Nordeste do Brasit,
possuindo uma extensão territorial de
564.732,642 Km2 e eta é formada por 417
municípios. Estimou-se a poputação em
15.276.566 habitantes em 2016.6
Trata-se de um estudo descritivo e
quantitativo, com recorte transversat, de
todos os casos novos de hanseníase de
residentes no Estado da Bahia notificados no
período de 2005 a 2015 e que obtiveram
confirmação c[ínico-taboratoriat. Obtiveram-
se os dados no Sistema lnformatizado de
Dados das Notificações de Hanseníase,
vinculado à Secretaria de Estado da Saúde da
Bahia e ao Departamento de lnformática do
Sistema Único de Saúde (DATASUS), oriundos
do Sistema de lnformação de Agravos de
Notificação (SINAN). Excluíram-se os registros
com erro de diagnóstico, duplicidades e casos
não ctassificados de acordo com
classificação operacional para a hanseníase,
Português/ lngtês
Rev enferm UFPE on [ine., Recife, í3(1):353-ó2, fev., 2019
https: / /doi.orel'1 0.5205 /'1 981 -8963-ví 3i02a236224D353-3ó2-201 9
Aspectos clínicos e epidemiológicos da.. .
assim como os casos de residentes em outros
Estados.
Avaliaram-se as variáveis demográficas, a
zona de residência (urbana ou rura[), a forma
clínica da doença (indetermÍnada,
tuberculoide, dimorfa, virchowiana ou não
ctassificada), a ctassificação operaciona[
(paucibacitar ou multibacitar), o modo de
entrada e saída do programa de atenção ao
hanseniano, o tipo de atta, o esquema
terapêutico e a avaliação do grau de
incapacidade física no diagnóstico.
Obtiveram-se os dados populacionais no
lnstituto Brasiteiro de Geografia e Estatística
(IBGE)7 com base em dados dos censos da
poputação do Estado (2010) e estimativas
populacionais para os anos intercensitários
(2005 a 20í5).
Utitizaram-se, para o cátculo do coeficiente
de incidência, no numerador, os casos novos e
o denominador da população estimada no ano
em estudo muttipticado por 100 mil.
Considerou-se a poputação segundo o censo de
2010 e, para os anos intercensitários, foi feita
estimativa de poputação para cada ano
estudado.T
Considerou-se, para fins deste estudo,
como idade fértit, a faixa etária
compreendida entre 18 e 45 anos para a
variável gestante.
Construíram-se e avatiaram-se os
indicadores conforme a Portaria n'3.125, de 7
e de outubro de 2010. Consideraram'se, quanto
à avatiação dos indicadores epidemio[ógicos e
operacionais, os seguintes parâmetros
preconizados peto Ministério da Saúde:
hiperendêmica, quando a taxa de detecção
for de z 4,0110 mil habitantes; muito alta,
quando a taxa de detecção estiver entre 2,0 a
3,9 110 mi[ habitantes; atta, quando a taxa de
detecção for 1,A a 1,9110 mil habitantes;
média, quando a taxa de detecção estiver
entre 0,2 a O,9110 mit habitantes e baixa,
quando for inferior aO,2/1O mit habitantes.s'e
Realizaram-se as anátises estatísticas com o
auxítio do pacote estatístico SPSS (Sfatistico/
Package for Socíol Sciences), versão 23.0.
Avaliaram-se as descrições do perfit
demográfico dos casos de hanseníase
utitizando-se as frequências absolutas de
casos com suas respectivas porcentagens.
Reatizou-se, para a taxa de detecção e o
coeficiente de incidência da forma ctinica, o
teste de normatidade do coeíiciente de
incidência utilizando-se o teste de
Kolmogorov-Smirnov, demostrando'se
a normalidade, e, assim, aplicou-se o Teste T
independente. Empregou-se a análise
comparativa das características ctínicas com o
354
ISSN: 1981-8963 https: / /doi.orc/'l 0.5205 / I 981 -8963-v l 3i02a23ó224p353-362-201 9

Costa AKAN, Pfrimer lAH, Menezes AMF et at. Aspectos ctinicos e epidemiotógicos da...

sexo com base no teste do Qui-quadrado de caráter ético a terceiros, conforme as

Pearson, e o nivel de significância utitizado foi prerrogativas da Comissão Nacional de Ética
de 5"Á (P. 0,05). em Pesquisa de n'5í0/2016.
Destaca-se que este estudo foi efetuado
com dados secundários, disponíveis em banco
de dados públicos, de acesso livre, e as Apresentam-se resuttados em tabelas,
informações apresentadas não vincutam ou 1,2,3,4 a seguir.
implicam danos e/ou consequências de

Tabeta 1. Características sociodemográficas dos casos de hanseníase, Bahia, Brasil,

2005-201 5.

Sexo
Feminino 17243 48.1
Mascutino 18ó10 51.9
Faixa etária
s14 849 2.4
15-19 1362 3.8
20-39 10515 29.3
40-59 12544 35.0 rS;O0í
60-69 50óí 14.1
>70 5522 15.4
Gêstante
a
í trimestre 22 0.3
2â trimestre
3a trimestre
42
34
0.6
0.5 ]i iffi
r.Lil Litrrrll,iüi
lgnorado*' 6908 98.6
Raça
Amarela 354 í.0
Branca 6268 17.5
Parda 20795 58.0 oor
lndígena 171 0.5 :,utt*j {i<o
Preta 6248 17.4 :iilil::ll:.::iiÉ. iriiixill<iiiiiiiriúll f r:r

lgnorado*" 7017 5.6

Escolaridade
FundamentaI incompteto 22003 61.4
Médio incompleto 2662 7.4
Médio compteto 3089 8.ó
Superior incompleto 251 0.7
Superior compteto 859 2.4
lgnorado.* 6989 I 9.5
Zona
RuraI 6814 19.O :lli
l. ,'=;,iiiii ::=' :::::r i
Periurbana 348 1.0 ,., ,0§í,§j
Urbana 25841 77.1
witsi jllllLiffi 1.§
lii:i:::=:: :'
lgnorado** 2850 7.9 =
Fonte: /SVS-MS. "Qui-quadrado; rau **As
ignoradas nâo compuseram o teste de significância.

Português/ lngtês
Rev enferm UFPE on [ine., Recife, í 3(1 ):353-62, Íev. , 2019 355
|SSN:1981-8963 https://doi.ore/10.5205/1981-8963-v13i02a236224p353-362-2019

Costa AKAN, Pfrimer lAH, Menezes AMF et at. Aspectos clínicos e epidemiológicos da...

Tabeta 2. Características clínicas dos casos de hanseníase. Bahia, Brasit, 2005-2015.

Forma
lndeterminada ó089 17.O
Tubercutoide 7123 19.9 ,í 50i?,:
Dimorfa 9640 26.9
Virchowiana 5337 14.9
lgnorado** 7664 21 .3
Grau de incapacidade no diagnóstico
zero
Grau 21902 61.1
:i ii::ii r il i :r l
::::

I
Grau 6289 17.5 ,t,.2Í;r:7 r.'<ü,ooí
::::'

ltl
=:.
GrauIl 2188 ó.'1
u
lgnorado*' 5474 15.3 li

Classificaçáo operacionaI no diagnóstico

Multibacilar 20551 57.3 r0i00:r
Paucibacitar í5302 42.7
Modo de entrada
Caso novo 31004 86.5 7"5ê <0,06í
Recidiva í35í 3.8
Transferência 2333 6.5
Outros reingressos*"* 1095 3.0
lgnorados** 70 0.2
Tipo de saída
Abandono 1884 5.2
Cura 26707 74.5
H. H,t 1:*'
óbito 476 1.3
Transferência
À*' .#f ; ; ; :'i
2458 6.9
lgnorados*" 4328 12.1

, ffi"$"i*"-
Baciloscopia
Nãoreatizada 7439 20.7
Negativa 6365 17.8
Positiva 4676 13.0
lgnorados*' 17373 48.5
Esquema terapêutico iniciaI
substitutos
Outros esquemas 338 0.9
PQT/MB/ 12DOSES 20245 56.5
PQT/PB/6 doses Í5050 42.0
Ignorados** 22O 0.6
Fonte: SINAN/SVS-MS "Qui-quadrado; GL = Grau de tiberdade. '. As
ignoradas não compuseram o teste de significância. '.'Situações em que o paciente
recebeu algum tipo de atta e retorna requerendo tratamento específico, exceto recidival

Tabeta 3. Taxa de detecção dos casos de hanseníase por dez mil habitantes. Bahia, Brasi[,

2005 3980 2.9

20a6 3571 2.6
2007 331 5 7.4
2008 3357 2.3
2009 3322 2.3 Muito atta §;00ü1
2010 3205 2.3
2011 3't98 2.3 Muito alta
2012 3024 2.1
2013 2.697 1.8
2414 3169 2.1
7.0 alta
Fonte:SINAN/SVS-MS "Teste

Português/ lng[ês
Rev enferm UFPE on [ine., Recife, 13(1):353-62, fêv., 2019 356
|SSN: Í981-89ó3 https: / /doi.ore/'l 0.5205 i 1981 -8963-ví 3i02a236224p353-3ó2-201 9

Costa AKAN, Pfrimer lAH, Menezes AMF et a[. Aspectos c[ínicos e epidemiotógicos da...

Tabela 4. Prevalência do abandono do tratamento da

hanseníase segundo a forma clinica. Bahia, Brasit,
2005-201 5.

Tuberculoide 291 :.: . r. ,t: ,:t ii:tt ) , {\a\:

iiaÀii§ljiiri.;:iiit:::i-:,i::: i I ::i;:::::::::i
Dimorfa 499 26.4
Virchowiana 260 i;::Í:::;-:;]!iM2Íl I lLl lil(§+iir
Náo classificado 483 25.5

Fonte: SINAN/SVS-MS

lndica-se, pelos resuttados, a crescente 0,001) e indeterminada (R2 =- 0,8727; p<

tendência do coeíiciente de incidência/I00 0,001 ). Verificou-se estabitidade para a forma
mil habitantes para a forma clínica dimoía ctínica virchowiana (R2 = 0,3678; p < 0,001 ),
(R2= 0,230'l ; p < 0,001 )e decrescente para as de acordo com a figura 1.
formas ctínicas tubercutoide (R2= - 0,8084; p <

o
o
q 7
ô
o
6
l!
c 5
ô
t
q 4
c
o
rc 3
o
c 2
o
U
q,
o
u 0
2005 200ó 20ü 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 20Í5
Período

+ lndetermina da *&*Tuberculóide + Dimorfa **+*Virchowiana

Figura 1. Coeficiente de incidência/100 mit habitantes dos casos de hanseníase segundo a forma ctínica, no
período de 2005 a2015, no Estado da Bahia, Brasil. Fonte: SINAN/5VS-MS.

Salienta-se que etementos relacionados

com o corportamento mascutino e feminino
Adverte-se que a hanseníase é um tentam expticar a diferença na incidência em
probtema de saúde púbtica que acomete ambos os sexos. Percebe-se que os homens se
populações de diferentes países. preocupam pouco com a própria saúde e a
Comprometeu-se, entre esses, o Brasil a usar estética, diferentemente das mutheres que,
todas as medidas para o controte e a frequentemente, procuram os serviços
eliminação da hanseníase até o ano 2000, mas médicos e
reatizam exames dermatológicos.
esse objetivo não foi atingido.í0-2 Percebe-se que as chances de os homens não
Ressalta-se que a incidência da hanseníase aderirem ao tratamento é três vezes maior do
ocorre em ambos os sexos, porém, com que as mulheres, a[ém do que possuem maior
maiores incidências sobre a poputação risco de exposição ao l,À. leprae por meio do
mascutina, mas que difere entre países e contato social e frequente exposição aos
ía-5
regiões de um mesmo país. Faz-se necessário, ambientes de riscos,
assim, anatisar se a diferença na incidência da Constata-se que o grande período de
doença, em relação ao sexo, ocorre
em incubação do lvl. leprae contribui para que a
retação à proporção de casos entre um sexo e doença se manifeste mais comumente em
outro ou se essa diferença está retacionada populaçôes economicamente ativas
com fatores cutturais, biotógicos e genéticos. influenciando nas atividades produtivas devido
Revelou-se, pela genotipagem de isotados de às reações hansênicas e incapacidades íísicas.
lvl. leprae, que não se apresentaram lndica-se que, embora seja baixa a incidência
diferenças significativas com base na forma da hanseníase em crianças, esse é um
ctínica ou no sexo do paciente.í0,13 indicador sensível da transmissão da doença e
Português/ lnglês
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ISSN:'1981-89ó3
Costa AKAN, Pfrimer lAH, Menezes AMF et at.
indica que a criança teve um contato com o
portador da doença sem tratamento. Sugere-
se, portanto, que, em áreas de atta ou baixa
endemia, seja feito o levantamento do
contato em uma famítia que possui crianças
com hanseníase para se detectar
precocemente a doença. 14,16
Detectou-se, neste estudo, que 48,í% dos
pacientes com hanseníase eram do sexo
feminino; desses, apenas 1,4% dos casos de
estado gestacional dentre aquetas em idade
fértil íoram notificados. Chama-se a atenção
que o estado gestacional foi
98,6% dos casos, o que sugere a possibitidade
de haver subnotificação do status gestacionat,
e essa variável é muito importante tendo em
vista que o ptano terapêutico será definido em
íunção da existência ou não da gravidez.lT
Aterta-se que, considerando a importância
da identificação da existência de gravidez ou
não para o tratamento das mulheres com
hanseníase, é imperativo que os profissionais
responsáveis peta notificação da doença
preencham adequadamente a ficha de
notificação para que seja feito
planejamento adequado de atendimento às
mulheres gestantes com hanseníase, bem
como a adequada interpretação dos
parâmetros de endemicidade. lmpticam-se,
peta subnotificação de dados, fathas do
sistema de informação.17
Aconsetha-se, peta Organização Mundiat da
Saúde, a necessária manutenção do
tratamento com múttiptas drogas, uma vez
que ete é seguro tanto para mãe, quanto para
a criança. Mostra-se que a condição de ser
gestante ou não é um etemento necessário
para a definição do plano terapêutico e de
prevenção dos efeitos adversos decorrentes do
uso de drogas como a Tatidomida.
Recomendam-se o uso da Tatidomida para
mulheres em idade fértit após a exctusão de
graüdez e a comprovação do uso de dois
métodos contraceptivos, sendo um método de
barreira efetivo.ls
Entende-se que a hanseníase é uma doença
que não discrimina cor. Sabe-se, porém, que a
cor parda é a que predomina na população da
área em estudo, mas determinantes sociais
estão associados com maiores frequências da
hanseníase em certos grupos populacionais,
principalmente entre aquetes com piores
condições sociais, inctuindo os negros, e isso
indica que poputações mais vulneráveis
deverão ser foco das campanhas de prevenção
e controte da doença. Pode-se, essa
condição, ser reftexo da migraçáo e
cotonização, da mistura de raças e, ainda, da
ocupação do território brasileiro.
Português/ lngtês
Rev enferm UFPE on [ine., Recife, 1 3('l ):353-ó2, Íev.
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Aspectos clínicos e epidemiotógicos da.. .
Demonstrou-se que o nível de escolaridade
dos portadores de hanseníase da área
estudada é baixo, característica comum a
outras regiões do Brasil. Denota-se que a
ausência ou o baixo nívet de escotaridade
coníigura um fator importante tornando-os
mais vulneráveis à doença, uma vez que o
acesso à informação é [imitado, pois afeta, de
forma direta, a compreensão das informações
acerca da hanseníase, o que dificutta a
reatização de orientações sobre o tratamento,
a prevenção, os cuidados necessários sobre a
ignorado em doença, o acesso aos serviços de saúde, o
abandono da PQT, bem como o grau de
incapacidade. Pode considerar, desse modo, o
nívet educacional mais etevado um
determinante para a methora da doença e um
fator de proteção para a ocorrência de
1'1e'20
incapacidade s.1
Fundamenta-se, assim, que o planejamento
de uma educação popular continuada é crucial
no controle da hanseníase, uma vez que o
conhecimento individual é capaz de promover
a própria saúde e a da íamília e pode gerar
o impacto positivo na prevenção da
hanseníase.21
Acredita-se que maiores concentrações
urbanas de casos de hanseníase podem estar
associadas com condiçóes que favoreçam a
dinâmica de transmissão da doença como as
precárias condições de üda e o acesso restrito
aos bens e serviços cotetivos. Compõe-se, por
esses elementos, um panorama geral de
adoecimento e de morte.22
Comprova-se, pela maior incidência da
forma clínica dimorfa e da ctassificação
operacional MB, que o diagnóstico da doença
é tardio e que as condições sanitárias do
Estado da Bahia favorecem a manutenção da
cadeia epidemioLógica de transmissão do 4,.l.
Ieproe. Ressalta-se que resuttados dessa
natureza não são raros de identificação em
estudos reatizados no BrasiI e em outros
países,1a,23
Infere-se que, dentre as formas clínicas, a
dimorfa é a mais transmissível e
potenciatmente incapacitante. Comprova-se
que os indivíduos MB são mais vulneráveis à
hanseníase deúdo à resposta imunÍtária
cetutar não ser eficaz, adotando-se os
microrganismos mecanismos de evasão frente
à resposta imunotógica.2a
Compreende-se que o aumento do número
de casos de hansenianos com Grau ll de
incapacidade física é fator de preocupação
para as autoridades sanitárias, uma vez que
essa condição clínica também está associada à
manutenção da cadeia de transmissão da
12
doença. Afirma-se que o diagnóstico seja
precoce e, de imediato, seja iniciado o
, 2019 358
ISSN: 1981-89ó3
Costa AKAN, Pfrimer lAH, Menezes AMF et at
tratamento de modo impedir a evotução da
hanseníase para graus de incapacidades
maiores e íavorecer a quebra da cadeia
epidemiotógica de transmissão da doença.25
Reitera-se que o poder incapacitante da
hanseníase tem desdobramentos de natureza
econômica, social e psicotógica. Percebe-se
que a doença incapacitante interíere na
capacidade produtiva, na quaLidade de vida e
na vida social do indivíduo contribuindo para
traumas psicológicos e perdas econômicas.
lndica-se, peta presença de casos com
incapacidade física no momento do
diagnóstico, que a detecção dos casos está
ocorrendo de forma tardia, e isso eúdencia a
baixa capacidade de realizar a busca ativa de
casos de hanseníase,20
Destaca-se que o principal modo de
entrada de pacientes no sistema de saúde
púbtica foi por meio do diagnóstico de casos
novos e a cura foi a principal forma de saída,
como já demonstrado em outros estudos.
lnforma-se que elevadas incidências de casos
novos revelam que a cadeia de transmissão da
doença é ativa e íavorecem a manutenção da
transmissão da doença.14
que a taxa de
Espera-se, ainda,
abandono seja baixa (5,2%), mas cabe
destacar o necessário resgate de todos esses
casos para reiniciar o tratamento. lsso imptica
romper a cadeia de transmissão, o surgimento
de incapacidades físicas e a resistência à
potiquimioterapia.2ó Necessita-se, ainda, de
maior atenção, por parte dos serviços de
saúde, em dar maior êníase à orientação aos
portadores da doença despertando a
consciência para a adesão ao tratamento.
Nota-se ainda, em maior frequência, uma
porcentagem atta de casos ignorados (12,1%\,
e essa variável compromete a quatidade do
preenchimento das Fichas de Notificação
Compulsória, algo que diíicutta a
compreensão da distribuição da doença no
Estado da Bahia.17
lgnora-se, ao não se reatizar da
baciloscopia, na maioria dos casos, sua
importância no conjunto dos exarnes que
auxiliam no diagnóstico da hanseníase,
também demonstrado em outros estudos.
Mostra-se que esse procedimento laboratorial
é rápido, de baixo custo, pouco invasivo e
possui alta especificidade (100%) quando
anatisado em conjunto com outras
manifestações ctínicas da doença. Explica-se
gue sua sensibitidade é baixa quando menos
de 50% dos indivíduos são positivos, o que
pode ocorrer nos casos paucibacilares (PB).'z7
Percebe-se que a bacitoscopia é um dos
exames comptementares confirmatórios do
llqgqqtlico e tam!§m lqrve como qm dos
Português/ lngtês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 13(í):353-62, Íev.,2019
https: / /doi.ore/ 1 0.5205/ 1 981 -89ó3-v1 3i02a236224p353-362-201 9
Aspectos clínicos e epidemiológicos da.. .
critérios de confirmação de recidiva quando
comparado ao resuttado no momento do
diagnóstico e da cura. Recomenda-se que seja
feita a baciloscopia de pete para a
classificação dos casos de PB e MB, pois, caso
o exame apresente positivo,
independentemente do número de lesões, o
caso será ctassificado como MB.8
Preconiza-se o esquema terapêutico
inicial estabelecido para a maioria dos
pacientes, que foi a PQT com 12 doses. Sabe-
se que esse esquema, atém de inviabilizar e
interromper a cadeia epidemiotógica de
transmissão do lvi. leprae, possui bons
resuttados terapêuticos com a redução das
incapacidades físicas e deformidades por meio
da cura dos indiúduos tratados.l'28
Seguem-se esquemas terapêuticos
padronizados para o tratamento da hanseníase
de acordo a classificação operacional. Realiza-
sB, nos casos de PB, o tratamento com
rífampicina e dapsona, por um período de até
nove meses, e estará conctuído com seis doses
supervisionadas. Conctui-se o tratamento
realizado com o uso de ífampicina, dapsona e
ctofazimina em até dezoito meses e informa-
se que a PQT não é contraindicada na gravidez
e nem no aleitamento, porém, em mutheres
em,idade fértit, deve-se ponderar o uso da
rifampicina, pois poderá interagir com
anticoncepcionais orais e diminuir a resposta
terapêutica. Pode-se substituí-to, em casos de
resistência a uma ou mais drogas utilizadas no
esquema padrão, por esquemas atternativos
sob a orientação dos serviços de saúde de
maior comptexidade.s'28
Sugere-se a ocorrência de casos novos de
hanseníase diante de attas taxas de detecção,
em diferentes formas ctínicas, demonstrando
que a exposição ao lvl. Ieprae pode reftetir
baixos níveis de condições de vida, de
desenvotvimento econômico e de atenção à
saúde. Sugere-se, pela identificação de casos
novos, a melhoria da capacidade de detecção,
que está associada à capacidade operacional
do sistema de vigitância da hanseníase, no
entanto, esse indicador não reflete a situação
real no período de referência e não permite
detectar variações de tendência em curto
espaço de tempo, pois o diagnóstico da
hanseníase é
geralmente tardio.e Nota-se
também que, no ano de 2013, a taxa de
detecção, embora tenha sido alta, pode
indicar subnotificação ou baixa detecção de
casos quando observada a série histórica que
sempre foi muito alta.e
Observa-se que a maioria dos pacientes que
abandonaram o tratamento tinha como
a forma clínica dimorfa, e essa
diagnóstico
condição contribui para a permanente
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ISSN:1981-8963 https: / /doi.orql 1 0.5205 / 1 981 -8963-v1 3i02a2362240353-362-201 9

Costa AKAN, Pfrimer lAH, Menezes AMF et a[. Aspectos clínicos e epidemiológicos da.. .

transmissãodo lvl. leprae repercutindo, de ao tratamento e minimizar as taxas de

forma negativa, nas ações de controte e
eliminação da hanseníase. lndica-se que o
abandono do tratamento pode estar associado
à [onga duração do mesmo, à distância entre a
e a unidade de saúde,
casa do paciente ao
desconhecimento sobre a doença, ao
descrédito na cura, à fatta de encorajamento
e, ainda, às reaçôes hansênicas.2e'30
Acentua-se que, independentemente dos
fatores que estão associados ao abandono do
tratamento, é importante a integração entre
os profissionais que vatorizem os aspectos
psicológicos e socioambientais durante o
tratamento promovendo a motivaçáo e a
educação e visando a minimizar o abandono e
a maximizar os indicadores de cura.2e
Averigua-se que a tendência positiva do
crescimento da forma ctínica dimorfa, neste
estudo, é
também peculiar ao que foi
demonstrado em outros estudos brasileiros.
Sabe-se que a tendência crescente do
coeficiente de incidência da forma dimorfa e
a estabitidade da forma ürchowiana indicam a
detecção tardia e que a cadeia de transmissão
do M. leprae continua a ocorrer contribuindo
para a manutenção das formas transmissíveis
e incapacitantes da doença.ta
Percebe-se que as formas c[ínicas dimorfa e
virchowiana são capazes de etiminar grandes
quantidades de bacitos presentes na mucosa
nasal e, dessa forma, os indivíduos MB são a
principa[ via de eliminação do Á,1. leprae
bacilo. Mostra-se que o crescimento constante
da forma clínica dimorfa com a manutenção
da virchowÍana e, ainda, a presença de baixa
periodicidade, com tendência decrescente das
formas indeterminada e tubercutoide,
demonstram a manutenção da endemia no
Estado da Bahia.28
abandono. Sabe-se que a Bahia é um Estado
com etevado coeficiente de detecção,
portanto, é fundamental que sejam
desenvotvidas atividades educativas, de forma
permanente, sobretudo para a população
vulnerável. Deve-se fundamentar essa ação na
compreensão da representação socia[ que
esses grupos poputacionais têm acerca da
hanseníase.
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201 5.odf .

5. Ministério da Saúde (BR), Portat da Saúde.

Conctui-se, a partir a
deste estudo, que Registro ativo: número e percentual, Casos
hanseníase no Estado da Bahia é endêmica e novos de hanseníase: número, coeficiente e
ainda constitui um problema de saúde percentua[, faixa etária, ctassificação
púbtica. Mostra-se que o maior número de operaciona[, sexo, grau de incapacidade,
casos da doença na poputação contatos examinados, por estados e regiões,
economicamente ativa e do sexo mascutino Brasit,2015 [nternet]. Brasítia: Ministério da
pode inftuenciar no impacto econômico e Saúde; 2016 [cited 20í6 Aug 29]. Avaitable
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Retata-se, de outro modo, que a maior htto://portalarquivos2.saude.qov.brlimaees/
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evidencia que a transmissão do lÁ. leprae é 6. Ministério do planejamento, Orçamento e
ativa e que o diagnóstico da doença está Gestão (BR), lnstituto Brasiteiro de Geografia
sendo feito tardiamente. Estatísticas. Diretoria de pesquisas,
lmpõe-se, devido ao baixo grau de Coordenação de Trabatho e Rendimento,
escotaridade, a necessária intervenção dos Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
profissionais da saúde para a reatização de Contínua finternet]. Rio de Janeiro: IBGE;
permanentes atividades educativas, com 2016 [cited 2017 June 07]. Avaitabte from:
reíorço positivo, a fim de aumentar a adesão
Português/ lngtês
Rev enferm UFPE on [ine., Recife, í3(í):353-62, fev., 20í9 360