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Saúde

Curso: ENFERMAGEM
Título: EPIDEMIOLOGIA DOS CASOS DE HANSENÍASE NA POPULAÇÃO NEGRA DO BRASIL; ENTRE O PERÍODO DE 2018 A 2021
Autor(es): Taynara da Costa Silva; Cássia Vitória Passos dos Santos; Talissa Caroline Pollon; José Renêr Ferreira Penha; Karytta
Sousa Naka
E-mail para contato nara72018@gmail.com IES: ESTÁCIO CASTANHAL
Palavra(s) Chave(s): Doenças Endêmicas; Epidemiologia; Lepra.
RESUMO
A Hanseníase; antigamente conhecida como lepra; é uma doença infecciosa; contagiosa e de evolução crônica; causada pela bactéria
Mycobacterium lepra. em 1991; após adoção da poliquimioterapia (PQT); como tratamento específico; a Organização Mundial da Saúde (OMS)
propôs a eliminação desta infecção como problema de saúde pública até o ano 2000. a hanseníase afeta principalmente a pele; os olhos; o nariz e
os nervos periféricos; com capacidade de ocasionar lesões neurais; podendo acarretar danos irreversíveis. a transmissão ocorre através das vias
aéreas (secreções nasais; gotículas da fala; tosse; espirro) de pacientes sem tratamento. O paciente que está sendo tratado deixa de transmitir a
doença; cujo período de incubação pode levar de três a cinco anos. Ademais; a hanseníase figura-se entre as doenças de notificação compulsória
pela sua magnitude; transcendência; por causar incapacidades e deformidades e por ser doença transmissível passível de tratamento e controle.
Embora tenha ocorrido significativa redução após a introdução da PQT ainda é causa de elevada carga de morbidade; sobretudo em áreas de
maior vulnerabilidade social. em 2017 houve 4.184 casos notificados na população negra. Eles integram o grupo de brasileiros que têm; em geral;
piores indicadores de saúde; expressos na maior incidência de doenças e agravos. a soma desses diversos indicadores de vulnerabilidade aumenta
os riscos de infecção. Desse modo; o presente estudo tem como questão norteadora qual o perfil sociodemográfico dos casos notificados de
hanseníase na população negra brasileira? Portanto; o objetivo deste estudo foi descrever o perfil sociodemográfico e clínico de hanseníase na
população negra no Brasil. O presente estudo trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo de cunho quantitativo dos casos notificados de
hanseníase da população negra no Brasil; no período de 2018 a 2021. O Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto do mundo em extensão
territorial. com proporções continentais; estende-se por uma área de 8.514.876,599 km². É dividido em cinco regiões que são Norte; Nordeste;
Centro-oeste e Sudeste; marcadas por grandes diferenças culturais e 27 unidades federativas e os seus Estados. Os dados foram extraídos do
banco de dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN); com dados disponibilizados no período de 2018 a 2021; utilizando
casos notificados na população negra por hanseníase. Foram consideradas as seguintes variáveis: Ano; sexo; faixa etária; região; escolaridade e
situação de encerramento. Os dados foram organizados; tabulados e analisados por meio do software Microsoft Office Excel 2019. por se tratar
de dados epidemiológicos de um banco de domínio público; a pesquisa não precisou da avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa. Estando de
acordo com a resolução nº 510 de 07 de abril de 2016; do Conselho Nacional de Saúde que disciplina pesquisas realizadas com seres humanos e
com os termos da Lei n º 12.527 de 18 de novembro de 2011 que regulamenta pesquisas com informações de acesso e domínio público. Foram
analisados 118.618 casos notificados de Hanseníase no Brasil. Dentre estes; 12,4% (n= 14.709) foram registrados na população negra. de acordo
com a Organização das Nações Unidas (ONU); a população negra apresenta os piores indicadores de saúde em comparação aos brancos. no
entanto; eles são os grupos mais vulnerável às doenças devido estar sob maior influência dos determinantes sociais de saúde; ou seja; as
condições em que a pessoa vive e/ou trabalha e as baixas condições sanitárias que vive. em 2018 foi registrado o maior índice de casos
notificados; com 31,3% (n= 4.599); sendo observado um declínio no decorrer dos anos; visto que no ano de 2021 foram registrados 18,6% (n=
2.744) dos casos. a diminuição dos casos pode refletir a baixa procura por atendimentos especializados; possivelmente pode ter ocorrido em
razão dos protocolos de isolamento e a efetivação por parte da população. por conseguinte; a faixa etária mais atingida foi a de pessoas entre 40
e 49 anos; 20,1% (n= 2.959) e constatou-se que pessoas do sexo masculino foram as mais acometidas; com 59,9 % (n= 8.809); em comparação as
mulheres 40,1% (n= 5.897). a predominância do sexo masculino ocorre devido haver maior exposição ao bacilo e por se preocuparem menos com
a saúde; o que retarda o diagnóstico e aumenta o risco para o desenvolvimento de incapacidades físicas. As condições socioeconômicas são
fatores diretamente relacionados à vulnerabilidade; sendo relevante analisar a situação da escolaridade. O presente estudo identificou que a
maioria dos casos de hanseníase apresentou baixa escolaridade; no qual 20% (N= 2.943); tinham ensino fundamental incompleto. a
vulnerabilidade está presente apesar dos avanços da PQT; pois se identifica um cenário de iniquidade social para muitos. Dentre as regiões
brasileiras mais atingidas está o Nordeste com 47% (n= 6.910); Centro Oeste com 19; 3% (n= 2.838) e a região Norte com 17.3% (n= 2.546). O
Nordeste é considerado a região com maior incidência de hanseníase. Esta região tem grandes área urbanas; contudo; a ausência de rede pública
de saneamento e a presença de residências feitas com materiais como taipa e madeira também estão relacionados a um maior risco de
adoecimento pela hanseníase. a hanseníase é fácil de diagnosticar; tem cura e tratamento gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (sus). em
relação a situação de encerramento; foi observado que 53,6% (n= 7.886) saíram do tratamento após o diagnóstico de cura. a PQT é o tratamento
que consiste na combinação de medicamentos seguros e eficazes: Rifampicina; Dapsona e Clofazimina acondicionados em quatro tipos de
cartelas; com a composição de acordo com a classificação operacional de cada caso. no entanto 6,8% (n= 996) abandonaram o tratamento.
Quando o paciente interrompe o tratamento; ele não somente possibilita o desenvolvimento de resistência aos antibióticos; mas também remete
na perpetuação da cadeia de transmissão da hanseníase que havia sido interrompida com o início do tratamento medicamentoso. O abandono
do tratamento contribui de forma negativa para o aumento da transmissão e para o desenvolvimento de formas mais graves e/ou resistentes ao
tratamento. O paciente que interrompe o tratamento corre o risco de desenvolver incapacidades físicas e deformidades; aumento da incidência
de complicações e reações hanseníase. Dessa forma; a problemática da adesão ao tratamento da hanseníase não afeta apenas as pessoas que
desenvolvem a doença; mas toda a sociedade; que permanece suscetível. Diante do exposto; foi possível observar que a hanseníase é acarretada
pela vulnerabilidade social e precariedade no que tange à saúde. O alto índice de ocupação das moradias e famílias sem o saneamento básico
influenciam de forma significativa o risco de adoecer. Também foi perceptível observar que a falta de adesão do tratamento e a transmissão esta
relacionada a nível de instrução e a importância do cuidado à saúde. Dessa forma; se sugere ações voltadas à educação em saúde para a
hanseníase para enfatizar a importância da prevenção e realizar estratégia para o controle da doença e melhoria na qualidade do atendimento
prestado a pessoa com hanseníase; facilitando o acesso ao tratamento; a prevenção de incapacidades; a diminuição do estigma e da exclusão
social. Assim; torna-se fundamental o papel da atenção primária na erradicação da doença; em especial; na população negra. Os programas de
controle da hanseníase na rede básica de saúde são considerados de extrema importância para a efetiva erradicação da hanseníase no Brasil.
Assim como; uma equipe multidisciplinar capacitada para realizar a busca ativa; tratamento correto destes usuários e; consequentemente
prevenir que estes venham a interromper ou abandonar o tratamento.

XIII Seminário de Pesquisa da Estácio Saúde


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