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Qualidade do leite e controle da mastite

Profa. Claudia Ribeiro do Valle


PUC Minas - Poços de Caldas
daiapuc@pucpcaldas.br
Porque busca-se
qualidade?
Qual é o seu ponto de vista?

Qualidade ?
Fonte: Indicadores: Leite e Derivados. Ano 8, n. 68 (Julho/2017) . Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2017
Fonte: Indicadores: Leite e Derivados. Ano 8, n. 68 (Julho/2017) . Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2017
Produção de leite, vacas ordenhadas e
produtividade animal no Brasil – 1980/ 2010*.
* 2011 Estimativa

Fonte:www.cnpgl.embrapa
Mercado: importação e exportação
O que influencia a qualidade do leite?
Parâmetros de qualidade
 CBT
 CCS
 Concentração de sólidos
 Ausência de resíduos de antibióticos
 Ausência de fraudes e substâncias estranhas
 Características organolépticas normais
 Origem: vacas sadias
CBT
 Contaminação após a
ordenha
 Higiene
 Ambiente
 Latões , tanque de expansão
 Máquina de ordenha
 Temperatura de
armazenamento
Fonte: Legislação sobre qualidade do leite . PINTO, M.S. MAPA
Fonte: Legislação sobre qualidade do leite . PINTO, M.S. MAPA
Temperatura ≤ 4oC 2 horas após ordenha
Higiene ????
Higiene tanques e latões
Higiene ????
Relação entre higiene de ordenha, temperatura,
tempo e contagem de bactérias (Faria, 1998)
Efeito da temperatura sobre o crescimento
bacteriano (Johnson & Reto, 1996)
Contagem bact. Temp. CBT 3 hs CBT 9 hs CBT 24 hs
inicial armazenamento
(oC)

9000 col/ml 4 9.000 9.000 10.000

9000 col/ml 15 10.000 46.000 5.000.000

9000 col/ml 25 18.000 1.000.000 57.000.000

9000 col/ml 35 30.000 35.000.000 800.000.000


Higienização dos equipamentos:
latões e lavagem manual dos tanques

 Enxágue com água morna 35 - 40oC


 Remoção de resíduos solúveis em água
 Evitar a formação de filmes
 Lavagem com detergente alcalino clorado com
água a 50oC
 Remoção de gorduras e proteínas
 Limpeza com detergente ácido
 Remoção de resíduos minerais
 Enxague, drenagem e secagem
Limpeza por circulação
 Enxague com água morna 35oC
 Não recircular a água
 Lavagem com detergente alcalino clorado com água a
70oC
 pH 10 a 11; alcalinidade 250 a 500 ppm
 Tempo de circulação: 10 minutos
 Água final com temperatura >45oC
 Limpeza com detergente ácido
 1-2x por semana ou diariamente
 pH<3,5
 Tempo de circulação: 5 minutos
 Sanitização
 Redução da contaminação bacteriana
 100 a 200 ppm de cloro
 Antes da ordenha
Problemas mais comuns
 Enxágue com água fria
 Solidificação das gorduras
 Desgaste das borrachas
 Volume insuficiente de água
 Uso de produtos caseiros em concentração
inadequada
 Dosagem dos detergentes
Higienização
Intervalo entre ordenhas
MASTITE

 Definição: inflamação da glândula


mamária.
- Infecciosa
- Traumática
- outras......
MASTITE

Contagiosa
Infecciosa
Inflamação Ambiental
Traumática;
outras
MASTITE CONTAGIOSA

 Agentes
 Staphylococcus aureus
 Staphylococcus sp (coagulase negativo)
 Streptococcus agalactiae
 Streptococcus dysgalactiae
 Corynebacterium sp
 Mycoplasma sp
MASTITE AMBIENTAL
 Agentes
 Escherichia coli
 Klebisiella sp
 Enterobacter
 Streptococcus dysgalactiae
 Streptococcus uberis
 Pseudomonas aeruginosa
 Nocardia sp
 Prototheca zopfii
 Serratia marcescens
Contagiosa x ambiental

Escala comparativa de classificação entre agentes causadores de mastite contagiosa e ambiental.


Fonte: Milkpoint Adaptado de Zadocks e Schukken (2003).
Outros agentes

 Mastite de verão
 Arcanobacterium pyogenes

 Leveduras

 Bacillus
Perdas com mastite

14%

8%

Descarte/morte
8%
Descarte leite

70% Tratamento

Redução na produção
Controle mastite
 Diagnóstico!!!
 Observação dos procedimentos executados
 Observação da rotina, da higiene
 Avaliação dos tetos
 Higiene das glândulas e dos tetos
 Condição do esfíncter
 Ocorrência mastite: clínica, subclínica, cultura e antibiograma
 Identificação dos pontos fortes e fracos
 Mão de obra
 Treinamento e motivação

 Valorização
 Reavaliação frequente do programa de controle
 Manutenção e avaliação criteriosa do equipamento de ordenha
Contagem de células somáticas
(CCS)
 Células de descamação
 100000 cels/ml

 Quando aumenta :
 > 200000 cels/ml
 Defesa do animal contra os
patógenos causadores de
mastite
 Neutrófilos
 Linfócitos, macrófagos e outros
Mastite: como estão as minhas vacas??

Clínica
x
Subclínica
CCS X Perdas na produção
Escore CMT Perdas na CCS
produção células/ml leite
Negativo - < 100.000

Traços 3 a 6% 100.000 a 200.000

1 10 a 11% 200.000 a 900.000

2 16 a 26% 900.000 a 2.700.000

3 26 a 46% > 2.700.000


Diagnóstico: Inflamação
Na fazenda Laboratório
Diagnóstico: CCS individual
VACA ORDEM DEL CCS
LACTAÇÃO
10/06/17 08/07/17 05/08/17
1 5 467 1888 1826 2620
2 4 153 22 32 1047
3 4 483 43 54 79
4 3 345 309 688 444
5 2 350 1000 4296 882
6 2 280 1944 1884 129
7 2 27 1232
8 2 380 102 119 499
9 1 510 414 418 159
10 1 447 235 263 379
Diagnóstico laboratorial:
infecção Qual micro-organismo 
Diagnóstico laboratorial
Diagnóstico: interpretação
PCR

Fonte: Munoz et al 2007; J Clin Microbiol. 2007 Dec; 45(12): 3964–3971.


Controle mastite
 Rotina de ordenha
 Linha de ordenha
 Tratamento casos clínicos na lactação
 Tratamento vaca seca
 Manutenção de equipamentos
 Higiene ambiente ordenha e descanso
 Alimentação após ordenha
 Descarte casos crônicos
 Atenção: cuidado com a aquisição de novos
animais
Controle mastite
 Condução para ordenha
 Respeito, carinho com os
animais
 Higiene corredores
Ejeção do leite
Concentração de ocitocina durante a ordenha
mecanizada, segundo os grupos raciais (Porcionato,
M.A.F. ; Negrão, J.A. ; Lima, M.L.P., 2005).
Linha de ordenha
 De acordo com a CCS ou
CMT
 Tradicional
 Primíparas
 Vacas de início
lactação/alta produção
 Vacas meio/ final
lactação
 Vacas em tratamento de
mastite
 Atenção: Colostro não é
mastite
Rotina de ordenha
 Limpeza
 Limpar com papel para tirar sujeira grosseira ???
 Vacas sujas ?? (lavar somente o teto)
 Pré-dipping (2x ?)
 Teste caneca
 Diagnóstico mastite clínica
 Pré-dipping
 Redução na CTB
 Controle dos ambientais
 Cloro (2,5%), iodo (0,6%), ácido lático (2%)
 Secagem com papel descartável
 Inviabiliza acesso de bactérias
 Ordenha
 Pós-dipping
 Impedir entrada de patógenos contagiosos na glândula
 Clorexidine (2%), iodo (0,6 a 1%), quartenário de amônia (4%), ác. lático (2%)
Medeiros et al.(Pesq. Vet. Bras. vol.29 no.1 Rio de Janeiro Jan. 2009)
Rotina de ordenha
Rotina de ordenha
Sobre-ordenha: hiperqueratose,
prolapso de esfíncter

Predisposição à mastite ambiental


Sobre-ordenha
Alimentação após ordenha: fechar
esfíncter
Tratamento

 Casos clínicos na lactação


 Diminuir transmissão da doença
 Reduzir casos crônicos
 Evitar descartes por perdas de tetos
 Atenção: responsável por 80 a 90% dos resíduos de ATB no leite
 Mastite por Gram- : choque endotóxico (hidratação e corticoide)
Tratamento ???
Duração dos casos clínicos
1 novo caso por semana durando 1 semana cada caso

Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 novo caso por semana durando 10 semanas cada caso

Semana 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tratamento de vaca seca
 Objetivos
 Curar as infecções
adquiridas na
lactação (70 a 90%)
 Prevenir novas
infecções no período
seco (<12 a 15%)

Índice de novas infecções durante o ciclo produtivo


% de quartos acometidos no rebanho de
acordo com o estágio da lactação
Tratamento vaca seca: importante
monitorar a eficiência

 CMT antes da  CMT depois do


secagem parto

Reduzir % novas infecções


NI < 12%

Curar as infecções instaladas


% Cura > 80%

Atenção: cura espontânea  40%


Viabilidade do TVS
(adaptado de OLIVEIRA, 2004)

Leite cura
% quartos Perdas leite Leite com Leite Ganho R$/ Retorno Retorno
Prod lac (L) espontânea
CMT + (L) TVS (L) TVS -CE lactação tvs atb TVS + sel
(L)

1500 40 120 54 97,2 43,2


43,2 9,2 -22,8

86,4 52,4 20,4


3000 40 240 108 194,4 86,4

172,8 138,8 106,8


6000 40 480 216 388,8 172,8

259,2 225,2 193,2


9000 40 720 324 583,2 259,2

Preços considerados: antibiótico intramamário: R$8,50 por binaga; litro leite: R$1,0
Perdas com mastite subclínica: 20%; cura espontânea: 45%; cura TVS 81%
Direcionar tratamento:
antibiograma
Antibiograma
Cuidados vaca seca

SELANTE EXTERNO + TVS


 redução 20 a 46% de novas
infecções no peródo seco
 Redução 50% novas infecções
pós-parto
SELANTE INTERNO + TVS
 redução 20 a 62% de novas
infecções no peródo seco
 Redução 39% novas infecções
pós-parto
Ocorrência de infecções intramamárias nos
grupos A (TVS + SEL) e B (TVS) pré e pós-parto
(Marques, 2012).

70

60
% de quartos com infecções intramamárias

50

40
Grupo A

30 Grupo B

20

10

0
Infecções pré Infecções pós

TVS= tratamento vaca seca; SEL= selante interno


Ocorrência de infecções intramamárias por Staphylococcus sp
(STA), Streptococcus sp (STRE), Corynebacterium sp (CORY)
grupos A (TVS + SEL) e B (TVS) pré e pós-parto (Marques,
2012).
50

45
Ocorrência de infecções intramamárias antes e

40

35
após a secagem

30
Grupo A
25
Grupo B
20

15

10

0
STA pré STA pós STRE pré STRE pós CORY pré CORY pós

TVS= tratamento vaca seca; SEL= selante interno


Avaliação rotineira
Programa de descarte
Periparto:maior vulnerabilidade
Outros aspectos no controle da mastite

 Alimentação
Vacinação

 < duração das infecções

 E. coli
 diminui gravidade e mortes por mastites

 Staphylococcus aureus
Alimentação
Ambiente
Ambiente x conforto
Ambiente x conforto
Conforto ????
Ambiente
Ambiente
Higiene
Monitorar limpeza tetos
Monitorar limpeza tetos
Manutenção equipamentos

 Vácuo
 Atenção para perdas no sistema
 Vácuo no teto
 Pulsações
 Pulsações/min
 Extração/descanso
 Fluxo leite
 Linha leite: alta/média/baixa
 Capacidade coletor
 Capacidade bomba
 Troca de borrachas
daiapuc@pucpcaldas.br

Produção
Daniel Edwaldo de Figueiredo
Claudia Ribeiro do Valle

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