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1) Escreva um texto, contando a pequena história em quadrinhos do Calvin.

2) Que elementos (pessoas, coisas, situações) você mencionou em seu texto?

Estes elementos são objetos do discurso (ou referentes), elementos que aparecem nos quadrinhos e,
muitas vezes, são recorrentes na história.

Diante da necessidade de retomar os objetos, as seguintes formas de menção podem aparecer:


- repetições do termo já utilizado

- pronomes

- elipses

O objeto do discurso, ou referente, é uma entidade, é uma representação construída a partir do texto e
percebida pelo uso de expressões referenciais (ou pela atividade linguística dos falantes que permite
essa construção, como os gestos, por exemplo).

Geralmente são sintagmas nominais.

3) No trecho abaixo, há várias remissões ao objeto referido pela expressão em grifo.


Quais as formas pelas quais são feitas essas referências e o que é acrescentado ou
modificado no decorrer do texto? Atente não apenas para as anáforas
recategorizadoras, mas também para qualquer outro indício textual que conduza à
construção de mudanças por que passa a personagem retratada por Mona Lisa:

Na semana passada, estudiosos alemães lançaram luz sobre um dos principais mistérios da
história da arte. Eles localizaram uma nova evidência documental sobre a identidade da
personagem retratada na Mona Lisa de Leonardo da Vinci – o quadro mais famoso do mundo.
Diante da escassez de referências, a questão sempre dividiu os historiadores. A versão mais
difundida é a de que a mulher de sorriso enigmático retratada pelo mestre renascentista entre
1503 e 1506 seria Lisa Gherardini, esposa do comerciante florentino Francesco del Giocondo.
Ao longo dos séculos, contudo, aventuraram-se os nomes de outras damas como fonte de
inspiração do pintor. Também se defendeu que Mona Lisa na realidade seria um homem, uma
figura feminina idealizada, a mãe de Da Vinci ou até ele próprio. Há dois anos, ao se debruçar
sobre um livro que pertenceu a Agostino Vespucci – autoridade florentina que conhecia Da
Vinci -, o especialista Armin Schlechter localizou um forte indício de que a retratada é de fato
Lisa Gherardini. Em notas de margens do livro, datadas de outubro de 1503, Vespucci
comparou Da Vinci a Apelles, um artista da Grécia antiga. Em seguida, registrou que o pintor
trabalhava em três telas naquele momento – uma delas, o retrato de Lisa Gherardini. Esse
relato é o elo mais antigo entre a modelo e a pintura. (reportagem – Veja, edição 2044,
23/01/08, seção Arte)

Para a referenciação (estudos da referência no âmbito da LT) alguns pontos são fundamentais:

- Referir não é apenas apontar ou listar objetos, identificando-os, mas trata-se de um processo que está
muito ligado à construção do sentido e à elaboração da realidade (a realidade, aqui, como um conceito
relativo: não há uma verdade ou uma realidade no mundo, mas somente aquilo que os falantes
elaboram a partir de suas percepções do mundo).

- Assim, o pressuposto filosófico sobre a relação entre língua e mundo é o de que a língua não espelha o
mundo tal qual, mas percepções do mundo que se conhece pela atividade linguística; fatos são sempre
versões de fatos.
- O que isso tem a ver com texto? Tudo, porque é através de textos (unidades de sentido da língua) que
expressamos nossas percepções do mundo, inclusive quando traduzimos e revisamos textos – e, neste
caso, implica também em compreender de que modo, a partir de que ponto de vista foi construída essa
percepção de mundo.

Vejam que, aqui, o estudo de referência se afasta muito do que vimos, ao estudar os primórdios do
estudo da coesão, quando a preocupação maior era com a corretude de um texto, de o quanto o léxico
e as possibilidades de estabelecer elos coesivos podiam “garantir” o sentido e coerência, do certo e do
errado nessa empreitada – que aproxima os estudos do texto de uma gramática normativa do texto.

Nos estudos sobre referenciação, a ideia é observar como as referências ajudam a construir sentido – e
que sentido constroem, além de outros recursos linguísticos que, concomitantemente às menções a
objetos, acrescentam e modificam os sentidos.

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