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Módulo 1

Introdução à
fotografia,
cinema e design
Disciplina: Comunicação Gráfica e Audiovisual

Professora: Cátia Gomes


Da arte rupestre ás
Sombras chinesas
Arte rupestre

Arte rupestre , são gravuras ou pinturas que eram gravadas em abrigos ou cavernas e em textos rochosos
livres.

 Na vida do Homem pré-histórico tinham lugar a Arte e o espírito de


conservação daquilo de que necessitava. Estudos arqueológicos
mostram  que o Homem da Pré-História já conservam não só  cerâmicas,
mas também  armas e utensílios trabalhados na pedra, nos ossos dos
animais que abatiam e no metal.
Investigações arqueológicas realizadas na Europa, Ásia e África revelam
em que meio surgiram entre os primitivos homens caçadores os
primeiros artistas, que pintavam, esculpiam e gravavam. A cor  já era
conhecida pelo Homem de Neandertal. As "Venus Esteatopígicas",
esculturas em pedra ou marfim de figuras femininas estilizadas, com
formas muito acentuadas, são manifestações artísticas das mais
primitivas do "Homo Sapiens" (Paleolítico Superior, início 40000 a.C) e
que demonstram a sua capacidade de simbolizar. A estas esculturas é
atribuído um sentido mágico, propiciatório da fertilidade feminina e ao
primeiro registro de um sentimento religioso ou de divindade, o qual
convencionou-se denominar de Deusa mãe, ou Mãe-terra.
Não é menos importante o desenvolvimento da pintura na mesma época.
Encontradas nos tetos e paredes das escuras grutas, descobertas por
acaso, situadas em fundos de cavernas. São pinturas vibrantes realizadas
em policromia que causam grande impressão, com a firme determinação
de imitar a natureza com o máximo de realismo, a partir de observações
feitas durante a caça. Na Caverna de Altamira, na Espanha, a pintura
rupestre do bisonte impressiona pelo tamanho e pelo volume conseguido
com a técnica claro-escuro.
Caverna de Altamira, Espanha

Venus Esteatopígicas
Sombras chinesas

 Definição
Forma tradicional de teatro de bonecos praticado no oriente, principalmente na Índia, Java, Bali e Malásia.
Consiste na manipulação de um boneco de varas, entre uma luz e uma tela, o que faz com que o espectador,
sentado diante da tela, veja apenas a sombra do boneco.

 Origem
A tradição oral faz saber que no século II a.C., o imperador chinês
Wu-Ti somente se sentiu consolado com a morte da esposa após
contemplar a sua sombra projectada numa tela de linho. Era o
chamado jogo de sombras chinesas, que foi difundido em Java e na
Índia. Podemos dizer que é um dos precursores do cinema.
Talvez os verdadeiros inventores desta manifestação artística
tenham sido os homens primitivos, aqueles mesmos que moravam
nas cavernas e que se utilizavam do fogo. Para fazer as sombras,
ficavam entre a fogueira e a parede, e assim conseguiam reproduzir
enormes figuras.
Diz-se que na China, os bonecos animados começaram há dois mil
anos.  Algumas autoridades neste assunto dizem que as sombras
foram o primeiro tipo de boneco utilizado para teatro, há cerca de
mil anos.
As Sombras Chinesas são figuras recortadas tradicionalmente em
couro e actualmente mais usadas em cartão liso ou acetato. Não
são difíceis de fazer nem de manipular e mesmo que sejam
construídas sem grande rigor parecem sempre
surpreendentemente delicadas quando vistas em sombra.
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As figuras recortadas são presas por arames e encostadas a um “ecrã ” translúcido no qual incide uma luz. O
movimento dos bonecos é feito por arames ou fios e pode ser visto pelo público do outro lado do “ecrã”.
As “Sombras Chinesas” são manipuladas por baixo e por trás, normalmente por uma vara e por vezes por meio
de fios.  É mais comum o uso de uma vara principal para segurar e mexer a figura, podendo depois serem
utilizadas varetas e fios extra para os movimentos dos membros e da cabeça. As figuras são convencionalmente
apresentadas, umas em perfil, outras de frente e podem ser decoradas recortando pequenos buracos.
A cor pode ser introduzida cobrindo os buracos com acetato ou papel celofane coloridos.
O Teatro de Sombras é de uma grande beleza e embora seja um dos Teatros de Bonecos menos divulgado, é
extremamente apreciado, tendo sempre grande número de espectadores.
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Princípio óptico da “Câmara


Escura” e da “Lanterna Mágica”
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Câmara Escura

 A Câmara Escura foi a primeira grande descoberta da fotografia. É uma caixa composta por paredes opacas, que
possui um orifício num dos lados, e na parede paralela a este orifício é colocada uma superfície fotossensível .
 O funcionamento da câmara escura é de natureza física. O princípio da propagação retilínea da luz, permite que os
raios luminosos que atingem o objeto passem pelo orifício da câmara e sejam projetados no anteparo fotossensível na
parede paralela ao orifício. Esta projeção produz uma imagem real invertida do objeto na superfície fotossensível.
Quanto menor o orifício, mais nítida é a imagem formada, pois a incidência de raios luminosos vindos de outras
direções é bem menor.
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história, desde câmaras enormes, do tamanho de


 Apesar de ter sido desenvolvida realmente no século quartos, até câmaras pequenas. Existem poucas no
XIX, pelos precursores da fotografia, há relatos do uso mundo hoje, mas é possível ver algumas em
da câmara escura desde a Antiguidade, pelo filósofo Grahamstown na África do Sul, Bristol na Inglaterra,
grego Aristóteles, que a utilizava para fazer Kirriemuir, Dumfries e Edinburgh na Escócia, Santa
observações astronômicas. Mais tarde, no século XI, o Monica e São Francisco na Califórnia e no Museu da
árabe Ibn al-Haitham também fez referência à câmara Vida da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
escura como auxiliar na observação de um eclipse solar.
No século XIV, alguns artistas já utilizavam a técnica
da câmara escura como auxiliar na produção de
desenhos e pinturas. Em seguida, no Renascimento,
Leonardo Da Vinci  escreveu sobre o mecanismo de
captura de imagens. Posteriormente, no século XVII,
foi colocado um sistema óptico, a fim de melhorar a
qualidade e a captura das imagens.
 A relação do tamanho do orifício com a nitidez do
objeto trazia um problema. Quanto menor o orifício,
mais nítidos são os traços, no entanto, com a
diminuição da entrada de luz, havia um considerável
escurecimento da imagem produzida. Por este motivo,
foi desenvolvido o mecanismo de uso de lentes em
1550, pelo físico italiano Girolamo Cardano, que
utilizou uma lente biconvexa. Cardano levou em
consideração a capacidade de refração do vidro, que
convergia os raios luminosos refletidos no objeto,
formando assim uma imagem uniforme, nítida e clara.
 Muitas câmaras escuras foram produzidas ao longo da
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Lanterna Mágica

Christiaan Huygens, em 1659, uma das primeiras


 A Lanterna Mágica é um aparelho para projecção de descrições da lanterna mágica. Alguns anos depois, o
imagens sobre vidro pintadas em cores translúcidas. É dinamarquês Thomas Walgenstein utiliza a lanterna
composta por uma fonte luminosa, que nas primeiras como aparelho para realizar espectáculos, enquanto o
lanternas era uma simples vela ou um candeeiro a padre jesuíta alemão Athanasius Kircher aproveita as
petróleo, um reflector, um condensador e uma suas potencialidades, transformando-o num eficaz
objectiva. É o primeiro aparelho destinado a projecções instrumento pedagógico, descrito na segunda edição da
colectivas, contrariamente às caixas ópticas ou sua obra ARS LUCIS ET UMBRAE, impressa em
instrumentos ópticos para olhar individualmente através Amesterdão em 1671. A história do progresso técnico e
de lentes, espelhos ou prismas. São espectáculos para imaginativo deste aparelho é extremamente rica e
admirar em companhia, nas praças, num salão ou numa fascinante e a sua evolução desenvolve-se até o fim
sala de projecção. Séc. XIX. A Lanterna Mágica atinge o seu momento de
maior auge no âmbito científico em 1700 quando é
utilizada frequentemente nos gabinetes de óptica como
instrumento de ensino.
 As origens deste aparelho espectacular foram
investigadas nos mais antigos documentos de óptica.
Não existe uma data certa que testemunhe a sua
invenção, mas atribui-se ao célebre astrónomo holandês
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 A Lanterna Mágica foi um sucesso extraordinário em Gaspard Robert, físico belga, o inventor deste
todos os meios sociais. A Igreja católica usou-a para espectáculo construiu uma lanterna mágica especial –
ensinar a sua doutrina e também para amedrontar os Fantascópio - montada num suporte móvel que permitia
fiéis mostrando-lhe os horrores do inferno. Tanto servia proximá-la e afastá-la no decorrer das projecções a fim
para espectáculos na rua e passatempo nos salões de obter os diversos efeitos especiais. A Lanterna ficava
aristocráticos, como era utilizada por pessoas pouco fora da vista do público, por trás da fina tela branca, em
honestas que a usavam para enganar os ingénuos, frente da qual se sentavam os spectadores na
levando-os a acreditar que as visões projectadas pela penumbra. As imagens rojectadas sobre esse pano
Lanterna fossem arte de bruxaria. A popularidade e transparente surgiam do outro lado, conservado no
interesse pela Lanterna Mágica levaram ao escuro, como aparições sobrenaturais, fantasmagóricas.
aparecimento, em muitos países da Europa, de um novo Com a industrialização das lanternas mágicas a partir
ofício: o de Lanternista ambulante, tal como dois da segunda metade do Séc. XIX o ofício do lanternista
séculos depois aconteceria com o cinema. ambulante torna-se gradualmente mais raro. Mas a
 Exactamente durante esses dois séculos estes mágicos Lanterna Mágica continuava a fascinar as multidões e
espectáculos bateram à porta de todos os lares. Era um nunca foi tão solicitada e vendida como a partir da
ofício miserável, muito mal pago. Os Lanternistas segunda metade do Séc.XIX. Graças à produção em
andavam com as suas caixas amarradas às costas de vila larga escala, as lanternas mágicas entraram nas casas
em vila anunciando os seus espectáculos. particulares deliciando adultos e crianças com as suas
 Esses espectáculos, muitas vezes com acompanhamento projecções.
musical, normalmente um realejo ou uma caixa de
música, eram realizados nas praças ou, quando a sorte
lhes sorria, em casa de algum cliente mais abastado.
 No final do Séc. XVIII um novo espectáculo de
Lanterna Mágica, denominado Fantasmagoria, faz
sucesso em Paris om os seus espectaculares efeitos
acústicos, luminosos e pirotécnicos, evocando aparições
do passado e monstros terríveis. Robertson, Étienne-
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Tecnicamente, este tipo de lanterna mágica permitia a


 Eram vendidas em caixas de madeira ou papelão utilização de dois ou três vidros de projecção ao mesmo
contendo uma lanterna mágica e uma série de vidros tempo, a fim de obter o sofisticadíssimo efeito de
que poderiam ser executados pelas crianças contando projecção da dissolvência (dissolving views), ou seja a
pequenas histórias. sucessão de “imagens” complementares que podiam ser
 A Lanterna Mágica estava na moda; multiplicavam-se observados em continuidade pelo público, enriquecidos
os espectáculos nos conceituados salões dos gabinetes por efeitos de passagem dia/noite, mudança das
de curiosidades, cada vez mais aperfeiçoados estações e maravilhosas aparições.
tecnicamente e esteticamente.
 Os mecanismos de animação dos vidros variavam entre
os mais simples sistemas de pega e vidros com
máscara, utilizados para accionar figuras ou pequenas
cenas cómicas, até aos mais sofisticados vidros com
caixilho mecânico para animar cromatrópios
espectaculares e coloridos, paisagens sugestivas, o
movimento dos planetas, num repertório de imagens
complexas e harmoniosos movimentos.
 As placas de vidro, verdadeiras obras-primas de pintura
eram executadas por pintores profissionais quase
sempre anónimos e animadas através do espectacular
mecanismo da dissolvência. Para este efeito utilizaram-
se inicialmente lanternas duplas (bi-unial) postas uma
ao lado da outra e munidas de obturadores chamados
olho-de-gato. Nas últimas décadas do Séc. XIX estes
espectaculares efeitos de projecção eram realizados
com sofisticadas lanternas duplas e triplas posicionadas
uma em cima da outra (bi-unial e tri-unial).
13 A Lanterna Mágica em Portugal

artisticamente dispostas. (…) Na Rua Augusta, havia


 Não se sabe quando teriam aparecido em Portugal as uma tela transparente sobre a qual uma Lanterna
primeiras Lanternas Mágicas, nem quando se teria dado Mágica projectava sombras chinesas representando
o primeiro espectáculo público de projecções com um diversos bonecos que ora se esmurravam em terríveis
desses aparelhos. Mas, pelo menos, sabe-se que em 22 disputas ora se acariciavam e beijavam mutuamente,
de Abril de 1800, segundo o refere, na sua com grande gáudio do imenso povoléu que ali se
correspondência, o Ver. Carl Israel Ruders, capelão da amontoava para gozar o espectáculo. Por entre a
Legação da Suécia junto da Corte de Portugal, foi multidão havia também muitas mulheres movendo-se e
oferecido ao povo de Lisboa um espectáculo público de acotovelando-se para gozarem de todas estas belezas”.
Lanterna Mágica. Tal espectáculo integrava-se nos A prontidão com que, nessa ocasião festiva, se deu um
festejos de rua pelo “bom sucesso” da princesa do espectáculo público de Lanterna Mágica, faz pensar que
Brasil que, na madrugada daquele dia dera à luz uma tal aparelho era já bem conhecido e utilizado de há
menina, a infanta Maria Francisca que viria a casar-se muito; talvez nos serões da Corte de Lisboa; ou em casa
aos 16 anos com D. Carlos Maria Isidro, irmão de de notáveis portugueses e de residentes estrangeiros,
Fernando II. Pretendente ao trono de Espanha por morte entre algumas partidas de “whist” ou de “voltarete”, em
de seu tio, tal direito não lhe foi reconhecido pela noites de festa ou de convívio.
rainha Isabel II. Exilada em Inglaterra, morreria em
1834.
 Eis o que nos conta C.I. Ruders : “No dia 22 de Abril
(de 1800) os habitantes de Lisboa foram despertados às
5 da manhã pelas salvas de artilharia com que as
fortalezas e os navios de guerra assinalaram
alegremente o bom sucesso da princesa do Brasil, que
dava à luz uma infanta. Na mesma noite, e nas duas
seguintes, toda a cidade estava iluminada solenemente
por ordem superior. (…) Entre as iluminações, a mais
bela pareceu-me a do armazém dos negociantes de
cereais, com as fachadas completamente cheias de luzes
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Niépce e a primeira “heliografia”


inalterável da história
15 Niépce

 O francês Nièpce foi responsável por uma


das primeiras fotografias, começou os seus
saberes fotográficos em 1793. Ele
conseguiu imagens que demoraram a
desaparecer em 1824 e o primeiro exemplo
de uma imagem permanente ainda existente
foi tirada em 1826. Ele chamava o processo
de heliografia e demorava oito horas para
gravar uma imagem.

 Nascido em 1765 em França, no seio de


uma abastada família, dedicou grande parte
da sua vida à tentativa de captação de
imagens que pudessem ser utilizadas na
Litografia.
 Iniciou um processo, a que chamou
Heliografia (escrito pelo sol) em 1793, mas
rapidamente essas imagens desapareciam.
Com 40 anos abandonou o exército francês
para se dedicar exclusivamente a inventos
técnicos, graças à fortuna que a sua família
possuía.
 Em 1826 consegue pela primeira vez fixar
de forma permanente uma imagem,
utilizando uma placa de estanho que cobriu
com Betume branco da Judeia.
16 Primeira heliografia de Niépce

 Em 1793,  com o seu irmão Claude, oficial da batizado por Niépce como heliografia, gravura
marinha francesa, Joseph Nicéphore Niépce  tenta com a luz solar.
obter imagens gravadas quimicamente com a
câmara escura, durante uma temporada em
Cagliari. Recobriu um papel com cloreto de prata
e expôs durante várias horas na câmera escura,
obtendo uma fraca imagem parcialmente fixadas
com ácido nítrico. Como essas imagens eram em
negativo e Niépce pelo contrário, queria imagens
positivas que pudessem ser utilizadas como placa
de impressão, determinou-se a realizar novas
tentativas.
 Após alguns anos, Niépce recobriu uma placa de
estanho com betume branco da Judéia que tinha a
propriedade de se endurecer quando atingido pela
luz. Nas partes não afetadas, o betume era retirado
com uma solução de essência de alfazema. Em
1826, expondo uma dessas placas durante
aproximadamente 8 horas na sua câmera escura
fabricada pelo ótico parisiense Chevalier,
conseguiu uma imagem do quintal de sua casa.
Apesar desta imagem não conter meios tons e não
servir para a litografia, todas as autoridades na
matéria a consideram como "a primeira fotografia
permanente do mundo". Esse processo foi Primeira fotografia do mundo, por Niepce
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A evolução da técnica de registo


(Daguerre e Talbot) em paralelo aos
formatos de
câmaras e metodologias de
laboratório
18 Louis Daguerre

 Louis Jacques Mandé Daguerre (1789-1851)


aperfeiçoou os passos. Em 1835 descobriu como
reduzir o tempo de exposição de várias horas para
cerca de meia hora e dois anos depois resolveu o
problema da fixação da imagem e baptizou, então,
o processo de Daguerreotipia.
 Basicamente, era uma imagem positiva em chapa
de cobre coberta por uma fina camada de prata
polida e sensibilizada com vapores de iodo.
 O processo fotográfico inventado por Daguerre
em 1839 foi apresentado nesse mesmo ano por
François Arago à Câmara dos Deputados e à
Academia das ciências francesas
 Num discurso que se tornou famoso, o cientista e
político francês François Arago convenceu os seus
pares da genialidade desta invenção e da
necessidade de a reconhecer como sendo de “de
utilidade pública”.

Louis Jacques Mandé Daguerre


19 Louis Daguerre

A Daguerreotipia permite fixar uma imagem


obtida com uma câmara sobre uma placa Divulgação dos daguerreótipos
metálica. Tal como a heliografia de Nicéphore
Niépce, a Daguerreotipia é um processo
Caindo de imediato no domínio público, a
fotográfico sem imagem negativa. Mas a
comercialização do daguerréotipo é um sucesso
invenção de Daguerre revelou-se suficientemente
imediato, dando origem, em França, a uma
fiável para ser comercializada.
verdadeira vaga de “daguerreotipomania”
Em 1841, ter-se-ão vendido, apenas em França,
cerca de dois mil aparelhos e meio milhão de
placas. Rapidamente, surgem também os primeiros
estúdios fotográficos, onde se podem realizar
retratos em menos de um minuto, depois de
ultrapassadas algumas dificuldades técnicas iniciais
(em particular um tempo de pose muito longo).
A invenção de Daguerre veio revolucionar
radicalmente a prática fotográfica. Uma das práticas
mais importantes associadas à daguerreotipia é,
precisamente, a do retrato. Maravilhados com a
precisão e a nitidez da imagem fornecida pelo
daguerreótipo, os primeiros clientes dos estúdios
fotográficos procuravam imortalizar a sua imagem
e a dos seus próximos.
20 Louis Daguerre

Caindo de imediato no domínio público, a estúdios pertencia à burguesia. Pouco depois da


comercialização do daguerréotipo é um sucesso invenção do daguerreótipo, estas imagens
imediato, dando origem, em França, a uma tornaram-se num elemento essencial de qualquer
verdadeira vaga de “daguerreotipomania” interior doméstico burguês.
Em 1841, ter-se-ão vendido, apenas em França,
cerca de dois mil aparelhos e meio milhão de Estes retratos de família (incluindo muitas vezes
placas. Rapidamente, surgem também os primeiros daguerreótipos de parentes falecidos) são
estúdios fotográficos, onde se podem realizar simultaneamente uma forma de afirmar o estatuto
retratos em menos de um minuto, depois de social e de criar uma galeria genealógica de
ultrapassadas algumas dificuldades técnicas iniciais imagens, capaz de compensar, de alguma forma, a
(em particular um tempo de pose muito longo). ausência de antepassados ilustres.
A invenção de Daguerre veio revolucionar
radicalmente a prática fotográfica. Uma das práticas Estes daguerreótipos situam-se assim numa
mais importantes associadas à daguerreotipia é, tradição pictural particular, associada à pintura de
precisamente, a do retrato. Maravilhados com a retrato (em particular, aos retratos miniaturas).
precisão e a nitidez da imagem fornecida pelo
daguerreótipo, os primeiros clientes dos estúdios
fotográficos procuravam imortalizar a sua imagem
e a dos seus próximos.

Antes que a competição entre fotógrafos e outros


avanços técnicos baixassem o preço dos
daguerreótipos, a grande maioria dos clientes destes
21 Louis Daguerre

A fotografia de viagem constitui outro domínio de


aplicação do daguerreótipo. Utilizado para
imortalizar paisagens e monumentos, o
daguerreótipo contribui para a disseminação das
imagens do mundo, estando associado às vogas do
Grand Tour ou do orientalismo, por exemplo.
Vários álbuns de daguerreótipos (reproduzidos sob
a forma de litografias ou águas-fortes, por exemplo)
são rapidamente publicados, como as Excursions
daguerrienne: vues et monuments les plus
remarquables du globe de Noël Marie Paymal
Lerebours (1842).
Alguns editores não hesitam em acrescentar a esta
imagens figuras humanas, raramente captadas nos
daguerrótipos de viagem devido ao seu longo
tempo de pose. Este elemento, bem como a
impossibilidade de reproduzir o daguerreótipo a
partir de uma imagem negativa, explica a
decadência progressiva deste processo (apesar do
seu sucesso inicial em inúmeros países, como os
Estados Unidos).
Os daguerreótipos são progressivamente
substituídos por outros processos a partir de 1855.
processo a que chamou Calotipia.

22 Talbot

William Henry Fox Talbot (1800—1877)

 Foi o inglês Talbot (1800-1877) quem


desenvolveu o sistema de negativo e positivo,
processo a que chamou Calotipia.

processo a que chamou Calotipia.

Cameras used by Fox Talbot


23 Talbot

 Talbot iniciou suas pesquisas fotográficas, obtendo  A Calotipia, como inicialmente Talbot lhe chamou,
cópias por contacto de silhuetas de folhas, penas, era portanto uma prova de negativo/positivo,
rendas e outros objectos. O papel era mergulhado permitindo assim a sua duplicação em larga escala.
em nitrato e cloreto de prata e depois de seco, fazia Talbot aproveitou para vender imagens por si
seu contacto com os objectos, obtendo uma silhueta produzidas de paisagens turísticas de Inglaterra em
escura. quiosques e tendas artísticas.
 Finalmente o papel era fixado com amoníaco ou
com uma solução concentrada de sal. Às vezes,
também usava o iodeto de potássio.
 Talbot procedeu a uma investigação exaustiva da
possibilidade de obtenção de imagens fotográficas.
Quando em 1939 chegaram a Inglaterra os rumores
do invento de Daguerre, Talbot tratou de apresentar
os seus trabalhos à Royal Society, uma instituição
britânica, fundada em 1660 com o objectivo da
promoção do conhecimento científico.
 Rapidamente se percebeu que os Daguerreótipos
eram imagens com maior qualidade, uma vez que o
seu tamanho era consideravelmente maior que os
6,3 cm² das imagens de Talbot. Mas uma diferença
importantíssima existia.
 O Calotipo era um processo de obtenção de
imagem fotográfica negativa numa emulsão de em
sais de prata sobre um suporte de papel passado
posteriormente, por contacto, a positivo.
24 Talbot

 The Pencil of Nature, 1884

 Em 1844 Talbot publicou o primeiro livro ilustrado


com fotografias, The Pencil of Nature, que continha
vinte e quatro Talbotipos originais (nome que
posteriormente adoptou para a sua invenção).
 Para além de merecer destaque por ser pioneiro
neste campo, o livro de Talbot tinha como objectivo
demonstrar as várias utilizações possíveis que a
(sua) Fotografia apresentava.
 The Pencil of Nature, publicado em fascículos entre
1844 e 1846, é um importante momento na história
da Fotografia.
25

O instantâneo fotográfico
de Archer
26
Archer

 Frederick Scott Archer nasceu na Grã-Bretanha em


1813, dedicava-se à gravura e a escultura, onde
cedo se desperta o interesse pelo processo
fotográfico do Calótipo. Archer inicia o seu
trabalho do processo fotográfico em 1847, para
realizar fotografias dos seus desenhos de gravura.

 Archer propôs-se a melhorar o registo em papel


calótipo. Com colódio contendo iodeto de potássio
revestiu uma placa de vidro, com nitrato de prata.
Ele iria descobrir o método que iria superar todos
os presentes até então, o tempo de revelação foi
variando dependo do tamanho da fotografia.
A manifestação dava-se com sulfato de ferro, e a
fixação com hipossulfito de sódio ou cianeto de
potássio. As suas desvantagens era que, a exposição
devia ser com a chapa ainda húmida; a
sensibilidade era perdida á dimensão que o colódio
ia secando. O fotógrafo de exteriores tinha que
conter consigo um quarto escuro ambulante.
27

Cinema
Os irmãos Lumiére
28
e a primeira projecção pública:

 Na década de 1880, vários experimentos com acompanhamento instrumental ao vivo.


imagens fotográficas indicavam a possibilidade de
criação de uma nova arte: o cinema. Em várias Como bem sabemos, esses seriam apenas as
regiões do mundo, inventores já conseguiam primeiras conquistas de uma indústria que se tornaria
desenvolver máquinas que tiravam fotos em extremamente atrativa e rentável. No ano de 1911, foi
sequência que, ao serem expostas rapidamente, construído na Califórnia, Estados Unidos, um espaço
davam a impressão de movimento. Entre os pioneiros dedicado exclusivamente à produção de filmes. Em
dessa ideia estavam os obstinados irmãos franceses poucas décadas, esse espaço conhecido como
Louis e Auguste Lumière. Hollywood tornou-se conhecido como o mais
promissor representante dos estúdios dedicados à arte
No dia 22 de março de 1895, organizaram um evento cinematográfica.
nas dependências da Sociedade Francesa em que
projetaram para uma pequena plateia o filme “A
Saída dos Operários da Fábrica Lumière”. Apesar de
ser uma curta apresentação de sessenta segundos, a
primeira “produção cinematográfica” dos irmãos foi
seguidamente exibida em diversas reuniões públicas,
até chegar ao grande público em dezembro daquele
mesmo ano.

Nesse primeiro instante, a tecnologia cinematográfica


limitava-se a registar breves cenas do quotidiano.
Contudo, logo de seguida, apareceram os primeiros
enredos que tratariam de temáticas históricas e
sentimentais. Sem poder reproduzir som junto à
imagem, as primeiras exibições eram reconhecidas
pelos gestos exagerados dos atores e o uso de
29

 Contudo, qual seria o destino da máquina que, pela incalculável.


primeira vez, exibiu uma sequência de imagens que
daria origem ao cinema? Inspirados pelo
kinetoscópio, invenção de Thomas Edison e William
Dickinson, os irmãos Lumière fabricaram um
primeiro modelo experimental do cinematógrafo, em
1894. Nessa primeira versão, o tempo de projeção de
imagens era de apenas dezesseis quadros por
segundo.

Após alguns ajustes, conseguiram aumentar o tempo


das gravações e ampliaram a capacidade de projetar
luz do seu cinematógrafo. Dessa maneira, o
equipamento passou a ter maior funcionalidade e
pôde ganhar uma patente exclusiva. Para tanto,
realizaram a fabricação de outros modelos
semelhantes que comprovariam a autoria do invento
dos irmãos.

Ainda hoje, alguns dos exemplares dos primeiros


cinematógrafos encontram-se muito bem alojados no kinetoscópio
Instituto Lumière, localizado na cidade de Lyon,
França. Segundo o curador desse inestimável
material histórico, o cinematógrafo dos irmãos
encontra-se em perfeito estado de conservação e uso.
Entretanto, os responsáveis pelo material preferem
deixá-los intactos por causa do seu valor

cinematógrafo
30
Cinema Documental

 Documentário é um tipo cinematográfico que se


define pelo compromisso com a exploração da
realidade. Mas com essa informação não se deve
deduzir que ele representa a realidade tal como
ela é. O documentário, assim como o cinema de
ficção, é uma representação parcial e subjectiva
da realidade.
O cinema fotográfico
31
Fantástico Mélies:

mudar e adaptar-se. Foi brilhante. Foi deslumbrante.


 Nos primórdios do cinema, um homem soube
explorar melhor que ninguém as possibilidades
fantásticas da recém-criada sétima arte. Não foi
Thomas Edison nem nenhum dos irmãos Lumière,
inventores dos primeiros aparelhos, mas um
ilusionista, actor de teatro e realizador francês:
Georges Méliès. A ele se deve, entre outras coisas,
os efeitos especiais.
 Méliès inventou tudo no cinema, mas tudo mesmo:
os estúdios de filmagem, os géneros
cinematográficos, os guiões, as técnicas mecânicas e
químicas, os efeitos especiais. Em tudo foi pioneiro
e fê-lo com tal imaginação e mestria que grandes
cineastas como Chaplin ou Griffith reconheceram a
sua influência e inspiração.
 Méliès merece um lugar de destaque na História, ao
lado dos grandes criadores e visionários de todos os
tempos que levaram a humanidade mais longe.
Possuía um espírito inquieto e sonhador e uma
enorme versatilidade. Na sua vida desempenhou uma
série de actividades e profissões tão diversa e tão
rica como desenhador, caricaturista, decorador,
ilusionista, prestidigitador, actor, dramaturgo, O Fantástico Mélies
realizador, produtor e vendedor de brinquedos.
Nunca se conformou com as contrariedades e com os
desaires que sofreu e não foram poucos. Soube
O cinema fotográfico
32
Fantástico Mélies:

(natural e artificial), cenários amovíveis, camarins e


instalações para os actores, zona técnica, etc. Foi
aqui que desenvolveu tudo aquilo que se viria a
tornar a sua imagem de marca e futura linguagem do
cinema, combinando artes teatrais, tecnologia e
efeitos especiais. Alguns dos modernos processos de
montagem nasceram nestes estúdios, como o corte, a
paragem da câmara, o stop-motion, a sobreposição
de imagens, as transições por dissolução (fade-in,
fade-out), a manipulação gráfica da imagem, a
utilização de ilusões de óptica e muitos mais.

 Se tivesse seguido a tradição familiar Méliès poderia


ter sido um bem sucedido fabricante de calçado de
luxo em Paris. Mas o mundo do espectáculo e da
magia atraía-o e, com o dinheiro que recebeu da
empresa familiar, tornou-se actor e prestidigitador e
comprou o famoso teatro de Robert-Houdin, o
grande mágico francês. Pouco depois, em 1895,
assistiu à primeira apresentação pública do
Cinematógrafo dos irmãos Lumière. Este
acontecimento mudou o rumo da sua vida.
 Fundou uma companhia cinematográfica, a Star-
Films, e montou estúdios de gravação equipados
com uma série de funcionalidades, como iluminação
O cinema fotográfico
33
Fantástico Mélies:

 Desta sua actividade prolífica resultaram mais de


500 filmes, curtas metragens de uma bobine no
início e médias metragens mais sofisticadas
posteriormente. Muitos deles se perderam, uns
simplesmente desaparecidos, outros vendidos a peso
para serem transformados em tacões de sapatos
(autêntico). Conta-se que o próprio Méliès destruiu
muitos deles num acesso de fúria, num momento
difícil da sua vida.
 O filme que o celebrizou foi uma obra
excepcionalmente longa para a época, com 14
minutos: Viagem à Lua (Le voyage dans la Lune), de
1902, baseado num romance de outro visionário seu
conterrâneo, Jules Verne. A imagem fantástica do
foguetão a atingir um olho da lua viria a tornar-se
um dos grandes ícones visuais do século XX. Todos
os seus filmes possuíam uma enorme dose de magia,
fantasia e deslumbramento que Méliès tinha
aprendido na sua primeira profissão de ilusionista e
prestidigitador e os complexos efeitos especiais, que
tão bem sabia usar, eram o meio de que se servia
para nos encantar. O fantástico e a magia, essências
da obra de Méliès, são afinal as coisas essenciais de
que é feito o cinema.
Edison e o principio
34
do cinema sonoro

 Thomas Alva Edison foi um inventor e empresário


dos Estados Unidos que desenvolveu muitos
dispositivos importantes de grande interesse
industrial. Como era muito conhecido, foi um dos
primeiros inventores a aplicar os princípios da
produção maciça ao processo da invenção. Entre as
suas contribuições mais universais para o
desenvolvimento tecnológico e científico encontra-
se a lâmpada eléctrica incandescente, o gramofone, o
cinescópio, o ditafone e o microfone de grânulos de
carvão para telefone. Edison é um dos percursores da
revolução tecnológico do século xx. Teve papel
determinante na indústria do cinema.

 Cinema Sonoro

 O Som é captado por um microfone, passa por um


amplificador, sendo que a saída deste alimenta uma
Lâmpada cuja intensidade de luz e frequência de luz
varia com a forma de onda do som captado. Esta luz
por sua vez é focada sobre uma
lente que será dirigida sobre a trilha sonora do filme.
O processo inverso deve ser aplicado para
transformar as variações dos tons de cinza ao negro
gravados na trilha sonora para reproduzir o som
original da gravação.
Edison e o principio
35
do cinema sonoro

 Em 1896, Pathé juntamente com os seus quatro


irmãos criou uma empresa para a venda de
fonógrafos. Charles e Emile Pathé foram os dois
irmão resistentes que promoveram o que se tornou a
maior empresa de fonografia dando inicio o mundo
do cinema. O seu sucesso era inevitável , pois ele
aproveitou todas as oportunidades que lhe foram
dadas. Decidiu expandir a sua actividade no fabrico
de equipamento para cinema, Pathé, reparou
rapidamente  no crescimento da sua empresa.
Grivolas, ofereceu um milhão de francos de capital,
o que permitiu a expansão da empresa de Pathé. 
 Gaumont Film Company, é uma empresa de
produção de cinema francês fundado em 1895 por
Léon Gaumont (1864-1946). É a empresa de cinema
mais antiga em funcionamento no mundo.
Originalmente negociação de aparelhos fotográficos,
a empresa começou a produzir curtas-metragens em
1897 para promover a sua marca de câmera-projetor.
A empresa fabricou o seu próprio equipamento e
filmes produzidos em massa até 1907.

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