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Olavo e as fichas de estudo/notas (Cof 11)

Eu não faço ficha de nada, porque eu já tenho os livros todos anotados. Eu sou incapaz de estudar
em biblioteca. Só posso estudar na minha biblioteca, porque eu vou lá e a hora que eu quiser rabisco
meus livros, sempre a lápis. Pelo amor de Deus, não rabisque a caneta, porque uns anos depois você
descobre que rabiscou no lugar errado! Então você rabisca a lápis porque se estiver errado você
apaga aquilo e rabisca no lugar certo. 
[03:20]Você pensará depois “o importante não era isso, é aquilo” e você apaga e rabisca no lugar
certo. E, além disso, eu só sou capaz de estudar fumando, não se pode fumar na biblioteca.

Eu não faço fichas porque eu uso minha própria biblioteca como fichário. Se está tudo marcado ali,
por que eu vou copiar tudo aquilo de novo? Na hora de fazer as notas de rodapé, eu baixo aquele
monte de livros, faço aquela pilha de livros. Eu acho assim mais fácil.

Tomar notas, eu sugiro o seguinte: anote tudo o que lhe aparece na cabeça e vá guardando. Um dia
tudo isso vai ser útil. Mais tarde você quer escrever um livro e verá que já existem vários tópicos do
livro que estarão prontos. Eu sugiro que faça um diário. Eu sempre fiz um diário, não da minha vida
— minha vida não interessa para ninguém, há pedaços interessantes, mas isso a gente guarda na
memória e depois a gente escreve — mas dos pensamentos que me ocorrem, do que eu entendi de
certo livro, da minha reação a certa coisa. Eu sempre anotei isso aí. Como eu escrevo na mídia, às
vezes eu aproveito essas coisas para um artigo. Muitos artigos que eu publiquei eu não escrevi na
hora. Eram coisas que escrevi há dez anos e emboquei ali. Tomar notas é sempre bom, desde que
não seja uma coisa obsessiva e sistemática. Faça enquanto isso estiver sendo gostoso de fazer.
Nunca force. Eu lembro o lema de meu professor de arte marcial Michel Weber: “Se doeu, está
errado”.

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