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Governo de Juscelino Kubitschek

Juscelino Kubitschek foi presidente brasileiro entre 1956 e 1961 e ficou marcado
pela sua política econômica desenvolvimentista e pela construção da nova capital:
Brasília.

O governo de Juscelino Kubitschek estendeu-se de 1956 a 1961 e


teve como grande marca o desenvolvimentismo. Kubitschek investiu
maciçamente no desenvolvimento de estradas, no crescimento industrial,
sobretudo da indústria pesada, e foi o responsável pelo ambicioso projeto
da construção de Brasília como nova capital do Brasil.
Antecedentes
Juscelino Kubitschek (JK) assumiu a presidência brasileira no dia 31 de
janeiro de 1956 e em meio a uma forte crise política, que quase o
impediu de tomar posse da presidência do país. Durante todo o ano de
1955, grupos conservadores ligados à União Democrática Nacional
(partido político da época) articularam-se politicamente para impedir a
realização da eleição presidencial e depois para impedir a posse de JK
(vencedor dessas eleições).
A crise política gerada pela postura golpista de grupos como a UDN
levou o Ministro da Guerra do Brasil, o marechal Henrique Teixeira
Lott, a intervir na situação a partir de um contragolpe. Em 11 de
novembro de 1955, Henrique Teixeira Lott liderou um contragolpe que
destituiu o presidente no poder (Carlos Luz) e colocou Nereu Ramos na
presidência. O contragolpe liderado por Lott ratificou a posse de
Juscelino Kubitschek para janeiro de 1956.
Eleição de 1955
Paralelamente à articulação política dos conservadores para cancelar a
realização da eleição de 1955, ocorria a formação das chapas políticas
para disputar a presidência do Brasil. Essa eleição contou com a
participação de quatro candidatos: Juarez Távora pela
UDN, Ademar de Barros pelo Partido Social Progressista
(PSP), Plínio Salgado pelo Partido de Representação Popular (PRP)
e Juscelino Kubitschek pela chapa PSD/PTB.
A campanha de Juscelino Kubitschek foi marcada pela defesa da
necessidade de se retomar uma política que desenvolvesse a economia
e promovesse a industrialização do Brasil. Para lançar essa ideia, a
candidatura de JK cunhou o slogan que marcou sua campanha: 50 anos
em 5. A ideia do slogan era afirmar que, durante os cinco anos do
governo de JK, o Brasil avançaria seus índices econômicos de maneira
considerável.
A campanha de JK teve sucesso, em grande parte, pela habilidade do
político mineiro em articular grupos políticos de diferentes orientações
para apoiá-lo. Isso foi evidenciado porque a candidatura de Kubitschek
teve o apoio de grupos da burguesia industrial brasileira, assim como
contou com o apoio dos comunistas e dos militares legalistas (como o
próprio Lott).

Apesar disso, a eleição presidencial de 1955 foi acirrada, e o resultado


foi bastante apertado. Os resultados das eleições foram os seguintes: JK
teve 36% dos votos contra 30% de Juarez Távora, 26% de Ademar de
Barros e 8% de Plínio Salgado. Na disputa do vice, João Goulart venceu
com 44% dos votos. Assim, a presidência foi formada pela chapa
PSD/PTB.
Logo após a vitória de JK e Jango nas eleições de 1955, a UDN
mobilizou-se novamente para impedir a posse dos candidatos a partir do
argumento de que Kubitschek não havia conseguido a maioria absoluta
dos votos (51%) e, por isso, a vitória do político mineiro era “ilegítima”. O
argumento dos udenistas soava absurdo porque pelas leis brasileiras da
época não era necessário que um candidato possuísse maioria absoluta
dos votos, mas maioria simples. Toda essa situação levou à intervenção
de Lott no mencionado Golpe Preventivo de 1955.
Governo JK
Logo no início de seu governo, Juscelino Kubitschek apresentou à nação
o seu projeto para o desenvolvimento econômico do Brasil: o Plano de
Metas. Esse programa econômico do governo JK estipulou 31 metas
para a promoção do desenvolvimento econômico e da industrialização do
Brasil. O Plano de Metas tinha como prioridade o investimento nas áreas
de energia, transporte, indústria pesada e alimentação.
Dentro do Plano de Metas, uma série de ações foi realizada pelo governo
JK. No caso do transporte, o governo investiu consideravelmente na
construção de estradas. Estima-se a construção de mais de 6 mil
quilômetros de estradas no país entre 1956 e 1960 (até então o país
possuía 4 mil quilômetros)|1|. O desmonte do sistema ferroviário brasileiro,
inclusive, foi iniciado nesse período.
Além disso, JK investiu amplamente no desenvolvimento
da infraestrutura de portos e aeroportos do Brasil. Os altos
investimentos na área do transporte simbolizavam a preocupação do
governo em interligar o país de norte a sul e leste a oeste, pois era
necessária a ampliação das estradas para suportar o escoamento da
produção industrial e agrícola do país.
O desenvolvimento industrial do país, naturalmente, exigia a ampliação
de maneira considerável da produção energética do país e, por isso, o
governo inseriu grande parte dos recursos na construção de usinas
hidrelétricas para dar suporte a esse aumento do consumo de energia
que aconteceria com o crescimento da indústria no Brasil.

Ao todo, os investimentos do Plano de Metas foram organizados da


seguinte maneira:

1. Transporte (29%)

2. Infraestrutura (20%)

3. Energia elétrica (43%)

4. Alimentação (3,2%)

5. Educação (4,3%)|2|
Os altos investimentos no desenvolvimento econômico industrial tiveram
um notório resultado. Os índices econômicos evidenciaram isso. O país
registrou crescimento médio da produção industrial de 80%, e áreas
como a indústria de equipamentos de transporte cresceu incríveis 600%.
Construção de Brasília
Outro feito que marcou o governo de JK e foi o símbolo da sua visão de
desenvolvimento e progresso foi a construção da nova capital do Brasil, a
cidade de Brasília. A construção de uma nova capital no interior do país
era algo estipulado nas Constituições brasileiras desde 1889. JK
apropriou-se dessa ideia e levou-a adiante.
A construção de Brasília era vista por JK como uma forma de integração
econômica do interior do território brasileiro, mas também como forma de
reforçar o nacionalismo. A construção da cidade foi realizada em tempo
recorde e gastou uma quantidade de dinheiro gigantesca, pois o
presidente sabia da necessidade de se finalizar a construção da cidade
durante o seu mandato.
Consequências
Conforme já mencionado, o governo de JK alcançou resultados
impressionantes na economia, sobretudo na área da indústria, porém,
Kubitschek contribuiu abertamente para agravar alguns problemas
crônicos do nosso país. Os baixos investimentos nas áreas de educação
e alimentação contribuíram para agravar o problema da produção de
alimentos, da distribuição das terras produtivas e da disponibilidade de
vagas nas universidades. Essas questões agravaram-se e estouraram
durante os anos 1960, principalmente nos anos do governo de João
Goulart.

Além disso, os elevados gastos de Kubitschek em seu governo


contribuíram para aumentar a dívida externa do país (que alcançou a
cifra de 3 bilhões de dólares), e as relações do Brasil com o FMI saíram
bastante arranhadas. Mas o fator de maior insatisfação da população era
a inflação: em 1959, a inflação no Brasil alcançou a marca de 39,4% (era
7% em 1957)|4|.
|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das

Letras, 2015, p. 416.

|2| FARO, Clovis de; SILVA, Salomão “A década de 50 e o Programa de Metas”. IN: GOMES, Angela de Castro

(org). O Brasil de JK. Editora FGV, 2002, p. 85.

|3| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das

Letras, 2015, p. 427.

|4| Idem, p. 423.

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