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Eu, Flávio Justino (Licenciatura em História, matrícula 202058462), afirmo que o

presente trabalho é de minha autoria. Tenho ciência que plágio consiste na reprodução


(integral ou em pastiche) de obra alheia e sua submissão como trabalho próprio. Ou
ainda, na inclusão em meu trabalho, de ideias ou textos transcritos de obras de terceiros
sem a devida citação ou referência de autoria.

ALTERIDADE

A palavra alteridade é um termo clássico com raiz antiga latina que tem por
significado ser o outro. Ela é usado para que o indivíduo se ponha no lugar do outro e
tenha como objetivo ver o mundo a partir do olhar de outra pessoa (e de outra cultura)
que não seja ele próprio.

É um exercício complexo e difícil, mas que se desenvolve com o passar da


prática. Quando se faz o exercício da alteridade você olha o outro e muda sua lente.
Aquilo que era exótico, estranho ou diferente passa a ser próximo ou familiar.

A alteridade, desta forma, torna-se a ação primeira do ofício do antropólogo, a


qual consiste em entender o outro através de seus termos. É necessário destacar,
contudo, a relação levantada por Felipe Cruz, o qual relembra de sua origem como uma
maneira de se produzir conhecimento sobre os povos que o Ocidente encontrou ao
longo de seus contatos tanto mercantis quanto coloniais. A alteridade, então, desde o
início, esteve relacionada com o projeto de conquista e dominação, por potências como
França e Inglaterra, sobre outros povos.

A problematização da alteridade faz-se necessária, uma vez que permite ao antropólogo


o cuidado necessário para evitar uma dialética que exclua a voz do outro sobre si
próprio. Felipe Cruz (2017, p.101), por exemplo, cita a experiência de estudantes
indígenas que, ao entrarem em uma universidade ocidental, “se deparam com os
antropólogos em seu próprio ambiente nos corredores universitários e gabinetes,
acontece um encontro de outra ordem no qual o vetor etnográfico se inverte”. O aluno
indígena, nesse caso, está tanto compreendendo a visão dos outros, seja teórica ou
arquetípica, sobre ele quanto está obtendo uma experiência terceira em contato com esse
habitat acadêmico. Esse habitar acadêmico, por exemplo, pode colocar o aluno indígena
em um arquétipo de “bom selvagem”, mas que precisa ser iniciado no conhecimento
científico, quando, por outro lado, submete o aluno a uma visão caricatural e ignora suas
vivências. Consequentemente, ao invés de operar a alteridade, estaríamos a explicar o
outro, mas não deixando que este explique-se por seus termos. É o que Felipe Cruz diz,
quando menciona que esse tipo de movimento:

(...) é duplamente
perverso, uma vez que
seleciona dentre os
indígenas aqueles que
melhor se encaixam no perfil previamente esperado, solapando a
riqueza proveniente das diferentes trajetórias dos próprios estudantes
indígenas ao valorizar apenas um tipo, caricato, de alteridade. (CRUZ, 2017, p.104)

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