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Processos composicionais em
Choros & Alegria: O desenvolvimento da
primeira fase de Moacir Santos.
São Paulo
Setembro/2010
2
Agradecimentos
consideração.
Resumo
Abstract
This work figured out the personal “language” of Moacir Santos in the compositional
process of Choros & Alegria, bringing up the socio-cultural and stylistic aspects and
musical style. It was of great interest to research and organize the main compositional
Sumário
Índice de Figuras
...................................................................................................................................... 35
Figura 11 – Trecho de “Vaidoso”: Aproximações cromáticas, por retardo (c. 30). .... 36
...................................................................................................................................... 40
Figura 20 – Trecho de “De Bahia ao Ceará”: Aproximações cromáticas (c. 22-23). .. 41
Figura 21 – Trecho de “De Bahia ao Ceará”: Aproximações cromáticas (c. 25-26). .. 41
Figura 22 – Trecho de “De Bahia ao Ceará”: Aproximações cromáticas (c. 40-43). .. 42
Figura 23 – Trecho de “De Bahia ao Ceará”: Aproximações cromáticas (c. 48-51). .. 42
Figura 24 – Trecho de “Excerto no. 1”: Aproximações cromáticas (c. 12-18)............ 43
Figura 25 – Trecho de “Excerto no. 1”: Aproximações cromáticas (c. 58-59)............ 44
Figura 26 – Trecho de “Excerto no. 1”: Aproximações cromáticas (c. 69-73)............ 44
Figura 27 – Trecho de “Rota ∞”: Aproximações cromáticas (c. 35-42). .................... 45
Figura 35 – Trecho de “Agora eu Sei”: Cromatismo harmônico (c. 38-45). .............. 51
Figura 36 – Trecho de “Flores”: Cromatismo harmônico por arpejos (c. 29-33). ...... 51
Figura 37 – Trecho de “De Bahia ao Ceará”: Cromatismo harmônico (c. 56)............ 52
Figura 40 – Trechos de ”Felipe”: Cromatismo harmônico e melódico (c. 14-16). ..... 54
8
Figura 51 – Trecho de “Excerto no. 1”: Figuração em “ziguezague” (c. 53-56). ........ 61
Figura 55 – Trecho de “Rota ∞”: Duas melodias sobrepostas com subdivisões ternária
Figura 57 – Trecho de ”De Bahia ao Ceará”: Levada rítmica, baixo pedal (c. 01 -05)66
Figura 67 – Trecho de “Paraíso”: Introdução e início do tema (c. 01-09). .................. 72
Figura 68 – Trecho de “Excerto no. 1”: Fugato (c. 66-73). ......................................... 74
Figura 69 – Trecho de “Outra Coisa”: Introdução e Coda (c. 01-04 e c. 45-51). ........ 75
...................................................................................................................................... 76
Introdução
Nos últimos anos a obra musical de Moacir Santos (1926-2006) vem sendo
recorrentemente resgatada, e isso se deu após o ano de 2001, quando Mario Adnet e
Zé Nogueira iniciaram esse processo, com o aval do próprio. Com isso o Brasil e o
Até 2005, três livros de partitura (Coisas, Ouro Negro e Choros & Alegria)
foram lançados, o LP Coisas foi relançado em CD e dois outros CD’s (Ouro Negro e
Choros & Alegria) foram exclusivamente gravados por músicos da atualidade. Isso
de Moacir sob diversas estéticas, até mesmo alguns especializados em sua obra. E
Em trabalhos acadêmicos anteriores o tema mais recorrente tem sido sempre o álbum
Coisas, analisado por Gabriel Muniz Improta França e João Marcelo Zanoni Gomes.
alcançada por ele em sua vida, se fez necessário ir atrás do começo de tudo, buscar
entender suas primeiras composições. Por esse motivo este trabalho tem o intuito de
analisar sob um prisma analítico-composicional a obra Choros & Alegria, obra esta
longo dos capítulos, visto que dentre as músicas que compõe o CD/ Songbook a
grande maioria data dos anos 40. Como mostram a lista e o gráfico abaixo:
Capítulo 1
Choros & Alegria – essa formidável coleção de choros e outros gêneros brasileiros
compostos e cultivados por Moacir [Santos] durante décadas, (...) é um documento
dessa primeira fase de sua obra (SUKMAN, 2005, p.15).
Basta uma primeira audição das quinze composições que integram o álbum
Choros & Alegria (2005) para notar a grande fluência composicional de Moacir
maneirismos musicais “brasileiros” em voga até 1940, década em que compôs a maior
parte dessa obra1. Dentre esses, podemos citar pelo menos três gêneros tipicamente
repertório popular urbano brasileiro. Esses três gêneros serão aqui contextualizados
brevemente, devido à importância que eles tiveram para a composição da obra a ser
estudada.
Contudo, tais influências não vêm do plano formal, elas se encontram principalmente
1
É apropriado dizer que o CD Choros & Alegria não foi concebido como obra já nos anos 40,
e sim como uma coletânea organizada posteriormente com composições desse período.
2
Frevo e marcha são tratados aqui como um gênero por estarem intimamente ligados, essa
relação será melhor explicada a seguir.
3
Notam-se de maneira mais marcante essas influências jazzísticas e africanas em obras
posteriores de Moacir Santos, tendo grande destaque em sua série de Coisas.
14
sua vida. Tendo estudado diversas vertentes estilísticas, logo se dedicou a uma ampla
dos anos 40, Moacir ainda não tinha entrado em contato com todos estes materiais
musicais. Mesmo assim, esbanjava potencial criativo – ainda não totalmente aflorado
– mas de uma musicalidade sem igual. Como suporte dessa musicalidade o choro,
4
MÚSICAS GÊNEROS
“Agora eu sei frevo/marcha
“Outra Coisa” alegria
“Paraíso” valsa
“Vaidoso” choro
“Flores” choro
“Saudades de Jacques” choro (influência nordestina)
“Cleonix” choro
“Ricaom” choro
“De Bahia ao Ceará” choro
“Exerto no. 1” choro
“Lemurianos” alegria (influência jazzística e africana)
“Rota ∞” alegria (influência jazzística)
“Samba di Amante” samba (influência de samba de gafieira)
“Carrossel” alegria (influência jazzística)
“Felipe” alegria
4
Todas essas definições de gênero são conclusões do autor dessa dissertação tiradas a partir de
minuciosa escuta.
15
Grááfico de gêneros
Cho
oro (7)
Aleegria (5)
Frev
vo/Marcha (1)
Valssa (1)
Sam
mba (1)
O gráfico
g ma representta como esttão distribuídos os gênneros abordados em
acim
ou menor grau
g em cadda peça. Poorém, de maneira
m geraal, podemoss notar que a maior
longinquam
mente faz aluusão à prátiica do choro
o.
Com
m essas infformações podemos
p su
ugerir que Moacir com
mpôs em todos
t os
5
Estte termo será melhor
m tratadoo posteriormente, no segunddo capítulo.
16
trabalhou
• Frevos e marchas – que teve íntima relação nos anos que tocou em
terra natal
Sobre o choro, a valsa e o samba pode-se dizer que foram gêneros bastante
cidade em que Moacir fixou residência na segunda metade dos anos 40, facilitando
1.1 – Choro
melodias que estavam “nas mãos” dos músicos, ou seja, das diversas danças vigentes.
choro foi o lundu. “Porém, a palavra lundu pode conter significados divergentes, pois
tal gênero passou por processos de grande transformação no decorrer de sua história”
(BONETTI, 2009, p.15). Ela serviu para denominar uma dança popular, um gênero de
como a polca dominou o cenário musical do fim do século XIX, por ter um perfil
bastante contagiante fazendo aflorar um lado mais sensual nos salões de dança,
6
Para mais informações sobre as diferenciações dos lundus, ver : BONETTI, Lucas Zangirolami.
A apropriação como homenagem na Suíte Retratos de Radamés Gnattali: A citação no processo
composicional. Projeto de Pesquisa em Iniciação Científica. São Paulo: Faculdade Santa Marcelina,
2009.
7
Essas fórmulas rítmicas de acompanhamento são facilmente encontradas nas principais
partituras de piano solo comercializadas na época.
18
eram compostos pelos chamados “trio de pau e corda”, que consistiam em flauta,
também alcançou lugares antes inimagináveis para seus músicos e ouvintes, a sala de
concerto, dita erudita, deixando para trás todo um histórico de preconceito entre a
música popular e a música clássica. Isso se deu inicialmente com a Suíte Retratos de
Orquestra de Cordas.
19
1.2 – Samba
posteriormente disseminado por todo o país carrega uma intrínseca mistura do lundu,
da modinha e do maxixe.
Existe uma série de contradições quando se tenta definir qual foi o primeiro
No entanto, é difícil realizar tal afirmação, pois se sabe que o gênero não surgiu de
repente, mas sim em um processo que durou longos anos. No entanto, o que podemos
afirmar, com certeza, é que o “primeiro samba com partitura impressa e gravado em
disco fonográfico comercial foi sim, ‘Pelo Telefone’” (ALVES, 1968, p. 22).
musicais realizados nas “casas das baianas”8 que reuniam alguns dos mais importantes
músicos da época. Talvez o ponto de encontro mais importante dessa época, no que
concerne à formação do samba como um gênero, tenha sido a casa da tia Ciata.
8
É possível que os “sambas das baianas” tenham aportado no Rio de Janeiro quando elas, as
baianas, mudaram-se com os maridos soldados ao final da guerra de canudos entre 1896 e 1897.
20
chefiadas por zeladoras de orixás (as famosas Tias), a casa da mulata Hilária Batista
29-30).
“mistério” do samba ter florescido como um gênero cultuado por uma minoria, sendo
sua história ter se tornado um dos maiores símbolos da cultura brasileira de maneira
regional de choro até big bands e grandes orquestras, sem perder seu caráter vocal.
21
1.3 – Frevo/Marcha
bandas militares, tocadores de marchas e dobrados (...), o frevo fixou sua estrutura
numa vertiginosa evolução da música das bandas de rua”. E o passo foi impulsionado
pela “presença de capoeiras nos desfiles das duas mais famosas bandas de músicas
notado também que a música e a dança do frevo têm uma grande semelhança, a
marcha e carrega com ele diversas inflexões rítmicas características. Outro aspecto
sopro e percussão.
das ruas a caminho dos salões de dança e posteriormente até a sala de concerto – visto
9
Ver http://www.frevo.pe.gov.br/
23
Capítulo 2
em 1926 na cidade de Serra Talhada, em Pernambuco, lugar durante muito tempo não
identificado como seu local de nascimento10. Sua educação formal, no início da vida,
foi pouco sólida mas mesmo assim, obteve muito mais do que se poderia imaginar.
Logo cedo, por volta dos quatorze anos, por demonstrar grande aptidão musical, teve
contato com diversos instrumentos doados por maestros e músicos amadores de Flores
do Pajeú, cidade onde se fixou na infância. Por essa época, Moacir fugiu de casa em
busca de algum lugar que lhe acolhesse e apoiasse sua vocação para a música.
Moacir percebeu que não bastava todo seu talento inato sem um amplo estudo formal,
e foi isso que fez a partir deste momento até o final de sua vida, dedicou-se aos
de 1948. Nessa época decide estudar mais, além dos instrumentos que tocava, queria
10
Moacir Santos nasceu “na cidade de Serra Talhada, Pernambuco. O próprio Moacir relata
que descobriu ao certo o local e data de seu nascimento tardiamente, em viagem que fez a Pernambuco,
e durante a qual encontrou sua certidão de nascimento” (GOMES, 2009, p.15).
24
professor. Dentre seus alunos mais ilustres podemos citar: Baden Powell, Paulo
Moura, Sérgio Mendes, João Donato, Raul de Souza, Bola Sete, Dori Caymmi e
muitos outros.
É interessante notar que por essa época, por volta dos anos 1940, Moacir
compôs grande parte das músicas presentes em Choros & Alegria, sendo que essa
como TV Record em São Paulo e na Rádio Nacional no Rio de Janeiro. Nessa mesma
época compôs também muitas músicas para cinema, como as trilhas dos filmes: Seara
Tambellini.
único lançado no Brasil. Esse LP possui 10 músicas que transcenderam seu tempo,
intituladas de “Coisa nº1”, “Coisa nº2”, até a de nº10, sendo que na época em que
“Coisas” foi lançado não se imaginava uma sonoridade como aquela. Moacir começou
Algumas das Coisas foram compostas originalmente para serem trilhas de filmes.
“Coisa nº4”, “Coisa nº 5” e “Coisa nº9”, por exemplo, integraram a trilha de
Gangazumba (1963), de Cacá Diegues (GOMES, 2009, p.19).
25
incomum naipe de sopros (flauta, saxofone alto, saxofone tenor, saxofone barítono,
Em 1967 Moacir se desliga da Rádio Nacional para fixar residência nos EUA
alunos.
Santos:
• A transcrição e edição das grades orquestrais das dez Coisas, juntamente com
Unidos11)
obra bastante antiga porém ainda inédita, nunca lançada na carreira de Moacir.
2.2.1 – A década de 40
importante para nosso objeto de estudo, visto que sua vida certamente influenciou sua
obra.
A atividade profissional de Moacir Santos havia sido intensa desde que chegara ao
Rio de Janeiro, em 1948, após uma infância pobre e precoce atividade como músico
ou diretor de bandas de música e intensa peregrinação pelas cidades nordestinas
durante a adolescência (FRANÇA, 2007, p.27).
11
Maestro, Saudade, Carnival of Spirits e Opus 3 No. 1, respectivamente.
27
rapidamente, atuando nos mais diversos segmentos, desde pequenas bandas, no início
militar de João Pessoa (Paraíba), tocando saxofone tenor. Um ano depois migra para a
Rádio PRI-4 Tabajara, ainda em João Pessoa, para tocar saxofone tenor na orquestra e
clarinete no conjunto regional da emissora. Nota-se que em pouco tempo Moacir sobe
Por essa época, por volta de 1948, tem contato com diversos músicos importantes,
mais importantes da época, tais como: Paulo Silva, José Siqueira, Virgínia Fiusa,
Claudio Santoro, João Batista Siqueira, Nilton Pádua, Guerra Peixe (...) e H. J.
momentos. O primeiro é constituído pela sua busca musical pelo nordeste, como
O que me parece mais relevante com relação a este período de andanças que durou 8
anos no total, é a evidência de que a busca pela Música, por possibilidades de tocar
em diferentes grupos e, consequentemente, acumular experiências musicais é que
levou Moacir a tocar em bandas de algumas das cidades por onde passava, tocar em
bandas de circo, na Banda da Polícia Militar da Paraíba e, finalmente, na Jazz Band
da Rádio PRI-4 Tabajara, da qual se tornou regente em 1947 (GOMES, 2009,
12
p.16).
E o segundo, representada por sua busca por aperfeiçoamento, tendo aulas com
2.2.2 – Considerações
história da música brasileira, são certamente uma história paralela” (SUKMAN, 2005,
p.15), revelando que grandes produções artísticas ficam fora de cena se não
acontecem no ponto geográfico certo. Essa cena musical que aflorou no sertão de
12
O instrumento escolhido como principal por Moacir foi o saxofone, em especial o barítono.
Contudo, sabe-se que ele tocou diversos instrumentos de sopro pelas bandas do nordeste até se fixar
como saxofonista.
29
ficou literalmente escondida por anos a fio. Somente sendo revelada e disseminada
o próprio “nem todo choro é triste, é pra chorar”13. Tal termo representa a fertilidade
criativa de Moacir, tanto nas composições com gêneros claramente definidos, como
nas outras, as ditas “alegrias”, que parecem ter recebido um nome bastante acertado,
visto que todas possuem características próprias, impossíveis de serem rotuladas com
qualquer outra nominação. Mesmo assim é difícil achar elementos unificadores entre
as “alegrias”, pois talvez este “novo gênero” também não estivesse tão claramente
definido nem para o próprio Moacir, ou talvez, e mais provavelmente, essa nominação
foi dada a posteriori e pretendia apenas distinguir melhor as músicas. Cada uma
– É que me baseei num ponto de macumba, que ouvia desde cedo –sua produção
“moderna” já modernizando sua produção inicial. Esclarece o próprio Moacir a
diferente origem melódica de sua marcha-rancho [“Agora eu sei”], a inspiração afro-
brasileira que marcaria (SUKMAN, 2005, p.18).
Moacir ter passado tudo o que passou nesse período de mais ou menos dez anos.
13
Apud SUKMAN, 2005, p.18
30
Tocando nas mais diversas orquestras e conjuntos, tornando-se arranjador e por fim
tendo aulas com os maiores mestres da época. Caracterizando assim uma obra que têm
procedimentos e soluções bastante ousados e dignos do grande maestro que era e viria
a ser.
31
Capítulo 3
músicas. Ao final será mais detalhadamente esmiuçada a música “Agora eu sei”, pois
ela faz uma boa síntese de diversos processos a serem estudados aqui.
composicionais recorrentes nas quinze músicas dessa parte da obra de Moacir Santos
e cada exemplo será comentado individualmente de modo que se possa ter uma visão
A palavra cromatismo é:
(...) derivada do grego chromos, cor; ela se aplicava a uma das três classificações das
escalas gregas. Para os gregos, as modificações cromáticas eram consideradas como
efeitos puramente expressivos que alteravam a coloração do modo. Hoje em dia o
cromatismo é o emprego de semitons no interior das notas de uma escala diatônica.
Podem-se distinguir notas de passagem cromática que não modificam a tonalidade
principal, e notas cromáticas modulantes que servem para se efetuarem modulações
para outros tons além do tom principal, (...). Se todos os sons intermediários
32
recorrente que abarca quase que a totalidade das obras estudadas. Referimo-nos aqui
cromatismo tão cedo em sua carreira, visto que exige bastante maturidade do
Esse item abarca principalmente a maneira como as ideias, curtas e longas, são
interligadas por movimentações cromáticas, e até mesmo como o cromatismo pode ser
exemplos:
Este trecho de “Paraíso” foi construído por uma escala de Dó menor melódica
com um dó# aproximando dó e ré. É notável também o fato de que a melodia que
antecede o trecho apresente as notas láb e sib e, como aqui, elas aparecem naturais e
33
com grandee força de attração para a nota dó14, elas tambéém sejam peercebidas, de
d forma
Figura 4 – Trecho de “P
Paraíso”: Aproximações croomáticas (c. 333-34).
passagem cromática
c d quatro notas
de n princcipais (fá, mi,
m mib/ré##, ré) acresscida de
sol e retornnando novaamente paraa o mesmo fá, agora descendo ccromaticameente por
todas as quatro
q já ciitadas notass e por fim
m continuaa em movim
mento desccendente
Figura 5 – Trecho de “P
Paraíso”: Aproximações croomáticas (c. 337-38).
O próximo exemplo
e é iniciado por uma figuraçãoo rítmica bastante
14
A escala menorr melódica, em
m seu sentido o ascendente, é uma escala menor com o sexto e o
sétimo graus elevados, causando um efeiito de direcion
nalidade (tonaal) para a funddamental da esscala.
34
Já o segundo compasso
c é o mais liteeralmente crromático, pois passa por todos
cadencial desse
d compaasso, forçanndo a resoluçção na notaa dó.
Figura 6 – Trecho de “P
Paraíso”: Aproximações croomáticas (c. 447-49).
trata de um
m glissando cromático
c d ré a fá. Logo
de L após o glissando a melodia segue em
um movim
mento escalar ascendente que é interrompiido pela seegunda inteervenção
cromática da
d frase (fáá, fá#, sol – ré, mib). A frase segue com ouutra movim
mentação
acabar com
m o intervaloo ré-fá ou fáá-ré, como se
s a ideia vooltasse ao poonto de parttida.
15
M forçosameente podemos citar todo essse perfil melóddico (primeiroo compasso do
Mais o
exemplo) com
mo uma grandde bordadura.
35
Figura 7 – Trecho de “V
Vaidoso”: Aprroximações crromáticas (c. 000-05).
No exemplo acima
a podee-se enconttrar um tippo de retroggradação, as
a notas
Ré Sol S
Sol Ré
Fá Sol Fá
1 2 3 4 3 2 1
Figura 8 – Trecho de “V
Vaidoso”: Sim
metria.
cromático propriament
p te dito se enncontra na primeira
p notta de cada ccompasso (ssol, solb,
harmonia im
mplícita.
Figura 10 – Trecho de “V
Vaidoso”: Aprroximações crromáticas, a caada cabeça de compasso (c.. 27-29).
sol, dó-fá), a linha croomática desscendente é constituídaa pelas notaas ré, réb, dó,
d dób e
sib.
37
Figura 12 – Trecho de “V
Vaidoso”: Ap
proximações cromáticas (c. 40-41).
O exemplo a seguir
s mostrra o anacru
use e o prim
meiro compaasso da seçção A de
“Saudade de
d Jacques””, o anacrusse – constru
uído sobre um
u acorde de E7 – é formado
f
se encerra na
n terça do acorde de A6,
A no prim
meiro compaasso. O treccho está nottado sem
armadura de mo no original, pois esta seção A16 é uma seeção modulaante que
d clave, com
se inicia em
m Lá maior e se encerraa em Dó maaior.
• No prim
meiro compaasso enconttra-se um peequeno gestto, quase co
omo uma
16
Annalisada mais a frente.
38
compassso.
acima.
• Se obseervarmos as
a notas dee apoio (cirrculadas) nnotaremos que
q elas
tendo assim
m uma grandde força de atração. A movimentaação cromáttica mais accentuada
sensíveis im
mediatamennte um sem
mitom abaix
xo. Do quarrto para o quinto com
mpasso é
apresentadoo um trechoo de uma esccala cromáttica descenddente (si, lá##, lá, sol#).
Figura 16
1 – Trecho dee “Saudade dee Jacques”: Po
olarização/aprroximação croomática (c. 14--18).
mib, mib-fá-rré.17
semitom abbaixo em caada transpossição, ou sejja: fá-sol-mi, mi-fá#-m
Além
m disso, no
n plano haarmônico en
ncontramoss um movim
mento desccendente
napolitano.
17
Paara considerarrmos como seegunda maiorr ascendente seguido
s de terça menor deescendente
alguns intervaalos foram connsiderados ennarmônicamen
nte.
40
A seguir,
s no trecho de “Ricaom”18
1
, podemoos observarr quatro treecho de
cromática de
d interligaçção. Vejamos, logo no início do segundo
s com
mpasso do exemplo
e
mesmo com
mpasso são aproximações que lig
gam a ideia anterior coom a próxim
ma, mais
especificam
mente a próxxima polarização, mi-rré#-mi, logoo em seguidda a nota so
ol# liga a
polarizaçãoo, dó#-si#-ddó#.
harmonia implícita,
i s
sugerindo u arpejo de D no segundo
um s compasso, dee E7 no
terceiro e Am
A no quartto.
18
U
Uma curiosidadde é o fato dee que o nome dessa músicaa é um anagraama (espelho)) no nome
Moacir.
41
delinear um
ma melodia não
n previsívvel.
eles também
m não estão dispostoss de maneirra consecutiva, como nno exemplo
o acima.
tempo no quarto
q comppasso, onde o movimen
nto cromáticco abarca consecutivam
mente as
A melodia
m a seeguir19 apreesenta três pontos de cromatismo
c o; logo no primeiro
p
compasso notamos
n um
m motivo melódico que
q será reecorrente (lá, sib, lá, sib); no
terceiro com
mpasso essee motivo é apresentado
o transpostoo e invertiddo (mib, ré, mib, ré)
seguido dee mais um grau cromáático, réb; o último ponto de croomatismo pode
p ser
trama sem
mi-contraponntística quue também
m apresentaa movimenntações cro
omáticas
configuram
m um moviimento conntrário bastante interessante, a ssegunda vo
oz segue
ascendente e a partir do
d terceiro compasso
c do
o exemplo se
s inicia o ccromatismo (fá-fá#-
intercalado (láb).
Figura 24 – Trecho
T de “Exxcerto no. 1”: Aproximações
A s cromáticas ((c. 12-18).
19
É apresentada aqui
a a reduçãoo da grade, em
m Cancioneiroo Moacir Santoos, Choros & Alegria a
música “Exceerto no. 1” é apresentada
ap arrranjada para quarteto
q de saxxofones (soprano, alto, teno
or e
barítono), conntra-baixo e baateria.
44
A seeguir enconntramos um
ma linha grav
ve que é forrmada por uuma nota pedal (lá)
Figura 25 – Trecho
T de “Exxcerto no. 1”: Aproximações
A s cromáticas ((c. 58-59).
tempo do segundo
s compasso sãoo bastante acentuadas
a pela direcionalidade do
d perfil
Figura 26 – Trecho
T de “Exxcerto no. 1”: Aproximações
A s cromáticas ((c. 69-73).
45
O exemplo
e abbaixo apressenta dois movimentoos cromátiicos, o prim
meiro é
bastante sim
mples, apenas para approximar o sol# locallizado na ccabeça do segundo
A seguir
s está o exemplo que mostrra um trechho de “Sam
mba Diaman
nte” que
prepara a modulação
m d primeiro centro tonaal (Fá maiorr) para o segundo (Láb
do b maior).
m abaixo a cada
um semitom c vez (fáá, mi, fá – mi,
m mib, mi – mib, ré, m b20)
mib – ré, réb
20
Na última repettição a sequênncia melódica é interrompidda pela supresssão da última nota (ré).
46
3.1.1.2 – Gesto
os cromáticcos
Um breve estudo etimológico sobre a palavra p gestoo mostra quee ela se refeeria
anterriormente apeenas a uma açãão voluntária. (...) Nota-se hoje
h no gesto não só uma ação
físicaa, mas também
m uma intençãão (MARTINS, 2007, p. 133).
A palavra
p gestto é diretam
mente relaccionada a uma
u ação ccorporal, co
omo por
exemplo, os
o movimeentos realizzados pelas pessoas durante
d um
ma conversaa. E em
“movimenttação”, norm
malmente , direcional.
d
contenham tantos grraus cromááticos que não seriaa adequadoo defini-los como
Se analisarmoss apenas os
o pontos de
d apoio do
d exemploo abaixo qu
ue estão
Tam
mbém podem
mos observvar que o exemplo
e annterior apreesenta uma perfeita
hemíola. No
N segundo tempo do quarto
q com
mpasso localliza-se um anacruse crromático
48
graus crom
máticos. Já na última fraase, do comp
passo treze ao dezesseiis, Moacir mescla
m o
Na próxima
p figgura, que é uma reduçãão do arrannjo para quaarteto de sax
xofones,
melódico, onde
o a figuuração em arpejo é trransposta um m abaixo21. Em um
u semitom
21
Coom exceção da
d primeira nota de cada arp
pejo, que é maantida, constituuindo assim os
o arpejos
de F7M e E.
49
apresentam
m uma conndução croomática na linha do baixo. Quuanto à harmonia
h
Figura 33
3 – Trecho de
d “Excerto nº1”: Gesto crom
mático (c. 36--40).
A melodia
m trannscrita na prróxima figurra é bastantte peculiar, isso se devee ao fato
melódico:
22
Algumas notas foram consideradas enarmo
onicamente.
50
Enteendeu-se por
p cromattismo harm
mônico alguuns tipos de movim
mentação
chegou a movimentos
m cromáticoss na disposiição das vozzes. Tambéém é notório
o que na
quatro com
mpassos e simplesmen
s nte os repetiu meio-toom abaixo, dando um
m caráter
harmonicam
mente há uma
u movim
mentação haarmônica innteressante, o primeiro
o centro
23
Essaa numeração está
e incorreta na partitura original,
o o corrreto seria c. 055-20.
51
tonal é Bb,, onde o prrimeiro grauu [Bbmaj7]] é seguidoo pelo quartto grau [Eb
bmaj7] e
tornando-see um SubV
V do novo centro ton
nal, que é Lá maior. A partir daqui
d os
primeiros quatro
q comppassos são trranspostos literalmente
l e repetidos.
Figura 35 – Trecho de “A
Agora eu Sei”:: Cromatismo harmônico (cc. 38-45).
Abaaixo podem
mos notar um
ma figuraçãão melódica em arpejos, conectaados por
F
Figura 36 – Trecho de “Florres”: Cromatissmo harmônicco por arpejoss (c. 29-33).
A próxima
p figuura represennta o camin
nho para a modulação
m de Solb maaior para
trecho.
52
Figura 37 – Trecho
T de “Dee Bahia ao Ceaará”: Cromatiismo harmônicco (c. 56).
No exemplo abaixo
a podeemos ver a mesma melodia
m harrmonizada de duas
maneiras diferentes,
d | F/A - Abdim - G7(13) - Gb7((b13) | e | Abdim - G7(13)
G -
Gb7(b13) - F7M |. Em
m ambas o baixo se movimenta
m mente e as relações
cromaticam
A figura
f abaixxo mostra a finalização da mússica “Carroossel”, nela Moacir
O excerto
e a seeguir é um
m caso basttante peculiiar, é comoo se o crom
matismo
segue em movimento
m cromático descendente
d e de maneirra bastante clara. Já a melodia
mas se obsservarmos os
o acidentess ocorrentess veremos que no prim
meiro comp
passo do
exemplo, as
a notas soll, ré e dó são
s naturaiss e no seguundo compaasso elas ap
parecem
Tam
mbém é percceptível a utilização
u dee outro parââmetro conjjugado, a figuração
fi
Moacir sim
mulasse duas linhas meelódicas obllíquas em movimento
m contrário (d
dó#-ré#-
24
Esssa técnica serrá estudada mais
m a fundo em
m 3.1.2.
54
em Mi maioor.
Moacir Santos.
(...) caracterizam-se por realizar um contorno melódico que estabelece uma espécie
de contraponto consigo mesmo, um tipo de polifonia interna, inerente a uma melodia
singularmente sinuosa. Tal sinuosidade chega ao ponto em que se tem impressão de
ouvir duas linhas melódicas expressas em um único instrumento de sopro, ou de
arco (SALLES, 2009, p. 114).
Ainda segundo o próprio Paulo de Tarso este tipo de procedimento pode ser
idiomática são encontrados em diversos pontos dos “24 Caprichos para Violino Solo”
de Niccolò Paganini.
56
No caso de Moacir
M Sanntos podem
mos dizer ainda que eele teve, allém dos
exemplos acima,
a a refeerência do próprio
p Villa-Lobos.
“ziguezaguue”: 1) elem
mento textuural, geralm
mente em ostinato;
o 2) prolongam
mento de
A seguir
s serãão apresenttados algun
ns exemploos retirados das mússicas de
Moacir:25
a) Neste
N trechho a figuraçção em “ziiguezague” se inicia dde fato no segundo
tempo do segundo
s com
mpasso, e é bastante clara
c a preseença de duaas linhas
figuração sinuosa
s passsa por diveersos grauss cromáticoos (réb-dó, mi-mib,
(fá-sib).
Figura 42
4 – Trecho dee “Vaidoso”: Figuração emm “ziguezague”” com aproxim
mações cromááticas
(c. 21-2
23).
25
Poodemos percebber como Moacir trabalha a figuração em
m “ziguezaguee” de maneira
conjugada a aproximação
a c
cromática em praticamente todos os exemmplos.
57
sib.
Figura 43 – Trecho de “V
Vaidoso”: Figuuração em “ziiguezague” coom aproximaçõões cromáticaas (c. 31-
32)..
figuração duas
d linhas melódicas
m dialogam,
d um
ma escalar ((ré-do-sib-lá-sol-fá-
Figura 44 – Trecho
T de “Flores”: Figuraçção em “zigueezague” com aproximações
a s cromáticas (cc. 12-16).
26
A nota sib faz parte
p da resoluução dessa fraase, omitida neesse exemplo.
58
d) No
N exempplo a segguir encon
ntramos doois tipos de figuraçção em
“ziguezaguue”, a prim
meira se inicia no segundo
s teempo do primeiro
p
em um arpejo de Fá maior
m (lá-láá-fá-dó), senndo que a úúltima nota,, dó, faz
p
parte das duas.
d A seggunda figu
uração em “ziguezague
“ e” vai do segundo
tempo do terceiro
t com
mpasso atéé o fim do exemplo e é constitu
uída por
Figura 45 – Trecho
T de “Flores”: Figuraçção em “zigueezague” com aproximações
a s cromáticas (cc. 39-43).
segunda fraase é expossta uma quaarta acima da primeiraa, com exceeção das
p
pequenos “
“motivos” d três notass (marcados pelas ligaaduras pontiilhadas),
de
curiosamennte esses “m
motivos” são
o apresentados em proocessos diveergentes.
O primeiroo é um fragm
mento escaalar diatônicco, o segunddo é um fraagmento
fragmento escalar
e crom
mático.
59
Figura 46 – Trecho
T de “Flores”: Figuraçção em “zigueezague” com aproximações
a s cromáticas (cc. 17-21).
apresenta diversos
d salttos e mudan
nças bruscass de direcionnamento meelódico.
Figura 47 – Trecho de ”C
Cleonix”: Figuuração em “ziguezague” com aproximaçõões cromáticaas (c. 01-
16)..
p
pois o seggundo é a variação do
d primeiroo. Em ambbos é consttatada a
p
presença d figuraçções em “ziguezague
de “ e”, com pequenas nuances
diferentes. No
N primeiroo (Figura 44 mos um paddrão de dois grupos
4) encontram
segundo coompasso.
Figura 48 – Trecho de “C
Cleonix”: Figuuração em “ziguezague” com aproximaçõões cromáticaas (c. 22-
24)..
E suua variação::
Figura 49 – Trecho de “C
Cleonix”: Figuuração em “ziguezague” com aproximaçõões cromáticaas (c. 30-
32)..
h) Aqui se apresentam
a duas figurrações em dois regisstros na fo
orma se
diatônico.
61
Figura 50 – Trecho de “R
Ricaom”: Figu
uração em “zigguezague” (c.. 00-04).
i) Nos
N primeeiros dois compassos
c do exempplo seguintee encontra--se uma
figuração em “ziguezaague” em qu
ue as duas linhas
l melóddicas implíccitas são
(saltos ou cromatismos
c s).
F
Figura 51 – Trrecho de “Exccerto no. 1”: Figuração
F em “ziguezague”
“ (c. 53-56).
3
3.2.1 – Heemíolas
hemíola é uma
u “figuraa de proporção rítmicaa 3:2. Artifíccio que sim
mula três com
mpassos
binários em
m dois ternnários, com
mum em danças
d barrrocas comoo a saraban
nda e a
courante” (DOURADO
O, 2004, p. 160).
62
Abaaixo seguem
m alguns exeemplos dessse procedim
mento rítmicco:
Figura 53 – Trecho de
d “De Bahia ao Ceará”: Heemíola (c.09-112).
especial a do
d século XX,
X quanto à música popular folcllórica brasileira com o Bumba
d Crioula.277
meu Boi e o Tambor de
27
V PEREIRA
Ver A, Marco. Ritmos Brasileeiros para viiolão. Rio dee Janeiro: Garbolights
G
Produções Arrtísticas, 2007.
63
desenrolam
m simultaneaamente, porrém, as maio
ores movim
mentações ríítmicas de ambas
a se
dão quandoo a outra reppousa. Cadaa uma das liinhas foi cooncebida em
m uma subdivisão, a
destaque, pois
p como são evidenteemente conttrastantes ellas se separram em doiis planos
auditivos.
É interessante
i e notar quue essas duas
d meloddias estão vinculadass a um
acompanhaamento rítm
mico bastaante similaar, onde são
s sobreppostas às mesmas
subdivisõess rítmicas.288
28
O exemplo dessse acompanhaamento rítmico
o se encontra no próximo ittem deste capíítulo.
64
O exemplo
e abbaixo mostrra a introdu
ução de “R
Rota ∞” onnde um ostiinato na
região agudda é sobrepoosto a uma melodia naa região gravve. Em cadda linha mellódica se
desenrola em
e uma méétrica compposta, mais especificam
mente 9 porr 8. Essas métricas
m
ela não senndo utilizadda neste moomento, se dá porquee o tema A dessa com
mposição
3
3.2.3 – Paadrões de acompanh
a hamento
Com
mo dito anteeriormente, o seguintee exemplo está
e expostoo nesse item
m (3.2.5)
pelo fato de
d também conter
c umaa sobreposiçção métricaa. Ou seja, o acompanh
hamento
rítmico se dá
d por uma polirritmia de três conttra dois.
composta por
p uma fórm
mula rítmicca simples, onde
o o temppo dois é accentuado, e o baixo
tempo lem
mbra bastannte a célulaa rítmica básica
b do Ijexá,
I gêneero “tocado
o para a
reverência aos
a Orixás do Camdom
mblé” (PER
REIRA, 20077, p. 52).
66
Figura 58 – Trecho
T de “Leemurianos”: Padrões
P de aco
ompanhamentto em 5 por 4 e 6 por 4 (c. 01-02
0 e c.
52-53
3)
67
Alguns trechoss melódicoos escritos por Moaciir têm umaa figuração rítmica
um instrum
mentista popular está acostumado a fazer.
procedimennto.
68
3.3.1 – Emprego
E d SubV e de dominnantes alteerados
do
Um tipo
t de sonnoridade haarmônica bastante preesente nessaa parte da obra de
grau (Bb7M
M) para o teerceiro grauu (Cm7) de Sib maior, gerando
g três dominantes SubV
consecutivoos.
29
O acorde SubV (substituuto do dominante) é um m acorde maioor com sétim ma menor
localizado um
m semitom acima de sua reesolução. Essee acorde contéém o mesmo trítono (terça e sétima)
do o acorde dominante
d or isso eles sãoo comumente intercambiáv
“oriiginal” de suaa resolução, po veis.
69
F7(#9,#5), e diferentem
mente do exemplo
e aciima a resoluução do últtimo também
m segue
por um sem
mitom desceendente, parra E7M.
F
Figura 63 – Trrecho de “Feliipe”: SubV’s (c. 14-16).
3.3.2 – Modalism
M mo X Tonalismo
modalismo e o tonalism
mo, essas duas
d pções harmôônicas dividdem espaço em seus
concep
Genericamente pode-se
p afirrmar que ass composições que esttão mais lig
gadas ao
choro têm um
u desenvoolvimento mais
m tonal e as outras,, mais modaal. Essa abo
ordagem
pode estar relacionadaa a uma esccritura estilíística do chhoro, onde sse congelam
m alguns
“moldes” de
d maneira a se afirmarr uma poética comum. No outros casos, ondee Moacir
É im
mportante ressaltar quue mesmo assim poddemos encoontrar trech
hos que
passagem de
d sonoridadde modal, onde
o um úniico acorde perdura
p porr muitos com
mpassos.
F
Figura 65 – Trrecho de “Parraíso”: Policorrde (c. 53).
entre dó-miib-mi-sol. As
A ligadurass tracejadas marcam ass terças mennores e os colchetes
c
Figura 66 – Trecho de
d “Paraíso”: Simetria em policorde
p (c. 553).
Introdduções:
• Utilizar fragmentos
f ou figuraçções melódicas do tem
ma principaal, como
visto na introdução
i de “Outra Coisa”,
C ondde o tipo dee figura rítm
mica e as
tema.
rítmica do
d compassoo 06 (anacru
use da seçãoo A) é acresscida de um
ma nota e
Figura 67 – Trecho de “P
Paraíso”: Intro
odução e iníciio do tema (c. 01-09).
grande parte
p da peça, esse procedimennto pode sser encontrrado em
“Lemuriaanos” e “Caarrossel”.
73
Interlúdios:
30
Exemplo se encontra em 4.4.
31
Exemplo se encontra em 3.2.2.
74
m ritornelo modal32.
um improoviso em um
Codaas:
Coisa”.
32
Exxemplo se enccontra em 3.4..3.
75
F
Figura 69 – Trrecho de “Outtra Coisa”: Inttrodução e Cooda (c. 01-04 e c. 45-51).
• Compor uma
u nova seção,
s contrastante do resto
r da múúsica e norm
malmente
3.44.2 – Proloongamento
o em finaiis de frasee
Santos, com
mo em: “L
Luanne (Sou Eu)”, “C
Coisa no. 2”,
2 “Coisa no. 4”, “Su
uk-cha”,
“Maracatu, Nação do
d Amor (April Ch
hild)”, “Odduduá (Whhat’s my Name)”,
N
3.4.3 – Improviso
I os em ritorrnelos
quarto grau menor da tonalidade da parte A (Lá maior) e o terceiro grau da tonalidade
da parte B (Bb maior). Dessa forma Moacir faz uma modulação para um semitom
para compreender a música de Moacir, pois ele é encontrado em outra parte de sua
obra de maneira bastante mais efusiva, não convém analisá-las aqui, contudo será
• Número de seções
tradicional forma rondó (ABACA) utilizada na maioria dos choros. Visto que a maior
33
Apenas uma seção (41-56) tem características de choro, as demais partes não apresentam
elementos suficientes para confira-las como tal gênero.
79
e naturais que mesmo as modulações mais abruptas são percebidas com bastante
leveza.
80
Capítulo 4
“Agora eu sei”
(...) uma pérola de alegria e modernidade (...). Nela, uma marcha-rancho diferentona, que
não só tem uma harmonia que vai “entortando” no decorrer da música, como a
exuberância orquestral abre espaço para solos variados (...), num resultado que transcende
o gênero (SUKMAN, Hugo. In: ADNET; NOGUEIRA, 2005, p. 17).
seção anterior (3.2) de maneira mais específica na música “Agora eu sei”. Essa música
sintetiza grande parte do que foi analisado até aqui, sendo assim uma boa
harmônica. Vejamos:
“mascarada”34.
X – c. 09-16
X’ – c. 17-24
Y – c. 25-34
X – c. 38-41
X – c. 42-45
X – c. 46-49
X’ – c. 50-56
X – c. 97-100
X’ – c. 101-104
X – c. 105-108
X” – c. 109-115
34
Entende-se por “mascarada” as vezes que a rítmica básica da hemíola é subdividida
internamente.
84
seção.
Segue o esqueleto rítmico e formal daa melodia dee “Agora euu sei”:
por vezes os acordes SubV são utilizados consecutivamente. Segue abaixo a listagem
de ocorrências:
• c. 08-10
• c. 12-14
• c. 29-30
• c. 40-41
• c. 55-58
• c. 93-94
• c. 108-111
• c. 120-121
ascendentemente (compassos 22-24 e 80-82), aqui eles são utilizados sem função
ela também abre espaço para longos trechos estáticos em um acorde e algumas
progressões modais.
87
• c. 31-344
• c. 78-822
• c. 95-1007
• c. 112-1115
• c. 122-1137
• c. 46-522
• c. 83-922
Com
mo veremoss a seguir, a forma de “Agora eu sei” é bem
m trabalhadaa no que
Introdução – c. 00-08
A – c. 09-37
B – c. 38-56
A’ – c. 57-82
Interlúdio – c. 83-96
C – c. 97-115
B – idem B acima
A” – c. 57-72 e pula para c. 116-121
Coda – c. 122-137
que Moacir não utiliza métricas demasiadamente óbvias, gerando assim uma estrutura
35
A barra de repetição foi contada todas as vezes.
90
• Com
mponentes unificadorees (introduçõões, interlúddios e codass)
• m ritornelos37
Impprovisos em 3
36
Coomentado no capítulo anterrior (3.2.10).
37
Coomentado no capítulo anterrior (3.2.11).
91
notar um caráter
c conntrapontísticco, apresenttado apenass na gravação, onde diversas
38
Não é possível defini-la com
m certeza como o jônio ou lídioo, pois a quartta (justa ou au
umentada)
nunca é tocadda. Contudo, a ausência da explícita
e da qu
uarta subentennde o modo jôônio.
92
Considerações Finais
essencialmente nos anos 40. É interessante notar que já nesse período, no início de sua
que já dava ali os primeiros passos do caminho que percorreria, grande parte dos
procedimentos composicionais estreados aqui foram levados a diante durante sua vida,
amalgamados por Moacir nessa primeira fase de sua obra (choro, samba,
musical.
93
sedimentação da obra.
Dentre todos os parâmetros aqui analisados alguns podem ser encarados como
mais explorada.
compositor à frente do seu meio, visto o círculo musical no qual ele estava inserido.
RICAOMOACIR
94
“Ricaom”
procedimentos simétricos, que até então eram apenas utilizados na música européia,
em especial a de vanguarda40. Conclui-se, portanto, com esta análise que apesar de ter
tido uma infância muito humilde e sem acesso imediato a cultura e educação, Moacir
sempre foi atrás da informação musical sem preconceitos. Característica essa que veio
39
Moacir estava vivo e de certa maneira participou do processo de confecção do Cancioneiro
de do CD Choros & Alegria, podendo assim opinar sobre a ordem de publicação das músicas.
40
É notável que já na Idade Média e na Renascença são encontrados procedimentos simétricos
no fazer musical, contudo, esse tipo de técnica cai gradualmente em desuso, sendo retomada apenas na
música do século XX.
95
Com a pesquisa feita no presente trabalho pode-se concluir que Moacir Santos
tinha um talento inato e uma capacidade de criação natural e intensa que acabou
sedimentar teoricamente o que ele já realizava intuitivamente. Sendo esta base cultural
Bibliografia
LIVROS:
________. Cancioneiro Moacir Santos, Ouro Negro. Rio de Janeiro: Jobim Music,
2005.
________. Cancioneiro Moacir Santos, Choros & Alegria. Rio de Janeiro: Jobim
Music, 2005.
ANDRADE, Mario de. Pequena História da Música. São Paulo: Martins, 1963.
CASTRO, Ruy. Chega de Saudade. São Paulo: Companhia das Letras, 1990
CAZES, Henrique. Choro: do Quintal ao Municipal. São Paulo: Ed. 34, 1998.
FRANÇA, Gabriel Muniz Improta. Coisas: Moacir Santos e a composição para seção
rítmica na década de 1960. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2007.
MELO, Zuza de Homem. In: Cancioneiro Moacir Santos, COISAS. Rio de Janeiro:
Jobim Music, 2005. p.13.
NETO, Luiz Costa Lima. Da Casa de Tia Ciata à Casa da Família Hermeto Pascoal
no Bairro do Jabour | Tradição e Pós-Modernidade na Vida e na Música de um
Compositor Popular Experimental no Brasil. Ensaio elaborado especialmente para o
projeto Músicos do Brasil: Uma Enciclopédia. 2008.
RANGEL, Lucio. Sambistas & Chorões. São Paulo: Ed Paulo de Azevedo, 1962.
SUKMAN, Hugo. In: Cancioneiro Moacir Santos, COISAS. Rio de Janeiro: Jobim
Music, 2005. p.15.
_________. História Social da Música Popular Brasileira. São Paulo. Ed. 34, 1998.
VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar: Ed. UFRJ,
2004.
DISCOGRAFIA:
________. Choros & Alegria. Rio de Janeiro: MP,B, 2005. 1 CD. (ca. 58 min).
SITES:
http://musicabrasileira.org/marioadnet/machorosp.html
http://www.frevo.pe.gov.br/
99
Anexos
Cancioneiro Moacir Santos, Choros & Alegria. Rio de Janeiro: Jobim Music, 2005.
1 - “Agora eu sei”
2 - “Outra Coisa”
3- “Paraíso”
4 - “Vaidoso”
5 - “Flores”
6 - “Saudades de Jacques”
7 - “Cleonix”
8 - “Ricaom”
9 - “De Bahia ao Ceará”
10 - “Exerto no. 1”
11- “Lemurianos”
12 - “Rota ∞”
13 - “Samba di Amante”
14 - “Carrossel”
15 - “Felipe”