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1. Introdução...................................................................... 3
2. Epidemiologia............................................................... 3
3. Revisão de anatomia................................................. 3
4. Fisiopatologia............................................................... 6
5. Classificação: ............................................................... 7
6. Diarreia aguda............................................................10
7. Abordagem ao paciente com diarreia
aguda..................................................................................16
8. Diarreia crônica..........................................................21
9. Diarreias secretórias................................................29
10. Diarreias inflamatórias.........................................32
11. Diarreias aquosas funcionais............................33
12. Abordagem de um paciente com diarreia
crônica................................................................................35
Referências bibliográficas .........................................39
DIARREIA 3
Figura 3. Intestino grosso. Fonte: Netter, Frank H. Atlas De Anatomia Humana. Gen Guanabara Koogan. 7ª Ed. 2019
Diarreia secretória
Diarreia funcional
Distúrbio no processo hidroele-
trolítico pela mucosa intestinal, por Nesse tipo de diarreia, a absorção e
meio do aumento de secreção de secreção estão normais, porém não
íons e água para o lúmen ou inibição há tempo suficiente para ocorrer a
da absorção, por meio de drogas ou absorção desses nutrientes corre-
toxinas. Diferentemente da osmóti- tamente. É um diagnóstico de ex-
ca, tem gap osmolar baixo, não me- clusão, ou seja, quando ausência de
lhora com jejum e é responsável por doença orgânica justificável. Ocor-
um grande volume de fezes aquosas. re por hipermotilidade intestinal.
Esse é o tipo de diarreia provocada Exemplos: síndrome do intestino irri-
por E. coli enterotoxigênica, Vibrio tável e diarreia diabética (neuropatia
cholerae, Salmonella sp. autonômica).
OSMÓTICA
• Acúmulo de solutos
osmoticamente ativos
• Gap osmolar fecal alto
SECRETÓRIA
FUNCIONAL
• Distúrbio do transporte
• Diagnóstico de exclusão DIARREIA
hidroeletrolítico
• Hipermotilidade intestinal
• Gap osmolar fecal baixo
DISABSORTIVA INFLAMATÓRIA
• Síndrome de má absorção • Inflamação com possível
eliminação de muco, pus
• Esteatorreia ou sangue
6. DIARREIA AGUDA
Inicialmente, as primeiras suspeitas
para um quadro de diarreia aguda
são infecções e intoxicação alimen-
tar. Aproximadamente 80% das diar-
reias agudas se devem a infecções
por vírus, bactérias, helmintos e pro-
tozoários. O restante ocorre devido à
ingestão de medicamentos, açúcares
pouco absorvidos, impactação fecal,
inflamação pélvica ou isquemia intes-
tinal. Assim, as principais etiologias
de gastroenterite são por:
DIARREIA 11
Clostridium difficile
A maioria das diarreias infecciosas é
adquirida pela transmissão fecal-o-
Yersínia ral pela água, alimentos ou contato
interpessoal. Pacientes com diarreia
infecciosa se queixam de náuseas, vô-
S. aureus
mitos e dor abdominal, apresentando
diarreia aquosa, com má absorção ou
Vibriocholerae com sangue (disenteria). Como visto
acima, são diversas as etiologias pos-
síveis para a diarreia. Então, por isso
é importante buscar as característi-
cas da gastroenterite, como o tempo
de incubação, fonte de contaminação
e fatores de risco. Assim, cada fator
está mais relacionado a um tipo de
patógeno, como podemos ver abaixo:
DIARREIA 12
Alimentos e água
E. coli, norovírus, shigella
contaminada
E. coli, Campylobacter,
Viajantes
Shigella, Salmonella
Colite pseudomembranosa
Asilos
Fatores
de risco
Shigella, giardíase,
Creches
criptosporidiose, rotavirose
Patógenos de transmissão
Promiscuidade sexual
fecal-oral
OCASIONALMENTE RARAMENTE
ASSOCIADOS
ASSOCIADOS ASSOCIADO
Fluoroquinolonas Vancomicina
ANTIBIÓTICO DOSE
Levofloxacino 500mg VO dose única ou 3 dias de tratamento*
750mg VO dose única OU
Ciprofloxacino
500mg VO por 3 dias*
Ofloxacino 400mg VO dose única ou 3 dias de tratamento*
1g VO dose única OU
Azitromicina
500mg VO por 3 dias *
Rifaximina ** 200mg VO 3xd por 3 dias
Tabela 3. Antibioticoterapia no tratamento da diarreia aguda infecciosa.
* Se os sintomas não melhorarem em 24h, completar o tratamento de 3 dias
** Não utilizar de suspeita clínica de Campylobacter, Salmonella ou Shigella
SAIBA MAIS!
As soluções de reidratação oral foram desenvolvidas depois da descoberta do mecanismo de
co-transporte. Um componente da absorção intestinal é mediada por um transportador ativo
de glicose dependente do sódio (SGLT1). Quando a glicose e o sódio são absorvidos, o en-
terócito fica hiperconcentrado, o que faz demandar também a absorção de água por osmose.
O reconhecimento deste fenômeno fisiológico, denominado de co-transporte de glicose-só-
dio, é um dos mais relevantes avanços científicos da Medicina do século XX.
DIARREIA 19
A hiperproliferação
Quantidade de bacteriana e a lesão da
Usa o corante para
gordura presente nas fezes mucosa do intestino
gorduras Sudan III
acumuladas em 72 horas proximal reduzem a
absorção de D-Xilose
É um peptídeo
Se for identificada
sintético ligado a um ácido, Mais específico e menos
B12 na urina é sinal que
o PABA. Esta ligação é sensível do que o teste da
não há má-absorção
desfeita pela quimiotripsina, bentiromida urinária
dessa vitamina
enzima pancreática
Testes respiratórios
Teste C14-xilose
Teste de exalação
da Lactose-H2
é endêmico. Não está claro se porta- com fezes líquidas, acompanhada por
dores crônicos têm episódios diarrei- náuseas e cólicas esporádicas. Entre-
cos transitórios não percebidos ou se tanto, a manifestação clínica obser-
a infecção foi adquirida recentemen- vada com maior frequência é a colite
te sem produzir sintomas. Um exa- amebiana aguda. Em geral, ocorre iní-
me de fezes para presença de ovos cio gradual com dor abdominal e diar-
e parasitas neste estágio da infecção reia com fezes líquidas contendo san-
é frequentemente negativo devido à gue e muco. Podem estar associados
fixação dos organismos no intesti- tenesmo, vômitos e flatulência. Os
no delgado proximal. O diagnóstico sintomas duram uma a duas sema-
pode ser estabelecido por um teste nas. Poucos têm febre, contrastando
ELISA de captura de antígeno fecal, com a disenteria bacteriana. A ame-
mas pode haver necessidade de bi- bíase é diagnosticada pela presença
ópsias e de um aspirado duodenal. O de trofozoítos hematófagos (contêm
tratamento de eleição é feito com os eritrócitos no seu interior) ou cistos,
derivados nitroimidazólicos – metro- através de exame a fresco das fezes
nidazol, tinidazol ou albendazol- que diarreicas ou após fixação e coloração
têm eficácia elevada. O metronidazol pelo iodo ou tricrômio. O exame dire-
é feito na dose de 15-20 mg/kg/dia, to deve ser feito imediatamente ou
duas vezes ao dia, por sete ou dez até trinta minutos após a eliminação
dias consecutivos. O tinidazol tem a das fezes, pois os trofozoítos mor-
vantagem de ser usado em dose úni- rem rapidamente no meio externo.
ca (50mg/kg), mas seus efeitos cola- Os testes hematológicos e bioquími-
terais são mais intensos. cos raramente são úteis. É importante
lembrar que a invasão por E. histoly-
tica não causa eosinofilia. A sorolo-
Amebíase gia auxilia no diagnóstico da colite
A ameba é um parasita do intestino amebiana, sendo positiva em cerca
grosso, onde ela se aloja causando de 90% dos casos. As técnicas mais
diarreia. Ela pode invadir a parede do utilizadas são o ensaio imunoenzimá-
intestino e causar diarreia com san- tico (ELISA), difusão em ágar-gel e
gue, o que já é um caso grave. Tam- contra-imunoeletroforese. Os casos
bém pode ir até o fígado, pulmão ou sintomáticos devem ser tratados com
cérebro, causando doença nesses metronidazol (35 a 50mg/kg/dia), três
locais. Os indivíduos, na sua maioria vezes ao dia, devido à sua alta eficá-
portadores assintomáticos. Outros cia e baixa toxicidade. Se não houver
podem apresentar sintomas discre- boa resposta ao metronidazol, a alter-
tos, caracterizados por diarreia leve, nativa é a dehidroemetina (1-1,5mg/
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Diarreia
disabsortiva
Supercrescimento
Enteropatia Pancretopatia
bacteriano
Teste de respiração
ECO-EDA, elastase
Biópsia duodenal de hidrogênio e de
fecal, TC de abdome
D-Xilose C14
Avaliar teste
Enteropatia
Técnicas especiais terapêutico com
pouco provável
antibiótico
Vipoma
Tumor raro de pâncreas (adenoma
pancreático) das células não-β que
produz vários peptídeos secretago-
gos, inclusive VIP, que gera todos os
sintomas dessa doença. Pacientes
com essa doença sofrem diarreia se-
cretória; 70% dos pacientes eliminam
mais de 3 L de fezes por dia, e quase
todos eliminam mais de 700 mL/dia.
As perdas de eletrólitos nas fezes ex-
plicam a desidratação, hipopotasse-
mia e acidose. Outros possíveis agen-
tes que causam secreção intestinal
e por isso devem ser afastados são:
laxantes, drogas (diuréticos, cafeína,
metformina e bloqueador de protea-
se), toxinas (metais, plantas, toxinas
de mariscos e glutamato monossódi-
co), enterotoxinas bacterianas, tumo-
res produtores de hormônio, condi-
ções inflamatórias (alergia, anafilaxia,
infecção, doenças celíaca...)
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DIARREIA
SECRETÓRIA
Sigmoidoscopia
ou colonoscopia Gastrina S-HIAA TSH
com biópsia
Biopsia de intestino
delgado e aspirar para Eletroforese de
Somatostatina
cultura quantitativa proteínas
Imunoglobulinas
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Diarreia
inflamatória
Imagem do intestino
Patógenos comuns Patógenos incomuns
delgado
Colonoscopia
Parasitas
com biópsia
TC ABD Vírus
Biópsia de intestino
Tuberculose
delgado
Aeromonas
DIARREIA OSMÓTICA
Ingestão de magnésio, fosfatos e laxativos.
Má-absorção de carboidratos
DIARREIA DISABSORTIVA
Doenças da mucosa intestinal.
Síndrome do intestino curto.
Doença celíaca.
Diarreia pós-ressecção intestinal.
Supercrescimento bacteriano no intestino delgado.
Insuficiência pancreática exócrina.
Diminuição de ácidos biliares em intestino.
DIARREIA INFLAMATÓRIA
Doença inflamatória intestinal.
Diverticulite.
Colite pseudomembranosa.
Infecções bacterianas invasivas como por Yersínia.
Tuberculose intestinal.
Infecções virais ulcerativas: citomegalovírus, herpes simples.
Amebíase, giardíase e outras parasitoses.
Colite por radiação.
DIARREIA SECRETÓRIA
Uso de laxativos não osmóticos.
Síndrome pós-colecistectomia por sais biliares.
Fibrose cística (cloridorrreia).
Toxinas bacterianas.
Má-absorção de sais biliares.
Medicações.
Alterações da motilidade intestinal: pós-vagotomia e simpatectomia, neuropatia autonómica diabética, hi-
pertireoidismo e síndrome do intestino irritável.
Tumores neuroendócrinos: Vipoma, Gastrinoma, Glucagonoma, Somatostatinoma, Mastocitose, Síndrome
carcinoide, carcinoma medular de tireoide.
Neoplasias: colônica, linfoma e adenoma viloso.
Doença de Addison.
Tabela 7. Causas de diarreias.
DIARREIA 35
O tratamento empírico pode ser ten- pacientes com diarreia crônica e HIV,
tado em casos sem diagnóstico de uma hipótese sempre a ser considera
certeza. A loperamida, ou uso de opi- é diarreia pelas medicações, os testes
áceos, é a melhor opção para o tra- investigativos devem ser realizados,
tamento sintomático, já o octreotide mas terapia empírica não é benéfica
e a clonidina têm uso descrito em e os pacientes com infecções opor-
diarreia inespecífica, com a clonidina tunistas frequentemente melhoram
aparentemente apresentando benefí- com a recuperação da imunidade, em
cio na diarreia associada com a neu- pacientes em que o diagnóstico não
ropatia autonômica do diabetes. O se torna claro, o tratamento sintomá-
uso de probióticos, por sua vez, tem tico com agentes anti-motilidade são
benefício duvidoso, parecendo haver possivelmente benéficos.
resultados em pacientes com colite Não se deve esquecer da terapia de
pseudomembranosa. suporte com hidratação oral, e se ne-
Em locais endêmicos para parasitoses cessário endovenosa, já o uso de nu-
ou para diarreia infecciosa bacteriana trição parenteral é reservado para pa-
pode ser tentada antibioticoterapia cientes que não conseguem manter
empírica ou antiparasitários. Em pa- estado nutricional adequado devido à
cientes com hipótese diagnóstica de diarreia.
deficiência de sais biliares o teste com
colestiramina é talvez a medida mais
custo-eficaz para seu diagnóstico. Em
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Abordagem
Interpretação
da queixa Se falha na
terapia empírica Laboratoriais Endoscópicos Imagem
Características Tomografia
das fezes Colonoscopia computa-
Sangue Respiratório Análise fecal
dorizada
Diário Duração dos
alimentar sintomas Endo/
pH Enteroscopia
Histórico de Medicamentos
viagens em uso Gap osmolar
fecal Calprotectina Elastase
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Clínica Médica, USP, 2ª edição
La Rocque, R., Pietroni, M., Approach to the adult with acute diarrhea in resource-limited
countries. Dec 06, 2018
Medicina interna- Cecil- 23ª Edição
Wald, A., Clinical manifestations and diagnosis of irritable bowel syndrome in adults. Aug
29, 2019
Netter, Frank H. Atlas De Anatomia Humana. Gen Guanabara Koogan. 7ª Ed. 2019
DIARREIA 40