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Aula 05
Aula 05
SUMçRIO
1. DAS PENAS .................................................................................................. 4
1.1. Conceito ................................................................................................ 4
1.2. Princ’pios .............................................................................................. 4
1.3. Finalidade: teorias ................................................................................ 5
1.3.1. Teoria absoluta e sua finalidade retributiva ....................................... 5
1.3.2. Teoria relativa e sua finalidade preventiva ................................................ 5
1.3.3. Teoria Mista (unificadora ou eclŽtica ou unit‡ria) e sua dupla finalidade ........ 6
1.4. EspŽcies ................................................................................................... 6
1.5. Penas em espŽcie ..................................................................................... 7
1.5.1. Privativa de liberdade ........................................................................... 7
1.5.1.1. Regras do regime fechado ................................................................... 8
1.5.1.2. Regras do Regime semiaberto ................................................................. 9
1.5.1.3. Regras do regime aberto ...................................................................... 10
1.5.1.4. Disposi•›es gerais acerca dos regimes de cumprimento da pena ................ 11
1.5.2. Penas restritivas de direitos ..................................................................... 14
1.5.2.1. Regras da substitui•‹o ......................................................................... 15
1.5.2.2. Penas restritivas de direitos em espŽcie.................................................. 18
(i) Presta•‹o pecuni‡ria .................................................................................. 18
(ii) Perda de bens e valores .......................................................................... 19
(iii) Presta•‹o de servi•os ˆ comunidade ......................................................... 19
(iv) Interdi•‹o tempor‡ria de direitos .............................................................. 21
(v) Limita•‹o de fim de semana ....................................................................... 23
1.5.3. Pena de multa ..................................................................................... 24
1.6. Aplica•‹o das penas ............................................................................... 26
1.6.1. Etapas da fixa•‹o da pena privativa de liberdade ................................ 26
1.6.1.1. Fixa•‹o da pena-base .......................................................................... 27
1.6.1.2. Segunda fase: an‡lise das agravantes e atenuantes ................................. 30
(i) Reincid•ncia ............................................................................................. 31
(ii) Disposi•›es gerais acerca da segunda fase de aplica•‹o da pena...................... 33
1.6.1.3. Terceira fase: aplica•‹o das causas de aumento e diminui•‹o da pena ........ 34
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
1.2.! PRINCêPIOS
Alguns princ’pios norteiam a Teoria Geral da Pena:
a) Reserva legal ou legalidade estrita Ð Somente a Lei (em sentido
estrito) pode cominar penas: ÒNulla poena sine legeÓ. Est‡ previsto no
art. 5¡, XXXIX da Constitui•‹o e art. 1¡ do CP;
b) Anterioridade Ð A Lei que prev• a pena para a conduta deve ser
anterior ˆ pr‡tica do crime: ÒNulla poena sine praevia legeÓ. TambŽm
est‡ previsto no art. 5¡, XXXIX da Constitui•‹o e art. 1¡ do CP, sendo,
juntamente com o princ’pio da reserva legal, subprinc’pios do princ’pio da
LEGALIDADE;
c) Intranscend•ncia da pena Ð A pena deve ser cumprida somente pelo
condenado, n‹o podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos
seus familiares, salvo a obriga•‹o de reparar o dano e o perdimento de
bens, que podem ser cobrados dos sucessores atŽ o limite do patrim™nio
transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa,
embora patrimonial, n‹o pode ser cobrada dos sucessores!
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena Ð Presentes os
requisitos para a condena•‹o, a pena n‹o pode deixar de ser imposta e
cumprida. ƒ mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o
livramento condicional, etc.;
1
BATISTA, Nilo; ZAFFARONI, EugŽnio Raœl. Direito Penal brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Revan, 2011. Tomo I, p. 99.
2
MIR PUIG, Santiago. Introducci—n a las bases del Derecho penal. 2. ed. Montevideo, Buenos
Aires: Ed. B. de F., 2003, p. 49.
3
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal, parte geral. 2. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2007.
tomo I, p. 46-47
4
BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressi—n. Bogot‡,
1996, p. 12
1.4.! EspŽcies
Quanto ˆs espŽcies, as penas podem ser:
7
Art. 33 - A pena de reclus‹o deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
deten•‹o, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transfer•ncia a regime fechado.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Considera-se: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) regime fechado a execu•‹o da pena em estabelecimento de seguran•a m‡xima ou mŽdia;
b) regime semiaberto a execu•‹o da pena em col™nia agr’cola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execu•‹o da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
SòMULA 719
A IMPOSI‚ÌO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO QUE A PENA APLICADA
PERMITIR EXIGE MOTIVA‚ÌO IDïNEA.
10
(...) 4. Admite-se a concess‹o, em car‡ter excepcional, da pris‹o domiciliar na hip—tese de falta
de vagas em estabelecimento adequado para o cumprimento da pena em regime aberto, que n‹o
justifica a perman•ncia do condenado em condi•›es prisionais mais severas.
Precedentes.
(...)
(REsp 1201880/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 07/05/2013, DJe 14/05/2013)
14
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento pr—prio, observando-se os deveres e
direitos inerentes ˆ sua condi•‹o pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Cap’tulo.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
15
XLVIII - a pena ser‡ cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado;
REQUISITOS OBJETIVOS
Natureza do S— pode haver substitui•‹o nos casos de crimes
crime culposos (todos eles) ou no caso de crimes
dolosos, desde que, nesse œltimo caso, n‹o
tenha sido o crime cometido com viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa (ex.: N‹o caberia
substitui•‹o no caso de homic’dio).
Quantidade de A pena aplicada, no caso de crimes dolosos,
pena aplicada n‹o pode ser superior a quatro anos. No caso
de crimes culposos, pode haver a substitui•‹o
qualquer que seja a pena aplicada.
REQUISITOS SUBJETIVOS
N‹o ser OBS.1: Se o condenado for reincidente em crime
reincidente em culposo, poder‡ haver a substitui•‹o.
crime doloso OBS.2: Entretanto, excepcionalmente, mesmo
se o condenado for reincidente em crime doloso,
poder‡ haver a substitui•‹o, desde que a
medida seja socialmente recomend‡vel
(an‡lise das caracter’sticas do fato criminoso e do
infrator) e n‹o se trate de reincid•ncia
espec’fica (reincid•ncia no mesmo crime),
conforme previs‹o do art. 44, ¤ 3¡ do CP.
Sufici•ncia da A pena restritiva de direitos deve ser suficiente
medida (princ’pio para garantir o alcance das finalidades da pena
da sufici•ncia) (puni•‹o e preven•‹o, geral e especial).
20
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 699
21
HC 133.942/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe 20/03/2012
Perceba, caro aluno, que esta pena s— poder‡ ser aplicada nas
hip—teses de crimes que gerem algum
d preju’zo ao sujeito passivo ou
tragam algum benef’cio ao sujeito ativo ou a terceira pessoa.
23
Est‡ prevista no art. 45, ¤ 3¡ do CP:
¤ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-‡, ressalvada a legisla•‹o
especial, em favor do Fundo Penitenci‡rio Nacional, e seu valor ter‡ como teto - o que for maior -
o montante do preju’zo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em
consequ•ncia da pr‡tica do crime. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
24
Em nenhuma hip—tese ser‡ poss’vel a presta•‹o de servi•os a entidades privadas que visem
lucro. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 682
1
(iv)! Interdi•‹o tempor‡ria de direitos
A pena de interdi•‹o tempor‡ria de direitos est‡ prevista no art. 47
do CP, e pode consistir em:
Art. 47 - As penas de interdi•‹o tempor‡ria de direitos s‹o: (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - proibi•‹o do exerc’cio de cargo, fun•‹o ou atividade pœblica, bem como de
mandato eletivo; (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - proibi•‹o do exerc’cio de profiss‹o, atividade ou of’cio que dependam de
habilita•‹o especial, de licen•a ou autoriza•‹o do poder pœblico;(Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - suspens‹o de autoriza•‹o ou de habilita•‹o para dirigir ve’culo. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)>
IV - proibi•‹o de freqŸentar determinados lugares. (Inclu’do pela Lei n¼
9.714, de 1998)
V - proibi•‹o de inscrever-se em concurso, avalia•‹o ou exame pœblicos.
(Inclu’do pela Lei n¼ 11.250, de 2011)
25
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 688/689
26
Entende-se que o lugar deva ter alguma rela•‹o com o delito cometido, e que seja um lugar que
exer•a influ•ncia crimin—gena sobre o condenado (um lugar que propicie a ele a pr‡tica do delito).
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 690/691
27
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p.
529/530
28
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 530/531
29
Art. 51 - Transitada em julgado a senten•a condenat—ria, a multa ser‡ considerada d’vida de
valor, aplicando-se-lhes as normas da legisla•‹o relativa ˆ d’vida ativa da Fazenda Pœblica,
inclusive no que concerne ˆs causas interruptivas e suspensivas da prescri•‹o. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 9.268, de 1¼.4.1996)
30
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 531
31
No julgamento do HC 126.292 o STF decidiu que o cumprimento da pena pode se
iniciar com a mera condena•‹o em segunda inst‰ncia por um —rg‹o colegiado (TJ, TRF,
etc.). Isso significa que o STF relativizou o princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia,
admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de cumprimento da pena) j‡ estaria formada nesse
momento (embora a CF/88 seja expressa em sentido contr‡rio). Isso significa que,
possivelmente, teremos (num futuro breve) altera•‹o nesta sœmula do STJ e na
jurisprud•ncia consolidada do STF, de forma que a•›es penais em curso passem a poder
ser consideradas como maus antecedentes, desde que haja, pelo menos, condena•‹o em
segunda inst‰ncia por —rg‹o colegiado (mesmo sem tr‰nsito em julgado). HC
126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016.
(I)!REINCIDæNCIA
32
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 516
34
Boa parte da Doutrina entende que essa figura n‹o existe. A pessoa seria, apenas, PRIMçRIO.
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 524
35
Art. 64 - Para efeito de reincid•ncia: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
II - n‹o se consideram os crimes militares pr—prios e pol’ticos.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
2.1.! Conceito
O sursis, ou suspens‹o condicional da pena, Ž o benef’cio concedido
ao condenado em determinadas circunst‰ncias, de forma que ele n‹o
cumpre a pena, mas se submete a um per’odo de fiscaliza•‹o, no qual
deve Òandar na linhaÓ. Est‡ previsto no art. 77 do CP:
Art. 77 - A execu•‹o da pena privativa de liberdade, n‹o superior a 2 (dois)
anos, poder‡ ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - o condenado n‹o seja reincidente em crime doloso; (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunst‰ncias autorizem a concess‹o do
benef’cio;(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - N‹o seja indicada ou cab’vel a substitui•‹o prevista no art. 44 deste
C—digo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A condena•‹o anterior a pena de multa n‹o impede a concess‹o do
benef’cio.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2o A execu•‹o da pena privativa de liberdade, n‹o superior a quatro anos,
poder‡ ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja
maior de setenta anos de idade, ou raz›es de saœde justifiquem a suspens‹o.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 9.714, de 1998)
Vejam que, nesse caso, o Juiz n‹o est‡ obrigado a revogar o sursis.
As condi•›es indicadas como ensejadoras da revoga•‹o facultativa
s‹o todas aquelas que n‹o sejam as do ¤ 1¡ do art. 78, ou seja, s‹o as do
¤ 2¡ do art. 78 e as do art. 79 do CP.
Quanto ˆ superveni•ncia de condena•‹o por crime culposo ou
contraven•‹o, Ž necess‡rio que a pena aplicada tenha sido restritiva de
direitos ou privativa de liberdade. Vejam, assim, que a pena de multa n‹o
enseja a revoga•‹o facultativa do sursis (o que corrobora a tese de que
n‹o pode, tambŽm, revogar obrigatoriamente o benef’cio).
3.1.! Conceito
3.2.! Requisitos
Os requisitos para a concess‹o do Livramento Condicional podem
ser objetivos ou subjetivos. Vejamos.
40
(HC 281.269/SP, Rel. Ministro MARCO AURƒLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em
08/04/2014, DJe 23/04/2014)
A op•‹o por uma ou por outra ir‡ variar de acordo com a espŽcie de
pena privativa de liberdade prevista (reclus‹o ou deten•‹o). Sendo pena
de reclus‹o, o Juiz deve determinar a interna•‹o do indiv’duo42.
Em se tratando de pena de deten•‹o, o Juiz pode escolher entre a
interna•‹o e o tratamento ambulatorial. Nos termos do art. 97 do
CP:
Art. 97 - Se o agente for inimput‡vel, o juiz determinar‡ sua interna•‹o (art.
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for pun’vel com deten•‹o,
poder‡ o juiz submet•-lo a tratamento ambulatorial. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
O STJ, no entanto, possui algumas decis›es no sentido de que a
modalidade de medida de seguran•a deve ser aplicada de acordo
com as necessidades mŽdicas do agente, e n‹o com base no tipo de
pena prevista.
Depois de fixada a medida de seguran•a, a senten•a deve fixar um
prazo m’nimo, findo o qual dever‡ haver um exame para saber se cessou
a periculosidade do agente. Nos termos do art. 97, ¤ 1¡ do CP:
¤ 1¼ - A interna•‹o, ou tratamento ambulatorial, ser‡ por tempo
indeterminado, perdurando enquanto n‹o for averiguada, mediante per’cia
mŽdica, a cessa•‹o de periculosidade. O prazo m’nimo dever‡ ser de 1
(um) a 3 (tr•s) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
42
Nos termos do art. 9¼ da Lei 10.216/01:
Art. 9o A interna•‹o compuls—ria Ž determinada, de acordo com a legisla•‹o vigente, pelo juiz
competente, que levar‡ em conta as condi•›es de seguran•a do estabelecimento, quanto ˆ
salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcion‡rios.
46
Nesse sentido, a previs‹o do art. 4¼ da Lei 10.216/01:
Art. 4o A interna•‹o, em qualquer de suas modalidades, s— ser‡ indicada quando os recursos
extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
¤ 1o O tratamento visar‡, como finalidade permanente, a reinser•‹o social do paciente em seu
meio.
¤ 2o O tratamento em regime de interna•‹o ser‡ estruturado de forma a oferecer assist•ncia
integral ˆ pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo servi•os mŽdicos, de assist•ncia
social, psicol—gicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
¤ 3o ƒ vedada a interna•‹o de pacientes portadores de transtornos mentais em institui•›es com
caracter’sticas asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no ¤ 2o e que n‹o
assegurem aos pacientes os direitos enumerados no par‡grafo œnico do art. 2o.
5.2.! Reabilita•‹o
47
Parte da Doutrina entende que a senten•a absolut—ria impr—pria tambŽm gera situa•‹o pass’vel
de reabilita•‹o. GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 533
48
Para os condenados por crimes hediondos, este prazo Ž de 2/5, se prim‡rios, ou 3/5, caso
reincidentes. Contudo, no caso de crimes hediondos cometidos antes da Lei 11.464/07, aplica-se o
disposto no art. 112 da LEP (cumprimento de 1/6 da pena).
50
Vide sœmula 491 do STJ: Òƒ inadmiss’vel a chamada progress‹o per saltum de regime
prisional.Ó
Assim:
51
O Isolamento deve ser, SEMPRE, comunicado ao Juiz da execu•‹o.
ü! Bom comportamento
ü! Cumprimento de 1/6 da pena, se prim‡rio, e ! se reincidente
ü! Compatibilidade do benef’cio com os objetivos da pena
6.3.! Da remi•‹o
A remi•‹o Ž o ABATIMENTO da pena pelo TRABALHO OU
ESTUDO DO PRESO. O abatimento est‡ previsto no art. 126 da LEP:
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto
poder‡ remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execu•‹o da
pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011).
Havendo o abatimento, o tempo remido ser‡ considerado
como PENA CUMPRIDA PARA TODOS OS EFEITOS, nos termos do
art. 128:
53
SòMULA 441 DO STJ: ÒA falta grave n‹o interrompe o prazo para obten•‹o de livramento
condicional.Ó
54
SòMULA 535 DO STJ: ÒA pr‡tica de falta grave n‹o interrompe o prazo para fim de
comuta•‹o de pena ou indulto.Ó
55
HC 297.364/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/10/2015, DJe
21/10/2015
7.1.! Introdu•‹o
Quando alguŽm comete um fato definido como crime, surge para o
Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius
puniendi.
Em regra, todo fato t’pico, il’cito e praticado por agente culp‡vel, Ž
pun’vel. No entanto, o exerc’cio do ius puniendi encontra limita•›es de
diversas ordens, sendo a principal delas a limita•‹o temporal (prescri•‹o).
Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira
prevista na lei (atravŽs do manejo da A•‹o Penal no processo penal), bem
como deve faz•-lo no prazo legal.
Para o nosso estudo interessam mais as hip—teses de extin•‹o da
punibilidade. Vamos analis‡-las ent‹o!
O art. 107 do CP prev• que:
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, gra•a ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que n‹o mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescri•‹o, decad•ncia ou peremp•‹o;
V - pela renœncia do direito de queixa ou pelo perd‹o aceito, nos crimes de
a•‹o privada;
VI - pela retrata•‹o do agente, nos casos em que a lei a admite;
IX - pelo perd‹o judicial, nos casos previstos em lei.
7.3.! Prescri•‹o
Enfim, a cl‡ssica e mais comum hip—tese de extin•‹o da
punibilidade: a PRESCRI‚ÌO. A prescri•‹o Ž a perda do poder de exercer
um direito em raz‹o da inŽrcia do seu titular. Ou seja, Ž o famoso
Òcamar‹o que dorme a onda levaÓ.
A prescri•‹o pode ser dividida basicamente em duas espŽcies:
Prescri•‹o da pretens‹o punitiva e prescri•‹o da pretens‹o
execut—ria.
A primeira pode ocorrer quando ainda n‹o h‡ senten•a penal
condenat—ria transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer
somente depois de j‡ haver senten•a penal condenat—ria
transitada em julgado. Vamos estud‡-las em t—picos separados.
Vejamos o esquema:
A‚ÌO PENAL
PòBLICA
INCONDICIONADA CONDICIONADA
REPRESENTA‚ÌO DO
OFENDIDO
REQUISI‚ÌO DO MINISTRO
DA JUSTI‚A
PRIVADA
9.! RESUMO
PRINCêPIOS
a) Reserva legal ou legalidade estrita Ð A pena deve estar prevista
em Lei Formal.
b) Anterioridade Ð A pena deve estar prevista em Lei anterior ao fato.
c) Intranscend•ncia da pena Ð A pena n‹o pode passar da pessoa do
condenado.
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena Ð Uma vez aplicada,
n‹o pode deixar de ser executada. H‡ exce•›es (Ex.: Sursis).
e) Princ’pio da humanidade ou humaniza•‹o das penas Ð A pena
n‹o pode desrespeitar os direitos fundamentais do indiv’duo, violando sua
integridade f’sica ou moral, e tambŽm n‹o pode ser de ’ndole cruel,
desumano ou degradante (art. 5¡, XLIX e XLVII da Constitui•‹o);
f) Princ’pio da proporcionalidade Ð A san•‹o aplicada pelo Estado deve
ser proporcional ˆ gravidade da infra•‹o cometida e tambŽm deve ser
suficiente para promover a puni•‹o ao infrator e sua reeduca•‹o social.
g) Princ’pio da individualiza•‹o da pena Ð A pena deve ser aplicada
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso espec’fico.
Essa individualiza•‹o se d‡ em tr•s fases distintas: a) comina•‹o; b)
aplica•‹o; c) Na terceira e œltima fase temos a aplica•‹o deste
princ’pio na execu•‹o da pena;
ESPƒCIES
S‹o adotadas no sistema penal brasileiro:
Privativas de liberdade Ð Retiram do condenado o direito ˆ liberdade de
locomo•‹o, por determinado per’odo (Ž vedada pena de car‡ter perpŽtuo,
art. 5¡, XLVII, b da Constitui•‹o).
Restritivas de direitos Ð Em substitui•‹o ˆ pena privativa de liberdade,
limitam (restringem) o exerc’cio de algum direito do condenado.
Pena de multa Ð Recai sobre o patrim™nio financeiro do condenado.
Requisitos:
REQUISITOS OBJETIVOS
Natureza do S— pode haver substitui•‹o nos casos de crimes
crime culposos (todos eles) ou no caso de crimes
dolosos, desde que, nesse œltimo caso, n‹o
tenha sido o crime cometido com viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa (ex.: N‹o caberia
substitui•‹o no caso de homic’dio).
Quantidade de A pena aplicada, no caso de crimes dolosos,
pena aplicada n‹o pode ser superior a quatro anos. No caso
de crimes culposos, pode haver a substitui•‹o
qualquer que seja a pena aplicada.
REQUISITOS SUBJETIVOS
N‹o ser OBS.1: Se o condenado for reincidente em crime
reincidente em culposo, poder‡ haver a substitui•‹o.
crime doloso OBS.2: Entretanto, excepcionalmente, mesmo
se o condenado for reincidente em crime doloso,
Regras da substitui•‹o
Pena igual ou inferior a um ano = Substitui•‹o por multa ou uma
pena restritiva de direitos.
Pena superior a um ano = Substitui•‹o por pena de multa e uma pena
restritiva de direitos, ou por duas restritivas de direitos. No caso de
serem aplicadas duas restritivas de direitos, o condenado poder‡ cumpri-
las simultaneamente, se forem compat’veis, ou sucessivamente, se
incompat’veis (art. 69, ¤ 2¡ do CP).
Reconvers‹o
§! Obrigat—ria - Descumprimento injustificado da restri•‹o imposta.
§! Facultativa Ð Superveni•ncia de nova condena•‹o ˆ pena privativa
de liberdade, por outro crime. Pode deixar de reconverter se for
poss’vel cumprir ambas simultaneamente.
Observa•›es importantes:
PENA DE MULTA
Conceito - Modalidade de pena que consiste no pagamento de
determinada quantia em dinheiro e destinada ao Fundo Penitenci‡rio
Nacional.
Fixa•‹o Ð Bif‡sico. O critŽrio utilizado para a fixa•‹o da pena de multa Ž
o do dia-multa.
Primeiro fixa a quantidade de dias-multa Ð Entre 10 e 360 dias-multa
(com base nas circunst‰ncias judiciais do art. 59)
Depois fixa o valor do dia-multa Ð Deve variar entre 1/30 (um
trigŽsimo) e 5 vezes o valor do maior sal‡rio m’nimo vigente ˆ Žpoca do
fato (com base na situa•‹o econ™mica do condenado).
OBS.: A pena de multa pode ser aumentada atŽ o triplo, caso se mostre
insuficiente (de acordo com a situa•‹o financeira do condenado).
T—picos importantes
§! O pagamento da pena de multa deve se dar em atŽ 10 dias a contar
do tr‰nsito em julgado da senten•a.
§! Juiz pode, considerando as circunst‰ncias e a requerimento do
condenado, permitir o parcelamento.
§! Pode ser descontada diretamente na remunera•‹o do condenado,
salvo na hip—tese de ter sido aplicada cumulativamente com a pena
privativa de liberdade.
§! N‹o pode incidir sobre recursos indispens‡veis ao sustento do
infrator e de sua fam’lia.
§! N‹o sendo paga, ser‡ considerada d’vida de valor, devendo
ser executada pelo procedimento de cobran•a da d’vida ativa da
Fazenda Pœblica
§! Em caso de sobrevir doen•a mental ao condenado Ž suspensa a
execu•‹o da pena de multa
APLICA‚ÌO DA PENA
Aplica•‹o das penas privativas de liberdade
Sistema adotado Ð Sistema trif‡sico
SISTEMA TRIFçSICO DE APLICA‚ÌO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE
¥! Fixa•‹o da pena-base
¥! Aplica•‹o de agravantes e atenuantes
¥! Aplica•‹o de causas de aumento e diminui•‹o da pena
T—picos importantes
Maus antecedentes Ð O STJ e o STF entendem que a mera exist•ncia de
InquŽritos Policiais e a•›es penais em curso, sem tr‰nsito em julgado,
n‹o podem ser considerados como maus antecedentes para aumento da
pena-base, pois isso seria viola•‹o ao princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia
Reincid•ncia
Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica novo crime ap—s ter sido
condenado anteriormente por outro crime. TambŽm ocorre reincid•ncia
quando o agente pratica contraven•‹o tendo sido anteriormente
condenado por crime ou contraven•‹o.
E se o agente pratica crime ap—s ter sido condenado
anteriormente por contraven•‹o? Em raz‹o de falha legislativa,
deve ser considerado prim‡rio.
INFRA‚ÌO INFRA‚ÌO RESULTADO
ANTERIOR POSTERIOR
CRIME CRIME REINCIDENTE
CRIME CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CONTRAVEN‚ÌO REINCIDENTE
CONTRAVEN‚ÌO CRIME PRIMçRIO
Disposi•›es finais
M‡ximo de cumprimento de pena Ð O CP estabelece limite m‡ximo de
cumprimento de pena, que Ž de 30 anos. Isso n‹o impede que a pessoa
seja condenada a per’odo superior a este.
E se durante o cumprimento da pena o agente Ž condenado por
nova infra•‹o, sendo-lhe aplicada nova pena privativa de
liberdade? Nesse caso, aplica-se uma nova unifica•‹o das penas, de
forma a come•ar, do zero, um novo prazo de 30 anos.
EspŽcies de sursis
§! Simples Ð O condenado n‹o reparou o dano e as circunst‰ncias
judiciais (art. 59 do CP) n‹o lhe s‹o muito favor‡veis. ƒ o sursis
comum, a regra.
§! Especial Ð Aqui o condenado reparou o dano (ou n‹o teve
possibilidade de faz•-lo) e as circunst‰ncias judiciais (art. 59 do CP)
lhe s‹o inteiramente favor‡veis. Nessa hip—tese o condenado n‹o
precisa, no primeiro ano, se submeter ˆ presta•‹o de servi•os ˆ
comunidade ou limita•‹o de fim de semana (ser‹o substitu’das
pelas condi•›es do art. 78, ¤2¼ do CP).
Revoga•‹o do Sursis
Obrigat—ria Ð Ocorrer‡ nos casos de:
§! Condena•‹o, por senten•a irrecorr’vel, por crime doloso. OBS.:
Jurisprud•ncia: se foi imposta apenas a multa por esse novo crime,
n‹o h‡ revoga•‹o obrigat—ria.
§! N‹o repara•‹o do dano ou n‹o pagamento da pena de multa
(quando for poss’vel ao agente pagar)
§! Descumprimento de condi•‹o imposta (condi•›es do art. 78, ¤1¼ do
CP)
Facultativa Ð Ocorrer‡ nos casos de:
§! Descumprimento de outras condi•›es (afora as do art. 78, ¤1¼ do
CP)
§! Condena•‹o irrecorr’vel por crime culposo ou contraven•‹o - ƒ
necess‡rio que a pena aplicada tenha sido restritiva de direitos ou
privativa de liberdade.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Conceito - Benef’cio concedido aos condenados a penas privativas de
liberdade superiores a dois anos, que permite a antecipa•‹o de sua
liberdade.
Requisitos objetivos
Quantidade da pena - A pena aplicada deve ter sido igual ou superior a
dois anos.
Parcela da pena j‡ cumprida - A pena j‡ deve ter sido razoavelmente
cumprida. O montante da pena j‡ cumprida ir‡ variar conforme as
condi•›es do crime e do condenado:
§! Condenado n‹o reincidente em crime doloso e que possua
bons antecedentes Ð Cumprimento de 1/3 da pena (Livramento
Condicional simples).
§! Condenado reincidente em crime doloso Ð Cumprimento de
mais da metade da pena (Livramento Condicional Qualificado).
§! Condenado por crime hediondo, desde que n‹o seja
reincidente em crime hediondo Ð Cumprimento de 2/3 da pena
(Livramento condicional espec’fico).
OBS.: Condenado n‹o reincidente em crime doloso, mas tambŽm
n‹o possui bons antecedentes Ð STJ: deve ser adotada a posi•‹o
mais favor‡vel ao rŽu, permitindo-se a concess‹o do Livramento
Condicional Simples.
Requisitos subjetivos
Bom comportamento durante a execu•‹o da pena, aptid‹o para prover a
subsist•ncia e bom desempenho no trabalho que lhe fora atribu’do
OBS.: No caso de crime doloso cometido com viol•ncia ou grave amea•a
ˆ pessoa Ž necess‡ria, ainda, uma an‡lise acerca da possibilidade de o
condenado voltar a delinquir.
Revoga•‹o
Obrigat—ria Ð Ocorre no caso de:
Condena•‹o irrecorr’vel, a pena privativa de liberdade:
§! Por crime cometido durante o benef’cio
MEDIDAS DE SEGURAN‚A
Conceito Ð EspŽcie de san•‹o penal aplic‡vel ˆqueles que, embora tendo
cometido fato t’pico e il’cito, s‹o inimput‡veis ou semi-imput‡veis em
raz‹o de problemas mentais. Assim, Ž poss’vel a aplica•‹o de medida de
seguran•a a agentes culp‡veis (semi-imput‡veis).
EspŽcies Ð Interna•‹o e tratamento ambulatorial. O STJ possui algumas
decis›es no sentido de que a modalidade de medida de seguran•a deve
ser aplicada de acordo com as necessidades mŽdicas do agente.
Prazo Ð A senten•a deve fixar um prazo m’nimo, findo o qual dever‡
haver um exame para saber se cessou a periculosidade do agente.
OBS.: Embora o CP n‹o estabele•a um prazo m‡ximo para as medidas de
seguran•a, o STF e o STJ n‹o aceitam isso. O STF entende que a medida
de seguran•a n‹o pode ultrapassar 30 anos, que Ž o prazo m‡ximo de
uma pena privativa de liberdade. O STJ entende que o prazo m‡ximo da
medida de seguran•a Ž o prazo m‡ximo de pena estabelecido (em
abstrato) para o crime cometido (sœmula 527 do STJ).
EFEITOS DA CONDENA‚ÌO
Efeitos penais
Prim‡rio Ð pena
Secund‡rios Ð N‹o s‹o a finalidade principal da condena•‹o, mas dela
decorrem:
§! Reincid•ncia
§! Inscri•‹o do nome do rŽu no rol dos culpados
REABILITA‚ÌO
Conceito - ƒ o instituto que visa ˆ reinser•‹o social do condenado,
atravŽs do sigilo referente ˆs suas anota•›es criminais, bem como a
suspens‹o condicional de determinados efeitos secund‡rios da
condena•‹o, de natureza extrapenal.
Abrang•ncia Ð A reabilita•‹o:
§! Promove o sigilo referente ˆs anota•›es criminais do reabilitado
§! Promove a suspens‹o dos efeitos extrapenais secund‡rios da
condena•‹o
EXTIN‚ÌO DA PUNIBILIDADE
Punibilidade Ð Possibilidade de o Estado exercer seu jus puniendi
(poder-dever de punir).
Abolitio criminis - Ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar
o fato como crime. Faz cessar todos os efeitos PENAIS da
condena•‹o (ex.: reincid•ncia).
PRESCRI‚ÌO
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
11.! GABARITO
1.! ALTERNATIVA C
2.! ALTERNATIVA B
3.! ALTERNATIVA D
4.! ALTERNATIVA D
5.! ALTERNATIVA A
6.! ALTERNATIVA D (ANULçVEL)
7.! ALTERNATIVA A
8.! ALTERNATIVA C
9.! ALTERNATIVA C