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UNICESUMAR

EVERTON CARNIATO FIRMINO DE OLIVEIRA

DEMING E CROSBY SOBRE QUALIDADE DE CÓDIGO

Maringá - PR
2020
Antes de relacionar as teorias de Deming e Crosby com a qualidade de
código, precisamos apontar quais são essas teorias, então vamos começar.

TEORIA DE DEMING

William Edwards Deming, considerado um dos mestres da qualidade, foi um


professor e autor na área da matemática e estatística, também era consultor,
chegando a prestar serviços ao Secretário de Guerra dos EUA, uma vez que foi um
pioneiro em aplicar esses princípios estatísticos de controle de qualidade a
problemas não industriais. Com suas pesquisas e renome na área da qualidade,
após o fim da Segunda Guerra Mundial, Deming viajou ao Japão, onde começou a
estudar sobre os processos agrícolas e conforme realizava conexões e avançava
em seu estudo, marcou o Japão, que estava destruído após a guerra, ajudando as
indústrias de lá a se reerguer e se tornar uma potência mundial novamente, isso fez
com que Deming recebesse em 1960 a Medalha da Segunda Ordem do Tesouro
Sagrado pelo Imperador Hirohito.
Partindo de toda essa história,
Deming pegou como base um
método para resolução de problemas
conhecido como PDCA (Plan, Do,
Check, Action), também conhecido
como ciclo de Shewhart, e o adaptou.
Deming acredita na melhoria e
otimização constante dos processos,
então esse ciclo é aplicado de forma
contínua, sendo o primeiro passo
Planejar, onde você identifica uma
oportunidade de melhoria ou um
problema do processo e monta um
plano para solucionar o mesmo, logo
em seguida vem o Fazer do ciclo,
que é quando você executa o plano,
então parte para a terceira fase que é o Checar, nesse momento você verifica se
atingiu o objetivo com a execução do plano e acompanha os indicadores, por fim
vem o Agir do método, nessa última etapa você corrige o que for necessário caso
tenha tido um fracasso com o plano, ou em caso de sucesso, faz desse plano um
padrão, e como citei anteriormente sobre a crença do Deming sobre melhoria
constante, você volta ao primeiro estágio do ciclo PDCA e começa tudo novamente.
Outra crença de Deming, é que o cliente define a qualidade do
produto/serviço, com isso a qualidade muda conforme as necessidades do cliente
mudam, ou seja, ela é volátil e inconstante, por isso é necessário sempre verificar,
acompanhar indicadores, como mostrei anteriormente com a aplicação constante do

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Ciclo PDCA. Além dessas citadas e outras contribuições para a gestão de
processos com qualidade, Deming desenvolveu 14 princípios, que ficou conhecido
como os Princípios de Deming, são eles:
1) Ter constância de propósitos para melhoria de produtos e serviços
● Dessa forma irá se tornar mais ativo e competitivo no mercado.

2) Adotar a nova filosofia;


● A gerência deve tomar seu papel como líder e assumir suas
responsabilidades.

3) Não depender de inspeção para ter qualidade;


● A inspeção não garante qualidade de forma eficiente, mas a
melhoria do processo sim.

4) Não negociar apenas com base no preço;


● O preço não significa qualidade, nem sempre o mais barato
será realmente o de menor custo (“o barato sai caro”), assim
como o mais caro ter mais qualidade.

5) Melhoria contínua;
● É uma das crenças de Deming, até porque a qualidade é
inconstante e depende das necessidades do cliente, então é
necessária análises constantes e uma melhoria contínua para
manter a qualidade.

6) Oferecer treinamento no local de trabalho;


● Todos da equipe devem conhecer seu papel dentro do
processo, assim como a visão do processo como um todo,
dessa forma se orgulhar do próprio trabalho e sentir-se parte do
mesmo.

7) Instituir liderança;
● A liderança deve se mostrar inovadora e espirituosa, uma vez
que é o líder que “puxa a carroça”, servindo de inspiração para
toda a equipe e dando atenção às reais necessidades de seu
cliente.

8) Eliminar o medo;
● Deve acabar com o receio da equipe de se comunicar, de dar
opiniões, o papel do líder é encorajar a equipe e não colocar
medo.

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9) Derrubar as barreiras entre os departamentos;
● Não deve existir ciúmes entre os integrantes da equipe, ou
falhas de comunicação, para isso é preciso melhorar sempre os
canais de comunicação e treinar as equipes.

10) Acabar com exortações e metas inalcançáveis;


● Do que adianta exigir aumento de produtividade sem dar o meio
para tal? As metas precisam ser alcançáveis de maneira que
garanta o sucesso tanto para organização quanto para a equipe
de trabalho, do contrário só irá gerar frustração nos
colaboradores e prazos vencidos para a empresa.

11) Eliminar as metas numéricas;


● Deming não acreditava que metas numéricas funcionavam,
somente a melhoria do processo pode trazer qualidade.

12) Remover barreiras que privam a equipe de se orgulhar do próprio


trabalho;
● O feedback do desempenho do colaborador, sendo passado da
forma correta, sempre traz crescimento e/ou orgulho ao
indivíduo, além disso o facilitamento ao acesso à informação e
apoio necessários.

13) Incentivar fortemente a educação e auto aprimoramento;


● Lembre-se que quanto maior for a evolução dos colaboradores,
maior será a qualidade e produtividade deles, e essa evolução
vem justamente de estudo e treinamento, os quais devem
sempre ser incentivados.

14) Fazer todos se sentir parte do processo e da transformação;


● A equipe de trabalho deve se sentir contagiada e ansiosa para
executar novos conceitos, novos trabalhos, dessa forma a
produtividade e qualidade serão superiores.

Com isso, finalizamos os pontos principais da teoria de Deming sobre


qualidade nos processos.

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TEORIA DE CROSBY

Philip B. Crosby foi um autor, líder e palestrante na área de qualidade, foi


vice-presidente corporativo de qualidade na ITT Corporation, fundou a Philip Crosby
Associates Inc, e também o Quality College, onde ensinava vários executivos e
profissionais, empresas como IBM, Motorola, Heinz, entre outras, frequentavam
seus seminários, o Quality College se difundiu e atualmente existe em 16 países.
Além disso, publicou diversos livros sobre qualidade, livros estes que se tornaram
best sellers, vendendo mais de 2 milhões de exemplares.
Crosby desenvolveu quatro conceitos nos quais acreditava que eram
fundamentos da qualidade, eles são:

1) Zero defeitos
● Crosby não acredita que o zero defeitos seja possível, mas o
fato da organização almejar isso, faz com que todos dêem o
melhor de si ao realizar seu trabalho, prestando maior atenção
aos requisitos, isso evita o retrabalho e, mesmo que não
chegue a ter zero defeitos, eles são minimizados.

2) Os 4 absolutos
​I) “A prevenção deve ser a linha de conduta generalizada”, ou seja,
a qualidade é fruto da prevenção;
​II) “Os custos de qualidade servem como ferramenta de gestão para
avaliar e atribuir recursos”;
​III) “O padrão ‘zero defeitos’ deve ser a filosofia do trabalho”, o que
gera um padrão de desenvolvimento, e sempre tentando ter o máximo
de qualidade possível;
​IV) “A conformidade com as especificações deve ser a linguagem
padronizada em relação ao nível de qualidade que se pretende obter”,
traduzindo, a qualidade existe quando o que é feito vai de acordo com
o que o cliente pediu.

3) A vacina da qualidade
● A analogia com a vacina se dá pelo fato dela servir como
prevenção a doenças, assim como a vacina da qualidade
previne defeitos. A vacina da qualidade, segundo Crosby, são
três ações: determinação, formação e implementação, e cabe
aos gestores aplicarem essa vacina, garantindo capacitação e
estrutura propícia ao controle da qualidade.

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4) Os seis Cs
​I)​ Compreensão do significado de qualidade;
​II)​ Compromisso da gestão com a qualidade;
​III)​ Competência é de suma importância para melhoria da qualidade;
​IV)​ Comunicação, garantindo que crie uma cultura de qualidade;
​V) ​Correção fundamentada na prevenção e desempenho;
VI) ​Continuação, traz o desejo de melhoria da qualidade contínua.

Dessa forma, podemos concluir que Crosby segue uma filosofia focada em
ações preventivas, o desenvolvimento almejando a perfeição e a conformidade com
o que o cliente precisa, gerando uma constante melhoria na qualidade.

QUALIDADE DE CÓDIGO

É muito importante ter um código de qualidade, buscar isso garante um


sistema com poucas falhas, de fácil manutenção e com baixo custo comparado a
um software feito de qualquer jeito. Mas o que é um código de qualidade? Existem
alguns fatores que garantem qualidade ao software, por exemplo a padronização no
desenvolvimento, pode até parecer bobo dizer que a falta de um espaço antes de
abrir um parênteses no código é falta de qualidade, mas não é nenhum pouco, na
hora do desenvolvimento deve-se pensar na possibilidade de outro desenvolvedor
continuar o seu trabalho, dessa forma o código não deve ser feito com vícios
pessoais na programação, deve seguir uma padronização, por exemplo os nomes
de variáveis, a forma de abrir e fechar chaves, entre muitas outras “regras” que
existem por convenção para cada linguagem de programação. É preciso sempre
revisar o código atrás de linhas duplicadas, métodos e classes irrelevantes ou que
poderiam ser otimizadas, complexidade ciclomática elevada, entre outras série de
métricas que podemos olhar.

DERMING E CROSBY X QUALIDADE DE CÓDIGO

E o que podemos tirar das teorias de Derming e Crosby para garantir um


código de qualidade? A própria forma de pensar dos dois teóricos, se seguida já
pode garantir uma boa melhoria na qualidade do código, mas há pontos específicos
que podemos concluir aqui.
Uma boa técnica para medir a qualidade do código é a inspeção V&V, a qual
trata-se de constantemente validar e verificar se o código possui anomalias, se está
dentro do padrão da orientação seguida, se o código segue as regras de estilo de
programação que as linguagens têm por convenção, podemos ver que Derming
prega exatamente a questão de estar constantemente verificando e validando

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através do ciclo PDCA, o qual, aplicado nesse contexto de código, verifica se há
algum erro e ao final do ciclo pretende-se a padronização do mesmo. Outra técnica
que garante qualidade ao código é a verificação de erros, ou bug checker, para essa
técnica existem várias ferramentas que fazem isso automaticamente, como o Sonar,
e tanto Derming quanto Crosby falam que a organização deve garantir estrutura,
treinamento a equipe de trabalho para garantir a qualidade, ou seja, deve haver a
preocupação e busca dessas ferramentas que auxiliam na melhoria contínua da
qualidade do código, e consequentemente do sistema como um todo.
Outro ponto, na teoria do Crosby, é a questão do foco em “zero defeitos” e o
pensamento preventivo, uma vez que o desenvolvimento seja feito com esse olhar,
o desenvolvedor não criará dividas técnicas, como variáveis de teste, métodos com
erros que não afetam tanto o sistema, mas que em um futuro poderá se tornar um
problema grande, além disso, um desenvolvimento visando a prevenção de falhas
irá diminuir consideravelmente o retrabalho, barateando e aumentando a qualidade
do desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Fernando Eduardo; BATISTA, Eliza D. Woloszyn. ​Fundamentos da


Qualidade​. UNIASSELVI, 2017.

OLIVEIRA, Gabriela G. M.; OLIVEIRA, Otávio Braga. ​Gestão da Qualidade: 14


Princípios de Deming​. Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá, 2016.
Disponível em: <​http://revista.fepi.br/revista/index.php/revista/article/view/412/286​>.
Acesso em: 16 abr 2020.

QUEIROZ, Kamilla. ​DevQA: Como medir qualidade de código?​. Medium, 2017.


Disponível em:
<​https://medium.com/@kamillaqueiroz/devqa-como-medir-qualidade-de-código-6149
fada1e​>. Acesso em: 16 abr 2020.

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