Você está na página 1de 7

Recensão crítica de artigo

Nome: Ana Paula Rodrigues Ferreira de Matos Martins


Curso: Mestrado de Supervisão
Data: janeiro de 2014

**********************************************************************************************************
Referência completa:

 Pavié, A. (2011). Formación docente: hacia una definición del concepto de


competencia profesional docente. REIFOP, 14(1), 67–80. Consultado em
[dezembro, 2013] em
http://www.aufop.com/aufop/revistas/arta/digital/158/1620

************************************************************************************************************

1. OBJECTO DE ESTUDO / PROBLEMÁTICA / CAMPO TEMÁTICO

Este artigo tem como objeto de estudo as competências profissionais docentes.

2. OBJECTIVOS E ESTRUTURA DO TEXTO

Divulgar a sua própria definição de competência profissional docente e


caraterizá-la, partindo da revisão da literatura sobre esta temática.

O artigo apresenta-se dividido em três partes. Numa primeira parte, para


contextualizar o estudo, o autor esclarece o conceito de profissionalidade docente, a
mudança do papel do professor num ensino por competências e clarifica o conceito de
competências, com base na literatura, fazendo a distinção entre competências
genéricas e competências específicas. A segunda parte, é demonstrativa das
repercussões que o ensino por competências tem na formação inicial e no currículo
universitário, fazendo referência a algumas experiências internacionais. Na terceira e
última parte, o autor caracteriza e exemplifica diversas competências, consideradas
como competências docentes e apresenta o seu próprio conceito de competência
profissional.

1
3. PRINCIPAIS QUADROS DE REFERÊNCIA

CONCEITOS/PALAVRAS-CHAVE AUTORES DE REFERÊNCIA

Abordagens behaviorista,
funcionalista, construtivista e Mertens (1996)
holística das competências
Gary Becker (1983)
Capital Humano
Theodore Schultz (1992)
OCDE (2002)
Gonzci & Athanasou (1996)
Jonnaert, Barrette, Masciotra & Yaya (2008)
Competência
Le Boterf (2000)
Mertens (1996)
Perrenoud (2004)
Altet (1994)
Barba et all. (2008)
Corvalán & Hawes (2005)
De Miguel (2006)
Escudero (2006)
Le Boterf (2000)
Mertens (1996)
Competências docentes
Monclús (2000)
Mulder, Weigel & Collings (2008)
Navio (2005)
Perrenoud (2004)
Pavié (2007)
Tejada & Navio (2005)
Vez (2001)
González (2004)
Competências genéricas
Tejada & Navio (2005)
Bunk (1994)
Gillet (1998)
Competências/Formação González & Wagenaar(2003)
Lévy-Leboyer (2003)
Navio (2005)
Liston & Zeichner (1993)
Profissionalidade docente Montero (2001)
Schön (1992)

2
4. RESUMO DAS IDEIAS PRINCIPAIS
O autor inicia o artigo, colocando algumas questões, que no seu entender são
importantes, ao pretender-se iniciar um processo de reflexão sobre a formação de
professores. “¿Qué competencias se pretenden desarrollar, según los textos legales y
los currículos oficiales?, ¿qué perfil y exigencias se plantean para el profesional de la
educación? o ¿qué define al profesor como un profesional competente?” (Pavié, 2011,
p.68)1
Segundo Pavié (2011), o professor possui um perfil profissional específico e
distinto de outros profissionais, daí a maior consideração pelo seu trabalho e também,
a importância dada ao desenvolvimento de competências na formação de professores.
Para Pavié (2011), foi a partir do trabalho de Schön (1992), sobre o profissional
reflexivo, que se começou a entender a prática do ensino como uma profissão, tendo
também este trabalho tido implicações na formação de professores.
Pavié (2011), tendo como suporte os trabalhos de Schön (1992) e de Liston &
Zeichner (1993), clarifica que o que torna um professor, profissional, é a capacidade
de, perante um problema, conseguir conceber e desenvolver uma solução e assegurar
a sua implementação.
Pavié (2011), cita Montero (2001) para destacar que durante muito tempo se
privilegiou um saber técnico vulgar, artesanal, baseado na experiência, dando-se por
isso muito pouca importância à formação de professores. Este professor era uma
“máquina repetidora”(p.68).
Tendo em conta os pressupostos anteriores, Pavié (2011), clarifica que, “ao
contrário do que se poderia supor, el ejercicio de la docencia bajo estos parâmetros
suscita la necesidad de la práctica reflexiva en el oficio de enseñar. Implica, además,
el buen conocimiento de los contenidos a enseñar y de su didáctica, pero también
conocimiento de la profesión y de sí mismo”(p. 68).

A sociedade, a visão da escola e o seu papel na sociedade estão em profunda


mudança, e também o papel do profissional da educação. Neste contexto, segundo
Pavié (2011), as novas exigências aos professores são influenciadas por vários aspetos:
 “lo intercultural” – compete à escola, e por inerência, aos professores,
desenvolver dinâmicas educativas para a construção de sociedades
democráticas, respeitadoras da diversidade cultural que é cada vez
significativa na nossa sociedade;
 “el el aumento de la heterogeneidad del alumnado” – fruto das
migrações cada vez mais frequentes e facilitadas;
 “el dominio de varios idiomas” – cada vez mais importante, por um lado
para dar resposta à heterogeneidade dos alunos e, por outro lado, para
facilitar processos auto formativos ao professor;

1 Que competências se pretendem desenvolver, de acordo com a legislação e os currículos oficiais? Que perfil e exigências se colocam ao
profissional da educação? O que define o professor como um profissional competente? – tradução nossa

3
 “el progresivo aumento de las dificultades de aprendizaje de las
materias científicas” – elas próprias, cada vez mais complexas;
 “la inclusión de las nuevas tecnologías de la información” – que muitos
docentes tem extrema dificuldade em utilizar… (p.69)
Perante este cenário, Pavié (2011) refere ser necessário repensar a formação de
professores, que, além do mais, está agora também condicionada pelas diretivas da
União Europeia.
É neste contexto, que segundo Pavié, surge a formação baseada em
competências, referindo mesmo que “En el âmbito universitario, se comenzó a
utilizar este término desde que se inició el proceso de convergencia promovido por
las correspondientes instancias políticas de la Unión Europea” (2011, p.69).
Pavié (2011), defende que a ideia “lifelong learning”, isto é, aprendizagem ao
longo da vida, está subjacente a todo o processo formativo destinado a professores,
tendo por base o desenvolvimento de competências, isto, em resultado de ”la
imperativa necesidad de actualizarse permanentemente para estar en condiciones de
dar una respuesta adecuada a las demandas del ejercicio profesional” (p.69)

Para clarificar o conceito de competência, Pavié começa por referir que este é
um conceito com múltiplas interpretações, utilizado no mundo do trabalho, para
aspetos muito distintos, referenciando Mertens (1996) para o justificar.
Com base nos trabalhos de Becker (1983) e Schultz (1992), Pavié (2011), reforça
a ideia do caráter polissémico do conceito de competência, relacionando este
conceito com o de capital humano, “que combina una cualificación profesional con la
capacidad de ser innovador, creativo, adaptarse al cambio, sentido de pertenencia a
un grupo, etc.”(p.70).
Para Pavié (2011), não existe um modelo unificado que se aplique ao
desenvolvimento de competências, mas que todos os modelos de desenvolvimento de
competências se baseiam em apenas três abordagens: Comportamental, Funcionalista
ou Construtivista, embora se possa privilegiar uma delas em detrimento das restantes,
ou que se façam adaptações ou variações destas abordagens. Esta posição do autor,
foi posteriormente alterada, uma vez que em Pavié (2012), tendo por referência
Mertens (1996), estabelece como quadro de referência quatro abordagens em relação
às competências, Comportamental, Funcionalista, Construtivista e Holística ou
Integrada.
Neste seguimento, Pavié (2011), apresenta uma revisão da literatura sobre o
conceito de competência, apresentando as definições de Mertens (1996), Le Bortef
(2000), OCDE (2002), Perrenoud (2004) e Jonnaert, Barrette, Masciotra y Yaya (2008)
Destas definições, (Pavié, 2012), destaca a de Le Bortef (2000), por considerar a
transferência como característica da competência.
Pavié (2011), no que respeita às competências na formação de professores, faz
também a distinção entre competências genéricas e específicas. Para Pavié (2012), as
competências genéricas correspondem às competências essenciais que um profissional
deve possuir para desempenhar o seu papel habitual, podendo ser comuns a diferentes
qualificações profissionais. As competências específicas “son aquellas competencias
de índole técnico que se derivan de las exigencias de un contexto o trabajo concreto.

4
Son competencias propias o vinculadas a una titulación y que proporcionan identidad
y consistencia social y profesional al perfil formativo.” (Pavié, 2012, p. 158)

A segunda parte do artigo é demonstrativa das repercussões que o ensino por


competências tem na formação inicial e no currículo universitário. Pavié (2011),
referenciando Gillet (1998), esclarece que a abordagem das competências no âmbito
da formação terá tido início nos finais da década de 70, início dos anos 80. Na primeira
década do século XXI, Lévy-Leboyer (2003) referenciado por Pavié, “establece
diferencias entre formación y desarrollo, y nos indica que el desarrollo de
competencias es una evolución lógica de la formación por la naturaleza de las
evoluciones en el contexto de trabajo” (2011, p.72).
No mesmo sentido, Bunk (1994), também referenciado por Pavié diz que “la
transmisión de competencias (a través de programas de formación) se basa en la
acción”(2011, p.73)
Pegando nestas ideias de Lévy-Leboyer e Bunk é-nos possível inferir que o
desenvolvimento de competências faz-se especialmente ao longo da carreira docente,
num processo de formação contínua, em que o docente tem uma ação fundamental,
como agente potenciador desse processo, permitindo-lhe o desenvolvimento
profissional.
Pavié (2011) termina esta parte do artigo fazendo referência a algumas
experiências internacionais.

Para introduzir a última parte do artigo, (Pavié, 2011) questiona a existência de


competências exclusivas da profissão docente. Para responder a esta questão, baseia-
se, no trabalho de Perrenoud (2004).
Ao consultarmos a obra de Perrenoud (2000), verificamos que criou um
referencial de competências profissionais docentes, “julgadas prioritárias”(p.14), que
acabaram por dar o título ao seu trabalho – 10 Novas Competências para Ensinar. Para
Perrenoud (2000), a noção de competência definir-se-á como “uma capacidade de
mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situações” (p. 15) e
carateriza essas competências, tendo por base quatro aspetos:
 “As competências não são elas mesmo saberes”, mas mobilizam os
saberes;
 “Essa mobilização só é pertinente em situação”, sendo cada situação,
única, embora possa ser tratada, por analogia, com outras já conhecidas;
 “O exercício da competência” implica “operações mentais” que levam à
seleção da ação adequada à situação;
 “As competências profissionais constroem-se em formação” (Perrenoud,
2000, p.15)

Ainda sobre as competências profissionais docentes, Pavié (2011), referencia


Escudero (2006) que, com base na revisão da literatura anglo-saxónica, agrupou as
competências profissionais em três grandes grupos, que em tradução livre se podem
assim enunciar:
 Conhecimento de base;
 Capacidade de aplicação do conhecimento;
 Responsabilidade profissional.

Pareceu-nos particularmente pertinente, o que Escudero (2006),


referenciado por Pavié (2011), esclarece relativamente à competência -

5
Responsabilidade Profissional. Refere que esta competência é conseguida através
de:

 “una práctica profesional y ética de acuerdo con criterios deontológicos


y compartiendo responsabilidades con los demás docente;
 reflexión y aprendizaje continuo (implicándose en evaluaciones de los
efectos de sus decisiones sobre los estudiantes y la comunidad,
asumiendo como norma su propio desarrollo profesional);
 liderazgo y colaboración, tomando iniciativas y comprometiéndose com
el aprendizaje de todos los alumnos y la mejora progresiva de la
enseñanza. “(Pavié, 2011,p. 75)

Antes de apresentar o seu próprio conceito de competência, Pavié (2011),


faz uma síntese caraterizadora das competências, tendo por base a revisão da
literatura. Para este autor, a competência é “ grupo de elementos combinados
(conocimientos, destrezas, habilidades y capacidades) que se movilizan e integran
en virtud de una serie de atributos personales, en contextos concretos de acción”,
“es educable”, “dinámico”, “es una capacidad real para lograr un objetivo”, “debe
tener como contexto de ejecución una labor profesional”, prepara “personas
polivalentes”,”su adquisición supone acciones muy diversas” e cuja
“evaluación”deixa de ser feita apenas no final do processo. “Incluye e integra
nuevos procedimentos com carácter formativo y continuo.” (Pavié, 2011, p.77-78)

Pavié (2011), embora reconheça que ser difícil apresentar um conceito


universalmente aceite, clarifica o seu conceito de competência profissional
docente, “como aquel grupo de conocimientos, técnicas de enseñanza y rasgos
personales que, mediante su aplicación y transferência oportuna, le permite al
profesor mejorar la calidad del aprendizaje de sus alumnos en un ámbito específico
del saber” (p.78)2

5. METODOLOGIA PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO

A metodologia deste estudo assentou na revisão da literatura.

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DO ESTUDO/ARTIGO

Pavié (2011), conclui o seu artigo, apresentando o seu conceito de profissional


competente. “… un profesional competente , e incluimos aquí al profesor, debe ser
capaz de transferir y adaptar, en el marco de su desempeño laboral, uno o varios
esquemas de actividad a diversas situaciones o problemas que se le presentan,
ya que la competencia no es tanto una característica del trabajo en sí, sino de
quienes lo ejecutan bien.” (p. 78)3

2
“como aquele grupo de conhecimentos, técnicas de ensino e caraterísticas pessoais que, mediante a sua aplicação e
transferência oportuna, permite ao professor melhorar a qualidade da aprendizagem dos seus alunos num âmbito
específico do saber” – tradução nossa
3
“…um profissional competente, e incluímos aqui o professor, deve ser capaz de transferir e adaptar, no âmbito do seu
desempenho profissional, um ou vários esquemas de atividade, para as diversas situações ou problemas com que se
depare, já que a competência não é tanto uma característica do trabalho em si, mas sim de quem o executa bem.” –
tradução nossa

6
O autor refere ainda que as competências não são algo que se adquire na formação
inicial e que depois simplesmente se aplica, mas antes, algo que se cria e recria
continuamente na prática profissional, com uma forte componente reflexiva e ética,
relacionada com o desenvolvimento profissional, ao qual estão ligadas. Assim, Pavié
(2011), defende que a formação baseada em competências deve ser feita no âmbito da
prática laboral, referenciando Vez para basear esta afirmação. Efetivamente, Vez, diz
que “aprender en el puesto de trabajo – como en muchas otras profesiones – juega un
papel central y dominante en su desarrollo profesional”(2001, p. 412, in Pavié, 2011, p.
78).
Para terminar o artigo, Pavié (2011) refere ainda a necessidade de promover
mudanças de fundo nas instituições, para que desenvolvam mecanismos que incorporem
a mudança e a melhoria contínua numa perspetiva formativa dos seus profissionais.

7. CONTRIBUTOS PARA O CONHECIMENTO PESSOAL

Em primeiro lugar, acreditamos ter definitivamente clarificado o nosso próprio


conceito de competências. Quando há uns anos atrás começamos a ouvir e a ler que a
nova tónica no ensino estava no desenvolvimento de competências e não no ensino por
objetivos, confessamos que não percebemos muito bem o alcance destas mudanças.
Fizemos algumas leituras e o conceito “competências”, foi ganhando novos contornos,
mas, mas só terá sido claramente explicitado, com as leituras agora feitas.
Por outro lado, abrimos novos horizontes para o desenvolvimento do nosso projeto,
uma vez que tomámos consciência que “Uma vez construída, nenhuma competência
permanece adquirida por simples inércia” (Perrenoud, 2000, p. 155) e que as
competências “não são pedras preciosas que se guardam num cofre onde
permaneceriam intactas, à espera do dia em que se precisasse delas.” (Perrenoud,
2000, p. 155), ou seja, as competências têm que ser construídas na ação e ao longo de
toda uma vida profissional, daí a pertinência do projeto que iremos apresentar
“Observação de aulas: partilhar e construir”.

8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Pavié, A. (2011). Formación docente: hacia una definición del concepto de competencia
profesional docente. REIFOP, 14(1), 67–80. Retrieved from
http://www.aufop.com/aufop/revistas/arta/digital/158/1620

Pavié, A. (2012). Las Competencias Profesionales del Profesorado de Lengua Castellana


y Comunicaciones en Chile: Aportaciones a la Formación Inicial. Retrieved from
http://uvadoc.uva.es/bitstream/10324/2794/1/TESIS297-130508.pdf

Perrenoud, P. (2000). 10 Novas Competências para Ensinar (2008th ed., p. 192). Porto
Alegre: Artemed.

Você também pode gostar