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A PRIORIDADE DA ORAÇÃO

Oração não é uma resposta natural; é uma resposta do Espírito. Se


falharmos em cultivar essa disciplina, a oração se torna nosso último
recurso, no lugar de ser nossa primeira resposta. Depois que Timóteo
se tornou pastor em Éfeso, Paulo escreveu uma carta instruindo-o. No
segundo capítulo de 1 Timóteo, Paulo comunicou ao seu filho na fé
muitos dos fundamentos do ministério. Não surpreendentemente, ele
começou com a disciplina da oração, começou com as palavras “Antes
de tudo…”.
Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas,
orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens,
em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade,
para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito.
1 Timóteo 2.1-2
Como priorizar a oração que foi aconselhada a Timóteo.
Com efeito, Paulo escreve: “Antes de tudo, eu exorto. Eu te
suplico Timóteo, antes de deitar em sua cama. Antes de tomar seu
banho para começar seu dia. Antes de tomar o caminho para o seu
trabalho. Antes de qualquer compromisso. Antes de tudo, ore, ore,
ore”.
Muito antes de Paulo escrever a Timóteo, nós podemos ver como
é importante a oração na construção de um ministério que remeta ao
crescimento estrondoso da Igreja Primitiva em Jerusalém. No
princípio, de acordo com Atos 2.42, os primeiros cristãos eram
comprometidos com quatro elementos essenciais: “E perseveravam na
doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas
orações”.
Poderíamos chamá-los de os quatro pontos da base da igreja.
Nenhuma igreja é completa sem eles. Deixe um deles de fora e você
pode ter uma escola, um grupo de oração, um estudo bíblico, ou uma
reunião social- e essas coisas são boas - mas você não terá uma igreja.
A igreja de Jerusalém era estabilizada e sustentada pela oração.
Pouco tempo depois de começar a nova igreja em Jerusalém,
Pedro e João estavam com seus dias cheios. Ainda assim, o texto nos
fala que eles “subiam ao templo para a oração da hora nona” (Atos
3.1). Três horas da tarde era a hora de oração para os judeus. Os
apóstolos tiravam um tempo no meio da tarde para comparecer à
reunião com o propósito de orar.
Mas isso não interrompeu a pressão que estava sobre os primeiros
cristãos. Na verdade, aqueles cristãos experimentaram uma
perseguição tão intensa que alguns foram para a cadeia. A oração se
ergueu por eles. Quando eles foram libertados, seus companheiros,
novamente “unânimes, levantaram a voz a Deus” (Atos 4.24), pelo
sucesso do evangelho e a fidelidade da igreja. A primeira resposta à
perseguição não foi o pânico: foi à oração. Eles interromperam o curso
dos eventos para buscar a mente de Deus, para pedir por sua proteção,
por sua força e graça sustentadora.
Bem Petterson, capelão da Faculdade Westmont escreveu: “É isso
que a oração faz, diz o Senhor. É radical, vai fundo, além da
superfície, para arrancar o mal e desarranjar o status quo”.
 Quando o seu dia estiver seguindo seu próprio curso e tomando sua
própria direção, interrompa-o com uma oração.
 Quando seu dia caminhar em direção a uma crise, pare para
orar.
 Quando sua manhã começar a se afundar, pare por alguns instantes
em solidão, procure a mente de Deus e peça sua instrução.
 Quando seu humor começar a azedar, pare para uma atitude de
ajuste movida pela oração. Não espere, ore imediatamente.
A igreja que se formou (Atos 2) e cresceu em meio à perseguição
(Atos 4-5) continuou se multiplicando. Atos 6 descreve uma igreja que
cresceu tanto em tamanho quanto em responsabilidade - os membros
eram contados em milhares -, e os apóstolos não conheciam todas as
necessidades. Por exemplo, algumas viúvas não estavam recebendo a
comida de que precisavam para sobreviver, então os doze perceberam
uma necessidade de mudança radical. Eles encorajaram a congregação
a escolher pessoas qualificadas para resolver esses e outros assuntos
práticos. Uma vez feito, eles delegaram inúmeros deveres a essas
pessoas, a fim de manterem suas prioridades no lugar certo como
líderes espirituais da congregação. “Quanto a nós, nos consagraremos
à oração e ao ministério da palavra” (Atos 6.4). Sábia decisão. As
necessidades eram resolvidas, permitindo aos apóstolos manterem suas
prioridades.
Sou privilegiado por servir numa igreja, que há líderes espirituais
maduros. A dedicação à oração revela sua maturidade. Nossas reuniões
são pontuadas por tempo de oração. Nós começamos orando e depois
mergulhamos em assuntos gerais apenas para perceber que novamente
é hora… hora de orar mais. Podemos ver os assuntos na agenda que
vão além das nossas possibilidades de resolver, então entregamos ao
Senhor em oração. Paramos tudo para passar pelo menos de quinze a
vinte minutos em cada reunião orando, cada um de nós, por assuntos
específicos.
Isso provavelmente pode parecer uma grande perda de tempo para
muita gente. E alguns podem dizer: “Vocês não podem continuar a
fazer isso; vocês têm uma igreja para administrar”. Não, na verdade
não temos. Não é nossa igreja; é a igreja de Deus - e não é nossa
responsabilidade administrá-la! Felizmente, Ele é responsável pelo
sucesso da igreja. Entretanto, isso deve ser definido. Nossa prioridade
é nos devotarmos à oração e ao ministério da Palavra. No fim,
descobrimos que nosso tempo orando é um investimento que paga
muitas horas. Quando cada pastor tem sua vontade alinhada com a do
Senhor, não perdemos tempo argumentando. É impressionante, o efeito
que a oração tem no nosso relacionamento.
 Barreiras são quebradas.
 Corações são quebrantados.
 Vontades se tornam submissas.
 E novas ideias fluem livremente.
A igreja Stonebriar Communnity é sustentada por orações. Por
trás de tudo existem grupos que se encontram para orar e intercedem
em favor da igreja, algumas vezes com hora marcada e outras em
reuniões espontâneas. Durante um dia comum, um e-mail ou um
telefonema vem trazer uma necessidade e, quase sem nenhuma
exceção, a pessoa que apresenta a necessidade diz: “temos de parar
agora mesmo e orar sobre isso”. E aquela igreja ora imediatamente.
Algumas necessidades são tão graves e tão urgentes que alguns se
reúnem o dia todo para orar. E eu não mudaria nada disso. Nosso
compromisso como líderes espirituais na igreja é, antes de tudo,
sermos pessoas dedicadas à oração e ao ministério da palavra.
Atos 7 relata um dia trágico na vida da igreja primitiva.
Inimigos do Evangelho arrastaram Estevão, um diácono, até uma corte
simulada e condenaram à morte por apedrejamento. À medida que as
pedras o atingiram, ele orava: “Senhor, não lhes imputes este
pecado!” (versículo 60). Perto dele, um homem segurava o manto dos
executores brutais de Estevão. Seu nome era Saulo, mais tarde
chamado de Paulo.
Saulo tinha visto em primeira mão os resultados da oração em
operação, um movimento que ele não pode destruir. A oração de
Estevão o assombrou. Enfurecido, talvez pela convicção, Saulo
multiplicou seus esforços para destruir cada cristão que encontrasse.
Mas o Senhor o desabilitou no caminho de Damasco e fez dele um
campeão do mesmo movimento que ele tentou destruir, o movimento
construído e sustentado pela oração.
Não é surpresa, então, que ele tenha dito a Timóteo: “Antes de
tudo, ore!”
A cura para a preocupação
Posso tocar em um assunto muito pessoal? As pressões do nosso
tempo têm nos colocado no centro dos mais comum e desgastante
pecado da família cristã: preocupação. Existem boas chances de você
ter acordado nesta manhã, levantado de sua cama e, antes de fazer
qualquer coisa, ter colocado sua surrada mochila de ansiedade. Você
começou o dia, não com uma oração na sua mente, mas sim com uma
preocupação. Que hábito horrível!
Jesus desafiou seus seguidores com a pergunta: “Qual de vós, por
mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da
vida?” (Mateus 6.27). A preocupação nada resolve. Ela cria cansaço,
dificuldades e obstáculos, pode tornar nossa onda de ansiedade uma
perfeita tempestade de emoções. Acrescente um pouco de imaginação e
criatividade, e nossos piores medos ganham vida e cores.
O estresse da preocupação tira nossa energia e ocupa nossa mente,
tirando-nos a paz. Poucos na família de Deus estão isentos disso. Nós
nos queixamos por coisas pequenas e grandes. Alguns têm uma lista de
roupa suja que alimenta vício de nos preocuparmos. É um vício pouco
atrativo, ainda que de alguma maneira façamos disso uma piada. Eu já
ouvi pessoas dizerem com um sorriso no rosto: “Se não tenho algo com
o que me preocupar, eu me preocupo por não ter algo para me
preocupar.” Ansiedade se tornou o passatempo predileto que amamos
odiar. E o pior, transferimos esse hábito para os nossos filhos. Como
eles vêem a preocupação no nosso rosto e a ouvem dos nossos lábios,
estão aprendendo de nós a arte da ansiedade.
Orar sem cessar
Como sempre, a Escritura tem a resposta. Paulo novamente é
quem escreve. Na esperança de aliviar a ansiedade de seus amigos em
Filipos, ele escreveu na prisão: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez
digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens.
Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém,
sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela
súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo entendimento,
guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus”. Filipenses 4.4-7
Seu conselho para a ansiedade pode ser resumido a isto:
Não se preocupe com nada. Ore por tudo.
Espere.
Antes de prosseguir, leia essas oito palavras novamente mais
devagar, algumas vezes. Perceba que o remédio para a preocupação
envolve uma escolha. Ele não está te pedindo para então num estado de
negação. A frase “Não se preocupe, seja feliz” não contempla a
seriedade deste assunto.
 Você se preocupa, porque os problemas que tem são difíceis de
resolver.
 Além disso, eles trazem sérias consequências, se você não encontrar
a solução.
 Deus não espera que, de repente, você deixe de se importar. No
lugar disso, Ele oferece uma alternativa para o inútil e exaustivo
hábito de preocupar-se. “Não andeis ansiosos por coisa alguma; em
tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças.” (Filipenses 4.6).
Antes do término deste dia, você terá outra ocasião para escolher
entre - preocupação e oração. Determine agora o que você fará.
Determine que, quando a crise chegar você transformará a preocupação
em oração. Se, ao final da oração, suas emoções ainda se tumultuarem,
ore mais. Cultivando a disciplina da oração, você descobrirá a
habilidade de permanecer calmo e quieto. Enquanto espera perante o
Senhor, você encontrará alívio para o medo que aflige o seu espírito.
Você pode ser tentado a pensar que sua oração não tem efeito ou
que, de alguma forma, falhou, já que sua ansiedade retornou, talvez,
tão logo você tenha dito “amém”.
Isso acontece muitas vezes comigo. Eu vejo como uma
necessidade de estar mais tempo perante o Pai, revendo todos os
detalhes do meu problema, dizendo a Ele o quanto isso me aflige e,
algumas vezes, até admitindo que tenha medo de que Ele não resolve a
tempo. Ter consciência do problema não é o mesmo que se preocupar.
Preocupar-se é escolher queixar-se e agitar-se com ansiedade, em vez
de entregar o problema ao pai.
A maioria das pessoas a quem considero como homens e mulheres
de oração vão até o Senhor, porque seus corações estão pesados. Eles
me contam que nada, senão a conversa contínua com Ele traz alívio.
Então, se você tem a tendência de se preocupar muito, apresento um
plano melhor: ore muito. Para esse alívio se tornar realidade, você tem
de exercitar a disciplina da renúncia, enquanto descansa Nele para
resolver o problema… À maneira Dele e no tempo Dele. Efetivamente,
os resultados da oração incluem um pensamento: Senhor, este é Seu
problema para resolver: Toma o controle. Deixe-me saber o que Tu
queres que eu faça, caso eu tenha de fazer parte da solução.
Deixando-o em suas mãos, eu o considero resolvido.
É neste ponto que você disciplina sua mente para não se
preocupar, e não continuar procurando respostas ou soluções. Você
resolve o problema entregando-o a Deus. Sua maior
responsabilidade agora é esperar por seu direcionamento. Quando Ele
quiser que você aja, Ele deixará claro. Ele tem milhares de maneiras de
fazer isso, então não existe necessidade de você interferir. Enquanto
você espera diante Dele, Ele direcionará seus pensamentos ao próximo
passo a ser tomado. Se Ele não orientá-lo a fazer nada, então não faça
nada. Ele cuida a partir daí.
Como somos criaturas fracas por natureza, nossa ansiedade irá
retornar e teremos que orar e liberar a ansiedade novamente. Isso é
normal. Na verdade, se pudéssemos nos livrar da ansiedade em uma
oração de trinta segundos, não teria muito sentido o “orai sem cessar”
em 1 Tessalonicenses 5.17.
Comece o dia com uma oração e continue orando durante o dia.
Ore enquanto dirige. Ore no trabalho. Ore na hora do almoço. Ore
quando receber aquele telefonema difícil. Ore quando estiver
decepcionado com alguma coisa. Ore no meio de notícias dolorosas.
Ore sem cessar… Literalmente. Seu Pai celestial, tocado por seu
empenho, adora quando você vai a Ele, pedindo ajuda. Ele está lá,
pronto pra agir. Convide-o a fazer isso!
Deixe a paz de Deus encher você.
Oração é uma prova clássica de que não dominamos as disciplinas
espirituais facilmente. Desenvolver a disciplina de orar, enquanto
quebramos o hábito da preocupação, exigirá um grande esforço mental.
Vou dar um tempo para você aprender essa nova maneira de pensar.
Fique com ela. Depois de alguma persistência, uma conversa contínua
com o Pai, misturadas com a espera da ação Dele, você receberá o que
foi prometido. Depois de fazer sua parte, Deus fará a Dele. Pode contar
com isso!
“E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o
vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Filipenses 4.7).
Inexplicavelmente a paz tomará o lugar da angústia. Uma tranquilidade
que parece vir do nada tomará conta da sua mente. Ela também tomará
conta de outras partes da sua vida!
No seu livro O espírito das disciplinas, Dallas Willard descreve
como isso acontece: “Orar frequentemente nos deixa prontos a orar
novamente toda vez que necessário, de momento a momento. Quanto
mais oramos, mais pensamos em orar e, quando vemos o resultado da
oração – as respostas do nosso Pai aos nossos pedidos – nossa
confiança no poder de Deus se espalha nas outras áreas de nossa vida.
De sua vasta experiência com oração, na sua atormentada vida de
missionária, esposa e mãe, Rosalinda Goforth explica: “Talvez o
elemento mais abençoado no pedir e esperar em Deus seja o
fortalecimento da fé, que vem quando alguma solicitação definida é
concedida. O que pode ser mais útil e inspirador do que testemunhar o
que Deus tem feito?”.

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