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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

FACULDADE DE DIREITO

INIMPUTABILIDADE PENAL
OU
RESPONSABILIDADE PENAL?

Salvador
2010

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Esse trabalho é apresentado como atividade
para a segunda avaliação dos alunos André
Martins e Daniela Silva na disciplina Direito da
Criança e do Adolescente, Turma 23,
ministrada pela Ilustre Professora Hélia
Barbosa, na Faculdade de Direito da
Universidade Católica do Salvador.

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"De tanto ver triunfar as nulidades, de
tanto ver prosperar a desonra, de tanto
ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantar os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra, a ter vergonha de ser
honesto."

RUI BARBOSA

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SUMÁRIO

Introdução

Histórico – a doutrina da situação irregular frente ao devido


processo legal e o direito tutelar dos menores

As normas internacionais – Regras de Beijing

Sinase – Sistema nacional de Atendimento Sócioeducativo

Medidas Socioeducativas

Comparativo com os procedimentos adotados em outros países

Correntes favoráveis e contrarias ao rebaixamento da


maioridade penal

Projetos em Tramitação no Congresso Nacional sobre a redução


da maioridade penal

Jurisprudências em torno do assunto

Entrevistas

Comentários

Anexos

Conclusão

Referências

Inimputabilidade Penal ou Responsabilidade Penal?

1. Introdução
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"Num momento em que se abre uma polêmica nacional, referente à redução da
imputabilidade penal, inclusive com inúmeros projetos de lei em tramitação;
num momento ainda em que a insegurança da sociedade, cada vez mais
assustada com o aumento da criminalidade e da violência, gera discussões
calorosas, acirradas e radicais sobre as soluções para o problema, há que
se ter, antes de decisões possivelmente paliativas e equivocadas, uma visão
mais ampla e profunda das características do adolescente infrator e do ato
por ele cometido" (VIEIRA, 1999, p. 16).

Num país em que se busca a adoção de medidas assistencialistas, como o


Bolsa família, o Bolsa educação, num país que não oferece aos seus jovens
a oportunidade do tão sonhado primeiro emprego, tendo em vista que as
contratações das empresas buscam candidatos com vasta experiência e
não há programa do Estado em conceder aos nossos jovens uma
qualificação necessária para inserção no mercado de trabalho, os nossos
jovens se deparam com um meio mais fácil para auferirem rendas, a
delinqüência.

A nossa realidade é: há muitas famílias que são sustentadas por menores.


Menores que não possuem educação e não freqüentam escolas, não
possuem instrução, assim o que lhes resta?

O presente trabalho visa abrir o debate sobre tema tão polêmico. A


pergunta que se faz é: ATÉ QUE PONTO ELES SÃO INIMPUTÁVEIS? SERÁ
QUE ELES NÃO TERIAM CONSCIÊNCIA DE SEUS ATOS? SERÁ QUE NÃO
DEVERIAM SER RESPONSABILIZADO POR SUAS CONDUTAS?

“Volta e meia” repercute no cenário nacional casos como o dos jovens


Felipe e Liana (reportagem sobre o caso constantes da partes de anexos
do presente trabalho) que foram seqüestrados, violentados e mortos por
um grupo liderado por um menor pasmen!!!! de 16 anos. Casos como
este reascendem o debate sobre a redução da maioridade penal neste
país.

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Assim, o presente trabalho visa ampliar a discussão, se o mesmo é válido
e se atende aos requisitos interpostos pelas legislações internacionais, dos
quais o Brasil é signatário.

2. Histórico – a doutrina da situação irregular frente ao devido


processo legal e o direito tutelar dos menores

Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que os interesses da criança e


do adolescente sempre existiram, mas nem sempre tiveram dimensão
suficiente para fomentar o reconhecimento de que suas relações
pudessem interessar ao Direito, como explica Paulo Afonso Garrido de
Paula: “Seus interesses confundiam-se com os interesses dos adultos,
como se fossem elementos de uma simbiose onde os benefícios da união
estariam contemplados pela proteção jurídica destinada aos últimos.
Figuravam, em regra, como meros objetos da intervenção do mundo
adulto, sendo exemplificativa a utilização da velha expressão pátrio poder,
indicativa de uma gênese onde o Direito tinha como preocupação
disciplinar exclusivamente as prerrogativas dos pais em relação aos filhos,
suas crias”.

Lógico e óbvio que não se existia a diferenciação que se conhece hoje, de


criança e adolescente, sendo inicialmente feita uma distinção que
atualmente conhecemos como sendo de direito civil, entre menores
púberes e impúberes, até chegar-se aos conceitos específicos, como o de
inimputabilidade penal , por exemplo.

Isso se explica porque, como se sabe, nas primeiras civilizações, as


mulheres, crianças e estrangeiros não eram considerados cidadãos. O
resto da população permanecia, por toda a vida, numa situação jurídica
equiparável à ‘ínfância’, no sentido de que tais relações permaneciam sob
o controle de algum outro. Um pai, um senhor, um patrão, um marido, etc.
Surge a tentação de deduzir, deste vínculo lingüístico, que as crianças
ocuparam a posição de escravos, mas é mais provável que a conexão
verbal seja ligada ao fato de que os próprios papéis sociais (escravo,

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servo, gleba, etc.) eram equivalentes ao papel social da ‘criança’, quanto
a poder e condição jurídica, seja qual fosse a idade da pessoa. Assim, a
compreensão dos institutos jurídicos voltados para as crianças e os
adolescentes, depende de um conhecimento, em linhas gerais, da
evolução histórica desse ramo do Direito.

Precedentes Históricos

Desde a Antigüidade, tanto no Ocidente quanto no Oriente, os filhos não


eram considerados sujeitos de direito, durante a menoridade, mas sim
servos da autoridade paterna, como relata José de Farias Tavares: “O
regime era comum a diversos povos, oriundo das civilizações primitivas. O
poder do patriarcado romano tinha o mesmo absolutismo no mundium do
Direito germânico. O pai tinha o terrível jus vitae necis sobre a pessoa do
seu filho não emancipado, podendo aliená-lo, e nos tempos mais
recuados, até matá-lo. O filho "pertencia" ao pater, palavra esta que,
segundo alguns romanistas, significava muito mais poder que paternidade
propriamente dita, no sentido atual de relação parental e afetuosa da
família”. Em Esparta, a criança era objeto de Direito estatal, para ser
aproveitada como futura formação dos contingentes guerreiros, com a
seleção precoce dos fisicamente mais aptos, e os infantes portadores de
deficiência, com malformações congênitas ou doentes, eram jogados nos
despenhadeiros.

O Código de Hamurabi previa a pena de morte para o homem que


roubasse o filho menor de outro, demonstrando uma proteção distinta,
com base na idade. No Direito Romano, os juristas distinguiam os menores
púberes dos impúberes, e era feita uma avaliação física para saber se o
jovem era púbere. Por outro lado, o povo judeu (6) amenizava a severidade
das penas quando os autores eram menores impúberes ou órfãos. O
Direito Medieval, atenuou a severidade de tratamento das pessoas de
idade mais tenra, em razão da influência do estoicismo e posteriormente
do cristianismo. Já o Direito canônico manteve o princípio reverencial, que
tinha profunda repercussão na educação doméstica cristã. No Período

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Feudal, países como a Itália e a Inglaterra, era utilizado o método da
‘prova da maçã de Lubecca’, que consistia em oferecer uma maçã e uma
moeda à criança, sendo que se escolhida a moeda, considerava-se
comprovada a malícia, sendo inclusive aplicada pena de morte a crianças
de 10 e 11 anos. Assim, só com o desenrolar da História, a evolução da
cidadania e o aperfeiçoamento das legislações, foram sendo criadas
regras específicas para a proteção da infância e da adolescência.

Emílio Garcia Mendez enumera que, do ponto de vista do Direito, em


termos de responsabilização penal, é possível dividir a história do Direito
Juvenil em três etapas: a) de caráter penal indiferenciado; b) de caráter
tutelar e c) de caráter penal juvenil. A primeira etapa, marcada pelo
caráter indiferenciado, vai do século XIX até a primeira década do século
XX, e caracterizou-se por considerar as crianças e os adolescentes da
mesma forma que os adultos, na medida em que eram recolhidos no
mesmo espaço. Já o segundo momento, originado nos Estados Unidos, tem
início a partir do Século XX, fase em que a norma passa a ter um caráter
tutelar. A terceira etapa, a partir de 1959, inaugura um processo de
responsabilidade juvenil, caracterizada por conceitos como separação,
participação e responsabilidade.

Normativa Internacional

O estudo da normativa internacional possui grande importância porque a


legislação brasileira é influenciada, em seu ordenamento jurídico, pelas
normas internacionais.

A Declaração dos Direitos da Criança, celebrada em 1959, considerando


os princípios proclamados na Carta das Nações Unidas, definiu os direitos
universais das crianças, reconhecendo que a infância tem direito a
cuidados e assistências especiais. O art. 12, da Convenção, refere-se ao
direito da criança manifestar a sua opinião e expressá-la livremente. Já o
art. 40, caput, reconhece que mesmo no caso de violação às leis penais, a
criança e o adolescente merecem um tratamento diferenciado, de modo a

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promover seu sentido de dignidade e valor, objetivando-se a reintegração
na sociedade: Os Estados Partes reconhecem o direito de toda criança, a
quem se alegue ter infringido as leis penais ou a quem se acuse ou
declare culpada de ter infringido as leis penais, de ser tratada de modo a
promover a estimular seu sentido de dignidade e valor, e fortalecerão o
respeito da criança pelos direitos humanos e pelas liberdades
fundamentais de terceiros, levando em consideração a idade da criança e
a importância de se estimular sua reintegração e seu desempenho
construtivo da sociedade.

Respeitar-se-ão as garantias processuais básicas em todas as etapas do


processo, como a presunção de inocência, o direito de ser informado das
acusações, o direito de não responder, o direito à assistência judiciária, o
direito à presença dos pais ou tutores, o direito à confrontação com
testemunhas e a interrogá-las e o direito de apelação ante uma autoridade
superior.

Deve-se às essas regras a moderna inclinação no sentido de restringir a


delinqüência juvenil às infrações do Direito Penal, sem incluir assim fatos
penalmente indiferentes.

Em 1980, a Convenção Internacional dos Direitos da Criança foi aprovada


pela Assembléia das Nações Unidas, com natureza coercitiva, exigindo dos
Estados deveres e obrigações. Chama atenção o fato de que a Convenção
Internacional, diferentemente da Declaração Universal dos Direitos da
Criança, não se configura numa simples carta de intenções, uma vez que
tem natureza coercitiva e exige do Estado Parte que a subscreveu e
ratificou um determinado agir, consistindo, portanto, num documento que
expressa de forma clara, sem subterfúgios, a responsabilidade de todos
com o futuro.

Em 14 de dezembro de 1990 a Assembléia Geral das Nações Unidas


publicou as Regras Mínimas para os Jovens Privados de Liberdade,
reconhecendo a vulnerabilidade dos adolescentes, preconizando a

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necessidade de atenção e proteção especiais para que sejam garantidos
os direitos de cada adolescente, dispondo na Regra 2: Os adolescentes só
devem ser privados de liberdade de acordo com os princípios e processos
estabelecidos nestas Regras e nas Regras Mínimas das Nações Unidas
para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras de
Beijing). A privação de liberdade de um adolescente deve ser uma medida
de último recurso e pelo período mínimo necessário e deve ser limitada a
casos excepcionais. A duração da sanção deve ser determinada por uma
autoridade judicial, sem excluir a possibilidade de uma libertação
antecipada.

Ainda em 1990, foram aprovadas as Diretrizes das Nações Unidas para


Prevenção da Delinqüência Juvenil – Diretrizes de Riad, reconhecendo que
é necessário estabelecer critérios e estratégias nacionais, regionais e
inter-regionais para prevenir a delinqüência juvenil, prevendo no art. 1º: A
prevenção da delinqüência juvenil é parte essencial da prevenção do
delito na sociedade. Dedicados a atividades lícitas e socialmente úteis,
orientados rumo à sociedade e considerando a vida com critérios
humanistas, os jovens podem desenvolver atitudes não criminais.

Já no plano interno, a legislação brasileira é considerada a primeira, dentre


as legislações dos países latino-americanos, que incorporou em seu texto
tanto as regras de proteção e de garantia dos direitos do adolescente
infrator como as de proteção da criança vítima de abandono ou outra
violência.

Percebe-se que, a normativa internacional sobre o tema possui vastos e


específicos dispositivos voltados para a proteção da infância e juventude,
demonstrando a importância e seriedade que o assunto envolve no âmbito
internacional, e servindo de inspiração para o legislador brasileiro.

No Brasil, a Constituição de 1988 foi abrangente, dispondo sobre as


garantias individuais e fundamentais. Pela primeira vez na história da
legislação brasileira, a criança e o adolescente são tratados como

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prioridade absoluta, sendo dever da família, da sociedade e do Estado
protegê-los.

Inspirando-se na legislação internacional, bem como em toda a


abrangência da Constituição Federal, com o advento do ‘Brasil Novo’, a Lei
nº 8.069/90 criou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
revogando o Código de Menores, rompendo com a doutrina da situação
irregular, estabelecendo como diretriz a doutrina da proteção integral.

Ressalta-se que o ECA, além de prever a proteção integral, elevou o


adolescente a categoria de responsável pelos atos considerados
infracionais que cometer, através da aplicação das medidas sócio-
educativas, revolucionando assim o entendimento até então existente, e
servindo de alento para a sociedade vitimada pela falta de segurança.

Princípios Orientadores

O ECA é regido por uma série de princípios, que servem para orientar o
intérprete, quais são eles: Prevenção Geral, Prevenção Especial,
Atendimento Integral, Garantia Prioritária, Proteção Estatal, Prevalência
dos Interesses, Indisponibilidade, da Escolarização Fundamental e
Profissionalização, Reeducação e Reintegração, Sigilosidade,
Respeitabilidade, Gratuidade, Contraditório e Compromisso.

Em nosso caso, podemos citar como principio norteador, o Princípio da


Reeducação e Reintegração, observado no art. 119, incisos I a IV ,
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estabelece a necessidade da reeducação e reintegração do adolescente


infrator, através das medidas sócio-educativas e medidas de proteção,
promovendo socialmente a sua família, fornecendo-lhes orientação e
inserindo-os em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência,
bem como supervisionando a freqüência e o aproveitamento escolar.

Já o Princípio da Respeitabilidade e do Compromisso, estabelecidos nos


arts. 18, 124, inciso V e art. 178 ), depreende-se que é dever de todos velar

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pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor, de acordo com os arts. 18, 124, inciso V e art. 178, sendo
que todos que assumirem a guarda ou tutela devem responder bem e
fielmente pelo desempenho do seu cargo.

O Princípio do Contraditório, previsto inicialmente no art. 5º, LV, da


Constituição Federal, garante aos adolescentes infratores ampla defesa e
igualdade de tratamento no processo de apuração de ato infracional,
como dispõem os arts. 171 a 190 do Estatuto.

3. As normas internacionais – Regras de Beijing


REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ADMINISTRAÇÃO
DA JUSTIÇA , DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
(REGRAS DE BEIJING)
PRIMEIRA PARTE - PRINCÍPlOS GERAIS
1. Orientações fundamentais
1.1 Os Estados Membros procurarão, em consonância com seus respectivos interesses gerais, promover o bem-estar da
criança e do adolescente e de sua família.
1.2 Os Estados Membros se esforçarão para criar condições que garantam à criança e ao adolescente uma vida significativa
na comunidade, fomentando, durante o período de idade em que ele é mais vulnerável a um comportamento desviado, um
processo de desenvolvimento pessoal e de educação o mais isento possível do crime e da delinqüência.
1.3 Conceder-se-á a devida atenção à adoção de medidas concretas que permitam a mobilização de todos os recursos
disponíveis, com a inclusão da família, de voluntários e outros grupos da comunidade, bem como da escola e de demais
instituições comunitárias, com o fim de promover o bem-estar da criança e do adolescente, reduzir a necessidade da
intervenção legal e tratar de modo efetivo, eqüitativo e humano a situação de conflito com a lei.
1.4 A Justiça da Infância e da Juventude será concebida como parte integrante do processo de desenvolvimento nacional de
cada país e deverá ser administrada no marco geral de justiça social para todos os jovens, de maneira que contribua ao
mesmo tempo para a sua proteção e para a manutenção da paz e da ordem na sociedade.
1.5 As presentes regras se aplicarão segundo o contexto das condições econômicas, sociais e culturais que predominem em
cada um dos Estados Membros.
1.6 Os serviços da Justiça da Infância e da Juventude se aperfeiçoarão e se coordenarão sistematicamente com vistas a
elevar e manter a competência de seus funcionários, os métodos, enfoques e atitudes adotadas.
2. Alcance das regras e definições utilizadas
2.1 As regras mínimas uniformes que se enunciam a seguir se aplicarão aos jovens infratores com imparcialidade, sem
distinção alguma, por exemplo, de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza, origem
nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição.
2.2 Para os fins das presentes regras, os Estados Membros aplicarão as definições seguintes, de forma compatível com seus
respectivos sistemas e conceitos jurídicos:
a) jovem é toda a criança ou adolescente que, de acordo com o sistema jurídico respectivo, pode responder por uma infração
de forma diferente do adulto;
b) infração é todo comportamento (ação ou omissão) penalizado com a lei, de acordo com o respectivo sistema jurídico;
c) jovem infrator é aquele a quem se tenha imputado o cometimento de uma infração ou que seja considerado culpado do
cometimento de uma infração.
2.3 Em cada jurisdição nacional procurar-se-á promulgar um conjunto de leis, normas e disposições aplicáveis especificamente
aos jovens infratores, assim como aos órgãos e instituições encarregados das funções de administração da Justiça da Infância
e da Juventude, com a finalidade de:
a) satisfazer as diversas necessidades dos jovens infratores, e ao mesmo tempo proteger seus direitos básicos;
b) satisfazer as necessidades da sociedade;
c) aplicar cabalmente e com justiça as regras que se enunciam a seguir.
3. Ampliação do âmbito de aplicação das regras
3.1 As disposições pertinentes das regras não só se aplicarão aos jovens infratores, mas também àqueles que possam ser
processados por realizar qualquer ato concreto que não seria punível se fosse praticado por adultos.
3.2 Procurar-se-á estender o alcance dos princípios contidos nas regras a todos os jovens compreendidos nos procedimentos
relativos à atenção à criança e ao adolescente e a seu bem-estar.
3.3 Procurar-se-á também estender o alcance dos princípios contidos nas regras aos infratores adultos jovens.
4. Responsabilidade penal
4.1 Nos sistemas jurídicos que reconheçam o conceito de responsabilidade penal para jovens, seu começo não deverá fixar-se
numa idade demasiado precoce, levando-se em conta as circunstâncias que acompanham a maturidade emocional, mental e
intelectual.
5. Objetivos da Justiça da Infância e da Juventude
5.1 O sistema de Justiça da Infância e da Juventude enfatizará o bem-estar do jovem e garantirá que qualquer decisão em
relação aos jovens infratores será sempre proporcional às circunstâncias do infrator e da infração.
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6. Alcance das faculdades discricionárias
6.1 Tendo-se em conta as diversas necessidades especiais dos jovens, assim como a diversidade de medidas disponíveis,
facultar-se-á uma margem suficiente para o exercício de faculdades discricionárias nas diferentes etapas dos processos e nos
distintos níveis da administração da Justiça da Infância e da Juventude, incluídos os de investigação, processamento,
sentença e das medidas complementares das decisões.
6.2 Procurar-se-á, não obstante, garantir a devida competência em todas as fases e níveis no exercício de quaisquer dessas
faculdades discricionárias.
6.3 Quem exercer tais faculdades deverá estar especialmente preparado ou capacitado para fazê-lo judiciosamente e em
consonância com suas respectivas funções e mandatos.
7. Direitos dos jovens
7.1 Respeitar-se-ão as garantias processuais básicas em todas as etapas do processo, como a presunção de inocência, o
direito de ser informado das acusações, o direito de não responder, o direito à assistência judiciária, o direito à presença dos
pais ou tutores, o direito à confrontação com testemunhas e a interrogá-las e o direito de apelação ante uma autoridade
superior.
8. Proteção da intimidade
8.1 Para evitar que a publicidade indevida ou o processo de difamação prejudiquem os jovens, respeitar-se-á, em todas as
etapas, seu direito à intimidade.
8.2 Em princípio, não se publicará nenhuma informação que possa dar lugar à identificação de um jovem infrator.
9. Cláusula de salvaguarda
9.1 Nenhuma disposição das presentes regras poderá ser interpretada no sentido de excluir os jovens do âmbito da aplicação
das Regras Mínimas Uniformes para o Tratamento dos Prisioneiros, aprovadas pelas Nações Unidas, e de outros instrumentos
e normas relativos ao cuidado e à proteção dos jovens reconhecidos pela comunidade internacional.
SEGUNDA PARTE - lNVESTIGAÇÃO E PROCESSAMENTO
10. Primeiro contato
1O.1 Sempre que um jovem for apreendido, a apreensão será notificada imediatamente a seus pais ou tutor e, quando não for
possível tal notificação imediata, será notificada aos pais ou tutor no mais breve prazo possível.
1O.2 O juiz, funcionário ou organismo competentes examinarão sem demora a possibilidade de pôr o jovem em liberdade.
1O.3 Os contatos entre os órgãos encarregados de fazer cumprir a lei e o jovem infrator serão estabelecidos de modo a que
seja respeitada a sua condição jurídica, promova-se o seu bem-estar e evite-se que sofra dano, resguardando-se devidamente
as circunstâncias do caso.
11. Remissão dos casos
11.1 Examinar-se-á a possibilidade, quando apropriada, de atender os jovens infratores sem recorrer às autoridades
competentes, mencionadas na regra 14.1 adiante, para que os julguem oficialmente.
11. 2 A polícia, o ministério público e outros organismos Que se ocupem de jovens infratores terão a faculdade de arrolar tais
casos sob sua jurisdição, sem necessidade de procedimentos formais, de acordo com critérios estabelecidos com esse
propósito nos respectivos sistemas jurídicos e também em harmonia com os princípios contidos nas presentes regras.
11.3 Toda remissão que signifique encaminhar o jovem a instituições da comunidade ou de outro tipo dependerá do
consentimento dele, de seus pais ou tutores; entretanto, a decisão relativa à remissão do caso será submetida ao exame de
uma autoridade competente, se assim for solicitado.
11.4 Para facilitar a tramitação jurisdicional dos casos de jovens, procurar-se-á proporcionar à comunidade programas tais
como orientação e supervisão temporária, restituição e compensação das vítimas.
12. Especialização policial
12.1 Para melhor desempenho de suas funções, os policiais que tratem freqüentemente ou de maneira exclusiva com jovens
ou que se dediquem fundamentalmente à prevenção da delinqüência de jovens receberão instrução e capacitação especial.
Nas grandes cidades, haverá contingentes especiais de polícia com essa finalidade.
13. Prisão preventiva
13.1 Só se aplicará a prisão preventiva como último recurso e pelo menor prazo possível.
13.2 Sempre que possível, a prisão preventiva será substituída por medidas alternativas, como a estrita supervisão, custódia
intensiva ou colocação junto a uma família ou em lar ou instituição educacional.
13.3 Os jovens que se encontrem em prisão preventiva gozarão de todos os direitos e garantias previstos nas Regras Mínimas
para o Tratamento de Prisioneiros, aprovadas pelas Nações Unidas.
13.4 Os jovens que se encontrem em prisão preventiva estarão separados dos adultos e recolhidos a estabelecimentos
distintos ou em recintos separados nos estabelecimentos onde haja detentos adultos.
13.5 Enquanto se encontrem sob custódia, os jovens receberão cuidados, proteção e toda assistência - social, educacional,
profissional, psicológica, médica e física que requeiram, tendo em conta sua idade, sexo e características individuais.
TERCEIRA PARTE - DECISÃO JUDICIAL E MEDIDAS
14. Autoridade competente para decidir
14.1 Todo jovem infrator, cujo caso não tenha sido objeto de remissão (de acordo com a regra será apresentado à autoridade
competente Juizado, tribunal, junta, conselho etc.), que decidirá de acordo com os princípios de um processo imparcial e justo.
14.2 Os procedimentos favorecerão os interesses do jovem e serão conduzidos numa atmosfera de compreensão, que lhe
permita participar e se expressar livremente.
15. Assistência judiciária e direitos dos pois o tutores
15.1 O jovem terá direito a se fazer representar por um advogado durante todo o processo ou a solicitar assistência judiciária
gratuita, quando prevista nas leis do país.
15.2 Os pais ou tutores terão direito de participar dos procedimentos e a autoridade competente poderá requerer a sua
presença no interesse do jovem. Não obstante, a autoridade competente poderá negar a participação se existirem motivos
para presumir que a exclusão é necessária aos interesses do jovem.
16. Relatórios de investigação social
16.1 Para facilitar a adoção de uma decisão justa por parte da autoridade competente, a menos que se tratem de infrações
leves, antes da decisão definitiva será efetuada uma investigação completa sobre o meio social e as circunstâncias de vida do
jovem e as condições em que se deu a prática da infração.
17. Princípios norteadores da decisão judicial o das medidas
17.1 A decisão da autoridade competente pautar-se-á pelos seguintes princípios:
a) a resposta à infração será sempre proporcional não só às circunstâncias e à gravidade da infração, mas também às
circunstâncias e às necessidades do jovem, assim como às necessidades da sociedade;
b) as restrições à liberdade pessoal do jovem serão impostas somente após estudo cuidadoso e se reduzirão ao mínimo
possível;

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c) não será imposta a privação de liberdade pessoal a não ser que o jovem tenha praticado ato grave, envolvendo violência
contra outra pessoa ou por reincidência no cometimento de outras infrações sérias, e a menos que não haja outra medida
apropriada;
d) o bem-estar do jovem será o fator preponderante no exame dos casos.
17.2 A pena capital não será imposta por qualquer crime cometido por jovens.
17.3 Os jovens não serão submetidos a penas corporais.
17.4 A autoridade competente poderá suspender o processo em qualquer tempo.
18. Pluralidade das medidas aplicáveis
18.1 Uma ampla variedade de medidas deve estar à disposição da autoridade competente, permitindo a flexibilidade e
evitando ao máximo a institucionalização.
Tais medidas, que podem algumas vezes ser aplicadas simultaneamente, incluem:
a) determinações de assistência, orientação e supervisão;
b) liberdade assistida;
c) prestação de serviços à comunidade;
d) multas, indenizações e restituições;
e) determinação de tratamento institucional ou outras formas de tratamento;
f)determinação de participar em sessões de grupo e atividades similares;
g) determinação de colocação em lar substituto, centro de convivência ou outros estabelecimentos educativos;
h) outras determinações pertinentes.
18.2 Nenhum jovem será excluído, total ou parcialmente, da supervisão paterna, a não ser que as circunstâncias do caso o
tornem necessário.
19. Caráter excepcional da institucionalização
19.1 A internação de um jovem em uma instituição será sempre uma medida de último recurso e pelo mais breve período
possível.
20. Prevenção de demoras desnecessárias
20.1 Todos os casos tramitarão, desde o começo, de maneira expedita e sem demoras desnecessárias.
21. Registros
21.1 Os registros de jovens infratores serão de caráter estritamente confidencial e não poderão ser consultados por terceiros.
Só terão acesso aos arquivos as pessoas que participam diretamente da tramitação do caso ou outras pessoas devidamente
autorizadas.
21.2 Os registros dos jovens infratores não serão utilizados em processos de adultos em casos subseqüentes que envolvam o
mesmo infrator.
22. Necessidade de profissionalismo e capacitação
22.1 Serão utilizados a educação profissional, o treinamento em serviço, a reciclagem e outros meios apropriados de instrução
para estabelecer e manter a necessária competência profissional de todo o pessoal que se ocupa dos casos de jovens.
22.2 O quadro de servidores da Justiça da Infância e da Juventude deverá refletir as diversas características dos jovens que
entram em contato com o sistema. Procurar-se-á garantir uma representação eqüitativa de mulheres e minorias nos órgãos da
Justiça da Infância e da Juventude.
QUARTA PARTE - TRATAMENTO EM MEIO ABERTO
23. Execução efetivadas medidas
23.1 Serão adotadas disposições adequadas para o cumprimento das determinações ditadas pela autoridade competente,
mencionadas na regra 14.1, por essa mesma autoridade ou por outra diferente, se as circunstâncias assim o exigirem.
23.2 Tais dispositivos incluirão a faculdade da autoridade competente para modificar periodicamente as determinações
segundo considere adequado, desde que a modificação se paute pelos princípios enunciados nestas regras.
24. Prestação da assistência necessária
24.1 Procurar-se-á proporcionar aos jovens, em todas as etapas dos procedimentos, assistência em termos de alojamento,
ensino e capacitação profissional, emprego ou qualquer outra forma de assistência útil e prática para facilitar o processo de
reabilitação.
25. Mobilização de voluntários e outros serviços comunitários
25.1 Os voluntários, as organizações voluntárias, as instituições locais e outros recursos da comunidade serão chamados a
contribuir eficazmente para a reabilitação do jovem num ambiente comunitário e, tanto quanto possível, na unidade familiar.
QUINTA PARTE - TRATAMENTO INSTITUCIONAL
26. Objetivos do tratamento institucional
26.1 A capacitação e o tratamento dos jovens colocados em instituições têm por objetivo assegurar seu cuidado, proteção,
educação e formação profissional para permitir-lhes que desempenhem um papel construtivo e produtivo na sociedade.
26.2 Os jovens institucionalizados receberão os cuidados, a proteção e toda a assistência necessária social, educacional,
profissional, psicológica, médica e física que requeiram devido à sua idade, sexo e personalidade e no interesse do
desenvolvimento sadio.
26.3 Os jovens institucionalizados serão mantidos separados dos adultos e serão detidos em estabelecimentos separados ou
em partes separadas de um estabelecimento em que estejam detidos adultos.
26.4 A jovem infratora institucionalizada merece especial atenção no que diz respeito às suas necessidades e problemas
pessoais. Em nenhum caso receberá menos cuidado, proteção, assistência, tratamento e capacitação que o jovem do sexo
masculino. Será garantido seu tratamento eqüitativo.
26.5 No interesse e para o bem-estar do jovem institucionalizado, os pais e tutores terão direito de acesso às instituições.
26.6 Será estimulada a cooperação interministerial e interdepartamental para proporcionar adequada formação educacional
ou, se for o caso, profissional ao jovem institucionalizado, para garantir que, ao sair, não esteja em desvantagem no plano da
educação.
27. Aplicação das Regras Mínimas para o Tratamento dos Prisioneiros, aprovadas pelas Nações Unidas
27.1 Em princípio, as Regras Mínimas para o Tratamento dos Prisioneiros e as recomendações conexas serão aplicáveis,
sempre que for pertinente, ao tratamento dos jovens infratores institucionalizados, inclusive os que estiverem em prisão
preventiva.
27.2 Deverão ser feitos esforços para implementar os princípios relevantes das mencionadas Regras Mínimas na maior
medida possível, para satisfazer as necessidades específicas do jovem quanto à sua idade, sexo e personalidade.
28. Uso freqüente e imediato da liberdade condicional
28.1 A liberdade condicional da instituição será utilizada pela autoridade pertinente na maior medida possível e será concedida
o mais cedo possível.
28.2 O jovem liberado condicionalmente de uma instituição será assistido e supervisionado por funcionário designado e
receberá total apoio da comunidade.

14
29. Sistemas semi-institucionais
29.1 Procurar-se-á estabelecer sistemas semi-institucionais, como casas de semiliberdade, lares educativos, centros de
capacitação diurnos e outros sistemas apropriados que possam facilitar a adequada reintegração dos jovens na sociedade.
SEXTA PARTE - PESQUISA, PLANEJAMENTO E FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS E AVALIAÇÃO
30. A Pesquisa mo base do planejamento e da formulação e a avaliação de políticas
30.1 Procurar-se-á organizar e fomentar as pesquisas necessárias como base do efetivo planejamento e formulação de
políticas.
30.2 Procurar-se-á revisar e avaliar periodicamente as tendências, os problemas e as causas da delinqüência e da
criminalidade de jovens, assim como as diversas necessidades particulares do jovem sob custódia.
30.3 Procurar-se-á estabelecer regularmente um mecanismo de avaliação e pesquisa no sistema de administração da Justiça
da Infância e da Juventude, e coletar e analisar os dados e a informação pertinentes com vistas à devida avaliação e ao
aperfeiçoamento do sistema.
30.4 A prestação de serviços na administração da Justiça da Infância e da Juventude será sistematicamente planejada e
executada como parte integrante dos esforços de desenvolvimento nacional. Tradução em português de Maria Josefina
Becker. Estas Regras foram publicadas pela primeira vez, em português, pela FUNABEM em 1988

As regras mínimas das nações Unidas para a administração da Justiça de


menores, ou regras de Beijing, como são comumente mais conhecidas,
foram adotadas pela Assembléia Geral das Nações Unidas na sua
resolução 40/33, de 29 de Novembro de 1985.

Na Assembléia Geral estavam presentes a Declaração Universal dos


Direitos do Homem, a Convenção Internacional sobre os Direitos Civis e
Políticos e a Convenção Internacional sobre os Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais, bem como outros instrumentos internacionais sobre os
Direitos do Homem relativos aos Direitos dos jovens e considerando que o
ano de 1985 foi o ano Ano Internacional da Juventude: Participação,
Desenvolvimento, Paz, e que a comunidade internacional deu grande
importância à proteção e promoção dos Direitos dos jovens, como
testemunha o significado atribuído à Declaração dos Direitos da Criança. A
devida Assembléia considerou uma série de aspectos na implementação
destas regras, quais sejam elas:

a) Reconhece que os jovens, por se encontrarem ainda numa etapa


inicial do desenvolvimento humano, requerem uma atenção e uma
assistência especiais, com vista ao seu desenvolvimento físico, mental e
social, e uma proteção legal em condições de paz, liberdade, dignidade e
segurança.
b) Considera que a legislação, as políticas e as práticas nacionais
vigentes podem precisar ser revistas e modificadas de acordo com as
normas contidas nestas regras.
c) Considera, além disso, que, embora estas normas possam parecer
difíceis de aplicar, nas atuais condições sociais, econômicas, culturais,
15
políticas e jurídicas são, contudo, consideradas como devendo constituir
os objetivos mínimos da política relativa à Justiça de menores.

E decide que:
a) adota as Regras Mínimas para a Administração da Justiça de
Menores recomendadas pelo Sétimo Congresso das Nações Unidas, tal
como figuram no anexo da presente resolução, e aprova a recomendação
do Sétimo Congresso no sentido de que estas regras sejam também
designadas por "Regras de Beijing";
b) Convida os Estados membros a adaptarem, quando necessário, as
suas legislações, políticas e práticas nacionais, em especial no campo de
formação do pessoal da Justiça de menores, às Regras de Beijing, assim
como a dá-las a conhecer às autoridades competentes e ao público em
geral
c) Exorta o Comitê para a Prevenção do Crime e a Luta contra a
Delinqüência a formular medidas que permitam a aplicação efetiva das
Regras de Beijing, com o auxílio dos institutos das Nações Unidas para a
prevenção do crime e o tratamento dos Delinqüentes;
d) Convida os Estados membros a informarem o Secretário-Geral
sobre a aplicação das Regras de Beijing e a comunicarem regularmente ao
Comitê para a Prevenção do Crime e a Luta contra a Delinqüência os
resultados obtidos
e) Pede aos Estados membros e ao Secretário-Geral que
empreendam estudos e organizem uma base de dados sobre as políticas e
práticas eficazes em matéria de administração da Justiça de menores;
f) Pede ao Secretário-Geral que assegure a maior difusão possível do
texto das Regras de Beijing em todas as línguas oficiais da ONU, e que
intensifique a informação no campo da Justiça de menores, e convida os
Estados membros a fazerem o mesmo;
g) Pede ao Secretário-Geral que fomente projetos-pilotos sobre a
aplicação das Regras de Beijing;
h) Incita todos os organismos competentes do sistema das Nações
Unidas em especial as comissões regionais e organismos especializados,
os institutos das Nações Unidas ligados a questões de prevenção do crime

16
e de tratamento dos delinqüentes, assim como as organizações
intergovernamentais e não governamentais, a colaborarem com o
Secretariado e a tomarem as medidas necessárias, dentro do domínio das
respectivas competências técnicas, para conseguir assegurar um esforço
concertado e contínuo, com vista à aplicação dos princípios enunciados
nas Regras de Beijing.

Assim, as orientações fundamentais contidas no artigo primeiro são


orientações básicas de caráter geral referem-se à política social no seu
conjunto e visam promover ao máximo a proteção social dos jovens, para
evitar a necessidade de intervenção do sistema de Justiça de menores e o
prejuízo muitas vezes causado por essa intervenção. Estas medidas de
proteção social dos jovens, antes da passagem à delinqüência, são
absolutamente indispensáveis para evitar a necessidade de aplicação das
presentes regras.

As regras 1.1. a 1.3 sublinham o papel importante que uma política social
construtiva em benefício dos jovens pode desempenhar, designadamente
na prevenção do crime e da delinqüência juvenis. A regra 1.4 define a
Justiça de menores como parte integrante da Justiça social para os jovens,
enquanto a regra 1.6 se refere à necessidade de se aperfeiçoar
constantemente a Justiça de menores, para que esta não se afaste da
evolução de uma política social progressista elaborada em benefício dos
jovens em geral e tendo em mente a necessidade de melhorar
constantemente a qualidade dos serviços competentes.

A regra 1.5 procura ter em consideração as condições existentes nos


Estados membros o que poderia fazer com que a forma de aplicação de
determinadas regras num desses Estados fosse necessariamente diferente
da forma adotada noutros.

As Regras Mínimas estão deliberadamente formuladas de forma a serem


aplicadas em sistemas jurídicos diferentes e, ao mesmo tempo, a fixarem
normas mínimas para o tratamento dos Delinqüentes juvenis, qualquer

17
que seja a definição de jovem e qualquer que seja o sistema que lhes é
aplicado. Estas Regras devem ser sempre aplicadas imparcialmente e sem
qualquer espécie de distinção.

A regra 2.1 sublinha a importância das regras serem aplicadas


imparcialmente e sem qualquer espécie de distinção. Segue a formulação
do princípio 2 da Declaração dos Direitos da Criança. A regra 2.2 define os
termos "menor" e "delito" como componentes da noção de "Delinqüente
juvenil", que constitui o objeto principal das presentes Regras Mínimas.
Note-se que os limites de idade dependem expressamente de cada
sistema jurídico, respeitando assim totalmente os sistemas Econômicos,
sociais, políticos e culturais dos Estados membros. Isto faz com que a
noção de menor se aplique a jovens de idades muito diferentes, que vão
dos 7 aos 18 anos ou mais. Esta disparidade é inevitável, dada a
diversidade dos sistemas jurídicos nacionais e não diminui em nada o
impacto destas Regras Mínimas. A regra 2.3 prevê a necessidade de
legislação nacional específica, destinada a assegurar a melhor aplicação
possível destas Regras Mínimas, tanto no plano jurídico como prático.

A regra 3 alarga a proteção concedida pelas Regras Mínimas para a


Administração da Justiça de Menores:
a) Aos chamados "delitos de status", previstos em vários sistemas
jurídicos nacionais onde a gama de comportamentos considerados como
delitos é maior para os jovens do que para os adultos (por exemplo,
absentismo escolar, indisciplina escolar e familiar, embriaguez pública,
etc.);
b) Às medidas de proteção e auxílio social em favor dos jovens;
c) Ao tratamento dos jovens adultos delinqüentes, segundo o limite de
idade fixado em cada caso.

O alargamento das regras a estes três domínios parece justificar-se. A


regra 3.1 prevê garantias mínimas nestes domínios e a regra 3.2. é
considerada como um passo desejável no sentido de uma Justiça penal

18
mais justa, mais equitativa e mais humana para todos os menores que
entram em conflito com a lei.

A idade mínima e os efeitos de responsabilidade penal variam muito


segundo as épocas e as culturas. A atitude moderna consiste em
perguntar se uma criança pode suportar as conseqüências morais e
psicológicas da responsabilidade penal; isto é, se uma criança, dada a sua
capacidade de discernimento e de compreensão, pode ser considerada
responsável por um comportamento essencialmente anti-social. Se a
idade da responsabilidade penal for fixada a nível demasiado baixo ou se
não existir um limite mínimo, a noção de responsabilidade deixará de ter
qualquer sentido. Em geral, existe uma estreita ligação entre a noção de
responsabilidade por um comportamento delituoso ou criminal e outros
direitos e responsabilidades sociais (tais como o estado de casado, a
maioridade civil, etc.). Será, pois, necessário encontrar um limite de idade
razoável, que seja internacionalmente aplicável.

A regra 5 diz respeito a dois dos objetivos mais importantes da Justiça de


menores. O primeiro é a promoção do bem-estar do menor. Este é o
principal objetivo dos sistemas jurídicos onde os casos dos delinqüentes
juvenis são examinados pelos tribunais de família ou pelas autoridades
administrativas, mas também os sistemas jurídicos que seguem o modelo
do tribunal penal deverão promover o bem-estar dos menores,
contribuindo assim para evitar sanções meramente punitivas.

O segundo objetivo é o "princípio da proporcionalidade". Este princípio é


bem conhecido como um instrumento que serve para moderar as sanções
punitivas, relacionando-as geralmente com a gravidade do crime. Em
relação aos delinqüentes juvenis deve ter-se em conta não só a gravidade
da infração, mas também as circunstâncias pessoais. As circunstâncias
individuais do Delinqüente (tais como a condição social, a situação
familiar, o dano causado pela infração ou outros fatores em que
intervenham circunstâncias pessoais) devem influenciar a
proporcionalidade da decisão (por exemplo, tendo em conta o esforço do

19
Delinqüente para indenizar a vítima ou o seu desejo de encetar uma vida
sã e útil).

Do mesmo modo, as decisões que visam assegurar a proteção do


Delinqüente juvenil podem ir mais longe do que o necessário e infringir
assim os seus direitos fundamentais, como aconteceu em alguns sistemas
de Justiça de menores.

Também aqui é necessário salvaguardar a proporcionalidade da decisão


em relação às circunstâncias específicas do Delinqüente, da infração,
assim como da vítima.

As regras 6.1, 6.2 e 6.3 tratam de vários aspectos importantes para a


administração de uma justiça de menores eficaz, justa e humana: a
necessidade, de se permitir o exercício do poder discricionário em todas
as fases importantes do processo para que as pessoas que tomam
decisões possam adotar as medidas consideradas mais apropriadas em
cada caso; e a necessidade de prever medidas de controlo e equilíbrios
que limitem o abuso do poder discricionário e protejam os direitos do
jovem Delinqüente. A responsabilidade e o profissionalismo são
considerados como as qualidades mais necessárias para moderar um
poder discricionário demasiado amplo. Assim, as qualificações
profissionais e a formação especializada são aqui apresentadas como
meios de assegurar o exercício judicioso do poder discricionário nos
assuntos relativos aos jovens delinqüentes. A formulação de diretrizes
específicas sobre o exercício do poder discricionário e a criação de um
sistema de revisão, de recurso, etc. que permitam o exame das decisões e
que assegurem que aqueles que as tomam têm o sentido da sua
responsabilidade, são sublinhadas neste contexto. Tais mecanismos não
são aqui especificados, uma vez que não se prestam facilmente à inclusão
num conjunto de Regras Mínimas internacionais, que não pode,
obviamente, abranger todas as diferenças que existem nos sistemas de
Justiça.

20
A regra 7.1 sublinha alguns pontos importantes que apresentam os
elementos essenciais de um julgamento equitativo e que são
internacionalmente reconhecidos nos instrumentos existentes dos direitos
do homem.

A regra 10 está contida, em princípio, na regra 92 das Regras Mínimas


para o Tratamento de Reclusos. A questão da libertação (regra 10.2.) deve
ser examinada sem delongas pelo juiz ou qualquer outro funcionário
competente. Este último termo refere-se a qualquer pessoa ou instituição,
no sentido mais lato do termo, incluindo os conselhos comunitários ou
autoridades policiais com competência para libertarem as pessoas
detidas. A regra 10.3 trata de aspectos fundamentais relativos aos
processos e ao comportamento dos polícias ou outros agentes dos
organismos encarregados de fazer cumprir a lei nos casos de delinqüência
juvenil. A expressão "evitar prejudicá-lo" é, sem dúvida, vaga e cobre
muitos aspectos possíveis de interação (palavras, violência física, riscos
devidos ao meio). Como o próprio envolvimento num processo de Justiça
de menores pode em si ser "nocivo" para os jovens, a expressão "evitar
prejudicá-lo" deve ser compreendida como significando, antes de mais, a
redução ao mínimo do dano infligido aos menores e o evitar qualquer
prejuízo suplementar ou indevido. Isto é especialmente importante no
primeiro contato com os organismos encarregados de fazer cumprir a lei,
porque esse contato pode influenciar profundamente a atitude do menor
em relação ao Estado e à sociedade. Além disso, o sucesso de qualquer
outra intervenção depende destes primeiros contatos. A benevolência e a
firmeza são essenciais em tais situações.

O recurso a meios extrajudiciais, que permite evitar um processo penal e


implica, muitas vezes, o encaminhamento para os serviços comunitários é
comumente aplicado, de forma oficial e oficiosa, em sistemas jurídicos.
Esta prática permite evitar as conseqüências negativas de um processo
normal na administração da Justiça de menores (por exemplo, o estigma
de uma condenação e de um julgamento). Em muitos casos, a não
intervenção seria a melhor solução. Assim, o recurso a meios

21
extrajudiciais desde o começo, sem encaminhamento para serviços
(sociais) alternativos, pode constituir a melhor resposta. É, assim,
sobretudo quando o delito não é de natureza grave e quando a família, a
escola ou outras instituições de controlo social informal já reagiram, ou
estão em vias de reagir, de modo adequado e construtivo.

Tal como é apontado na regra 11.2, o recurso a meios extrajudiciais pode


dar-se em qualquer fase da tomada de decisão - pela polícia, pelo
Ministério Público ou outras instituições, tais como tribunais, comissões ou
conselhos. Pode ser exercido por uma ou várias destas instâncias ou por
todas, segundo as regras e políticas nos diferentes sistemas e de acordo
com o espírito das presentes regras. O recurso a meios extrajudiciais é um
instrumento importante, que não deve ser necessariamente limitado a
casos de menor gravidade.

A regra 11.3 sublinha a necessidade de se assegurar o consentimento do


delinqüente juvenil (ou dos seus pais ou tutor) às medidas extrajudiciais
recomendadas. (O recurso a serviços comunitários sem este
consentimento violaria a Convenção sobre a Abolição dos Trabalhos
Forçados). Contudo, esse consentimento não deve ser irreversível, porque
muitas vezes, pode ser dado pelo menor, em desespero de causa. A regra
sublinha a necessidade de se minimizarem as possibilidades de coação e
de intimidação a todos os níveis do processo de recurso a meios
extrajudiciais. Os menores não se devem sentir pressionados (por
exemplo, para evitarem comparecer perante o tribunal) ou coagidos a dar
o seu consentimento. Assim, recomenda-se a tomada de medidas que
permitam uma avaliação objetiva da conveniência da intervenção, em
relação aos jovens Delinqüentes, de uma "autoridade competente, se isso
for solicitado". (A autoridade competente pode ser diferente da referida na
regra 14).

A regra 11.4 recomenda que se prevejam alternativas viáveis para


substituir o processo normal da Justiça de menores, na forma de
programas de tipo comunitário; recomenda-se, em especial, os que

22
prevêem a restituição de bens às vítimas ou que permitem evitar que os
menores entrem, de futuro, em conflito com a lei, graças a uma vigilância
e orientação temporárias. São as circunstâncias especiais de cada caso
que justificam o recurso a meios extrajudiciais, mesmo quando foram
cometidas infrações mais graves (primeira infração, ato cometido sob
pressão de companheiros do menor, etc.)

4. Sinase – Sistema nacional de Atendimento Sócioeducativo

O Sinase foi apresentado em comemoração aos 16 anos da publicação do


Estatuto da Criança e do Adolescente, cabendo à Secretaria Especial de
Direitos Humanos da Presidência da Republica e o Conselho Nacional de
Direitos da Criança e do Adolescente apresentarem o Sistema Nacional
de Atendimento Socioeducativo - SINASE, fruto de uma construção
coletiva que envolveu nos últimos anos diversas áreas de governo,
representantes de entidades e especialistas na área, além de uma serie
de debates protagonizados por operadores do Sistema de Garantia de
Direitos em encontros regionais que cobriram todo o País.

O processo democrático e estratégico de construção do SINASE


concentrou-se especialmente num tema que tem mobilizado a opinião
pública, a mídia e diversos segmentos da sociedade brasileira: o que deve
ser feito no enfrentamento de situações de violência que envolvem
adolescentes enquanto autores de ato infracional ou vitimas de violação
de direitos no cumprimento de medidas socioeducativas. Por sua natureza
reconhecidamente complexa e desafiadora, alem da tamanha polemica
que o envolve, nada melhor do que um exame cuidadoso das alternativas
necessárias para a abordagem de tal tema sob distintas perspectivas, tal
como feito de forma tão competente na formulação da proposta que foi
apresentada.

Por outro lado, a necessidade de intensa articulação dos distintos níveis de


governo e da co-responsabilidade da família, da sociedade e do Estado
demanda a construção de um amplo pacto social em torno dessa coisa
publica denominada SINASE.
23
A Constituição federal de 1988, certamente, e a que mais se aproxima da
definição clássica de Republica – res publica: coisa publica, o que é
pertencente à comunidade. Essa compreensão respaldou-se em diversos
dispositivos da nossa Magna Carta que preceituam a soberania popular
pelo voto e a participação da população na formulação das políticas e no
controle das ações em todos os níveis. Como se pode facilmente inferir, o
Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído menos de 02 anos apos o
advento da nossa vigente Lei Maior, foi impregnado por esta opção
constitucional: vide, por exemplo, o processo de composição paritária dos
Conselhos de Direitos, assim como a eleição para representação da
sociedade nestes Conselhos, que são espaços de natureza deliberativa, e
também quanto aqueles que tem a nobre, difícil e estratégica missão de
fiscalizar a aplicação da doutrina da Proteção Integral: os Conselhos
Tutelares.

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda,


responsável por deliberar sobre a política de atenção a infância e a
adolescência, pautado sempre no principio da democracia participativa,
tem buscado cumprir seu papel normatiza dor e articulador, ampliando os
debates e sua agenda para envolver efetiva e diretamente os demais
atores do Sistema de Garantia dos Direitos.

Tendo como premissa básica a necessidade de se constituir parâmetros


mais objetivos e procedimentos mais justos que evitem ou limitem a
discricionariedade, o SINASE reafirma a diretriz do Estatuto sobre a
natureza pedagógica da medida socioeducativa. Para tanto, este sistema
tem como plataforma inspiradora os acordos internacionais sob direitos
humanos dos quais o Brasil e signatário, em especial na área dos direitos
da criança e do adolescente.

Igualmente, priorizou-se as medidas em meio aberto (prestação de serviço


a comunidade e liberdade assistida) em detrimento das restritivas de
liberdade (semi-liberdade e internação em estabelecimento educacional,

24
haja vista que estas somente devem ser aplicadas em caráter de
excepcionalidade e brevidade. Trata-se de estratégia que busca reverter a
tendência crescente de internação dos adolescentes bem como confrontar
a sua eficácia invertida, uma vez que se tem constatado que a elevação
do rigor das medidas não tem melhorado substancialmente a inclusão
social dos egressos do sistema socioeducativo.

De um lado, priorizou-se a municipalização dos programas de meio aberto,


mediante a articulação de políticas intersetoriais em nível local, e a
constituição de redes de apoio nas comunidades, e, por outro lado, a
regionalização dos programas de privação de liberdade a fim de garantir o
direito a convivência familiar e comunitária dos adolescentes internos,
bem como as especificidades culturais.

O SINASE, enquanto sistema integrado, articula os três níveis de governo


para o desenvolvimento desses programas de atendimento, considerando
a intersetorialidade e a co-responsabilidade da família, comunidade e
Estado. Esse mesmo sistema estabelece ainda as competências e
responsabilidades dos conselhos de direitos da criança e do adolescente,
que devem sempre fundamentar suas decisões em diagnósticos e em
dialogo direto com os demais integrantes do Sistema de Garantia de
Direitos, tais como o Poder Judiciário e o Ministério Publico.

Com a formulação de tais diretrizes e com o compromisso partilhado a


república certamente poderá avançar na garantia dessa ABSOLUTA
PRIORIDADE da nação brasileira: a criança e o adolescente. Em especial,
criam-se as condições possíveis para que o adolescente em conflito com a
lei deixe de ser considerado um problema para ser compreendido como
uma prioridade social em nosso país.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído pela Lei no 8.069,


de 13 de julho de 1990, contrapõe-se historicamente a um passado de
controle e de exclusão social sustentado na Doutrina da Proteção Integral,
o ECA expressa direitos da população infanto-juvenil brasileira, pois afirma

25
o valor intrínseco da criança e do adolescente como ser humano, a
necessidade de especial respeito a sua condição de pessoa em
desenvolvimento, o valor prospectivo da infância e adolescência como
portadora de continuidade do seu povo e o reconhecimento da sua
situação de vulnerabilidade, o que torna as crianças e adolescentes
merecedoras de proteção integral por parte da família, da sociedade e do
Estado; devendo este atuar mediante políticas publicas e sociais na
promoção e defesa de seus direitos.

A adoção dessa doutrina em substituição ao velho paradigma da situação


irregular (Código de Menores – Lei no 6.697, de 10 de outubro de 1979),
acarretou mudanças de referenciais e paradigmas com reflexos inclusive
no trato da questão infracional. No plano legal, essa substituição
representou uma opção pela inclusão social do adolescente em conflito
com a lei e não mais um mero objeto de intervenção, como era no
passado. Muito embora o ECA apresente significativas mudanças e
conquistas em relação ao conteúdo, ao método e a gestão, essas ainda
estão no plano jurídico e politico-conceitual, não chegando efetivamente
aos seus destinatários.

Visando concretizar os avanços contidos na legislação e contribuir para a


efetiva cidadania dos adolescentes em conflito com a lei, o Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA),
responsável por deliberar sobre a política de atenção a infância e
adolescência – pautado no principio da democracia participativa – tem
buscado cumprir seu papel normatiza dor e articulador, ampliando os
debates e sua agenda com os demais atores do Sistema de Garantia dos
Direitos A implementação do SINASE objetiva primordialmente o
desenvolvimento de uma ação socioeducativa sustentada nos princípios
dos direitos humanos. Persegue, ainda, a idéia dos alinhamentos
conceitual, estratégico e operacional, estruturado, principalmente, em
bases éticas e pedagógicas. A mudança de paradigma e a consolidação do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ampliaram o compromisso e a
responsabilidade do Estado e da Sociedade Civil por soluções eficientes,

26
eficazes e efetivas para o sistema socioeducativo e asseguram aos
adolescentes que inflacionaram oportunidade de desenvolvimento e uma
autentica experiência de reconstrução de seu projeto de vida. Dessa
forma, esses direitos estabelecidos em lei devem repercutir diretamente
na materialização de políticas publicas e sociais que incluam o
adolescente em conflito com a lei.

Para elaboração e aplicação do Sinase, foram levados em consideração


alguns índices, tais como: Brasil possui 25 milhões de adolescentes na
faixa de 12 e 18 anos, o que representa, aproximadamente, 15% da
população. Em um país repleto de contradições e marcado por uma
intensa desigualdade social, reflexo da concentração de renda, tendo em
vista que 1% da população rica de tem 13,5% da renda nacional, contra os
50% mais pobres, que de tem 14,4% desta (IBGE, 2004).

Essa desigualdade social, constatada nos indicadores sociais, traz


conseqüências diretas nas condições de vida da população infanto-juvenil.

Quando é feito o recorte racial as disparidades tornam-se mais profundas,


verificando-se que não há igualdade de acesso aos direitos fundamentais.
A população negra em geral, e suas crianças e adolescentes em particular,
apresentam um quadro socioeconômico e educacional mais desfavorável
que a população branca. Do total de pessoas que vivem em domicílios
com renda per capita inferior a meio salário mínimo somente 20,5%
representam os brancos, contra 44,1% dos negros (IPEA, 2005). Ha maior
pobreza nas famílias dos adolescentes não brancos do que nas famílias
em que vivem adolescentes brancos, ou seja, cerca de 20% dos
adolescentes brancos vivem em famílias cujo rendimento mensal e de até
dois salários mínimos, enquanto que a proporção correspondente de
adolescentes não brancos e de 39,8%. A taxa de analfabetismo entre os
negros e de 12,9% nas áreas urbanas, contra 5,7% entre os brancos (IPEA,
2005). Ao analisar as razoes de equidade no Brasil, verifica-se que os
adolescentes entre 12 e 17 anos da raça/etnia negra possuem 3,23 vezes
mais possibilidades de não serem alfabetizados do que os brancos

27
(UNICEF, 2004). E mais: segundo o IBGE (2003), 60% dos adolescentes
brasileiros da raça/etnia branca já haviam concluído o ensino médio,
contra apenas 36,3% de afro-descendentes (negros e pardos). Há também
diferenças superiores entre a raça/etnia branca e a raça/etnia negra
quando se verifica a relação entre a média de anos de estudo e o
rendimento mensal em salário mínimo. A raça/etnia branca possui média
de estudo de oito anos e o rendimento médio em salário mínimo de 4,50,
contra a média de 5,7 anos de estudo com rendimento médio em salário
mínimo de 2,20 da raça/etnia negra (IPEA, 2002).

Quanto à escolarização dos adolescentes e jovens brasileiros, a realidade


apresenta dados significativos. Muito embora 92% da população de 12 a
17 anos estejam matriculadas, 5,4% ainda são analfabetos. Na faixa etária
de 15 a 17 anos, 80% dos adolescentes freqüentam a escola, mas
somente 40% estão no nível adequado para sua faixa etária, e somente
11% dos adolescentes entre 14 e 15 anos concluíram o ensino
fundamental. Na faixa de 15 e 19 anos, diferentemente da faixa etária dos
7 a 14 anos, a escolarização diminui à medida que aumenta a idade.
Segundo Waiselfisz (2004), a escolarização bruta de jovens de 15 a 17
anos e de 81,1%, caindo significativamente para 51,4% quando a faixa
etária de referencia e de 18 a 19 anos.

Nesse contexto de desigualdade social, a mortalidade juvenil também e


aspecto a ser considerado, tendo em vista que a proporção de mortes por
homicídios na população jovem e muito superior a da população não
jovem.

Segundo Waiselfisz (2004), a morte por causas externas na população


jovem e de 72%, e destas 39,9% referem-se a homicídios praticados
contra a população jovem. Já em relação a população não jovem, a taxa
de óbitos e de 9,8%, e destes os homicídios representam apenas 3,3%.

A realidade dos adolescentes em conflito com a lei não e diferente dos


dados ora apresentados. Estes também têm sido submetidos a situações

28
de vulnerabilidade, o que demanda o desenvolvimento de política de
atendimento integrada com as diferentes políticas e sistemas dentro de
uma rede integrada de atendimento, e, sobretudo, dar efetividade ao
Sistema de Garantia de Direitos.

O Levantamento estatístico da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da


Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos
(Murad, 2004) identificou que existiam no Brasil cerca de 39.578
adolescentes no sistema socioeducativo. Este quantitativo representava
0,2% do total de adolescentes na idade de 12 a 18 anos existentes no
Brasil. Ainda em relação e este levantamento estatístico, 70, ou seja,
27.763 do total de adolescentes no sistema socioeducativo se
encontravam em cumprimento de medidas socioeducativas em meio
aberto (liberdade assistida e prestação de serviço a comunidade).

O Sinase pretende mudar a realidade de longa tradição assistencial-


repressiva no âmbito do atendimento a criança e ao adolescente,
principalmente para aqueles em conflito com a lei.

5. Medidas Socioeducativas

O titulo III do ECA a partir do seu artigo 103, trata da pratica dos atos
infracionais pelos menores infratores. Existem basicamente dois conceitos
para crime: o primeiro como fato típico e antijurídico e o segundo,
atualmente predominante, onde é considerado como fato típico,
antijurídico e culpável. Preferimos o primeiro conceito, sendo nitidamente
aplicável à lei menorista. A criança e o adolescente podem vir a cometer
crime, mas não preenchem o requisito da culpabilidade, pressuposto de
aplicação da pena. Aplica-se ao mesmo, a presunção absoluta da
incapacidade de entender e determinar-se, adotando o critério biológico.
Isso porque a imputabilidade penal inicia-se somente aos 18 anos, ficando
o adolescente que cometa a infração penal sujeito à aplicação de medida
socioeducativa por meio de sindicância. Dessa forma, a conduta delituosa

29
da criança e do adolescente é denominada tecnicamente de ato
infracional, abrangendo tanto o crime como a contravenção.

Conforme acórdãos proferidos pelo STF, e que se encontram no presente


trabalho, aplica-se o principio da especialidade, ou seja, como existe
Legislação especial sobre o assunto, aplica-se o Estatuto da Criança do
Adolescente, e não o Código Penal.

As medidas socioeducativas estão previstas nos artigos 112 e seguintes


da Lei 8.069/90, o Estatuto da Criança e do Adolescente.

O artigo mencionado reproduz as medidas cabíveis que encontram certa


semelhança com as aplicadas na esfera penal: advertência, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviços, liberdade assistida, regime de
semiliberdade, internação e ainda medidas de proteção. Trata-se de um
rol taxativo, aplicando-se no caso o principio da legalidade, admitindo-se
sanção previamente estabelecida por lei.

Ressalte-se que a prestação de trabalho forçado é vedada por lei,


obedecendo a mandamento constitucional (artigo 5º, XLVII c da CF).

A execução da medida socioeducativa não encontrou disciplina no ECA.


Em razão disso, procurou-se utilizar os parâmetros processuais penais
com a utilização da Lei de Execução Penal (numero 7210/84), com
algumas observações. A execução da medida socioeducativa é um
prolongamento da atuação do juiz, exercendo como no processo penal, a
atividade jurisdicional. As garantias do artigo 110 e 111 são mantidas na
fase de execução. Não há regra de efeito suspensivo nos recursos
menoristas, havendo verdadeira execução provisória no processo-crime do
réu preso, embora o artigo 1º do Provimento 554/96 fale em trânsito em
julgado.

Nos artigos 115 e seguintes, o ECA disciplina cada uma das medidas
socioeducativas. Deve-se salientar que no caso de internação, obedece-se

30
ao Principio da excepcionalidade, conforme Jurisprudência da TJSP – C. Esp
– AP 22716-0 – Rel. Yussef Cahali – j. 2-3-95 que diz que “A internação
somente deve ser admitida em casos excepcionais, quando baldados
todos os esforços à reeducação do adolescente, mediante outras medidas
socioeducativas”.
.

6. Comparativo com os procedimentos adotados em outros países

Em outros países se admite a maioridade penal abaixo dos 18 anos. Aqui


listamos alguns deles: França (13 anos), Espanha (16 anos), Itália (14
anos), Alemanha (14 anos) , Suíça (15 anos) , Portugal (16 anos),
Nicarágua (10 anos), Paraguai (15 anos), Venezuela (12 anos), Chile (16
anos), Cuba (12 anos) e Honduras (12 anos).

Em outros países a idade mínima para a responsabilidade criminal é


variável, sendo de 07 anos na Austrália, Egito, Kuwait, Suíça e Trinidad e
Tobago; 08 anos na Líbia; 09 anos no Iraque; 10 anos na Malásia; 12 anos
no Equador, Israel e Líbano; 13 na Espanha, 14 na Armênia, Áustria, China,
Alemanha, Itália, Japão e Coréia do Sul; 15 na Dinamarca, Finlândia e
Noruega; 16 anos na Argentina, Chile e Cuba; 17 anos na Polônia e 18 na
Colômbia e em Luxemburgo.

Oportuno fazer referência à opinião do insuspeito e saudoso Miguel Reale:


“Tendo o agente ciência de sua impunidade, está dando justo motivo à
imperiosa mudança na idade limite da imputabilidade penal, que deve
efetivamente começar aos dezesseis anos, inclusive, devido à precocidade
da consciência delitual resultante dos acelerados processos de
comunicação que caracterizam nosso tempo.”

Na mesma linha é o pensamento de Leon Frejda Szklarowski , no seu


excelente artigo "O menor delinqüente" "...não se justifica que o menor de
dezoito anos e maior de quatorze anos possa cometer os delitos mais

31
hediondos e graves, nada lhe acontecendo senão a simples sujeição às
normas da legislação especial. Vale dizer: “punição zero”.

É de se mencionar, também, que a maioria dos juízes brasileiros é a favor


da redução da maioridade penal, conforme aponta pesquisa realizada em
2006 pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). Nessa pesquisa,
realizada com quase três mil juízes de todo o país, 38,2% mostraram-se
totalmente favoráveis à redução da menoridade penal; 22,8% disseram-se
apenas favoráveis, 2,3% indiferentes, 21,1% contrários e apenas 14,5%
totalmente contrários.

O Código Penal Tipo para a América Latina preconiza a responsabilidade


penal aos 14 anos .

Os Estados Unidos da América possui legislação diferenciada em cada um


dos seus 50 estados americanos. Em alguns deles, é permitido a pena
capital de morte para menores de 18 anos.

Na Arábia Saudita também é permitida e execução sumária de menores.

7. Correntes favoráveis e contrarias ao rebaixamento da


maioridade penal

Para Miguel Reale Júnior, “há no Brasil cerca de 20 milhões de menores


entre 12 e 17 anos. Destes, 22 mil estão submetidos às medidas
socioeducativas. A maior parte dos atos infracionais, sustentou Reale
Júnior, são praticados por adolescente de 16 e 17 anos. Isso, no entanto,
não significaria que existia uma avalanche de atos infracionais praticados
por menores em comparação com os praticados pelos adultos. Devemos
desfazer o mito de que existe um aumento (da criminalidade infanto-
juvenil), lembrando que, pelo último senso penitenciário, haveria no Brasil
85 pessoas encarceradas para cada 100 mil habitantes”. Para ele, a
resposta para a redução da criminalidade infanto-juvenil não está na
mudança da Lei e sim na efetiva implementação do Estatuto da Criança e

32
do Adolescente - ECA. “A falta de aplicação do Estatuto gera uma
reincidência que beira os 40%” concluiu o professor Miguel Reale Júnior.

Para outros, se faz um comparativo com outros países. Opinião manifesta


de Puggina sobre o assunto que trata que em toda a Europa, por exemplo,
a maioria das legislações prevê o ingresso em possibilidade de internação
do adolescente a partir dos 14 anos, enquanto no Brasil a partir dos 12
anos, e a entrada no sistema adulto a partir dos 18 anos, quase na sua
totalidade. Já na América Latina, na imensa maioria a mesma coisa
acontece. Porém, talvez queiramos "avançar" nesta questão, como alguns
pensam que a redução da maioridade seria, e nos igualar a alguns dos
únicos países que permitem a responsabilidade penal antes dos 18 anos,
como a Bolívia, aos 16 anos de idade, ou o Paraguai, aos 17 anos. Ou seja,
isto mostra, claramente, que todos os países, depois de muitos estudos e
discussões, nos trouxeram a idade razoável de 18 anos. Ir contra isto seria
um imenso retrocesso. Como diz o jurista Leoberto Brancher, "o sistema
socioeducativo deveria servir de modelo ao sistema penal adulto, e não o
contrário".

Tratando da questão cientificamente, ele questiona: o que aconteceria se


colocássemos jovens que estão internados em um sistema que tem a
reincidência em um patamar de 30%, em um sistema adulto, com taxas
de reincidência de 80%, 90%? Será que isso resolve a questão, ou piorará
a segurança pública do nosso país? Será que não deveria ocorrer o
inverso?

8. Projetos em Tramitação no Congresso Nacional sobre a


redução da maioridade penal

Corre na Câmara do Deputados Projeto de Emenda Constitucional numero


150 datada de 1999 sobre o redução da maioridade penal.

Proposição: PEC-150/1999 -> Íntegra digitalizada

Autor: Marçal Filho - PMDB /MS

33
Data de Apresentação: 10/11/1999

Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário

Matérias sujeitas a normas especiais: Especial

Apensado(a) ao(a): PEC-171/1993

Situação: CCJC: Tramitando em Conjunto.

Ementa: Dá nova redação ao art. 228 da Constituição Federal.

Explicação da Ementa: Dispõe sobre a imputabilidade penal do maior de dezesseis anos.


Altera a Constituição Federal de 1988.

Indexação: Alteração, Constituição Federal, redução, limite de idade, declaração,


inimputabilidade penal, menor, adolescente.

Despacho:
8/12/1999 - APENSE-SE À PEC. 171/93.

34
Tal PEC foi apensada à PEC 171/93 do Sr Benedito Domingos (PP-DF) com
a mesma redação, e que se encontra com o seguinte status:

Data de Apresentação: 19/08/1993

Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário

Matérias sujeitas a normas especiais: Especial

Situação: CCJC: Pronta para Pauta.


35
Ementa: Altera a redação do art. 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior
de dezesseis anos).

Explicação da Ementa: Altera a Constituição Federal de 1988.

Indexação: Alteração, Constituição Federal, redução, limite de idade, inimputabilidade penal,


menor, adolescente.

Despacho:
30/10/1997 - DEFERIDO REQUERIMENTO DO DEP JOSE LUIZ CLEROT, NOS
TERMOS DO ARTIGO 142 DO RI, SOLICITANDO A APENSAÇÃO DA PEC 91/95 A
ESTA. DCD 31 10 97 PAG 34734 COL 02.

A seguir amplo debate realizado na Comissão de Constituição de Justiça e


Cidadania se a redução da maioridade penal viola uma cláusula pétrea da
Constituição Federal. Salienta-se que não podem ser mérito de Emendas
Constitucionais aquelas que violem as cláusulas pétreas garantidas pela
Suprema Constituição do nosso país.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA


PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO N°. 171, DE 1993 (Em apenso as PEC(s) n°s 37,
de 1995; 91, de 1995; 301, de 1996; 531, de 1997; 68, de 1999; 133, de 1999; 150, de
1999; 167, de 1999; 169, de 1999; 633, de 1999; 260, de 2000; 321, de 2001; 377, de
2001; 582, de 2002; 64, de 2003; 179, de 2003; 272, de 2004; 302, de 2004; 345, de
2004; 489, de 2005; 48, de 2007; 73, de 2007; 85, de 2007; 87, de 2007 e 125, de 2007)
Altera a redação do art. 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de dezesseis
anos).
AUTORES: Deputado BENEDITO DOMINGOS e outros
RELATOR: Deputado MARCELO ITAGIBA
I - RELATÓRIO
A Proposta de Emenda à Constituição n° 171, de 1993 , apresentada pelo nobre Deputado Benedito
Domingos e outros 178 (cento e setenta e oito) parlamentares, tem por objetivo modificar o art.
228 do Texto Constitucional, com o fim de reduzir, de dezoito para dezesseis anos, a idade mínima
ali prevista para aquisição da maioridade penal.
A longa justificativa que acompanha a proposta, ressalta, logo no seu início, que "a conceituação
da inimputabilidade penal no direito brasileiro, tem como fundamento básico a presunção legal de
menoridade e seus efeitos, na fixação da capacidade para entendimento do ato delituoso".
Salienta, também, o maior desenvolvimento mental verificado nos jovens da atualidade em
comparação à época da edição do Código Penal. O acesso à informação, a liberdade de imprensa, a
ausência de censura prévia, a liberação sexual, dentre outros fatores aumentaram o discernimento
dos jovens para compreender o caráter de licitude ou ilicitude dos atos que praticam, sendo
razoável, segundo a linha de argumentação ali desenvolvida, que possam ser
responsabilizados por eles. Observa-se, que a justificativa que data de 19 de agosto de 1993, já
registrava, como fato preocupante, o crescente aumento do número de crimes praticados por
menores de 18 anos.
Apensadas à de nº 171/93 estão outras vinte e quatro propostas de emenda constitucional com o
mesmo objetivo, que, dentre diversas opções normativas projetadas, distinguimos a de nº 260/00,
que propõe seja fixada em dezessete anos o início da maioridade penal; as de nºs 169/99 e 242/04,
que propõem sua fixação aos quatorze anos; e a de nº. 321/01, que pretende remeter a matéria à
lei ordinária retirando do texto constitucional a fixação da maioridade penal.
A proposta de emenda a Constituição principal tramita nesta Casa há aproximadamente 14
(quatorze) anos. Nesta Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), foi relatada pelo
então Deputado José Luiz Clerot e pelo Deputado Inaldo Leitão; o primeiro concluiu pela sua
inadmissibilidade, e o segundo, pela sua admissibilidade. Todavia, ambos os pareceres não
chegaram a ser apreciados por esta Comissão.
Registramos, também, que as PEC's em exame foram redistribuídas, em 2001, ao nobre Deputado
Osmar Serraglio, que fez um esclarecedor estudo sobre a matéria, que em muito nos auxiliou na
feitura do presente parecer. Tendo em vista a complexidade do tema - maioridade penal - em
1999, o então Presidente desta Comissão, Deputado José Carlos Aleluia, determinou a realização de
duas audiências públicas visando ao debate de idéias, não só entre os membros da Comissão, mas
também entre a sociedade civil organizada e representantes do Governo da área infanto-juvenil.

36
Sobre as audiências públicas é importante trazer à colação trechos do parecer apresentado pelo
ilustre Deputado Inaldo Leitão sobre estes eventos:
DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
A primeira audiência pública foi realizada no dia 10 de novembro de 1999, tendo como convidados
o jurista Miguel Reale Júnior, arepresentante da UNICEF Arabela Rota, o desembargador Alyrio
Cavallieri, a Secretária Nacional de Justiça Elizabeth Sussekind, o representante da OAB Nabor
Bulhões, o Secretário de Justiça do Estado de Minas Gerais Luiz Tadeu Leite, o ex-Ministro e Prefeito
da cidade de Pato Branco Alceni Guerra e o representante da ABROMQ, Deputado Emerson Kapaz.
Todas as manifestações feitas pelos palestrantes, sem exceção, foram no sentido de se rejeitar a
matéria. Isto quanto ao mérito. O argumento central: o falido sistema penitenciário nacional,
brutalizador, desumano e incapaz de ressocializar o apenado. Citando dados do Ministério da
Justiça, o jurista Miguel Reale Júnior lembrou que há no Brasil cerca de 20 milhões de menores
entre 12 e 17 anos. Destes, 22 mil estão submetidos as medidas sócio-educativas. A maior parte
dos atos infracionais, sustentou Reale Júnior, são praticados por adolescente de 16 e 17 anos. Isso,
no entanto, não significaria que existia uma avalanche de atos infracionais praticados por menores
em comparação com os praticados pelos adultos.
"Devemos desfazer o mito de que existe um aumento (da criminalidade infanto-juvenil)", ressaltou
Reale Júnior, lembrando que, pelo último senso penitenciário, haveria no Brasil 85 pessoas
encarceradas para cada 100 mil habitantes. Para o palestrante, a resposta para a redução da
criminalidade infanto juvenil não está na mudança da Lei. e sim na efetiva implementação do
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. "A falta de aplicação do Estatuto gera uma
reincidência que beira os 40%": concluiu o professor Miguel Reale Júnior.
Quanto a existência de óbice para a alteração do texto do art. 228 da Constituição Federal -
considerada por uma corrente de juristas como clausula pétrea - o palestrante assinalou, verbis:
"Concordo integralmente com a tese de que os direitos e garantias individuais não se limitam
àqueles que estão estabelecidos no art. 5º. Lembro, por exemplo, o direito à anualidade que consta
do Capítulo do Direito Tributário. Não há, a meu ver, uma limitação espacial com relação aos e
direitos e garantias individuais.
Entendo, por outro lado, que não se estabelece no art. 228 um direito e garantia individual
fundamental que deva ser preservado como cláusula pétrea. Acredito que não exista no direito
pétreo a inimputabilidade. Ou seja, não há nada que justifique que se deva considerar como
imutável, como fundamental, além da estrutura do Estado Democrático, porque foi isso que a
Constituição pretendeu fazer ao estabelecer as cláusulas pétreas. Isto é, além da proibição de
abolição da Federação, da autonomia e da independência dos Poderes, o voto direto, secreto,
universal e periódico e, ao mesmo tempo, falando dos direitos e garantias individuais enquanto
estruturas fundamentais para a preservação do Estado Democrático. Não vejo, portanto, que no
art. 228 esteja contido um principio fundamental, um direito fundamental que deva ser basilar para
a manutenção do Estado Democrático. Por esta razão não entendo que o preceito que está
estabelecido no art. 228 venha a se constituir numa cláusula pétrea.”
Portador da posição oficial da Ordem dos Advogados do Brasil, o jurista e advogado Antônio Nabor
Areia Bulhões manifestou-se pela rejeição de proposta desta natureza por diversas ordens de
objeções, de natureza de inconveniência e de natureza jurídica, pondo-se a matéria de alguma
forma em âmbito até de admissibilidade. Autor do voto acolhido à unanimidade no Conselho Pleno
da OAB, Nabor Bulhões considerou um equívoco pretender fazer crer que a solução para o
problema da delinqüência juvenil passaria necessariamente pela responsabilização penal dos
adolescentes (a partir dos dezesseis anos). Para ele, as propostas são fruto de equívocos
emergentes de movimentos radicais de política criminal - a exemplo da corrente de Lei e Ordem
(Law and Order) -responsáveis pela difusão de crença errônea, arraigada na consciência de parcela
do povo brasileiro, de que somente o Direito Penal fornece resposta adequada a prevenção e
solução dos desvios sociais.
Bulhões cita análise de Damásio de Jesus para fulminar a possibilidade de se inserir no Sistema
Ordinário de Justiça Criminal os jovens a partir dos dezesseis anos:
"O Direito Penal Brasileiro mostra-se em fase de concordata. Incursionando no ramo do terreno da
corrente de ”Lei e Ordem" (Francisco de Assis Toledo, Crimes Hediondos, Fascículos de Ciência
Penais. Porto Alegre, Sergio A.Fabris, Editor, 5:59, n.2) está colhendo o fracasso de seus princípios.
Além de não conseguir baixar a criminalidade a índices razoáveis, geram a sensação popular da
impunidade, a morosidade da Justiça Criminal e o grave problema penitenciário (sobre o tema:
Alberto Zacharias Torom -Prevenção, retribuição e criminalidade violenta, RT, 694:275)"
Sempre tendo como alvo o sistema prisional brasileiro, Nabor Bulhões reproduz outras menções
dignas de registro, por Damásio de Jesus César Roberto Bitencourt (Falência da pena de prisão. São
Paulo, Revista dos Tribunais, 1993): "A pena privativa de liberdade, como sanção principal e de
aplicação genérica, está falida. Não readapta o delinqüente”. Evandro Lins e Silva (De Beccaria a
Filippo Gramática, in Sistema Penal para o terceiro milênio, Rio de Janeiro, Ed. Revam, 1991, p.33 e
34): "Ela (a prisão) perverte, corrompe, deforma, avilta, embrutece, é uma fábrica de reincidência,
é uma universidade as avessas, onde se diploma o profissional do crime. Se não a pudermos
eliminar de uma vez, só devemos conservá-la para os casos em que ela é indispensável.”

37
Bulhões cita Manoel Pedra Pimentel para quem nesse campo "nosso insucesso é total" (Estado de
S. Paulo, Iº/07/77, declaração recordada e mencionada por Virgilio Domici, "A Criminalidade no
Brasil", RJ, Forense, 1984, p.98).
.........................................................................................................................
Em conclusão, Nabor Bulhões revela dados do último senso penitenciário realizado pelo Ministério
da Justiça (1995), objeto de extensa matéria publicada pela revista Veja, de 23 de outubro de 1996
(p.50). Destaquem-se dois pontos da reportagem como síntese da exaustão do Sistema
Penitenciário do País: a superpopulação carcerária e a incontrolável propagação do vírus HIV
(AIDS), que atinge entre 10 % e 20% dos presos.
.........................................................................................................................
No dia 18 de dezembro de 1999 foi realizada a segunda audiência pública – na verdade, nova
rodada da mesma reunião - com a participação do presidente do Instituto Brasileiro de Ciências
Penais, LICÍNIO LEAL BARBOSA; do Presidente do Conselho de Segurança da Região Central
Norte, NELSON REMY GILLETT; da jornalista VALÉRIA VELASCO; da Diretora do Hospital São
Francisco de Goiânia, ELIANA FROTA; do
presidente do Movimento da Paz e Justiça "Ives Ota", MATAZAKA OTA; do
presidente da Associação Paulista de Defesa dos Direitos e das Liberdades
individuais, LUIZ AFONSO SANTOS e do presidente da ONG Reação,
ULISMIR ZANETTA VICENTE, no Plenário desta Comissão.
.........................................................................................................................
O primeiro a se manifestar foi o Sr. Licinio Leal Barbosa, que fez um histórico da fixação da idade
penal, desde o primeiro Código Penal Republicano (1890), que estabelecia a imputabilidade penal
aos 14 anos, até a promulgação do Código Penal, de 1940, que ampliou essa idade para 18 anos;
O expositor fez referência ao Direito Penal Comparado, citando vário países que adotam idade
penal em faixa etária inferior a 18 anos: França (13 anos), Espanha (16 anos), Itália (14 anos),
Alemanha (14 anos) , Suíça (15 anos) , Portugal (16 anos), Nicarágua (10 anos), Paraguai (15 anos),
Venezuela (12 anos), Chile (16 anos), Cuba (12 anos) e Honduras (12 anos). Lembrou que o Código
Penal Tipo para a América Latina preconiza a responsabilidade penal aos 14 anos O Sr. Licinio Leal
Barbosa assinalou que o tema da imputabilidade penal foi abordado de forma objetiva no
anteprojeto do Código Penal, de 1969, elaborado pela Comissão Revisora do Anteprojeto Nelson
Hungria. Naquela ocasião, o limite da imputabilidade foi mantido nos 18 anos, mas permitindo-se
ser imputável o menor de 16 anos a 18 anos desde que revele suficiente desenvolvimento psíquico
para entender o caráter ilícito do fato e governar a própria conduta.
........................................................................................................................
Os demais participantes da audiência pública seguiram a mesma ordem de idéias do Sr. Licínio Leal
Barbosa, apelando no sentido de que a matéria fosse aprovada pelo Congresso Nacional.
.......................................................................................................................
Foi realizada nova audiência pública, em 24 de novembro de 2001 – ata publicada no DCN de
04.12.2001, pp. 61779 a 61781 -, ocasião em que se manifestaram como convidados: Aurelino Ivo
Dias, advogado goiano; Ivana Farina, Representante do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais
de Justiça; Alberto Marino Júnior, Desembargador do Estado de São Paulo; Marco Antônio
Marques da Silva, Diretor de Assuntos Legislativos da Associação dos Magistrados Brasileiros -
AMB; Eugênio Terra, Representante da Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da
Infância e da Juventude; Gersimo Gerson Gomes Neto, Promotor da Infância e da Juventude em
Florianópolis. Em síntese, Aureliano opinou pela admissibilidade das PEC's sustentando que, ao
estabelecer o art. 5º, inciso XLVIII da CF, a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de
acordo com a idade, é porque admite a mudança da idade; Ivana Farina alertou que a Constituição
de 1988 se centrou na proteção integral ao adolescente, e não como infrator; Alberto Marino Júnior
advertiu que não discutiria aspectos de admissibilidade, mas, no mérito, garantiu que os menores
de 16 a 18 anos costumam assumir a autoria dos delitos, para esmaecerem a responsabilidade dos
demais integrantes da quadrilha; Marco Antônio fez uma correspondência entre o art. 228, o
Estado Democrático e a dignidade da pessoa humana, como ícones da Constituição cidadã;
Eugênio Terra discorreu sobre a tendência mundial em elevar a idade mínima, na esteira da
Convenção Internacional dos Direitos da Criança; e, por último, Gercino Gerson reafirmou a
doutrina da proteção integral e as normas do Direito Internacional adotadas pelo Brasil.
A proposição foi a mim distribuída na presente legislatura, lembrando que cabe a esta Comissão
pronunciar-se tão somente sobre a admissibilidade da presente Proposta de Emenda à Constituição
e de seus apensados. É o relatório.
II - VOTO DO RELATOR
Observa-se que regimentalmente é competência da CCJC o exame de admissibilidade das
Propostas de Emenda à Constituição, de acordo com o disposto na alínea “b” do inciso IV do art. 32
do Regimento Interno desta Casa, com observância do que estabelece o disposto nos arts. 201 a
203 da referida norma interna.
Apresentada por mais de um terço dos membros da Câmara dos Deputados, a proposição atende
ao requisito previsto no inciso I do art. 60, da Constituição Federal, para o emendamento da Lei
Maior. Não se encontrando o País na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de
estado de sítio, está cumprida, também, a exigência de caráter circunstancial para que seja
emendada a Constituição Federal (§ 1º do art. 60 da CF 1988). As propostas também não têm como

38
objeto de deliberação, emenda que vise a abolir (§ 4º do art. 60: da CF): “I - a forma federativa de
Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico: III - a separação dos Poderes;
IV -os direitos e garantias individuais.” Relativamente a este tema, trazemos à colação nota sobre a
viabilidade jurídico-constitucional da PEC nº 171/93 (que altera redação do art. 228 da
Constituição) que também vale para os seus apensos, de autoria do ilustre constitucionalista, LUIS
ROBERTO BARROSO, emitida em 14 de março do corrente exercício, atendendo nossa solicitação,
que irá enriquecer o debate no âmbito desta Comissão, in verbis: O Congresso Nacional, observado
o procedimento e o quorum previstos no art. 60 da Constituição de 1998, pode aprovar ementas a
fim de alterar o texto constitucional. Como se sabe, porém, essa possibilidade não é ilimitada: o
art. 60, § 4º da Carta prevê que ”não será objeto de deliberação a proposta de ementa tendente a
abolir a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos
Poderes e as direitos e garantias individuais. " Os temas listados são comumente identificados
como cláusulas pétreas. A imutabilidade das cláusulas pétreas desempenha um papel importante
em muitas democracias contemporâneas. Por esse mecanismo, são retirados da disputa pública
cotidiana determinados consensos mínimos - como, e.g., o próprio regime democrático e os direitos
fundamentais -, que devem ser pré-aceitos por todos os grupos políticos,
independentemente de suas concepções particulares acerca de outros temas. As cláusulas pétreas
funcionam como um limite às maiorias em proveito da própria democracia e a história tem
comprovado seu valor E certo, porém, e de outra parte, que as cláusulas pétreas não devem ser
interpretadas de forma excessivamente abrangente. Uma visão elástica de seu alcance limitaria de
modo indevido o espaço próprio de deliberação majoritária, de competência, sobretudo do
Legislativo, e cristalizaria o texto constitucional, em prejuízo do pluralismo político; um dos
fundamentos do Estado brasileiro, nos termos do art. Iº, V, da Constituição. Desse modo, salvo no
que diz respeito a temas a temas que integram o consenso mínimo referido acima, as maiorias de
cada momento histórico devem ter liberdade para dispor como Ihes pareça mais conveniente
acerca das demandas sociais existentes. Considerando o que se acaba de expor, parece mais
adequado o entendimento de que o art. 228 da Constituição ("São penalmente inimputáveis os
menores de dezoito anos, sujeitos as normas da legislação especial") não constitui uma cláusula
pétrea, não descrevendo um direito ou garantia individual imutável, nos termos do art. 60, § 4º, IV.
A modificação ou não do dispositivo, portanto, dentro de certos limites, é uma possibilidade que se
encontra disponível a avaliação política do Congresso Nacional. Uma última observação, porém,
deve ser feita. Embora o art. 228 da Constituição não constitua uma cláusula pétrea, sendo
juridicamente viável, portanto, sua alteração via emenda constitucional, isso não significa que
qualquer modificação do comando será válida. Outras cláusulas pétreas poderão incidir na
hipótese, em particular a exigência de razoabilidade que se entende decorrer de forma direta do
Estado de Direito (art. 1º: caput) e da garantia do devido processo legal (art. 5º, LIV). Ainda nesta
linha, visando a subsidiar os membros da Comissão na discussão do tema, recorremos ao Professor
MIGUEL REALE JR., para voltar a tratar desta matéria, contribuindo para a melhor decisão deste
Colegiado. Nesse sentido, em 8 de março último, recebemos, via eletrônica, carta de sua autoria,
que apesar de reafirmar sua posição contrária, no mérito, a redução da idade da imputabilidade
penal, trata, a nosso pedido, sobre a admissibilidade da proposta. Sobre este ponto, nos presta os
seguintes esclarecimentos: O que se pergunta é se é admissível alteração do dispositivo no art.
228 da Constituição: "Art. 228 - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos
as normas de legislação especial”, em face do que dispõe o art. 60 § 4º, IV, da Constituição, que
veda a apreciação de emenda tendente a abolir direitos e garantias individuais. Estabelece,
então, o citado art. 60 § 4º limites materiais expressos ao poder de emenda, que devem ser
interpretados no seu conjunto como relativos elementos estruturantes do Estado Democrático:
a saber, a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal, periódico; a separação dos
Poderes; os direitos e garantias individuais. Além das limitações expressas ao poder de emenda, há
as limitações implícitas ou inerentes como afirma JOSÉ AFONSO SILVA, das quais se destaca a
impossibilidade de se modificar os requisitos de modificação da Constituição, pois seria uma fraude
mudar as regras de mudança para viabilizar uma alteração constitucional.
Entendo que o preceito constante do art. 228 da Constituição não se insere no campo da proteção
superconstitucional, na expressão de OSCAR VILHENA VIERA, não em razão de sua topologia no
texto constitucional, ou seja, por não se encontrar prevista a matéria no art. 5º da Constituição,
referente aos direitos e garantias fundamentais. Tanto é isto certo, que considero que se
enquadram na expressão
referida no art. 60 § 4º, IV, direitos e garantias individuais, vários direitos à moradia, à licença
maternidade, à educação e tantos outros. De igual modo, tal como considerou o Supremo Tribunal
Federal na ADIn 928-DF, entendo que o principio da anterioridade tributária, previsto no art. 150 da
Constituição é intangível, por constituir direito individual do contribuinte que estava a ser
desrespeitado pela Emenda Constitucional nº 3/93, reputada, então, inconstitucional por violação
do limite material imposto pelo art. 60 § 4º, IV da Constituição. Destarte, a questão não é de forma
alguma de caráter formal, por se encontrar o preceito do limite da inimputabilidade previsto no
título VIII, DA ORDEM SOCIAL, e não no Título II, DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.
Considero que não se pode engessar a Constituição considerando qualquer dos direitos outorgados
intangível, por atribuir uma pretensão a uma determinada categoria de indivíduos, como na
hipótese a imputabilidade penal apenas aos 18 anos. A intangibilidade, por se inserir determinado

39
direito no âmbito das cláusulas superconstitucionais, só se legitima se esse direito constituir um
elemento estruturante do Estado Democrático, a justificar que seja imodificável por atender valores
fundantes da organização político-social, e não uma proteção de privilégio ou do status quo, como
sinaliza OSCAR VILHENA VIEIRA. Assim, na linha do pensamento de OSCA VILHENA VIEIRA,
considero que cabe a proteção superconstitucional para se preservar a dignidade da pessoa
humana, valor fundante da Constituição, o exercício dos direitos políticos e a estrutura do regime
federativo e democrático. Dessa maneira, se inserem nesse campo de proteção os direitos de
liberdade em geral, como o de pensamento, o de locomoção, de vida privada, etc, bem como os
direitos sociais básicos, requisitos de uma vida digna, como direito à educação, moradia; o direito
de constituir associação política; o direito de voto e de ser votado; o direito de ser informado e de
informar. Ora, o preceito do limite de 18 anos para se reconhecer a imputabilidade penal, instituído
no art. 228 da Constituição Federal, não vem a ser um preceito estruturante, nem fundamental
para a preservação
da dignidade da pessoa humana, mas antes um juízo de conveniência acerca do que é mais próprio
ao jovem infrator: submetê-lo a sanções de uma legislação especial, que também é retributiva e
repressiva, mas principalmente de cunho reeducativo, ou submeter os maiores de dezesseis anos
ao sistema penal, com os gravames que lhe são próprios sob a ótica da ilusão penal, na
expectativa de que a imputabilidade reduzirá a pratica delituosa dos menores de 18 anos.
Destarte, deve-se fazer uma análise substancial dos limites materiais expressos ao poder de
emenda, para não se estender em demasia a intangibilidade ampliando-se a proteção
superconstitucional de modo a se engessar o poder derivado, que deve tender às necessidades
reveladas pelo processo histórico. Por essas razões, considero que não é inconstitucional proposta
de emenda constitucional tendente a alterar o disposto no art. 228 da Constituição Federal, relativo
à idade de imputabilidade penal, pois não há um direito intangível do jovem a ser considerado
inimputável até completar 18 anos. É essa matéria mais própria para a legislação ordinária, razão
pela qual nenhuma constituição trata no seu bojo da imputabilidade penal. Não é a matéria
estruturante do Estado Democrático de Direito, nem diz respeito a direito fundamental a ser
protegido por dizer respeito à dignidade da pessoa humana, estando a questão antes sujeita a um
juízo de conveniência.
Os esclarecimentos acima reforçam a tese de que os Constituintes de 1988, incorporaram ao texto
da Lei Maior, dispositivos de conteúdo infraconstitucional, que não se revestem da imutabilidade
que protege as cláusulas pétreas.
Destaca-se, ainda, recente decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal
que em sessão histórica do dia 26 de abril de 2007, aprovou, após mais de cinco horas de
discussão, Proposta de Emenda Constitucional que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal
no Brasil. Os senadores aprovaram o texto apresentado pelo Senador DEMÓSTENES TORRES,
relator das PEC's nºs 18 e 20, de 1999; 3, de 2001; 26, de 2002; 90, de 2003, e 9 de 2004, que
alteram o art. 228 da Constituição Federal, para reduzir a maioridade penal. O substitutivo
aprovado estabelece que o regime prisional só é cabível para os jovens entre 16 a 18 anos que
cometerem crime hediondos e que tenham pleno conhecimento do ato ilícito cometido, atestado
por
laudo técnico elaborado pela Justiça A proposta do Senado estabelece, também, que o menor de 18
anos deve cumprir pena em local distinto dos demais presos, e, no caso de cometimento de crimes
que não se enquadrem naqueles arrolados como hediondos, de tortura, de tráfico de drogas ou de
atos de terrorismo, a pena deve ser substituída por medidas sócio-educativas.
É de bom alvitre registrar, que o art. 356 do Regimento Interno do Senado Federal, determina ser
de competência da CCJ/SF, a apreciação da admissibilidade e do mérito de Propostas de Emenda a
Constituição o que difere, em parte, do Regimento Interno desta Casa. O voto do referido Relator
trata destes dois temas. Sobre a admissibilidade das propostas sob exame, aspecto a ser analisado
por esta Comissão, assim se manifestou o nobre Senador: As PECs não ofendem cláusulas pétreas
(art. 60, § 4º) e observam a exigência constitucional quanto à iniciativa (art. 60, I). Não se
identificam óbices relativos à constitucionalidade, juridicidade e regimentalidade. Quanto ao
mérito, embasado na lição de Tobias Barreto, "o maior penalista do Império brasileiro", cuja obra
"Menores e Loucos em Direito Criminal", escrita em 1884, já clamava por um direito penal que
estabelecesse uma relação entre a maioridade penal e o discernimento do agente, o nobre relator
daquela Casa conclui pela atualização das normas penais brasileiras, nos termos referenciados.
Registra-se que a PEC aprovada pela CCJ/SF revela vários pontos positivos, dentre os quais,
destaca-se, no mérito, o cumprimento da pena em local distinto dos presos maiores de dezoito
anos, medida que julgo acertada, mas que, na Câmara, por questões regimentais, deverá ser,
dentre outras, examinada em sede própria, qual seja, a Comissão Especial a ser criada após
aprovação da admissibilidade das propostas ora em exame.
A despeito disso, adiantamo-nos em dizer que defenderei a idéia da realização de plebiscito para
consulta popular a respeito do acerto da medida, ou seja, a redução da idade limite para a
responsabilização penal de nossos jovens, que deverão, se condenados, cumprirem penas
restritivas de liberdade em estabelecimentos próprios até atingirem a maioridade civil, quando
deverão ser transferidos para os presídios destinados aos presos adultos. Ademais, a separação de
jovens dos adultos está intrinsecamente ligada à concretização do princípio da dignidade da pessoa
humana, e expressamente vinculada ao que acreditamos tratar-se, isso sim, de cláusula pétrea

40
ínsita no inciso XLVIII do art. 5° da Consti tuição Federal, verbis: A pena será cumprida em
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, idade e o sexo do apenado.
Registramos também o aprofundamento dos nossos estudos a respeito da matéria, a partir da
minha designação como Relator, ocorrida no mês de fevereiro do ano em curso, o que fiz valendo-
me da minha experiência profissional de Delegado da Polícia Federal e ex-Secretário de Segurança
Pública do Estado do Rio de Janeiro, e da melhor doutrina, v.g. a de IVAIR NOGUEIRA ITAGIBA, meu
pai, Desembargador do Tribunal de Apelação do Estado do Rio -, que publicou trabalho, intitulado
"Indelinqüência e Responsabilidade", em 1942, pela Editora Freitas Bastos, que ao comentar o art.
23, do Código Penal vigente, afirma que: (...) Não sendo o menor abandonado, nem pervertido,
será recolhido numa escola de reforma pelo prazo de um a cinco anos. Se o for, o seu recolhimento
dar-se-á por tempo necessário a sua educação. Caso seja perverso e perigoso, ficará internado em
estabelecimento apropriado, onde permanecerá até se verificar a sua regeneração(...). Diante de
todo o exposto, por não extrair uma norma pétrea do art. 228 da Constituição Federal, somos de
opinião que não há impedimento na alteração da maioridade penal, razão pela qual concluímos
pela admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição nº. 171, de 1993, e,
conseqüentemente,das demais apensadas, as de n°s 37, de 1995; 91, d e 1995; 301, de 1996; 531,
de 1997; 68, de 1999; 133, de 1999; 150, de 1999; 167, de 1999; 169, de 1999;633, de 1999; 260,
de 2000; 321, de 2001; 377, de 2001; 582, de 2002; 64, de 2003; 179, de 2003; 272, de 2004; 302,
de 2004; 345, de 2004; 489, de 2005; 48,de 2007; 73, de 2007; 85, de 2007; 87, de 2007 e 125, de
2007.
Sala das Comissões, 06 de dezembro de 2007.
MARCELO ITAGIBA
Deputado Federal PMDB/RJ

O deputado Alberto Fraga (PMDB-DF) é a favor da redução da maioridade


penal no Congresso Nacional. Vejamos aqui a íntegra do seu discurso:
O SR. ALBERTO FRAGA (PMDB-DF. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nesse
final de semana, acompanhei a manifestação de psicólogos, em eventos por eles organizados, na qual se
declaram contra a redução da menoridade penal.
Participei de debate realizado pelo Sistema Brasileiro de Televisão e hoje, pela manhã, pela Rede Globo.
Questionava-se a menoridade penal. Das catorze emendas apresentadas a esta Casa, sou autor de uma emenda
na qual solicito o fim da menoridade penal. Não sou favorável ao fato de que caia para 16 anos. Adolescentes
com essa idade são maduros no sentido de ter conhecimento do ilícito penal. Fui mais além na proposta de
emenda, por entender que não deve haver limite de idade para punição do crime. O discernimento é que tem de
ser avaliado.
Por isso apresentei proposta no sentido de que o agente praticante do crime será avaliado por junta médica,
por psicólogos e psiquiatras. Estes, sim, sabem avaliar o comportamento de quem praticou o crime. Mas, para
surpresa minha, os psicólogos são contrários a isso.
Reconheço que o Estatuto da Criança e do Adolescente representou grande vitória para o menor carente e
abandonado, mas para o menor bandido está sendo prato cheio, manto de proteção que o Estado, infelizmente,
está lhe proporcionando. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pretendemos com nossa proposta de emenda
tão-somente fechar a porta aberta.
O Estatuto da Criança e do Adolescente deve continuar sendo aplicado para proteção do menor carente ou
abandonado, mas não em relação ao menor patrocinado por quadrilhas para matar pais de famílias.
Fico realmente preocupado quando vejo importante segmento da sociedade, o dos psicólogos, dizer que a
criminalidade do menor é apenas social. Não é. O último relatório da UNESCO diz que a cada três horas um
menor assassina um pai de família. A cada três horas, repito, um adolescente menor assassina um trabalhador
brasileiro, e os psicólogos dizem que se tem de investir na área social! Concordo que ainda não há investimento
suficiente nessa área, mas essas pessoas precisam saber que o custo de um adolescente para o Governo gira em

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torno de R$1.000,00 a R$1.200,00, e o salário de um policial brasileiro fica em torno de R$300,00 reais. Quer
dizer, são algumas incoerências a que não podemos continuar assistindo.
Sr. Presidente, não desejo colocar uma criança de 11 ou 12 anos na cadeia, até porque quem vai determinar
isso será um especialista, mas tirar essa responsabilidade da polícia, que não tem de ser babá de ninguém. E
quem melhor do que psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e promotores da infância e da adolescência
para tratar do problema?
São essas pessoas que podem avaliar muito bem se quem praticou o crime tinha conhecimento do ilícito penal.
É evidente que o recolhimento do menor será feito em um local próprio e não juntamente com adultos.
Sr. Presidente, as pessoas, sem conhecer o que está escrito numa propositura, ficam criticando, mas não
apresentam argumentos necessários de convencimento. Ficam só jogando a culpa em cima da questão social.
Disso já estamos carecas de saber, mas precisamos de soluções com relação ao aumento de homicídio,
latrocínio e tráfico de drogas cometidos por menores. De 1997 para cá aumentou em seis vezes a participação
de menores nesses casos. O que fazer com essas pessoas que estão tirando as vidas dos nossos filhos por causa
de um tênis de marca ou de uma bicicleta. E ainda temos de ouvir psicólogos dizerem que temos de investir na
área social. Claro que temos de investir nessa área, mas temos também de fechar a porta da impunidade para o
menor.
Sr. Presidente, era o que tinha a dizer.
Gostaria que meu pronunciamento fosse divulgado no programa A Voz do Brasil.

9. Jurisprudências em torno do assunto

HC 94939 / RJ - RIO DE JANEIRO


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA
Julgamento: 14/10/2008 Órgão Julgador: Segunda Turma

Publicação

DJe-025 DIVULG 05-02-2009 PUBLIC 06-02-2009


EMENT VOL-02347-04 PP-00725

Parte(s)

PACTE.(S): C M DE F
IMPTE.(S): DPE-RJ - ADALGISA MARIA STEELE MACABU
COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa

EMENTA: HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL. PACIENTE MAIOR DE DEZOITO E MENOR DE


VINTE E UM ANOS. IMPOSIÇÃO DE SEMILIBERDADE. POSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. O
disposto no § 5º do art. 121 da Lei 8.069/1990, além de não revogado pelo art. 5º do Código
Civil, é aplicável à medida sócio-educativa de semiliberdade, conforme determinação
expressa do art. 120, § 2º, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Em conseqüência, se o
paciente, à época do fato, ainda não tinha alcançado a maioridade penal, nada impede que
ele seja submetido à semiliberdade, ainda que, atualmente, tenha mais de dezoito anos, uma
vez que a liberação compulsória só ocorre aos vinte e um (art. 121, § 5º, c/c os arts. 120, § 2º,
104, parágrafo único, e 2º, parágrafo único, todos da Lei 8.069/1990). Precedentes: HC
94.938, rel. min. Cármen Lúcia, DJe-187 de 03.10.2008; HC 91.492, rel. min. Ricardo
Lewandowski, DJe-082 de 17.08.2007; e HC 90.248, rel. min. Eros Grau, DJe-004 de
27.04.2007. Ordem denegada.

Decisão

42
A Turma, à unanimidade, denegou a ordem de habeas corpus,
nos termos do voto do Relator. Ausentes, justificadamente, neste
julgamento, os Senhores Ministros Celso de Mello e Eros Grau.
Presidiu, este julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie. 2ª
Turma, 14.10.2008.

Indexação

- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: IMPOSSIBILIDADE, LEI GERAL, CÓDIGO


CIVIL, REVOGAÇÃO, LEI ESPECIAL, ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
INAPLICABILIDADE, INSTITUTO JURÍDICO, MAIORIDADE CIVIL, APLICAÇÃO,
CUMPRIMENTO, MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA.

Legislação

LEG-FED DEL-004657 ANO-1942


ART-00002 PAR-00002
LICC-1942 LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL
LEG-FED LEI-010406 ANO-2002
ART-00005
CC-2002 CÓDIGO CIVIL
LEG-FED LEI-008069 ANO-1990
ART-00002 PAR-ÚNICO ART-00104 PAR-ÚNICO
ART-00120 PAR-00002 ART-00121 PAR-00005
ECA-1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Observação

- Acórdãos citados: HC 90248, HC 91492, HC 94938.


- Veja HC 88937 do STJ.
Número de páginas: 9
Análise: 18/02/2009, MMR.
Revisão: 19/02/2009, JBM.

HC 94938 / RJ - RIO DE JANEIRO


HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 12/08/2008 Órgão Julgador: Primeira Turma

Publicação

DJe-187 DIVULG 02-10-2008 PUBLIC 03-10-2008


EMENT VOL-02335-03 PP-00516
RTJ VOL-00207-01 PP-00387
RT v. 98, n. 881, 2009, p. 532-538

Parte(s)

PACTE.(S): A S S
IMPTE.(S): DPE-RJ - ADALGISA MARIA STEELE MACABU
COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa

EMENTA: HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. MEDIDA


SOCIOEDUCATIVA. ART. 121, § 5º, DO ESTATUTO: NÃO-DERROGAÇÃO PELO NOVO CÓDIGO
CIVIL: PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. REGIME DE SEMILIBERDADE. SUPERVENIÊNCIA DA
MAIORIDADE. MANUTENÇÃO DA MEDIDA: POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. HABEAS
INDEFERIDO. 1. Não se vislumbra qualquer contrariedade entre o novo Código Civil e o
Estatuto da Criança e do Adolescente relativamente ao limite de idade para aplicação de seus
institutos. 2. O Estatuto da Criança e do Adolescente não menciona a maioridade civil como
causa de extinção da medida socioeducativa imposta ao infrator: ali se contém apenas a
afirmação de que suas normas podem ser aplicadas excepcionalmente às pessoas entre
dezoito e vinte e um anos de idade (art. 121, § 5º). 3. Aplica-se, na espécie, o princípio da
especialidade, segundo o qual se impõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, que é norma
especial, e não o Código Civil ou o Código Penal, diplomas nos quais se contêm normas de

43
caráter geral. 4. A proteção integral da criança ou adolescente é devida em função de sua
faixa etária, porque o critério adotado pelo legislador foi o cronológico absoluto, pouco
importando se, por qualquer motivo, adquiriu a capacidade civil, quando as medidas
adotadas visam não apenas à responsabilização do interessado, mas o seu aperfeiçoamento
como membro da sociedade, a qual também pode legitimamente exigir a recomposição dos
seus componentes, incluídos aí os menores. Precedentes. 5. Habeas corpus indeferido.

Decisão

Por maioria de votos, a Turma indeferiu o pedido de habeas


corpus; vencido o Ministro Marco Aurélio, Presidente. Ausente,
justificadamente, o Ministro Carlos Britto. 1ª Turma, 12.08.2008.

Indexação

- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: PROTEÇÃO INTEGRAL, CRIANÇA,


ADOLESCENTE, CONSEQÜÊNCIA, UTILIZAÇÃO, CRITÉRIO CRONOLÓGICO ABSOLUTO,
CONFORME, LEGISLAÇÃO.
- FUNDAMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, MIN. RICARDO LEWANDOWSKI: ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, ECA, CARACTERIZAÇÃO, MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA,
FINALIDADE, PROTEÇÃO, MENOR, ADOLESCENTE, AUSÊNCIA, CARÁTER,
REPRESSÃO.
- VOTO VENCIDO, MIN. MARCO AURÉLIO: PROMULGAÇÃO, VIGÊNCIA, CÓDIGO
CIVIL, RESULTADO, DERROGAÇÃO, PRECEITO, MAIORIDADE, ESTATUTO DA
CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE.

Legislação

LEG-FED LEI-008069 ANO-1990


ART-00121 "CAPUT" PAR-00003 PAR-00005
ECA-1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
LEG-FED LEI-010406 ANO-2002
ART-00005
CC-2002 CÓDIGO CIVIL

Observação

- Acordãos citados: HC 90129, HC 90248, HC 91491.


Número de páginas: 16.
Análise: 24/10/2008, MMR.
Revisão: 24/10/2008, JBM.

10. Entrevistas

Nome: Isa Gudinho Fabiano

Profissao: Controller

Idade: 32 anos

1) Como você avalia o atual sistema correcional de menores infratores pelo Estado nos dias
de hoje? Você concorda com esta conduta punitiva? Você acha que é um meio eficaz de se
combater os atos delitivos?

Ineficaz, a cada dia temos mais menores praticando crimes. Não concordo com a conduta
punitiva, a FEBEM não resolve nada, apenas agrava o problema.

44
2) Na sua opinião, o que seria melhor para o Estado implantar como meio eficaz de combate
aos delitos cometidos por menores infratores?

Igual nos Estados Unidos

Nome: Monique Rego

Profissão: Administradora

Idade: 26

1) Como você avalia o atual sistema correcional de menores infratores pelo Estado nos dias
de hoje? Você concorda com esta conduta punitiva? Você acha que é um meio eficaz de se
combater os atos delitivos?

Falha e ineficaz. Não vejo muita conduta punitiva não. Eles precisam melhorar e muito para
que os meios sejam eficazes, e assim combater a criminalidade!

2) Na sua opinião, o que seria melhor para o Estado implantar como meio eficaz de combate
aos delitos cometidos por menores infratores?

Educação, emprego e renda para os nossos jovens!

Nome: Priscila Neves de Oliveira

Profissao: Advogado

Idade: 30

1) Como você avalia o atual sistema correcional de menores infratores pelo Estado nos dias
de hoje? Você concorda com esta conduta punitiva? Você acha que é um meio eficaz de se
combater os atos delitivos?

O sistema atual correcional de menores, assim como o sistema correcional geral infelizmente
no Brasil ainda deixa a desejar. Com certeza é acertada a diferenciação da punição com
relação aos menores, abrandando-a em vários casos, mas ainda assim de nada adianta punir
com eficiência e acerto, se não há uma estrutura efetiva para receber e acomodar os
menores, de forma a educa-los e coibir futuros crimes.

O sistema penitenciário sem dúvida não se encontra preparado para receber os infratores e
ressocializa-los. Também não há esse trabalho por parte da sociedade, que os discrimina e
diminui as chances de que estes alcancem uma vida produtiva social, com trabalho digno e
satisfatoriamente remunerado.

Fora os infratores que buscam a vida ilegal conscientemente, sem dúvida, há entre eles, os
que buscam apenas uma chance na vida de sobreviver, e é isso que devemos focar para que
haja de fato uma melhoria e uma chance para os menores mal orientados.
45
2) Na sua opinião, o que seria melhor para o Estado implantar como meio eficaz de combate
aos delitos cometidos por menores infratores?

É imprescindível que haja um trabalho educacional e também psicológico eficaz com os


menores infratores, melhorando a infra-estrutura carcerária e também um trabalho da
sociedade para entendê-los e melhor lidar com o retorno destes ao mundo social, dando-lhe
chances de emprego.

Nome: JEANE RIBEIRO


Profissão: SERVIDORA PUBLICA
Idade: 27 ANOS
1) Como você avalia o atual sistema correcional de menores infratores pelo Estado nos dias
de hoje? Você concorda com esta conduta punitiva? Você acha que é um meio eficaz de se
combater os atos delitivos?

EU O CONSIDERO RUIM, POIS AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NÃO SÃO


PREPARADOS PARA VER O MUNDO DE OUTRA FORMA, NAO HÁ PREOCUPAÇÃO DE
INSERÍ-LOS NOVAMENTE NA SOCIEDADE. CONCORDO QUE TEM QUE PUNIR, MAS
QUE PRECISA EXISTIR UM MÉTODO DE PREPAR-LOS PARA A SOCIEDADE, EX.
OFERECER CURSO PROFISSIONALIZANTE NAS FEBENs.

2) Na sua opinião, o que seria melhor para o Estado implantar como meio eficaz de combate
aos delitos cometidos por menores infratores?

OFERECER EDUCAÇÃO. QUE TENHA CURSOS DURANTE O PERÍODO DA


DETENÇÃO, FAZENDO COM QUE OS OBJETIVOS DESTAS CRIANÇAS
E ADOLESCENTE MUDE PARA MELHOR.

Nome: Euvaldo da Silva Caldas Neto

Profissao: Auditor

Idade: 51 anos

1) Como você avalia o atual sistema correcional de menores infratores pelo Estado nos dias
de hoje? Você concorda com esta conduta punitiva? Você acha que é um meio eficaz de se
combater os atos delitivos?

Avalio pessimamente. Tenho a sensação de que é um verdadeiro caos, aliás, como em todas
as áreas da administração pública federal, estadual e municipal.

46
Enquanto a sociedade não reagir e fiscalizar, o que veremos é a total ineficácia dos serviços
públicos, consequência da corrupção generalizada (Nepotismo; desarrazoada quantidade de
cargos de confiança; não responsabilização dos ocupantes de cargos de confiança pelos
erros cometidos em razão de serem parentes das autoridades que as nomeiam; etc).

Não concordo com a conduta punitiva. Acho que se os projetos que existem para minorar o
problema for executado como planejado, estaremos caminhando para a solução do
problema, entretanto, a execução, fica comprometida, como já disse, pela corrupção.

2) Na sua opinião, o que seria melhor para o Estado implantar como meio eficaz de
combate aos delitos cometidos por menores infratores?

A solução é de longo prazo. Combate a corrupção e investimento maciço em EDUCAÇÃO,


inclusive com a realização de campanhas, como as de vacinação, para conscientizar a
população da importância da EDUCAÇÃO.

Nome: Mariana Rodrigues da Silva Wild


Profissao: Empresária
Idade: 27 anos

1) Como você avalia o atual sistema correcional de menores infratores pelo Estado nos dias
de hoje? Você concorda com esta conduta punitiva? Você acha que é um meio eficaz de se
combater os atos delitivos?

Totalmente ineficaz. Quando são autuados, os menores geralmente se tornam piores do que
já são.

2) Na sua opinião, o que seria melhor para o Estado implantar como meio eficaz de combate
aos delitos cometidos por menores infratores?
Acredito na recuperação dos infratores, desde que o Estado possa garantir um sistema eficaz
de acompanhamento e inserção de valores cristãos aos menores. A maioria esmagadora
desses menores não encontrou um mínimo de amor e respeito na sua casa, e por
desequilibrio familiar, terminam por caminhos tortuosos. Acredito nos valores da família,
acima de tudo, sei que o Estado pode trazer esses princípios nas casas de recuperação de
menores.

11. Comentários

Pode-se auferir do resultado das entrevistas que há o descrédito na função


punitiva do poder jurisdicional do Estado. E, quando existe esta função,
não é aplicada da forma mais eficiente.
47
Creditam-se a ressocialização dos menores fatores como princpios e
valores morais, éticos, alguns citam ate religiosos para que haja a
reabilitação dos mesmos.

12. Anexos

14/11/2003 - 11h39

Estudante foi violentada e torturada por acusados, diz


polícia
da Folha Online

A estudante Liana Friedenbach, 16, morta com o namorado Felipe Silva Caffé, 19, em
Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, foi violentada e torturada pelos acusados de
envolvimento na morte do casal, segundo afirmaram policiais que investigam o crime. O
resultado do laudo pericial sobre o estupro, no entanto, ainda não foi concluído.

O adolescente R.A.C, 16, o Champinha, apontado como o líder do grupo, "idealizou o


abuso contra Liana, oferecendo-a aos outros comparsas", disse o delegado Silvio
Balangio Júnior, da Delegacia Seccional de Taboão da Serra.

Felipe morreu com um tiro na nuca no último dia 2, e Liana, a facadas, na madrugada de
quarta-feira, segundo a polícia. Ainda segundo a polícia, Champinha foi o responsável por
matar Liana e ajudou Paulo César da Silva Marques, 32, o Pernambuco, a matar Felipe.

Além de Pernambuco e de R.A.C., estão detidos Antonio Matias de Barros, 48, Antônio
Caetano Silva, 50, e Aguinaldo Pires, 41.

Reprodução Crime

Os namorados estavam desaparecidos desde o último dia 31,


quando foram acampar em um sítio abandonado em Embu-Guaçu,
na Grande São Paulo. No dia 1º, Champinha e Pernambuco
seguiram para pescar na região quando viram o casal. "Quando
viu Liana, Champinha disse para Pernambuco: 'Olha que menina
gostosa'. Depois, teve a idéia de roubar os estudantes", disse o
Os estudantes Felipe e Liana delegado.

Na tarde do mesmo dia, Pernambuco e Champinha abordaram os estudantes enquanto


eles dormiam na barraca. A dupla, no entanto, se decepcionou ao não encontrar armas
nem muito dinheiro e decidiu levar os namorados para a casa de Barros, na mesma
região.

Durante o trajeto, Liana disse aos criminosos que sua família tinha dinheiro. A garota
sugeriu que a dupla pedisse resgate e, depois, libertasse ela e seu namorado. Segundo a
polícia, nesse momento, Champinha decidiu matar Felipe e ficar com a menina.

Barros não estava em sua casa e os quatro seguiram, então, para a casa de Silva, que
também não estava. No entanto, Pernambuco e Champinha decidiram ficar e usar o local
como cativeiro. Conforme a polícia, na noite do dia 1º, Pernambuco violentou Liana,
48
enquanto Felipe permanecia em outro quarto. A garota, disseram os acusados, estava
em estado de choque e não reagiu.

Tiro
Na manhã do dia seguinte, os quatro saíram para caminhar no meio do matagal.
Pernambuco seguiu na frente com Felipe e matou o estudante, com um tiro na nuca.
Liana, que estava com Champinha, ouviu o tiro, mas não viu seu namorado morrer. Ao
perguntar sobre Felipe, Champinha disse para ela que o rapaz havia sido libertado.

No mesmo dia, Pernambuco fugiu para São Paulo e Liana ficou com o adolescente na
casa de Silva. Conforme a polícia, ela foi violentada por Champinha.

No dia 3, Silva chegou em casa acompanhado por Pires e viram a estudante no local.
Champinha, então, apresentou-a como sua namorada, e ofereceu a menina para os
colegas. A estudante foi violentada por Pires, segundo a polícia.

No mesmo dia, um irmão de Champinha disse para ele voltar para casa, porque sua mãe
estava preocupada e havia "muita polícia" na região. Champinha disse ao irmão que
Liana era sua namorada. Disse também que a garota iria embora e que ele precisava
acompanhá-la até a rodoviária.

Matagal

Na madrugado do dia 5, Champinha levou a estudante até o matagal, onde tentou


degolá-la. Depois, ainda de acordo com a polícia, golpeou a cabeça de Liana com uma
peixeira. Quando a estudante caiu no chão, o adolescente ainda desferiu diversos golpes
nas costas e no tórax da menina.

Os corpos das vítimas foram encontrados na última segunda-feira (10). Liana e Felipe
mentiram sobre a viagem para os pais. Liana havia dito que iria para Ilhabela, no litoral,
com um grupo de jovens da comunidade israelita. A família de Felipe disse que sabia que
o rapaz iria acampar, mas acreditava que ele estaria com amigos.

Envolvimento

Saiba qual foi o envolvimento de cada um dos acusados no crime, segundo a Polícia Civil:

- Champinha: idealizou a abordagem ao casal, participou do assassinato de Felipe,


abusou sexualmente de Liana, e ofereceu a estudante para Pernambuco e para Agnaldo.
Matou Liana a facadas.

- Pernambuco: participou do sequestro dos estudantes, abusou sexualmente de Liana,


matou Felipe com um tiro na nuca e fugiu.

- Antônio Caetano: dono da casa usada como cativeiro, forneceu alimentos para Liana e
Champinha e presenciou atos de violência sexual contra a estudante.

- Agnaldo Pires: abusou sexualmente de Liana.

- Antônio Matias: caseiro da primeira casada procurada para servir de cativeiro.


Responsável por esconder a espingarda que matou Felipe, ele soube dos abusos sexuais
contra Liana, mas não procurou a polícia.

13/11/2003 - 20h33

Acusado confessa envolvimento em morte de casal,


afirma polícia
49
da Agência Folha, em Recife
da Folha Online

Paulo César da Silva Marques, 32, o Pernambuco, preso nesta quinta-feira em Petrolina
(a 770 km de Recife, PE), confessou em depoimento, segundo a polícia, ter assassinado
o estudante Felipe Silva Caffé, 19, e estuprado a namorada dele, Liana Friedenbach, 16,
encontrada morta a facadas.

Segundo o chefe-geral da Polícia Civil do Estado, Aníbal Moura, o acusado alegou que
matou o rapaz para que ele não o reconhecesse depois. Disse que não participou do
assassinato da garota e que fugiu de Embu-Guaçu (Grande São Paulo) para a capital
paulista após a morte de Felipe.

A confissão ocorreu momentos antes de o acusado embarcar para São Paulo com a
equipe de policiais paulistas que participou da sua captura. Até o final da tarde ele
negava qualquer envolvimento nos crimes.

Depoimento

De acordo com o delegado Paulo Kock, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção


à Pessoa de São Paulo), ele havia confirmado, antes do depoimento, que "estava junto"
com os outros acusados, mas negou ter participado das mortes.

Ele também manteve a versão de que o adolescente R.A.C., 16, detido desde a última
segunda-feira, matou Felipe e Liana. Na mesma conversa, Pernambuco disse que a
estudante havia sido estuprada, mas também negou ter participado do crime.

Segundo o diretor da Polícia Judiciária de Pernambuco, Romero Leal, que participou da


conversa com o acusado, antes do depoimento, ele disse que o adolescente assassinou o
estudante porque queria ficar com a garota.

Ao ser apresentado formalmente à imprensa, Pernambuco optou pelo silêncio. Disse que
não tinha nada a declarar. Só acenou a cabeça negativamente ao ser questionado sobre
sua eventual participação no crime.

Preso

Quinto suspeito a ser preso sob acusação de envolvimento no crime, Pernambuco foi
detido dentro de um ônibus. Ele foi surpreendido por policiais paulistas e pernambucanos
que, em ação conjunta, simulavam uma blitz sanitária na estação rodoviária da cidade.

O acusado estava desarmado, sentado no fundo do ônibus, na poltrona 37. Ele não
resistiu à ordem de prisão. Disse que pretendia se esconder na casa de parentes, em sua
cidade natal, São José do Egito (a 410 km de Recife).

A prisão de Pernambuco encerra a fase de buscas por suspeitos de participação no crime,


disse o delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São
Paulo, Antonio Mestre Jr.

"A princípio, são cinco os acusados e todos já estão presos", disse.

Outros suspeitos

Na madrugada desta quarta-feira (12) foram detidos Antonio Matias de Barros, 48, que
estava com a arma de Pernambuco, usada no crime, e Antônio Caetano Silva, 50, caseiro
do local que serviu de cativeiro para Liana. Segundo a polícia, foi ele quem contou em

50
bares da região de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, que Liana estava com um dos
integrantes do grupo.

Também foram presos R.A.C., que teria desferido outros golpes de faca contra Liana
após Pernambuco, e Aguinaldo Pires, 41.

O adolescente está custodiado. A Justiça decretou a prisão temporária dos outros


envolvidos.

Crime

O adolescente R.A.C. disse, segundo a polícia, que caminhava pela mata, no dia 1º,
quando conheceu Pernambuco, que caçava na região. Eles, então, avistaram o casal,
cuja aparência física destoava das pessoas que normalmente frequentam o local.

A polícia afirma, ainda de acordo com a versão de R.A.C., que o casal seria vítima de um
assalto. Como estavam sem dinheiro, no local do acampamento, as vítimas foram
levadas para uma casa localizada em um sítio da região, que serviu como uma espécie
de cativeiro. Liana teria insinuado pertencer a uma família rica, despertando nos
criminosos um plano de sequestro.

Felipe teria sido morto no dia 2, a tiros. Liana foi poupada por mais alguns dias, disse
R.A.C. Teria sido morta no dia 5. O plano de pedir resgate à família de Liana teria
falhado, com a aproximação da polícia, resultando na morte da estudante. A família da
garota não recebeu pedido de resgate.

As datas das mortes relatadas por R.A.C. e as divulgadas pelo IML (Instituto Médico
Legal) não batem. Segundo o IML, Felipe foi assassinado na última quinta-feira e Liana,
no domingo.

A polícia acredita que a estudante tenha sido esfaqueada porque a munição da


espingarda usada para matar o estudante havia terminado.

Viagem

Os namorados estavam desaparecidos desde o último dia 31, quando foram acampar em
um sítio abandonado em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. Os corpos foram
encontrados na última segunda-feira. O rapaz foi morto com um tiro na nuca. Liana foi
atacada a facadas.

Os estudantes mentiram sobre a viagem para os pais. Liana havia dito que iria para
Ilhabela, no litoral, com um grupo de jovens da comunidade israelita. A família de Felipe
disse que sabia que o rapaz iria acampar, mas acreditava que ele estaria com amigos.

Os pais descobriram a mentira dois dias depois de os estudantes viajarem, porque eles
não retornavam para casa. Para chegar ao sítio, o casal pegou um ônibus para Embu-
Guaçu, em uma viagem de cerca de duas horas. Na cidade, compraram miojo, água,
biscoitos e leite em pó.

De lá, pegaram um outro ônibus para Santa Rita, um lugarejo perto do sítio abandonado.
Os estudantes ainda andaram 4,5 km a pé até o local em que acamparam, sob um
telhado caindo aos pedaços.

13/11/2003 - 06h55

Pai de Liana quer redução da maioridade penal


do Agora

51
Triste, com saudades e indignado. Foram essas as palavras usadas pelo advogado Ari
Friedenbach, 43, para definir ontem como se sentia pouco mais de 24 horas depois de
descobrir que a filha mais velha, que ele buscara incessantemente, havia
sido morta.

Ele defendeu a redução da maioridade penal, que permitiria que um dos acusados
--R.A.A.C., 16-- cumprisse uma longa pena --em vez de ficar até três anos na Febem.
Leia a entrevista:

Agora - Como era Liana?


Ari Friedenbach - Era muito amiga. Tinha grande poder de união, imensa alegria e o
sorriso mais fácil que já vi.

Agora - Ela era bonita e inteligente. O sr. tinha ciúmes?


Friedenbach - Eu tinha um ciuminho, mas era bom vê-la com alguém [Felipe Caffé] que
a fazia feliz. Afinal, o que um pai mais quer é ver o filho feliz. E ele a fazia. Ela até usava
uma aliancinha.

Agora - O que achava do namoro?


Friedenbach - Fiquei muito feliz por ela estar namorando. É importante para o jovem se
relacionar com os outros. Ele era uma pessoa da melhor índole, um rapagão de ouro.

Agora - O que o sr. sente em relação aos assassinos?


Friedenbach - Meu recado e minha raiva não são para quem cometeu o crime
diretamente, mas para quem o comete indiretamente, que é o nosso poder instituído e
inoperante, que deixa livre uma pessoa como ele, que já era criminoso. (...) Porque ele
tem 16 anos não pode ter a foto e o nome nos jornais? Eu, você, todo cidadão tem o
direito de saber com quem está cruzando na rua.

Agora - O sr. é a favor da redução da maioridade penal?


Friedenbach - Sou radicalmente a favor. Isso já deveria ter ocorrido há 20 anos, mas
nossos legisladores se fazem de surdos quando a população clama por isso.

Agora - E da pena de morte?


Friedenbach - Acho uma coisa complicada, mas tudo tem de ser discutido.

Agora - O sr. sente ódio?


Friedenbach - Não estou nem em condições de sentir ódio.

Agora - O que o sr. sente?


Friedenbach - Saudade, tristeza e indignação.

Agora - E agora?
Friedenbach - Tenho minha família ainda, tenho de tocar a vida.

13/11/2003 - 06h51

"Não tenho ódio, mas jamais perdoarei", diz mãe de


Felipe Caffé
do Agora

"Senti vontade de olhar bem no fundo dos olhos deles para que eles tivessem consciência
do estrago que fizeram, de graça." A enfermeira Lenice Silva Caffé, 51, fala --voz baixa e
sofrida-- do que sentiu ao ver, pela TV, os acusados pelo assassinato de seu filho, o
estudante Felipe Silva Caffé, 19. Leia a seguir a entrevista.

Agora - Como a sua família está?


52
Lenice Silva Caffé - Isso é indescritível. Eu não saio de casa. Estou desempregada e
fico aqui dentro, só pensando nisso [no crime].

Agora - Como era o Felipe?


Lenice - Fanático por escola e futebol. Domingo passado, iria prestar vestibular. Mas já
nem estava mais entre nós. Ele era um palhaço. Onde ele estivesse, não havia tristeza.
Eu cheguei a perguntar se ele não ficava de mau humor. Ele disse: "Às vezes fico, mas
isso não vale à pena".

Agora - O que a sra. sente hoje?


Lenice - Não tenho ódio, mas jamais perdoarei. Nada justifica tirar a vida. Mas ódio é
faca de um gume só. Posso estar odiando, e ele não estar nem aí. Eu sofreria duas
vezes: pela perda e pelo ódio.

Agora - O que a sra. achava de Liana [namorada de Felipe, que também foi
morta]?
Lenice - Não a conheci.

Agora - A sra. acha que eles seriam felizes juntos?


Lenice - Acho que seria uma chuva de verão típica da idade. Eles estavam preocupados
em viver bem aquele momento.

Agora - A sra. queria que o menor [R.A.A.C., 16, acusado do crime] fosse para a
cadeia?
Lenice - Acredito que, se cometeu um crime, tem de ser punido, independentemente da
idade. Crime é crime. Tirou a vida, tem de pagar como os outros.

Agora - O que a sra. sente em relação aos acusados?


Lenice - Não parei ainda para pensar. Mas, quando os vi pela TV, senti vontade de olhar
bem no fundo dos olhos deles para que eles tivessem consciência do estrago que
fizeram, de graça.

Agora - E com a família de Liana, a sra. falou?


Lenice - Falei com um amigo da família. Eles sentem a mesma dor que a gente. Aliás,
não serve de alento para mim, mas eles sofreram até mais, pelas atrocidades que
fizeram com essa menina.

Agora - E agora?
Lenice - A vida tem de continuar.

13/11/2003 - 06h48

Mãe ainda não crê na participação do filho na morte


de casal
da Folha de S.Paulo

A mãe do menor acusado de participação nos assassinatos de Felipe Caffé e Liana


Friedenbach ainda não consegue acreditar que seu filho tenha cometido os crimes.

"Eu estou sem acreditar até agora, a gente escuta sim [que o filho participou dos
crimes], mas não acredita", disse Maria das Graças, 42, ontem à tarde, em sua casa.

A família mora em Santa Rita, lugarejo a poucos quilômetros do local em que o casal foi
assassinado. A reportagem chegou à casa de Maria das Graças no momento em que uma
ambulância trazia o pai do menor da fisioterapia --ele sofreu um derrame há dois meses.

A mãe disse que R.A.A.C. a ajudava na roça desde os dez anos. Apesar de seu filho, na

53
versão da polícia, ser conhecido na região por praticar até um suposto assassinato, Maria
das Graças falou que nunca ouviu nada sobre isso.

"Não saio de dentro de casa. Minha vida é essa, só vivo trabalhando. Pode perguntar,
que não sou de andar em casa de vizinho nenhum. Gosto de ficar dentro da minha casa,
sossegada." A Febem informou que ele nunca passou pela instituição.

A mãe do jovem, chamado pelo pai desde pequeno de Champinha, disse que ele gostava
muito de andar a cavalo e estudou só até a terceira série do ensino fundamental. "Era
bom de matemática."

Por seu relato, Champinha teve uma convulsão aos 14 anos, quando teria de receber
remédios. Mas, segundo ela, o menor se recusava.

13/11/2003 - 11h55

Justiça
O pai da estudante Liana, morta a facadas, defende a redução da maioridade penal. Você
é a favor da medida?

 A enquete está fechada e não aceita mais votos.

Sim, independentemente da idade, o acusado deve ser tratado como

97%
qualquer outro preso

47.050 votos

3% Não, o adolescente deve cumprir medidas na Febem onde pode ficar,

1.359 votos no máximo, por três anos

Total: 48.409 votos

Atenção: o resultado desta enquete não tem valor de amostragem científica e se refere apenas a um grupo de leitores
da Folha Online.

Pesquisa da Gazeta sobre o tema:


19/02/2010 - 13h53 - Atualizado em 19/02/2010 - 13h53
Para você, como menores infratores deveriam ser punidos?
Você acha que infratores com menos de 18 anos devem ter punição diferente por causa da idade ou devem ser julgados apenas pelo tipo de crime que
cometeram? Deixe sua opinião no espaço abaixo. As melhores respostas serão publicadas em uma reportagem sobre o assunto, neste sábado (20), no
jornal A GAZETA.
1. 13/05/2010 - 18:43
Para você, como menores infratores deveriam ser punidos? " Todos deveriam cumprir uma pena de acordo com o ato cometido, tanto de
menor ou de maior tem a sã conciencia dos atos que cometem. Hoje em dia bandidos e traficantes usam menores de idade para cometer
delitos em seu lugar porque sabe que no máximo que um menor pode pegar é 3 anos, eles já ficam com a consciência tranquila porque
sabem que rapidamente terão seus menores de volta para cometer tudo de novo. Então talvez se eles cumprissem uma pena mais rígida de
acordo com seus atos teríamos menos menores de idade pelas ruas cometendo crimes. E se hoje um menor pode decidir pelo futuro do país
votando, por que não cumpre uma pena como todos os outros infratores maiores de idade ?

54
2. 02/04/2010 - 07:36
O regimento da boa conduta exige que trate a consciencia e a coerencia de milhares de Brasileiros com formação ou orientação na escola
pública. Cem por cento de alcance diante de graves conflitos familiares e sociais é meta repreessiva, tratada por aqueles que gerenciam
com baixa coerencia. Diante dos baixos indices de oportunidades familiares, comunitárias e sociais, diferenciar Escola Pública é entender
que a Escola Particular oferece imediatismo necessário como modalidade comercial, onde formandos apenas contribui como formação
especifica em determinada condição de trabalho, e onde formando ou originários da Escola Pública, quando regido universalmente por
condições de consciencia e coerencia, torna-se um consumidor de serviços, proprios da sua finalidade, onde sua formação indicará
consciencia e coerencia de consumo, também exercendo fornecimento de serviços, onde sua formação produzida em ambiente normal e
próprio da sua realidade comunitária e submetido a valores e condições Brasileiras, adquirindo formações, conhecimentos, e persepção das
diferenciações que regem suas rotinas, tornando-se com formação lenta e progressiva diante das adiversidades que o diferencia da
formação rápida e superficial da Escola Particular, possibilitando por metodologia pública aberta e democrática de limitação humana,
adequar-se a infinitos modelos e oportunidades, bastando que contenha condições básicas de saúde e espaços urnbanos e outros, para
buscar equilibrio, destreza e condições de destaques ou sobrevivência. A educação pública atual torna-se em busca da fragilização de
valores, buscando formação velozes, equiparando-se a condições de escolas particulares, visando uma industrialização lucrativa de
funções, e atividades humanas de cunho profissional, individual, social e comunitário, dentro do espaço público, desprezando objetivos,
eliminando e destruindo a meta de construção e renovação de jovens, professores, costumes, comunidades, assim desproporcionando sua
capacidade educativa, retirando a oportunidade de destaques daqueles que se desviculam por talento, ideologias, capacidade de raciocinio,
velocidade de entendimento, determinação, carencias e diversos valores existente na rede pública, onde o tempo e a exposição são
elementos fundamentais para revelar condições que JESUS e o homem jamais conseguem execer, assim como a fabricação de PÃO e seu
tempo de espera, citamos a Quaresma, onde a falta de educação levou JESUS previamente ou no momento devido, e onde somente DEUS
revela e indica o exato momento de agressão da sua obra, revelado por Quaresma e Violência. Deus e a Escola pública produzem e
indicam tempo devido. O sistema penitenciário trata a mesma metodologia de reflexão porém com atos e desvios exercidos, e baixissimas
condição e exposição de atividades, seja por necessidade ou por carência, tornando uma produção de entendimentos ou desentendimentos,
e confecção de coerencias e sobrevivencias por ilicitudes cometidas. Considerando aqui a não avaliação do ato e metodologias, de acordo
com o desenvolvimento das condições de justiça e ressocialização Brasileira. A escola pública indica um modelo superficial quando perde
seus valores e atividades, tornando jovens limitados e adquirir pequenos e limitantes conhecimentos, considerando a baixa capacidade de
treina-lo e desenvolve-lo pela atual repreessão dos espaços e atividades extra classe publica e condições comunitárias, exigindo do aluno
apenas reflexão das suas dificuldades, não oportunando -os , inflexibilizando -os, assim tornando-os identicos a condições penitenciárias,
onde grande maioria oriúdos da rede pública atual recebem hábitos de leituras e baixo indice de informações cotidianas, sendo
convencidos a produzir por limitações. As adversidades da violência reprime e causa eliminação de habitos e atividades, este é o seu
próposito, a escola pública torna-se um modelo reduzido de comunidade, onde suas deficiencias são testadas e avalidadas por
metodologias repressoras, entendendo que suas eficiencias e busca de retomada dos seus espaços e valores, jamais irão eliminar as
metodologias repressoras, elas se tornaram migratórias a outros destinos, este é o papel da oposição, como elemento não constituido. A
quebra de valores e a eliminação de atividades publicas escolares e comunitárias, somente reduz ou elimina gerações na busca de
adequação, convivencia, resgate e manutenção dos seus espaços, suas habilidades e multiplicação de valores vitais de combate a opressão
e a dependencia repreesiva, tornando uma árdua tarefa na p´ratica de contrução da democracia e educação por condições expansivas. O
Brasileiro na pior das hipotese deveria reprimir ou reduzir a expansão populacional e humana, então ele reprime a condição humana e
educação em razão da violência e do gerenciamento conflitante com prisões domiciliar e eliminação de atividades e espaços , e permite
invasões de pessoas em larga escala superlotando espaços e tornando-os superficiais, desnaturalizados, falsárias e impraticaveis. A
extensão da carga horária quebra os valores e limites ideias da escola pública, onde a extensão da carga horária tem a função de atender,
por iniciativa própria ou ideológia, aqueles que se destacam, ou existe um acordo por necessidade, onde, a produção da extensão da carga
horária obrigatória, potencializa a indiciplina, torna-os rebeldes, desvirtua a educação, exalta a repressão, e detroi oportunidades e elimina
o tempo disponivel daquels que devem se destacar de acordo com a metodologia e ideologia da rede pública. A extensão da carga horária é
apenas mais um elemento de sacrficio da rede pública, onde oferece merenda e vale transporte, porém condena suas metodologias de
ensino e destroi seus valores. Atividades técnicas da rede pÚblica que atuam diretamente na formação da saúde pessoal do aluno, formam
destruidas e eliminadas do seu curriculo escolar de 5ª a 8ª, onde ensino religioso, educação para o lar, técnicas comerciais, técnicas
industriais, ingles, frances, educação artistica, produzem um alargamento de conhecimento e envolvimento comunitário do aluno,
introduzindo na sua concientização e pensamento, valores e possibilidades de adequação, necessidade e repeito a estes conhecimentos,
produzindo a ideologia de aplica-los, conserva-los e repessa-los as gerações seguintes, também a pais e futuros filhos, e dedicação a sua
casa evalores materiais. Tambem torna-se amplamente destrutiva a metodologia de ensino público, onde os valores contruidos por festas
juninas, páscoa, e compromisso da Idenpendencia, sofrem ataques de rereesão e extinção dos seus vaores, seguindo a metodologia da
história musical e nossos icones da Musica Popular Brasileira e rádio, tornando-os esquecidos, impedidos de entrar na midia, submetido a
falsificação e inferioridade de sua imagens, canções, e alcance popular, onde seus ritmos e seus sucessos torna-se traduzidos e capturados
em forma de hinos de religiosidade, potencializando a repressão e dominio dos nossos valores, tradições, espaços e liberdade. O exercicio
da Independencia, a Arte e a Dança, produzem uma liberdade de expressão juvenil dentro da escola pública, praticando atos de civismo e
segurança, excluindo sistemas modernos associados a prática da liberdade sexuais por condições drogas e prostiuição juvenil. É sabido que
as condições exposta podem produzir sucessos, ou que não possam ser contaminadas, porém cabe as atividades públicas e profissionais o
exercicio e a manutenção de hábitos que busquem eficiencias, substituindo a entrega total e prisões comunitárias e individuais atuais,
assim produzindo gerações aptas a conservar a condições brasileras, buscando atingir uma liberdade moderna de valorizações de
condiçoes coerente com a nossa história, regido por liberdade de expressão e responsabilidade familiar e profissional, concorrencia
legitima centrado na capacidade, desvinculo da condição religiosa e corruptiveis, capacidade de estruturação por condições educativas,
individual, representado pelas politicas financeiras vigentes, responsabilidade produtiva e condições de higiene habitual e meio ambiente.
Fatores importantissimos e vitais para a segurança da escola pública, comunidade e familias, é altamente bombardeado, trata -se da
condição de Educação Fisica, identificado por aqueles que perseguem a riqueza Brasileira, onde transforma sua poderosa eficiencia e
dedicação a habilidade e talento, sucateado e destruido. Primeiro dentro das escolas Públicas, onde a invasão de alunos somente adquire
controle pelo gerenciamento exaustivo e adequado a sua capacidade exercicio da atividade esportiva. Tornando-os alunos regido pelo
controle produtivo do desgaste das suas energias e exposição a ambientes aberto, onde a sua dedicação e autonomia produz resultado por
equipe e individual. Também pela dinâmica do ensino, obrigação, carga horária, ajustes, identificação de diferenças, torna-se amplas o
destaques de manifestações e individualidades, adequando uma comunicação ampla e coerente com as diversidades da rede pública, assim
adequando um equilibrio entre sala de aula e espaço fisico e rotina de adequação e entendimento das adversidades expostas. Com a
sabedoria criminosa e repreesiva de jovens na condição de sala de aula, este modelo foi destruido, ameaçado a produzir resultados, inibido
professores e metodologias, e conduzido a igual valores as demais atividades, desprezando seu vital valor da pratica de ressocialização,
conhecimento das potencilidades fisica e em expansão comunitária. Os chamados campinhos localizado em cada terreno baldio contruido
nas comunidades foram poluidos por infalcionamento urbanos, produzindo bolsões de forasteiros que proporcionam mão de obra para o
sistema cárcerário ou trabalho financiador da ciranda financeira ou drogas. Este modelo de detruir os chamados campinhos carecas, foi
capturado pelo sucesso de destruição das areas de esportes das escolas publicas, primeiro invadido por piratas ou forasteiros previamente
indicados e regidos por condições abstratas com objetivo de poluir as escolas, assim como jardins, edificios, luxo e obras poluem
campinhos carecas ou várzas, então afastam os legitimos práticantes, isolando-os, e inflacionando-os de medo e repressão, assim como as
unicas opções modernas conduzem jovens ao asfalto, sendo eliminados por comércios estrátegicamente impalantados para gerar trafico e
caminhoes e cargas. Assim, diante desta especialidade de criminlogia, os espaços escolares foram conduzindo a superficiliadade de
atividades e repreesão na sala de aula, eliminando a função da escola pública e suas habilidade de formar sociedades, onde seus espaços de
atividades fisicas foram destruidos ou reduzidos, os professores de educação fisica foram excluidos, silenciados, ou colocados como
depressiveis, as oportunidades de competividades forma substituidos por violência generalizada em qualquer atividade, buscando o medo e

55
a inibição de exerce-la. Com o modelo construdo na escola pública, este foi expansivo a comunidadess, destruindo espaços públicos e a
comunicação e valores contruidos e adequados a realidade Brasileiras, sendo os jovens tratados como marginais pela sua baixa capacidade
de adequação e desenvolvimento, gerado pela destruição dos seus espaços e atividades e remuneração familiar, justificando suas
exterminação, repreessão de atividades, sobrecarregando penitenciárias, destruindo a realidade de cidades e historias que sofreram para
atingir a velhice e tratar seus filhos com dignidade, onde a violência, as drogas, e a exploração sexual justificam a exigencias de
profissionais e religiosidade que protegem a sociedade. A informática e a tecnologia são apenas condiçoes que facilitam o processo
educacional, assim como a tv, o rádio, o relogio, a xerox, e outros, onde os valores Brasileiros são fundamentalmente ricos e coerentes
com a nossa raça e ideologia, exigindo constantes resgastes e adequação dos avanços obtidos pela superficialidade introduzida da
informática e tecnologia, com objetivo de intimidar e eliminar condições de exposição e valores humanos e sociais, facilitado pela
exigencia de dedicação a superficialidade adquirida no uso da informatica e tecnologia, onde a manipulação e o controle humano é exposto
de violabilidade, destinando multidões a condições de fracasso e detruição de personaçodade e valores, eliminando a liberdade e
participação popular. Então aos Brasileiros, familias e comunidades, é exigente que a informática, celular, tecnologias, sejam direcionada a
preços e taxas de uso acessiveis como televisão, xerox, relogios, rádios, e outros, expantando fantasmas, exploradores, manipulações,
garimpeiros, que utilizam como arma de endividamento, de prisão e repressão humana, de assediamento e perseguição, destruindo valores,
trabalhadores, inocentes, familias,democracia, e educação.
3. 08/03/2010 - 14:55
Já que vivemos na "Neo-Babilonia", nada mais justo do que os infratores (independentemente de quem seja), serem punidos de acordo
com a Lei de Talião. O mundo seria bem melhor se essa lei ainda estivesse em vigor. E não me venham com esse papo de direitos
humanos não porque só funciona pra bandido.
4. 24/02/2010 - 09:12
A alimentação do comércio das drogas e coerente com a expansão popucional.Considerando que Edificios inflacionam cidades e
comunidades, a incidencia de condições poluentes que causam doenças respiratória, prostituição, alto consumo de drogas, poluição de rios
e mares, tornando essas atividades como um cancer popular ou equivalente a AIDS na vida dos Brasileiros, então exigindo investimento e
captação de recursos diversos para a cura dos males alcançados, e recuperação de milhares de jovens.
5. 20/02/2010 - 19:45
Quem sabe a exigencia unidades seguindo a filosofia do modelo de colégio interno onde muitos rebeldes justificam seus sucessos
profissionais a técnica daquelas instituições.
6. 20/02/2010 - 17:09
Qualquer um independente de sua idade, cultura, físico e a deficiência destes, que cometa um crime deve ser punido em igual condição,
assim como a causa de sua geração, ninguém deve se safar pelo fato ocorrido, ignorando sua capacidade ou consciência ou outro artifício.
Todos sabem o que é certo e errado, se assim o pratica deve estar disposto a cumprir sua penalidade. O menor de idade é consciente dos
seus atos, mesmo que no fervor da impunidade, ou acobertamento dos pais e responsáveis devem ser entregues a justiça, não só pela
punição mas no que tange a cobrir os custos causados por seus atos, estes por estarem protegendo a coisa mais estúpida que existe a
criminalidade.
7. 20/02/2010 - 11:21
O menor que comete o ato infracional (crime) deveria ter o receio da medida sócio educativa (pena) que vai receber. Com a atual
legislação isso não acontece, aliás, menores infratores sabem que a medida máxima aplicada a eles não pode passar de três anos. Causando
assim uma sensação de insegurança junto a sociedade, como alternativa a esse caos a menoridade penal poderia trazer a luz uma punição
mais adequada a menores que de menores só tem a idade, porque seu físico já são de homens formados.
8. 20/02/2010 - 10:51
De forma MORAL, ao contrário do que se aplica hoje em termos legais. Se o ato cometido pelo menor de idade com mais de 14 anos é
tipificado como crime no código penal, então ele é apenado como criminoso e não como infrator e, submetido a mesma pena temporal que
o adulto, com a única diferença de ser recolhido, até atingir os 18 anos de idade, em uma unidade de RECLUSÃO PENAL (com a devida
segurança, energia, disciplina e programação de reabilitação) exclusiva para apenados entre 14 e 18 anos, devendo ser transferido para a
unidade de maiores de 18 anos, caso sua pena perpasse essa transição da idade, de 17 para 18 anos, onde concluirá a mesma... Ou seja, se o
sujeito tomou 05 (cinco) anos de reclusão aos 14 anos de idade, cumpre 03 (três) anos na unidade de reclusão para menores de 18 anos de
idade e, os outros 02 (dois) anos na unidade de reclusão para maiores de 18 anos.
9. 20/02/2010 - 09:12
A pergunta feita pela reportagem (Como menores infratores devem ser punidos?) traz consigo uma importante afirmação: os menores
infratores devem ser punidos de alguma maneira. Mas também traz uma outra questão: como punir alguém que, diante da Lei, não pode
ser responsabilizado pelos seus atos, já que, independentemente do crime cometido, ele é, ao menos por aqui, considerado incapaz , e,
portanto, legalmente inimputável? Diante disso, diante desse entrave, acredito haver uma única saída: alterar o limite de idade para a
maioridade penal, como condição necessária para efeitos criminais, o que abrirá caminho para que os criminosos, independentemente de
sua idade, sejam punidos de acordo com o gravidade do delito produzido. Entretanto, como tudo que se relaciona ao ser humano nunca é
tão simples assim, ainda estaríamos diante de outro impasse: que critérios usar para verificarmos que realmente determinada pessoa deve
ser isenta de pena, uma vez que ela não teria capacidade de entender, por causa de sua imaturidade, o caráter ilícito do fato por ela
praticado? Sinceramente, acredito que neste ponto, embora também exista alguma complexidade, o caminho a ser percorrido liga-se, sem
dúvida alguma, ao reconhecimento científico da capacidade cognitiva pertinente a cada idade. Será que, aos quinze anos, por exemplo, o
indivíduo não teria a capacidade de entender as coisas que o cercam, assimilando-as, relacionando-as, e, além disso, vendo-se a si e ao
outro como partes integrantes e inalienáveis desse universo? Acredito que sim. Mais do que isso: o ser humano nessa idade, ou até mais
novo, tem plena capacidade de entender que é bom para todos interagir com o outro, de forma harmoniosa. E se compreende isso, entende
também aquilo que produziria o efeito contrário. Assim, se a sociedade assumir a ideia de que os inimputáveis de hoje não são tão
ingênuos como se pensa, as penas contra eles poderão ser devidamente aplicadas, o que poderá contribuir para manutenção da ordem
social.
10. 20/02/2010 - 08:27
deveria ser tratado como qualquer maior, eu como policial a gente apreende ai cada menor que se diz menor quase dois metros de altura e
se diz menor não carregam nenhum documento que os identificam, acho que deveria rever essa lei que já esta aposentada e a punição ser
como todos infratores são punidos
11. 19/02/2010 - 22:06
Nos dias atuais é maior, é menor, aplica-se o rigor, eu disse rigor da lei, pois estamos cansados de ver jovens serem repreendidos por estar
fazendo coisas erradas por aí e eles citam os códigos de adolescentes com as respectivas leis que os protegem, a penalidade não deve
nunca olhar para idade e sim para o delito cometido, nossas leis são muitos brandas, advogados de portas de cadeia dependendo do
ocorrido, não medem esforços, dentro das nossas fracas leis, para rapidamente soltar o infrator, e se esse jovem infrator, não teve, dentro
da sua casa a educação necessária, que seja educado pelas leis da rua, e essas são de acordo com quem detém o infrator antes da polícia,
uma boa surra como antigamente com vara de marmelo pode deixá-lo um pouco mais sociável, comumente diz-se que pancada não educa
ninguém, mas dê uma olhadinha para trás e veja e educação de tempos atrás, é só olhar um pouquinho para trás que os resultados
aparecem, resumindo umas boas porradas não fariam mal algum, muito pelo contrário e cadeia neles. saudações. sidney
12. 19/02/2010 - 20:12

56
Devem ser julgados de acordo com o crime que cometeram independente de idade e cumprir a pena em sua totalidade e com agravante,
caso esteja drogado, alcoolizado ou reincidente. Sem redução de penalidade, indulto de Natal, Ano Novo, Dias dos Pais, Dia das Mães,
Páscoa, visita íntima, etc. Deverão principalmente trabalhar, só que esse trabalho também será aplicado de acordo com a gravidade do
crime. O dinheiro será usado em parte para seu custeio na prisão. Para pagar a hospedagem, comida, uniforme, roupa de cama e banho, ao
invés do governo ficar bancando criminoso com nosso dinheiro que é retirado via impostos, além de pagar auxílio reclusão para seus
familiares que hoje está em torno de R$ 700,00 (mês), esse dinheiro ficaria para ajudar a minimizar o sofrimento das vítimas do criminoso.
Porque se multiplicarmos esse valor pelos anos que ele terá que ficar preso dará um montante razoável. É lógico que dinheiro nenhum vai
amenizar sofrimento pela perda de um ente querido, mas estaria em melhores mãos. Aí estaríamos mexendo na ferida, porque bandido não
quer e não gosta de trabalho. Infelizmente nossas leis são feitas por bandidos para beneficiar bandidos. Não aceito dizerem que os
bandidos fazem o que fazem por falta de trabalho ou condições de sobrevivência, pois se fosse assim a maioria dos brasileiros seria
bandido.
13. 19/02/2010 - 19:57
Retificando o comentário anterior, infelizmente a maioridade penal no Brasil é de 18 anos. Esses pequenos marginais devem serem
punidos com o ardor da pena, ficando acomodados no sistema carcerário desde quando cometerem os crimes seja qual o for a idade.
Walker Botelho
14. 19/02/2010 - 19:54
Devem sentir o sofrimento de um presídio, com todo o conforto e comodidade que o sistema carcerário brasileiro oferece aos seus
hospedes. Devem serem punidos como se tivessem maioridade penal 21 anos, pois assim como foram homens para cometerem os abusos e
atrocidades dos crimes, devem também serem pessoas honrosas de serem penalizadas como se fossem de maior. Assim é na maioria dos
países, contudo em nosso Brasil o Congresso Nacional vê isso de uma maneira branda, isso porque nenhum deles foram alvos desses
pequenos e não inocentes marginais. Walker Botelho

EUA assumem abertamente a execução de menores infratores

Adital - EUA - Adital/ Mariana Tamari*

O artigo 37 da Convenção da ONU pelos Direitos da Criança estabelece: "Não se imporá a


pena capital por delitos cometidos por menores de 18 anos de idade".

O Direito Internacional proíbe claramente a imposição da pena de morte a menores infratores.


Por isso, a Anistia Internacional (AI) lançou, no dia 21 de janeiro, uma campanha global para
abolir, até o final de 2005, a punição de menores de 18 anos com a pena de morte. De acordo
com a entidade, essa prática infringe leis Internacionais e, principalmente, a Convenção da
ONU pelos Direitos da Criança (1989), instrumento de direitos humanos que mais ratificações
recebeu em toda a história. Diante de 192 ratificações, o documento só não foi assinado por
dois países, EUA e Somália. Hoje, os Estados Unidos é o único país que assume abertamente
a execução de menores infratores e que defende seu direito de fazê-lo.

No documento da campanha, denominada "Não à Execução de Menores!", a AI registra que,


desde 1990, foram documentadas 34 execuções de menores em oito países: China, República
Democrática do Congo, Irã, Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Estados Unidos da América e
Iêmen. Desse total de execuções, 19 delas aconteceram nos Estados Unidos, mais do que a
soma dos outros sete países juntos e, só no estado do Texas, nesse período, foram registradas
13 execuções. Hoje, a maioria desses países alterou suas leis em relação à imposição da pena
capital a menores infratores.

Dos 38 estados estadunidenses, 21 ainda permitem a execução de menores infratores. Em 16


deles, a idade mínima para imposição da pena de morte é de 16 anos e em 5 estados a pena
sobe para 17 anos. Atualmente, em todo o país, há cerca de 82 internos nos "corredores da
morte" dos Estados Unidos, indiciados por crimes que foram cometidos antes que os
infratores completassem 18 anos. Desde a primeira execução de um menor infrator nos
Estados Unidos, em 1642, cerca de 365 menores foram executados. Isso equivale a 1,8% do
total aproximado de 20.000 execuções no país nesse mesmo período, segundo a organização
americana Death Penalty Information Center.

Em relação aos outros países citados pela Anistia Internacional, Iemen, Paquistão e China
aboliram essa prática de suas leis. O Parlamento iraniano aprovou, em dezembro de 2003, um
projeto de lei que transfere para 18 anos a imposição da pena de morte aos infratores, que
aguarda agora a aprovação do Conselho de Guardiães. A República Democrática do Congo
57
acabou com as Cortes Militares Especiais que executaram uma criança em 2000. Não foram
registradas execuções na Arábia Saudita desde 1992 e na Nigéria, desde 1997. Nas Filipinas e
no Sudão, a pesar de não haver registro de aplicações da pena de morte desde 1990, ainda há
crianças infratoras sentenciadas à morte.

A Anistia Internacional considera que a pena capital fere o direito à vida e que é a forma mais
extrema de penalidade, cruel, desumana e degradante. A campanha "Não à Execução de
Menores!" é um passo a mais na luta para alcançar a abolição total da pena de morte. Mas a
organização está otimista quanto ao sucesso desta campanha e também quanto à abolição total
da pena capital, mesmo em países conservadores como os Estados Unidos. "Não se pode dizer
em que momento terá lugar a abolição, mas ela acontecerá." Disse acreditar Rob Freers,
investigador da Anistia Internacional para os EUA, em entrevista concedida ao Canal
Solidário de Espanha.

Os pedidos da Campanha

• Que cesse de imediato a execução de menores em todo o mundo;

• A revogação de todas as penas de morte pendentes de execução que tenham sido impostas a
menores;

• Que todos os países que ainda aplicam a pena capital garantam que em sua legislação estará
excluído seu uso contra menores;

• Que esses países apliquem medidas que garantam que seus tribunais não condenem menores
à morte, tais como a apresentação de certidões de nascimento, sempre que haja necessidade.
Deve estabelecer-se sistemas de emissão de certidões de nascimento no caso de não existirem,
assim como é estipulado pela Convenção pelos Direitos da Criança da ONU, em seu artigo 7.

* Mariana Tamari é estagiária da Adital

13. Conclusão

Diante do exposto, é da opinião da dupla que se faz mister a revisão da


maioridade penal no Brasil. Comumente ouvimos as pessoas dizerem que
esta geração é diferente da que vivemos e que foi diferente da geração de
nossos pais, de nossos avós. As crianças de hoje tem acesso muito cedo à
uma enorme gama de informações e são muito mais avançadas que todos
nós juntos. Elas evoluem e desde muito cedo já possuem consciência da
ilicitude dos seus atos. Não se justifica a maioridade penal continuar no
Brasil com a idade de 18 anos. No presente trabalho, pudemos identificar
que em muitos outros países essa idade começa a partir dos 7 anos.

58
Seguimos a opinião do Ilustre Deputado Federal Marcelo Itagiba, relator da
Proposta de Emenda Constitucional que transita no Congresso Nacional
sobre a redução da maioridade penal, que deu parecer favorável à
referida redução. Não é inconstitucional tal proposta de Emenda, tendo
em vista que não atinge uma cláusula pétrea.

Para o renomado jurista, o Prof. Miguel Real Júnior, a mudança da


maioridade penal não se justificaria, e sim, a implementação do Estatuto,
já que se observa que a sua não aplicação gera uma reincidência em torno
de 40%.

Entretanto, já se fazem 20 anos de existência do ECA e pouco foi feito. É


preciso a celeridade da aplicação das leis. A sociedade urge por isso.

O assunto é polêmico, e deve-se respeitar as opiniões contrárias tecidas


em torno do assunto. Porém fica aqui a nossa indagação: o que dizer ao
pai e a mãe de duas crianças que foram executas por um menor. E que
este menor não se submeteria as leis penais vigentes de nosso país, mas
que ficaria em regime de internação por 3 anos e após este período seria
posto em liberdade, como foi visto na presente obra?

Referências

Chaves, Antonio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente.


Ed. LTr

Maciel, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e


do Adolescente. Lumen Juris Editora

VIEIRA, Henriqueta Scharf. Perfil do adolescente infrator no Estado de


Santa Catarina. Cadernos do Ministério Público. Florianópolis: nº 03,
Assessoria de Imprensa da Procuradoria Geral de Justiça, 1999

Ishida, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente: doutrina e


jurisprudência. 11 edição. São Paulo, Atlas 2010.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u85580.shtml<
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59
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http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?
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http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?
lang=PT&cod=10731<acessadoem15.06.2010>

http://www.mp.rs.gov.br/atuacaomp/not_artigos/id14971.htm?
impressao=1&<acessadoem15.06.2010>

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?
s1=maioridade
%20penal&base=baseAcordaos&<acessadoem15.06.2010>

http://www.promenino.org.br/Portals/0/Legislacao/Sinase.pdf<acessadoem
15.06.2010>

60

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