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04 - Interpretação - Compreensão - Intelecção de Texto
04 - Interpretação - Compreensão - Intelecção de Texto
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Interpretação e Compreensão����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Ler e Entender um Texto���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
Noções Básicas sobre Interpretação e Compreensão Textual��������������������������������������������������������������������������������������2
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Interpretação e Compreensão
Nas provas de Língua Portuguesa, o texto é a base de todos os questionamentos. As questões de
interpretação e compreensão exigem do candidato um conhecimento das estruturas de um texto e
um amplo vocabulário.
Deve-se ficar atento ao fato de que as frases geralmente possuem significados de acordo com o
contexto em que estão inseridas. Logo, torna-se necessário confrontar todas as partes de um texto
para resolver uma questão.
Além disso, vale entender os dois principais níveis de leitura: decodificação (elementos explícitos
no texto), inferência (elementos implícitos, deduções, conclusões).
Não existe, logicamente, a mesma tradução literal para cada gesto, universalmente conhecido. Na
famosa estória popular da Disputa por Acenos, cada antagonista entendia o gesto contrário de acordo
com seu interesse. Negativa e afirmativa, gesto de cabeça na horizontal e vertical, têm significação
inversa para chineses e ocidentais. Estirar a língua é insulto na Europa e América, é saudação respei-
tosa no Tibete. Vênias, baixar a cabeça, curvar os ombros, ajoelhar-se, elevar a mão à fronte, são uni-
versais. A mecânica da adaptação necessária a outras finalidades de convívio explica a multiplicação.
(Adaptado de: CASCUDO, Câmara, “Prefácio”, em História dos Nossos Gestos. Edição digital. Rio de Janeiro: Global, 2012)
Ao utilizar de diferentes línguas para referir-se à expressão do pensamento pela mímica (1°pará-
grafo), o autor
a) confere um caráter particular à linguagem de sinais, em oposição à universalidade das
línguas que usam um mesmo alfabeto.
b) ilustra a diversificação da linguagem de sinais, que muda em consonância com a língua
falada em cada lugar.
c) representa a infindável série dos gestos intencionais, muito embora decodificáveis indepen-
dentemente da língua das pessoas.
d) subentende a ligação intrínseca da linguagem de sinais e do idioma falado por quem a
utiliza.
e) sugere que o interesse por esse assunto não é exclusividade sua; ao contrário, está dissemina-
do entre os mais diversos povos.
03. Leia o texto a seguir.
Toda utopia, desde a criação do termo por Thomas Morus, há quinhentos anos, anda junto com
um projeto de urbanização. É difícil planejar uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto
de sociedade. Mais que isso, se Severo Sarduy tem razão ao afirmar que a cidade passa a ser cartogra-
fada, quando, durante a Renascença, deixa de ser imediatamente visível em sua inteireza, quando
escapa ao olhar direto, então o ato de cartografar a cidade é simultâneo ao de planejá-la. Ver a cidade
como um todo e criá-la nova obedecem a um mesmo movimento.
É conhecida a oposição que, em Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda tece entre as cidades
da América hispânica e as da América portuguesa. As cidades hispano-americanas são como tabulei-
ros de xadrez: planejadas, com ruas perpendiculares. Já as cidades brasileiras são semeadas nas mon-
tanhas e nos vales, seguindo ritmos naturais, que não são os das linhas retas. Pois o Brasil central tem
uma presença mais intensa das retas e perpendiculares, bem como do planejamento urbano, mas que
talvez só uma vez, com a construção da capital federal, esteja vinculado a um projeto de nova socie-
dade. O Brasil central e tardio rompe com o Brasil colonial, “atrasado”. O exemplo mais significativo
dessa mudança está no modo como o antigo estado de Goiás gerou três capitais que correspondem a
três momentos diferentes do planejamento urbano.
A primeira é Goiânia, fundada em 1933. É uma cidade moderna, planejada, mas não é utópica.
A segunda é a capital do país. Construída ao longo da segunda metade da década de 1950, Brasília é,
sim, uma cidade utópica. Desde seu projeto inicial, pretendeu-se efetuar uma mudança nas relações
entre as pessoas que lá fossem viver; isso se tentou com dificuldade e com fracassos, porém, de qualquer
forma, houve, em Brasília, um projeto utópico. Já a terceira capital retirada do antigo território goiano
é Palmas, fundada em 1989, onde há planejamento, mas a utopia sumiu. Sessenta anos de história
marcam, assim, a trajetória da utopia no país. Esse período, entre o governo Vargas e a Constituição de
1988, assinala a ascensão e a queda de um projeto utópico.
A palavra utopia é polissêmica. Salientamos alguns de seus aspectos: o princípio teórico para a
resolução dos males do mundo, o planejamento, a urbanização. Mas a utopia não se esgota neles. Ela
pode ser sinônimo de irrealismo − e, portanto, algo positivo (o sonho, o impossível) ou negativo (o im-
possível, o devaneio). Pode ser o que nos leva a romper com o convencional, impelindo-nos à ação, e
pode ser o que nos impede de agir, prendendo-nos ao imaginário.
(Adaptado de: RIBEIRO, Renato Janine. A boa política: Ensaios sobre a democracia na era da internet. Edição Digital. São
Paulo: Companhia das Letras, 2017)
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O violento embate entre juízos de valor nas redes sociais poderia ser bastante amenizado no caso
de se aceitar, conforme recomenda o historiador Hobsbawm, a disposição de
a) evitar o julgamento de fenômenos históricos de difícil interpretação, sobretudo os que nos
são contemporâneos.
b) aceitar como legítimos os juízos de valor já consolidados na alta tradição dos historiadores
mais experientes.
c) definir com bastante precisão qual o juízo de valor a ser adotado como critério para a com-
preensão de um fato.
d) preceder o juízo de valor do exame das condições históricas que determinam a atribuição de
sentido ao objeto de julgamento.
e) pressupor que a compreensão de um fato histórico depende da emissão de juízos de valor já
legitimados socialmente.
07. Leia o texto a seguir.
[Em torno da memória]
Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens
e ideias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho. Se assim é, deve-se
duvidar da sobrevivência do passado “tal como foi”, e que se daria no inconsciente de cada sujeito. A
lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto
de representações que povoam nossa consciência atual. Por mais nítida que nos pareça a lembrança de
um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os
mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se.
O simples fato de lembrar o passado, no presente, exclui a identidade entre as imagens de um e de
outro, e propõe a sua diferença em termos de ponto de vista.
(Adaptado de Ecléa Bosi. Lembranças de velhos. S. Paulo: T. A. Queiroz, 1979, p. 17)
Entende-se que a memória não é sonho, é trabalho quando se aceita o fato de que as lembranças
nossas
a) requerem esforço e disciplina para que venham corresponder às reais experiências vividas
no passado.
b) exigem de nós a difícil manutenção dos mesmos pontos de vista que mantínhamos no passado.
c) libertam-se do nosso inconsciente pela ação da análise que, no passado, não éramos capazes
de elaborar.
d) mostram-se trabalhosas por conta do esquecimento que as relega ao plano do nosso inconsciente.
e) produzem-se como construções imagéticas cuja elaboração se dá com elementos do
momento presente.
08. Leia o texto a seguir.
O filósofo Theodor Adorno (1903-1969) afirma que, no capitalismo tardio, “a tradicional dicoto-
mia entre trabalho e lazer tende a se tornar cada vez mais reduzida e as ‘atividades de lazer’ tomam
cada vez mais do tempo livre do indivíduo”. Paradoxalmente, a revolução cibernética de hoje diminuiu
ainda mais o tempo livre.
Nossa época dispõe de uma tecnologia que, além de acelerar a comunicação entre as pessoas e os
processos de aquisição, processamento e produção de informação, permite automatizar grande parte
das tarefas. Contudo, quase todo mundo se queixa de não ter tempo. O tempo livre parece ter encolhi-
do. Se não temos mais tempo livre, é porque praticamente todo o nosso tempo está preso. Preso a quê?
Ao princípio do trabalho, ou melhor, do desempenho, inclusive nos joguinhos eletrônicos, que alguns
supõem substituir “velharias”, como a poesia.
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T.S. Eliot, um dos grandes poetas do século XX, afirma que “um poeta deve estudar tanto quanto
não prejudique sua necessária receptividade e necessária preguiça”. E Paul Valéry fala sobre uma
ausência sem preço durante a qual os elementos mais delicados da vida se renovam e, de algum modo, o
ser se lava das obrigações pendentes, das expectativas à espreita… Uma espécie de vacuidade benéfica
que devolve ao espírito sua liberdade própria.
Isso me remete à minha experiência pessoal. Se eu quiser escrever um ensaio, basta que me aplique
e o texto ficará pronto, cedo ou tarde. Não é assim com a poesia. Sendo produto do trabalho e da
preguiça, não há tempo de trabalho normal para a feitura de um poema, como há para a produção de
uma mercadoria. Bandeira conta, por exemplo, que demorou anos para terminar o poema “Vou-me
embora pra Pasárgada”.
Evidentemente, isso não significa que o poeta não faça coisa nenhuma. Mas o trabalho do poeta é
muitas vezes invisível para quem o observa de fora. E tanto pode resultar num poema quanto em nada.
Assim, numa época em que “tempo é dinheiro”, a poesia se compraz em esbanjar o tempo do poeta,
que navega ao sabor do poema. Mas o poema em que a poesia esbanjou o tempo do poeta é aquele que
também dissipará o tempo do leitor, que se deleita ao flanar por linhas que mereçam uma leitura por
um lado vagarosa, por outro, ligeira; por um lado reflexiva, por outro, intuitiva. É por essa temporali-
dade concreta, que se manifesta como uma preguiça fecunda, que se mede a grandeza de um poema.
(Adaptado de: CÍCERO, Antonio. A poesia e a crítica: Ensaios. Companhia das Letras, 2017, edição digital)
Depreende-se do texto que a tradicional dicotomia entre trabalho e lazer (1° parágrafo), apontada
por Adorno,
a) é reforçada pelo capitalismo tardio, cuja ideia de que “tempo é dinheiro” resulta na deprecia-
ção das atividades lúdicas que demandam maior dedicação, como a poesia.
b) está circunscrita a um determinado momento histórico em que a exigência de dedicação
ao trabalho impedia que a classe dos trabalhadores usufruísse de atividades culturais nos
momentos de folga.
c) causou a desvalorização de certas atividades mais lentas, como a feitura de poemas, que
chegam a levar anos para serem concluídos, em prol de outras mais dinâmicas, como os
jogos eletrônicos.
d) pressupõe que, na era cibernética, diversas atividades, como a comunicação e a captação de in-
formações, estão mais velozes, proporcionando mais tempo de entretenimento para o indivíduo.
e) deu lugar à falta de tempo livre até mesmo nos momentos destinados ao descanso ou ao entrete-
nimento, fenômeno que, apesar dos avanços da tecnologia, ainda se observa nos dias atuais.
09. Leia o texto a seguir.
A coletânea de aforismos que constituem os dois volumes de Humano, demasiado humano, consi-
derado o marco inicial do segundo período da produção de Nietzsche, é um ajuste de contas definitivo
com as ideias fundamentais do sistema filosófico de Schopenhauer.
Dedicando o livro à memória do filósofo francês Voltaire e escolhendo como epígrafe uma citação
de René Descartes, Nietzsche já o insere simbolicamente na tradição da filosofia das Luzes, caracteri-
zada pela confiança no poder emancipatório da ciência, em seu triunfo contra as trevas da ignorância
e da superstição. Não por acaso, portanto, a obra tem como subtítulo Um livro para espíritos livres.
Se, para o jovem Nietzsche, era a arte – e não a ciência – o que constituía a atividade metafísica
do homem, em Humano, demasiado humano ela é destituída desse privilégio. Fazendo uma referên-
cia velada a pressupostos fundamentais da filosofia de Schopenhauer, dos quais partilhara, Nietzs-
che toma agora o cuidado de se afastar criticamente deles. “Que lugar ainda resta à arte? Antes de
tudo, ela ensinou, através de milênios, a olhar com interesse e prazer a vida, em todas as suas formas.
Essa doutrina foi implantada em nós; ela vem à luz novamente agora como irresistível necessidade de
conhecer. O homem científico é o desenvolvimento do homem artístico”.
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à noite. Não sabem o que realmente querem. Há pessoas que adoram atividades repetitivas. Outras são
viciadas em desafios. Eu preciso saber do meu perfil. Não posso contrariar permanentemente a minha
natureza.
3. A morte do sociólogo Zygmunt Bauman reacendeu o debate sobre a deterioração das
relações humanas na era da internet. Redes sociais geram uma falsa ideia sobre o sucesso alheio?
Leandro Karnal – Toda tecnologia é neutra, tudo depende do que fazemos com ela. Vivemos na
sociedade do espetáculo, em que toda a atenção é voltada para a imagem. Precisamos entender que
tudo que se publica nas redes sociais é de autoria de um roteirista. É alguém construindo uma imagem.
(Disponível em: exame.abril.com.br. Com adaptações)
O inconveniente faz parte do sentimento de inadequação que foi nosso ponto de partida. Nada
mais razoável, portanto, para alguém consciente do prejuízo, que passar ao polo oposto e imaginar que
baste não reproduzir a tendência metropolitana para alcançar uma vida intelectual mais substantiva.
A conclusão tem apoio intuitivo forte, mas é ilusória. Não basta renunciar ao empréstimo para pensar
e viver de modo mais autêntico. A ideia de cópia discutida aqui opõe o nacional ao estrangeiro e o
original ao imitado, oposições que são irreais e não permitem ver a parte do estrangeiro no próprio, a
parte do imitado no original e também a parte original no imitado.
(Adaptado de: SCHWARZ, Roberto. Que horas são? São Paulo, Cia. Das Letras, 1987, p. 29-48)
Considere:
I. Depreende-se do texto que o pensamento crítico brasileiro é permeado por um sentimento
de inadequação, relacionado ao cultivo, no país, de práticas culturais consideradas inautên-
ticas, que não refletiriam a realidade nacional, advindas de países estrangeiros de prestígio.
II. A colocação irônica de Machado de Assis de que “o influxo externo é que determina a direção
do movimento” corrobora a tese proposta pelo autor do texto de que uma vida intelectual
brasileira mais expressiva será alcançada quando o país valorizar suas raízes, no plano da
cultura, e deixar de imitar práticas culturais vindas de fora.
III. A praxe criticada no 4° parágrafo refere-se à tendência de conciliar tradições culturais es-
sencialmente brasileiras, como o samba, com elementos emprestados de culturas estrangei-
ras, como a guitarra elétrica.
IV. Para o autor, não é pertinente opor o nacional ao estrangeiro e o original ao imitado, pois
tais oposições impedem que se perceba, por exemplo, o que há de original na cópia.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e IV.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV.
e) II e III.
Gabarito
01 - B
02 - E
03 - D
04 - C
05 - C
06 - D
07 - E
08 - E
09 - A
10 - A
11 - A
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