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ABMAEL MANOEL DE LIMA

SÔNIA REGINA FACINCANI DE LIMA


JOSÉ MARCELO BREIJÃO ÁRTICO
ADVOGADOS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SANTA FÉ DO SUL,
ESTADO DE SÃO PAULO.

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

ELIANA APARECIDA ALVES, brasileira,


convivente, funcionária pública municipal, residente e domiciliado na
Rua Argentina, 15, Jardim Morumbi nesta cidade de Santa Fé do Sul,
Estado de São Paulo, vem, com o respeito de estilo à presença de Vossa
Excelência, pelo procurador e advogado que esta subscreve, inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, sob nº. 48.633,
com escritório na Rua 7, nº. 958, Centro, nesta cidade, local onde
recebe as intimações, ingressar, baseado no art. 274, inciso I, do
Código de Processo Civil, com AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL DE
COMPRA E VENDA, C.C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C. C.
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
CONSISTENTE EM RETIRADA DO NOME NA SERASA/SCPC, em face
da empresa ELIANA MISOKAMI-EPP – MÓVEIS BRASIL LÍBANO,
inscrita no CNPJ sob nº. 09.194.659/000109, estabelecida na Rua
Marcondes Salgado, 9-06 – Chácara das Flores – CEP 17013-113, em
Bauru, Estado de São Paulo por seu representante legal e SUL
FINANCEIRA S/A – CFI, estabelecida na Rua Butantã, 518, CEP
05424-905, em Pinheiros, São Paulo, pelos motivos de fato e de direito
a seguir expostos:

A autora é funcionária pública municipal desta


cidade.
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Trata-se de pessoa conhecida e respeitada, de


índole moral inatacável, de família honesta e trabalhadora.

Em 18 de julho de 2.008, compareceu na


residência da requerente uma pessoa de nome Kellem, identificando-se
como vendedora da empresa denominada Móveis Brasil Líbano.

Após muita insistência e acreditando nessa


pessoa, a requerente acabou por efetuar duas compras, ou seja, de um
guarda-roupas e de uma cama, totalizando o valor de R$1097,56 (um
mil, noventa e sete reais e cinqüenta e seis centavos).

A compra da cama foi realizada em nome da


requerente e do guarda-roupas em nome de seu filho, Rafael Alves da
Silva.

Ocorre que a requerente não recebeu os móveis


no prazo estipulado de 15 (quinze) dias para a entrega. Mesmo assim
chegou na residência da requerente dois boletos bancários para serem
pagos, referentes à aquisição da cama. Aliás, se fosse o boleto
decorrente da compra do guarda-roupas, certamente nele constaria o
nome do filho da requerente e não o nome dela novamente.

Além do mais, os valores não são os mesmos


especificados na compra, em se tratando que os valores que estão
inseridos nas notas são 12 (doze) vezes de R$43,63 (quarenta e três
reais e sessenta e três centavos) e 12 (doze) vezes de R$62,38 (sessenta
e dois reais e trinta e oito centavos), mas os valores dos boletos são 12
(doze) vezes de R$62,38 (sessenta e dois reais e trinta e oito reais) e 12
(doze) vezes de R$ 66,18 (sessenta e seis reais e dezoito centavos).

Aliás, a fornecedora tentou entregar a cama,


mas a requerente não aceitou, preferindo cancelar a compra e venda
realizada a domicilio, já que lhe era conferido o direito de desistência
no prazo de 07 (sete) dias, contados da assinatura do negócio ou do ato
de recebimento do produto ou serviço.

Tentou, a requerente, comunicar-se, via


telefone, com as requeridas, mas tudo foi em vão.
Por essa razão, a requerente dirigiu-se ao
PROCON desta cidade, procedendo-se à abertura da reclamação FA nº
0108-000.094-9, datada de 16 de setembro de 2008.

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Designada audiência por aquele órgão, a
fornecedora, primeira das requeridas, devidamente notificada, nela não
compareceu. Na oportunidade foi feito o pedido de cancelamento do
produto adquirido, por não ter sido entregue no prazo combinado de 15
(quinze) dias, exercendo também a requerente o seu direito de
arrependimento, nos termos da legislação em vigor.

Entretanto, as requeridas, sem nenhuma


justificativa plausível, lançaram o nome da requerente nos órgãos de
serviços de proteção ao crédito, precisamente na SERASA/SCPC, em
face do contrato sob nº. 50277476, com débito no valor de R$62,38
(sessenta e dois reais e trinta e oito centavos).

Com isso, o prejuízo moral da requerente foi


enorme, já que a requerente é funcionária pública municipal e trabalha
em uma escola, nesta cidade. A vergonha perante seus colegas de
trabalho e à sociedade santa-fé-sulense traduziu-se em verdadeira
ofensa aos direitos da personalidade.

Assim, a conduta ilícita das rés implicou dano


moral à autora, vindo a infringir o art. 5º, incisos V e X, da
Constituição, e o art. 6º, inciso VI, da Lei 8.032/80.

É sabido que, na hipótese em questão, o dano


moral é presumido, de tal modo que a prova dos prejuízos é escusada.

A contratação foi direta entre autora e uma das


rés fornecedora. Há de se aplicar, portanto, à hipótese, o Código de
Defesa do Consumidor ( Lei 8.078/90).

Firmada a aplicação do Código de Defesa do


Consumidor, nada impede que a demanda seja proposta no foro do
domicílio da autora, nos termos do art. 101, inciso I, da mencionada
lei.
Por seu turno, vem o problema do valor da
indenização, que, no caso, deve ser fixado por arbitramento. Em casos
tais, a jurisprudência aponta o critério do caso concreto, devendo o
Juiz valer-se do grau de culpa dos envolvidos, da capacidade
econômica do ofensor, da repercussão da conduta em relação à vítima
etc.

Assim, as rés demonstram um verdadeiro


poderio econômico.

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Não bastasse isso, o ato ilícito envergonhou
ingentemente a autora, que nunca tinha visto seu nome inscrito em
órgãos de proteção ao crédito.

Tudo isso, então, aponta, em homenagem ao


princípio da reparação integral do dano, sem implicar enriquecimento
sem causa, para o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais).

Na hipótese de condenação em valor inferior ao


pleiteado na inicial, não há de se aplicar a sucumbência recíproca, nos
termos da recentíssima Súmula 326 do Superior Tribunal de Justiça:
“Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante
inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca”.

Por sua vez, o ato ilícito vem ocasionando


sérios prejuízos à atividade da autora. Urge, pois, que, o mais rápido
possível, seu nome seja retirado dos cadastros da SERASA/SCPC,
devendo ser concedida a antecipação de tutela dessa obrigação de
fazer, nos termos do art. 461, §3º, do Código de Processo Civil.

Caso descumprido pelas rés o provimento


jurisdicional de urgência (tutela reintegratória ou tutela de remoção do
ilícito), há de se impor-lhes a multa diária, com base no art. 461, §3º,
do Código de Processo Civil.

Também à SERASA/SCPC, se descumprido o


mencionado provimento, há de se impor a multa de até 20% do valor
da causa, nos termos do art. 14, parágrafo único, do Código de
Processo Civil. Trata-se da figura do contempt of court, que se aplica
mesmo aos terceiros que não sejam partes processuais, daí a
possibilidade de impor a multa à Serasa.

Com efeito, Contempt of court é “a prática de


qualquer ato que tenda a ofender um juiz ou um tribunal na
administração da justiça, ou a diminuir sua autoridade ou dignidade,
incluindo a desobediência a uma ordem” (Ada Pelegrini Grinover).
Significa, em resumo, desprezo ao tribunal, na linguagem do direito
norte-americano.

A origem do instituto está em dar ao Judiciário


os meios necessários para que as decisões desse poder sejam
cumpridas.

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A inclusão do inciso V ao art. 14 do CPC, pela
Lei 10.358/01, implicou que o instituto fosse previsto no direito
brasileiro.

Assim, impedir o cumprimento de decisões


judiciais enseja multa. Tal descumprimento é o “desrespeito ao
tribunal”.

A multa decorrente do contempt court não se


destina à parte processual, já que visa a sancionar ato atentório ao
exercício da jurisdição. Atos que ofendam a parte contrária, por
infensos à probidade processual, estão previstos no art. 14, II, do CPC,
e ensejam litigância de má-fé.

Assim, multa por embaraço à jurisdição e


multa por deslealdade processual podem coexistir, sem implicar
duplicidade de pena (N. Nery).

Busca-se reforçar a ética no processo. A multa


do “contempt of court” aplica-se a todos os que participam do processo
(art. 14, caput), incluindo serventuários da justiça, autoridades e
terceiros submetidos às determinações judiciais. Ex.: instituição
bancária que se negue a prestar informações no caso de quebra de
sigilo; empreiteira que se recuse a paralisar uma obra, alegando não
ser parte no processo – multa para ambas.

Essas considerações foram obtidas no artigo


escrito por André Dias Irigon, Henrique Gouveia de Melo Goulart e
Vinicius Marçal Vieira, “O Instituto do contempt of court e seus reflexos
no direito brasileiro”, in www.advogado.adv.br.

Daí a legitimidade da multa de até 20% à


Serasa, caso descumpra o provimento jurisdicional.

Posto isso, pleiteia-se a antecipação de tutela


da obrigação de fazer, consistente na ordenação da imediata retirada
do nome da autora nos cadastros da SERASA/SCPC. Caso
descumprida tal decisão, requer-se a imposição de multa diária às rés e
de multa de até 20% aos referidos órgãos de serviços de proteção ao
crédito.

Concedida a liminar, pleiteia-se, depois de


citadas as rés, a procedência da demanda, com a conseqüente rescisão
da venda e compra noticiada pelo contrato nº. 50277476, condenando-
se as requeridas à indenização por dano moral no valor de R$20.000,00
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(vinte mil reais), devidamente corrigido e com juros moratórios ambos a
partir do ato ilícito.

Pleiteia-se, ainda, a imposição da obrigação


das requeridas de pagarem os ônus da sucumbência, inclusive os
honorários advocatícios em 20% sobre o valor da condenação, as
custas e despesas processuais.

Por fim, pede-se a conversão do provimento


liminar em decisão definitiva.

Protesta provar o alegado por todos os meios de


direito admitidos, sem exclusão de nenhuns, como pericial,
testemunhal, documental e todos os mais que sejam necessários para a
prova do alegado.

Dá-se à causa o valor de R$20.000,00 (dez mil


reais).

Nesses termos,
Pede deferimento.

ABMAEL MANOEL DE LIMA


OAB.SP 48.633

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