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\~:
..._.v.'_, . . PLANEJAMENTO
. •. .
URBANO,
,..,
HABITAÇA9 E
AUTOCONSTRUÇAO:
experiências com urbanizaçäo de bairros na Guiné-8issau
~i'
TU Delft
TechnilChe Univ.,.iteit Oettt
12. 0 de integrada executado em Cupilom de Cima 130
VI-
14. 181
5
A funçào da urbanistica é eminentemente social. Mas, a
nosso ver, ela se reveste de dois outros urn tem
que ver com a e 0 outro com a Estética. Com a
Ética, porque urbanizar criar na na
realidade ambientaI, urn beneficio crescente para a vida
das pessoas, uma condiçào de meI hor bem-estar que
desenvoIver urn clima de de
entendimento e de complre(~ns:a: humana num dado espaço
de convivência.
20 de Abril de 1993.
6
após a pubIicaçao do Iivro "Settlement and Assisted an
to neighbourhood in a Sub-Saharan African city", a Faculdade de
Arquitetura, e Desenho Urbano da Universidade de Tecnologia de
Delft recebeu vindas de diversas organizaço es da Guiné-Bissau no sentido de
realizar a traduçao do livro para 0 IJn1rhl,rrll,i"
trabalhando no universo
intra-muros da que estao em confronto direto com a
necessidade de desenvoiver e efetivas para a concretizaça 0 de
melhores de vida e habitaçao nos paîses em desenvolvimento.
2 de Junho de 1993.
7
J.
Claudio deixa daro em seu livro que esta é causada por uma constante
de vários fatores sociais, ffsicos e jurfdicos. 0 grande numero de participantes
,nt",rCII''ln
govemo, tanto municipal quanto nacional, edesejam também contribuir diretamente para tal.
Em terceiro lugar, penso ser notável que apesar dos objetivos finais terem sido a
projeto ao Ion go dos anos vem mudando de curso.
é que as pessoas envolvidas diretamente com 0 estäo a
apreender das experiências tiradas da dura prática.
Também 0 papel do SNV urn outro caráter ao dos anos. Na fase inicial 0
relacionamento de ,,,vw,,,,r'll""'l- foi visfvel e demasiadamente dominado SNV. No
perfodo subseqüente, 0 SNV tentou orientar e despertar seu interesse por uma outra polîtica
para urbana, mais orientada à dos habitantes e dos da
Càmara Na fase 0 SNV definiu para si um de estimulador e
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intermediador. Estimulador quando se trata de renovar e todo 0 processo, e
intermediador quando se trata da cooperaçà 0 entre os participantes Guineenses e Holandeses.
Em vários outros contextos e centros constatar que os tanto
de alta quanto de baixa renda, detêm um de desenvolvimento. É também
uma questào de buscar uma dara divisao de tarefas e responsabilidades entre de um lado
os serviços municipais e do outro as organizaçö es dos moradores.
Também em Bissau, os moradores suas próprias devem reconhecer e estar cientes de suas
diretas seu local de moradia e trabalho. A melhoria do seu nivel de
a de sua de e finalmente 0
por do governo, de seu papel e no processo de melhoramento dos
também pontos importantes aserem levantados.
UIQ,lUl''-'HL''-', Slurr,rel:ncie-Jme 0 aberto sobre 0 curso que dentro do PMBB passa a ser
seguido. Claudio Acioly dá sua à discussào com a de seu
livro. Uma contribuiçào que, à meu ver, é bastante valiosa graças à sua rica experiência
e à seu intenso envolvimento ao
26 de Abri1 de 1993.
Jan Berteling
Diretor Geral do Holandês de Cooperaçao
26 de Abril de 1993.
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é uma ampliada e atualizada do livro "Settlement and
Housing: to neighbourhood in a Sub-Saharan
African city", publicado em em Julho de 1992. A versao em
deve ser creditada à iniciativa do Ministro das Obras Pûblicas e Urbanismo-
MOPCU da Repûblica da Alberto Lima Gomes, e ao apoio
financeiro do Fundo Universitário e da Faculdade de Arquitetura da Universidade de
Tecnologia de do Holandês de Cooperaça o-SNV e do Instituto para Estudos
da e Desenvolvimento Urbano-IHS. Uma encaminhada pelo ministro
Lima Gomes à Faculdade de e ao SNV, viabilizou esta ediçao traduzida ao
Português, já que seus sensibilizaram as instituiçöes financiadoras. Em sua
carta, ele afirma que "esta publicaçao tem um valor muito visto que contribui para
o estudo da cidade de Bissau pois uma série de para solucionar alguns
de seus problemas". gesto e que tornou este
livro acessfvel ao pûblico e também pelo valioso apoio dado ao PMBB durante
sua no ministério. Espero que as idéias e 0 trabalho, desenvolvidos durante minha
passagem pelo respondam à suas e colaborem para desenvolvimento
urbano de Bissau. Nao poderia deixar também de às financiadoras
desta
Por ter vivido três anos em Bissau, tive a chance de vivenciar os urbanos da'
cidade em seus diferentes nfveis. Isto influenciou decisivamente 0 meu posicionamento
profissional e deu-me para formular soluçöes bem pragmáticas. Nào posso negar
o de minha experiência adquirida com projetos de de favelas no Brasil
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e nem mo pouco a minha acadêmica na Holanda. Nao poderia também negar
as informaçöes colhidas através de conversas mantidas com dos bairros e com
cidadäos aos mais diversos grupos étnicos. Tais contatos
ajudaram-me a construir urn da institucional, conceptual, profissional,
politica e económica que envolve a de Bissau. Nao esquecer a
contribuiçao dos vários profissionais Guineenses, ligados direta ou indiretamente à
com quem discuti e trabalhei durante minha estadia no
Inc1uem-se também os trabalhadores e a do os moradores dos bairros e seus
diversos Ao agradecer a toda essa de fatalmente estarei
correndo 0 risco de cometer alguma injustiça.
No MOPCU, de ...r""1-,,,,,,,
11
trabalhar durante um curto espaço de tempo. Ao Manoel
sua energia, capacidade de trabalho, e postura crîtica na conduçäo
dos trabalhos da CMB e ao seu apoio incondicional ao processo de dos bairros.
As discussoes que seja na CMB, no PMBB ou durante as visitas aos
foram bastante uteis para 0 funcionamento do PMBB.
Meu profundo agradecimento vai para toda a do PMBB, sem a nem 0 meu
trabalho e nem tào pouco esta teriam sido possîveis. Em especial, ao arquiteto
Vicente colaborador e de todo esse e com 0 dividi
muitas tarefas. Com ele as da CMB e 0 jeitinho Ao
animador socia] Sidi Jaquité, um poJivalente de natureza e ponta de lança do pl;:melarnel1to
urbano, com 0 desvendei os mistérios da participaçäo dos moradores e com quem
enfrentei confusoes no selo dos bairros. Se durante 0 desenrolar do
trabalho, nào fui capaz de repassar todo meu conhecimento à estes dois f-"""''''''''.""",,", ,
v,"",,,
espero agora poder redimir-me com esta publicaçäo. Ela é 0 fruto do nosso trabalho e
espero que lhes sirvam como incentivo e consigam col her os frutos das sementes que
plantamos A Julieta e companheira, sua coerência e por ter
mantido acesa a chama do ideal da sociedade sem classes. Sua atitude crîtica nosso
processo de trabalho foi sempre um empurrào para repensarmos 0 nosso papel como
cooperantes. A Henk diretor do um à quem devo toda esta
experiência Africana. e convicçäo perante 0 SNV resultou no meu
recrutamento para a equipe do PMBB. A sua confiança em meu trabalho, ao ",..'PIT'Clr_JTlP
12
suas idéias mas dao-nos exemplos da loeal. Isto é urn estîmulo para
eontinuarmos a erer no desenvolvimento da e da Guiné-Bissau, em
Claudio C. Jr.
Rotterdam, 26 de Maio de 1993.
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A é urn fenomeno irreversivel para os paises em desenvolvimento. 0 rápido
processo de crescimento das cidades traz em seu bojo uma série de mas
também 0 bern estar social, 0 desenvolvimento economico assim como a pobreza, a
de~~ra,Jaçao ambiental e uma longa Hsta de que apresentam-se como 0 maior
desafio para os planejadores urbanos e formuladores de polîtica dos di as de 0 ultimo
prognóstico das Unidas revela que metade da populaçäo dos em
desenvolvimento estará residindo em áreas urbanas no ano 2015, e oito das dez maiores
cidades do estaräo 10calizadas nestes no ano 2000
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necessidades da VV~~U"J.","" urbana
saude e educaçäO.. E atualmente há uma cO.nsciência F,"''''''-''uu.<"u,,",u
TudO. istO. tO.rna 0. tema deste livro bastante atual e pO.rque nàO. dizer essencial para se
cO.mpreender as de uma cidade africana cO.mO. Bissau, capital da Republica
da Guiné-Bissau. Este estudO. descreve uma série de nO. ambitO.
do. de melhO.ramentO. de bairros de Bissau-PMBB durante 0. de de
1989 à Janeiro de 1992. ProjetO. este que é financiadO. pelO. gO.vernO. HO.landês e envO.lveu
nT1TYH:'lT-:l fase três dO.s váriO.s bairrO.s da nO.meadamente Belém e
atendendO. a uma de cerca de 25.000 pessO.as. de ser
financiadO. pela agência de cO.O.peraçäO. bilateral dO.s Pafses BaixO.s, DGIS, a sua exe~cu<;:a
ficO.u sO.b a do. HO.landês de CO.O.peraçä o.. Inicialmente, 0.
estava SO.b a tutela do. MOPCU-MinistériO. das Obras
UrbanismO. mas em 1988, sua tutela transferiu-se para a CMB-Cämara MllmC:::lp:al
que tO.rnO.u-se a tutO.ra e lO.cal por sua execuçäO. e gestàO. juntamente cO.m 0.
SNV.
No. iniciO., 0. PMBB caracterizava-se cO.mO. urn projetO. de melhO.ria de infraestrutura. AO.
lO.ngO. dO.s anO.s, após a fase "ex:pelnment:al de Mindará (1986-87), 0. projetO. cO.meçO.u a
-:ln~>rh>l(,{"'I~r sua abordagem a seu trabalhO. e urn métO.dO. de
de O.bras baseadO. na idéia de de trabalho.. A
desta fase, prO.curou-se envO.lver O.S . JTI()ra.dO.res
e dO.s beneffciO.s nO.
cO.m ênfase à gestàO. dO.s fO.ntanáriO.s Já na intervençäO. nO. bairro de CupilO.m de
Cima (1989-91), 0. projetO. cO.lO.cO.u em prática, pela primeira vez em sua história, uma
-:lht"'lrti'-:lcr,~ll1 mteg:racla em que se cO.mbinO.u a de saneamentO.,
habi taçä 0. , urbanO. e cO.munitária. Nesta 0. vO.ltO.u-se
para urn modelO. de urbanizaçä 0. e planejamento ffsico que é 0. principal O.bjetO. deste estudO..
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A n.rimmruQill~ do livro descreve 0 cenário sócio-economico e politica do e apresenta
de dados e fatos sobre a Guiné-Bissau. 0 dá ênfase à escala
a maneira como seu processo de e seus pnnCJlpaIS
problemas. Uma parte deste capftul0 analisa 0 problema da habitaçäo e Dostenormente
descreve as caracterfsticas da autoridade municipal e os dilemas que enfrenta para
a do crescimento de Bissau. que procura-se
ex(:!mpWtlc,if ou relacionar a problemática local com situaçoes semelhantes em outros
em desenvolvimento.
Urna resurnida das caracteristicas básicas de cada urn dos três bairros é apresentada
ao firn deste que é concluido com um sobre a do
os resultados ffsicos alcançados. Também säo formuladas algumas conc1usoes
sobre os irnpactos causados pela do projeto ern cada um dos bairros. 0 :!::.!!J~~
.y é de fato 0 cerne deste estudo. Este capîtul0 descreve uma piloto e de
pequena escala na tive a oportunidade de testar várias idéias sobre planejamento
e uma análise da
planejarnento e execuçä 0 de uma determinada de urbanizaçä 0 de bairros
concluindo-se com uma dos resultados alcançados. 0
gu@@~~ é aparte derradeira deste estudo e urn caráter conc1usivo onde pré~terldo
apresentar rninha visäo sobre 0 futuro do Minha é as
possibilidades que a urbanizaçä 0 de bairros oferece, como e ',,">LLU.'-'F,'C"'"
viável para formas sustentáveis de desenvolvimento urbano em Bissau.
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Mulher fula da regiäo de Gabu, 1989.
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A Guiné-Bissau localiza-se na costa oeste Africana e foi descoberta pelos portugueses em
1446 que a mantiveram como colónia por 528 anos. É urn pais cujo território predomina
a paisagem plana, cortada por rios que fonnam vários estuários e de mar navegáveis
por muitos em ao interior. 0 é habitado por uma populaçao
formada por diversos grupos étnicos cuja maioria a religiäo animista. Estima-se que
a deve já alcançar urn milhäo de habitantes e a maior parte destes ainda habita
as zon as rurais. A capita! Bissau 180.000 habitantes, 0 que
cerca de 18 % da IJV~JU"Ol.vU
Ao Norte, a Guiné-Bissau divide sua fronteira com 0 com 0 qual tem tido
algumas tensoes nas boas devido à uma disputa penden te em área
marftima. Ao divide sua fronteira com a Guiné Conacri, pais que apoiou decisivamente
o PAIGC-Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde durante a guerra de
libertaçao contra 0 colonialismo que durou de 1959 a 1974. Poi neste ano que
o PAIGC a definitiva ao derrotar 0 de
fato que deu inicio ao firn da 10nga portuguesa na
ter sido uma guerra considerando-se a do armada dos dois
a foi 0 sua independência entre as ex-
colónias portuguesas na Cabo Verde e Säo Tomé
& Prl,nr'iy,p
1974 foi também 0 ano em que Amîlcar Cabral, 1îder guineense mundialmente foi
assassinado na Guiné-Conacri. Cabral era urn formado em e conhecia
profundamente os probiernas mais cruciais de seu bern como a modo de vida caJlTIP1onës,
su as seus hábitos e costumes e as diferentes tradiçoes dos diferentes grupos
étnicos. Como mentor e ideólogo do PAIGC, Cabral urn
na organizaçà 0 do partido e a participaçà 0 popular na
do novo estado e também na luta contra a dominaçao portuguesa.
Cabral estava consciente dos diferentes modos de dominaçao e opressao existente na
sociedade tradicional e buscava dar espaço'de participaça 0 aos grupos e
ma.rglmaHz,:tdc}s tais como 0 camponês e a mulher . Isto tornou 0 processo de oq~arllZi:lça:
popular bastante em às outras colónias portuguesas et al, 1988). EIe
deixou como uma quantidade de textos sobre as possibilidades de se
construir uma nova sociedade guineense, as abordagens para se resolver 0
problema do subdesenvolvimento bern como as diferentes militares e para
expulsar 0 domfnio português do pais (Cabral, Infelizmente, a Guir~-
Bissau näo fazer uso de seu carisma como chefe de nem de sua capacidade de
e nem täo pouco de sua experiência polftica internacional pois
morreu antes da conquista da independência.
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Portugal näo deu muita de prazo, no que
diz respeito a industria desenvolvimento tecnológico e infraestrutura social.
a dos portugueses, a quase totalidade da infraestrutura fîsica e social estava
totalmente destruida ou pilhada. setores, como saude e foram mo
negligenciados que a independência, a grande maioria da populaçà 0 ainda era
analfabeta apesar dos e campanhas de alfabetizaçà 0 empreendidos pelo PAIGC
durante 0 periodo da luta. Atualmente, 0 éa oficial mas só é dominado
de fato por cerca de 20-25 % da populaçào. A saude publica encontra-se ainda em ",.,.tu,<uv
dificil e a lista de do governo atual.
Com uma renda per capita de US$ 180 uma dfvida externa estimada em mais de
US$ 500 milhöes de dólares e um Produto Interno Bruto abaixo de US$ 200 milhöes de
uv,''''>''''''", a Guiné-Bissau encontra-se entre os dez mais do mundo. Segundo
o indice de desenvolvimento humano-HDI criado ONU para avaliar 0 de
desenvolvimento dos paises, a Guiné-Bissau (HDI =0,088) ocupa a 152 em uma lista
de 160 0 cálcul0 do cujo valor máximo é 1, näo leva em
conta só a renda per capita de um mas também a taxa de e a eXl)ectatlva
de vida da populaçào. Para se ter uma idéia do que significam esses basta citar
que 0 Canadá, com um HDI igual a 0,982 e uma renda per capita de US$ 19.030,00, ocupa
nr.1YI,:·,ro::l posiçäo das sociedades mais desenvolvidas. 0 e renda per
US$ 23.810,00) ocupa a os Estados Unidos e renda
per capita US$ 20.910,00) ocupam a sexta e a Holanda (HDI=0,968 e renda per
a nona Entre os dez menos desenvolvidos segundo
o nove säo africanos sen do que a Serra Leoa e renda per
220,00) e Guiné Conacri (HDI=0,052 e renda per US$ 430,00) ocupam
respectivamente a penultima e ultima posiçöes (UNDP, 1993:72).
19
causavam uma crescente e em diversos setores do próprio governo, e
havia muitos problemas pelo acordo de unidade entre Cabo Verde e Guiné-
tudo isto gerou uma politica que foi resolvida governo com a
tomada de medidas rîgidas e iniciativas bastante autoritárias.
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económico. Vale a pena mencionar que a tem tido a pior performance económica
entre todas as do planeta. E a ênfase dada à como instrumento de
captaçao de recursos e pagamento dos juros relativos aos tomados ao Banco
Mundial e fez com que 0 pagamento da divida externa Africana triplicasse entre 1981
de 4 Bilhöes para US$ 11,7 Bilhöes (Hamdi, mas nao impediu
Subsaariana a 1993 com uma dîvida externa no valor de 183
21
urn problema de muito maior COll1pleXJ<1~l<1e em
o governo da Guiné-Bissau criou urn fundo nacional de desenvolvimento a firn de ... ",r..,."h ..
os recursos financeiros que possam cobrir as su as contrapartidas em moeda local junto aos
diferentes 0 fundo nao ser sustentado pela poupança interna e
mais uma vez ficou a mercê de Além a má do fundo
causou muitas interrupçöes em diversos projetos em 1990 e 91. A divida externa também
vem devido ao fato de que a nao tem sido suficiente
para cobrir as necessidades de As poHticas fiscais foram ineficientes para
alcançar os objetivos pré-estabeleeidos e causou a de desembolsos do crédito
concedido pelo Banco Mundial. 0 défieit tem aumentado para 300 % e as finanças
do Bstado estavam falidas. Bm 1989, 0 défieit publito total 0 valor
de P bilhöes ou 0 a US$ milh6es ao cambio de Dez/89. 0
pais está cada vez maïs dependente da ajuda internaeional e esta vêm
aumentando a cada dia.
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2. FATOS E DADOS SOBRE A
ÁREA: 36.126 Km 2
1917: 100.000 habitantes (8 habitantes/km 2)
1950: 500.000 habitantes
4/79: 767.731 habitantes
6/80: 810.000 habitantes
1986: > 900.000 habitantes (26 habitantes/km 2)
1992: > 1 Milhäo de habitantes (estimativa). Segundo 0 Economist
a do em 1991 1.004.200 habitantes
Urn cresdmento anual a 1.8 %, com
uma taxa de natalidade bruta de 4611000. A populaçäo é muito jovem
sendo que mais da metade perten ce à faixa etária abaixo dos 18 anos. A
maioria vive na área rural e cerca de 20-25 % vive em áreas urbanas. As
"' ..,nro,iTv..
1(' cidades säo: J.vuu',,'va., Catió, Canctmngo,
Farim.
GRUPOS
Os grupos mais e da säo:
Balanta: 32.0 %
Fula: 23.0 % (muçulmano)
14.5 %
13.0 % (muçulmano)
Papel: 7.0 %
Os grupos do arroz ocupam a área
costeira: Estes tiltimos säo
conhecidos por seu engajamento nas e säo majoritários
na área de Bissau. Todos estes grupos perten cern à uma estrutura sodal
hi",... éiT·rllli,...<l com dos balantas que säo sul,
ao redor de Catió e na regiäo central (sul de J.H<U'''Va.j
sodal deste grupo baseia-se na autonomia dos vários clans (familia
sendo que a terra é comunitária.
Em direçäo à Cacheu, os manjacos säo 0 grupo predominante. Os
vivem e säo 0 grupo majoritário no arquipélago de mesmo nome, säo
reconhecidos por sua rica cuHura e intensa atividade pesqueira. Ao Norte,
säo 0 grupo e säo conhecidos por sua
em comércio e agricultura. Possuem uma estrutura sodal bern
hierarquizada, dividida em sendo que no passado eram organizados
em estados sob a de urn rei.
Os fulas ocupam a ao redor de Bafatá e e eram urn
povo tradicionalmente ligado a de tais como cabras,
ovelhas e bovinos.
Animista: 60 %
35 %
Cristianismo 5 %
LINGUA: A oficial é 0 Português mas é apenas dominada por urn máximo de
20-25 % da populaçäo. 0 Crioulo é falado por cerca de 50 % da
populaçäo e é de fato a lingua se comunicam entre si os diversos
grupos étnicos. Outras linguas significativas praticadas no pais säo:
23
mandlng.3., fula.
GEOGRAFIA: Em sua maioria formada por Rios sinuosos e com
largos estuários ao longo da costa, coexistindo com vários braços de mar.
A linha costeira cobre cerca de 160 Km. A área costeira é formada de
mangues, e florestas enquanto que 0 interior é em sua
maioria por savanas. Os rios säo: Geba, Cacheu e Corubá.
mais altas säo nas cercanias da Guiné-Conacri
che~gaJldo a 300 m de altitude. Os planaltos de Gabu e Bafatá fazem
do maciço Futa-Djalon.
CLIMA: quente e umido em dllas das chuvas
ocorre de Maio-Junho à Outubro qlle 0 flpy"ArlA
periodo que vai de Novembro à Maio. As chllvas mais fortes caem durante
o mês de Agosto e 0 periodo mais seco corresponde ao mês de Abril. 0
nivel a mais de 2.000 mm/ano mas a média
fica entre 2.000-3.000 mm/ano na costeira e entre 1.800-2.000
mm/ano no interior. 0 clima pode ser dividido de acordo com as duas
zonas do pais: uma mais frio e e a outra SU<JarleS;a,
e seca. Abril e Maio säo os meses mais (acima de
os mais frios e agradáveis Dezembro e Janeiro (20°). Durante a
da seca, há um venta quente e seco qlle sopra do Saara (harmattan).
o analfabetismo a 68 % em 1985. Havia 807 escolas pnmálnas
e e 83.454 alunos em 1986 (Abril, 1990:456). 0
setor educacional foi 0 que mais sofreu com as dificuldades econömicas
, P AE É caracterizado baixa "1 .... <-'" ....,u.'-',"",
acesso e cobertura limitada e é considerado 0 obstáculo para
conseguir-se 0 aumento da produtividade da força de trabalho e
desenvolvimento econömico. 60 % das em idade escolar estava
matriculada no ensino primário e 11 % no secundário. A
responde por 5,2 % do orçamento publico.
SAUDE: A taxa de natalidade é de 45.4 por 1.000 habitantes enquanto que a taxa de
mortalidade é de 24.0 por 1.000 habitantes. A de vida é de 47
anos e a mortalidade infantil é de 141/1.000 (Simon e 1991 :03). Em
1983, havia uma cama de hospital para cada 526 habitantes (Abril,
Há urn hospital nacional localizado em Bissau (Simäo jXI,\,UUvi:J}
24
para subsistência ao nlvel das vil as e aldeias. De acordo com a
\JU'.H.ILI-.~"" 40.000 toneladas destes produtos em 1984.
cana de e frutas 0 arroz é 0 principal produto
(140.000 toneladas em 1987), estima-se que há atualmente 265.000 ha
plantados. A produçào de arroz em 1989 foi de 161.000 toneladas. Durante
o a colheita do arroz nao conseguiu alcançar
os mvelS no colonial. 0 consumo diário de cereais por
habitante é 300 gr. de arroz e 180 gr. de outros cereais. a
durante a década de a RGB recebeu em média 10.000 ton/ano de
doaçào de aHmentos. Em 88/89 a menor de 16.000 toneladas:
Déficit estimado em 31.000 ton
Rebanho em 1988: bovino
cabritos (210.000) e ovelhas.
MINÉRIOS: Há uma série de estudos e encaminhados governo a firn
de se ava1iar as reservas de bauxita, fosfato e Este ultimo parece
estar em zonas em 1989, a importaçào de petróleo
chegou a 50.000 toneladas Estima-se uma reserva de 200
milhöes de tonelada de bauxita
TRANS PORTE:
A rede de comunicaçào rodoviária cobre cerca de 2.636 km. Apenas 544
km da rede km foram com
cascalho e 1.804 km sao estradas de terra. 15 % da rede encontra-
se em bom estado A companhia nacional de transporte
Silo Diata passa por um processo de 0 transporte interurbano
dá-se através de pequenas empresas com micro-ónibus e pequenos
caminhöes para transporte coletivo (candongas). Há um porto
bem equipado para receber barcos de porte e existem outros
27 Em 1988, 345 barcos utilizaram as
Há um aeroporto internacional e 17 outras
domésticas.
De acordo com 0 censo de 1979, havia neste ano 168.520 nucleos
familiares com uma média de 5,1 pessoas por famflia e por halJlUlça
Havia uma média de pessoas por quarto sendo que este tinha uma área
média de
EMPREGO: o setor emprega a maioria da económicamente ativa.
70 % estäo envolvidos na 1,4 % na industria e 13 % nos
A muiher representa cerca de 42 % da força de trabalho
(Abril, 1990:445). pesca, cultivo e de madeira
respondem por mais de 90 % do atual mercado de trabalho 1989:08).
Em 0 setor da construçäo civil empregava cerca de 4.750 pessoas e
contribuindo para % do PIB A fábrica de tijoios de
Bafatá tem uma de anual de 2.000.000 tijoIos e
260.000 telhas. Em 1987, 750 funcionários foram 1"1,,,,,.,.,,,,n,",,r,,",<,
Outros 3.478 foram demitidos ou reformados em 88. Em 1986, 0
funcionalismo publico totalizava 15.000-16.000 empregados. 0 governo
tencionava a9.000-10.000 em fins de 1989 (EIU, ouseja,
a dispensa de mais de 6.000 funcionários.
25
EXTERIOR: Em cobria apenas 8 % do total das A
mdleplenclëncIa causou a destruiçä 0 de parte da capacidade
que de
do co merci al vem apI'eSt~ntmdlo
Em 1989 a1cançou 0 valor de US$ 60,8 milhöes.
j
EXPORTAÇÄO:
Amendoins 0 e a madeira
de lei säo os principais produtos de Há uma possibilidade de
produçäo anual de 100.000 toneladas de madeira sem causar U,-,.)\.AjUH~V'~V"
ecológicos Menos de 10 % do pot:en<:::ml
toneladas do é realmente apanhado. Do total de
1990, os produtos säo castanha de caju (11,8
congelado (2, 1 %), amendoi m (1,6 madei ra cortada (1, 1
crua
IMPORTAÇÄO:
Do total de importaçäo, os princlpms säo: alimentos
equipamentos de transporte combustivel e lubrificantes (10,6
materiais de (8,7 maquinaria (7,7 %).
PESCA: Fonte de recursos em moeda forte. A partir de 1980, consagrou uma
convençäo com a CEE para e direito de pesca em su as
territoriais no valor de US$ 15 milhöes maïs ECU 850 mil para programas
!"Ant,"t'!'f"" e ECU 55 mil para e bolsas de estudo. Urn terço das
autorizaçö es dadas à CEE está sob 0 controle de
PIB: 200 Milhöes de dólares. 0 interno bruto per em 1981-
83 fOl estimado pelo Banco Mundial em US$ 180 dólares. A taxa de
crescimento do PIB foi de 0.8 % em 1987. A renda per atual é
estimada em 170 dólares. Houve um crescimento real de 10 % entre
1974 e 1981. do do setor
Média rea! de crescimento do PIB por habitante fOl de % no perfodo
85-89 1992:33). Em 1986 a agricultura respondia por 47.8 % do
a industria por %, 0 setor da civil por %, 0
governo por 10,7 % e os por 22,6 %. Em termos dos gastos, 0
consumo privado respondia por 89.1 % do PIB, gastos do governo por 13,
7 %, investimento doméstico por 21,3 %, exportaçäo de bens e "AM,T1!"""
por 4,7 % e de bens e por %.
DIVIDA
EXTERNA: Ao fim de 1989, 0 Banco Mundial estimou a divida guineense em US$ 473
milhöes de dólares Ao se incluir os com 0
a divida aumenta para 505 milhöes ou 271 % do PIB. Em 1987, a
dfvida foi estimada em US$ 424 milhöes de dólares (WB, 1991 0
Banco Mundial estima que em 1993 0 pais será capaz de saldar US$ 42
milhöes de sua dfvida mas como nos ultimos anos raramente a AV'-.A1'-t'lI";'-
tem excedido US$ 70 esta estimativa é irrealista tal 0 peso que
coloca na capacidade de pagamento do paîs (EIU, 1992:46).
INFLAÇÄO: Em 1989, a taxa de inflaçäo foi estimada em 40 % ao ano (WB, 1989:07).
É bem possfvel que tenha a1cançado nfveis malS altos nos ultimos dois anos.
De acordo com 0 Ministério das as taxas de inflaçäo para os anos
26
de 1987, 89 e 90 foram %e
32,6 %. 0 Banco Mundial estimou uma anual de
1980 e 1989. Em 1988, houve aumento do preço do arroz %).
A e 0 combustîvel aumentaram de 20 para 60 % em Fevereiro de
1991.
MOEDA &
Em Abril de 0 Peso Guineense-PG sofreu uma máxi-desvalorizaça-o
em ao dólar no ambito do de PG 265 para PG
650 por dólar. Em 1992, 0 governo aprovou a conversao com
o Escudo e a de urn fundo rotativo de conversao até 10
milhöes/ano. Em fins de 1990, aprovou-se a de urn banco
comercial com 49 % do nas mäos dos ban cos De
acordo com 0 0 dólar americano estava sendo trocado à PG 1.320,00
por dólar em Dezembro de 1988. No mercado
Dal·alf~lO. 0 cambio estava cotado à PG 2.000 em Dezembro de à PG
3.000 em Dezembro de 1990 e à PG 5.000 em de 1991. Em
Janeiro de já estava cotado à PG 5.500,00.
AJUSTAMENTO
ECONOMICO 0 programa de financeira e econömica é por urn
crédito de US$ 2 milhöes do FMI, realizado em 1983-84; além de doaçao
efetuada por vários doadores no valor de 162 milhöes e outros
70 milhöes levantados PNUD numa mesa redonda dos doadores em
84/85 (EIU, 1992:32). Em Outubro de 0 FMI anuncia 0 crédito de
milhöes. 0 PAE na desvalorizaça 0 do Peso Guineense,
nova estrutura administrativa para rph...rf'·~r
econömico, austeridade or<;anlerttal'1a; uu,,'''u,~'u
corrente, retirada do subsîdio do preço ao consumidor. Em Setembro de
1991, para 0 P AE devido ao fracasso nos objetivos
economlCOS estabelecidos e falhas no corte e diminuiçao da
despesa publica e na diminuiçao da taxa de inflaçao.
27
Kel~orIStruCc:lo e Desenvolvimento da FD-Frente lJemolcráltIc:a,
FLLNG-Frente da Luta para a FDS-Frente
Democrático PUSD-Partido Unido Social Democrático.
INTERNACIONAL:
Cuba, Coréia do Norte, ex-Alemanha
colaboraram intensivamente no processo de
desenvolvimento da Guiné-Bissau durante os anos
como natural dos laços históricos e a ligaçäo
com 0 PAIGC. Estes paises contribuiram nos
setores de educaçäo, esportes, e militar,
segurança do Estado e treinamento e de quadros em várias áreas.
Palses como Itália, Estados Unidos,
Suiça e Brasil colaboraram e empréstimos
certos setores como
desenvolvimento etc. muHilaterais tais como PNUD,
UNICEF, CEE bem como financeiras tais como Banco
Mundial, BAB-Banco Africano de Desenvolvimento também
recursos financeiros e assistência técnica. Em 1990, a
Guiné-Bissau estabeleceu relaçöes diplomáticas com Taiwan e recebeu em
significativa à fundo perdido que foi direcionada ao setor
e infraestrutura urbana. Tal fato causou 0 rompimento
relacc)eS com a China. Em 1985 0 paIs recebeu auxf1io internacional
a US$ por habitante Já em 0
paIs recebeu urn montante de 100,3 Milhöes em externa, 0 que
equivale dizer 106 por cerca de 60 % da renda per capita
do (SNV, 1990a:23). Em terrnos da cooperaçäo bi1ateral, de um total
de 32,4 Milhöes, as contribuiçöes mais säo: Suécia
(14,2 Portugal Itá1ia e Holanda (3,3
Em 1991, existiam cerca de 88 ONGs-Organizaçöes
näo Governamentais em atividade no
PARCEIROS
parceiros säo: Portugal (34,7 %),
nT'1nf'",n'l'"
28
FIGURA 2.1: da Guiné-Bissau com os centros urbanos mais imnnri':iln1:
SENEGAL
Guiné
Limites de Setores
Limites de Regióes
sede de setores
Uno .. cent ros regionais
o Capital
o 25 SOkm
OCEANO ATLANTICO
N
\0
os colonizadores deram inido a exploraçäo do certamente vieram a confrontar-
se com urn bastante de assentamento humano e da
populaçäo nativa Urn de humanos formados
por uma série de unidades construfdas pertencentes à grupos familiares ou clans distintos,
e por áreas destinadas à espaços e cerimomats. Uma
morança, como é localmente denominada, um caráter simbólico e cerimonial e sua
morfologia espadal segue uma lógica de organizaçäo on de estäo determinadas as várias
atividades básicas e os locais de moradia de seus vários membros. Pode-se dizer que este
era 0 de assentamento populacional apesar de haver e de acordo
com 0 grupo étnico a que fazem Um grupo de moranças poderia constituir uma vila
ou aldeia subrnetida à uma autoridade (mandingas) ou co-existir de forma
autönoma em à de autoridade (balantas). A deste modelo
de ffsica é fundamental para se a maneira qual as ddades do
pais cresceram e se urbanizaram. Percebe-se claramente que esta forma peculiar de
espadal é de diversas maneiras no processo de urbanizaçä 0 dos
vários centros urbanos fundados
30
pelletrar e consolidar postos de colonizaçào na Guiné-Bissau, respectivamente em Bolama
e Bissau. Durante a segunda metade do século 19, trezentos anos mais os portugueses
já haviam fundado 14 vilas todas com acesso direto ao mar, sendo as mais
Bafatá. Neste periodo, a capital é
transferida de Bissau para Bolama (1879) e esta deeisäo parece estar diretamente ao
aumento da de amendoim (mancara) e com a fundaçäo de diversos portos
administrativos no sul do pais. Já no inieio do sécul0 registra-se neste a
existêneia de uma linha telefönica na de Bolama
Mas foi somente a partir da metade deste sécul0 que Portugal passou realmente a
dar atençäo à urbana e ao estabeleeimento de uma on~anliz,lçä
voltada para 0 das áreas urbanas. Em 1960, a lei as
<,t.,...,,~n ''''<' urbanas foi formulada e aprovada
"'I"\<... Cämara de Bissau e mais tarde
estendida à outros centros urbanos da Guiné-Bissau 1960). Um ano mais foi
estabeleeido um nova limite para a eidade de Bissau e uma nova
à da terra e concessà 0 de terrenos urbanos foi aprovada pela
administraçào colonial. A verdade é que este interesse por urbanas
coineide com 0 inicio das atividades no interior. No fim dos anos 60, um
progra!TIa de desenvolvimento urbano foi anuneiado pelo governador Espfndola denominado
"Guiné Melhor" 0 programa tinha como um de seus objetivos conceder
terrenos para novos bairros, criar para urbana eaumentar os
niveis de investimentos nos centros urbanos em setores esseneiais tais como mtTa(~stl'utlJra
arruamento, escolas, estradas etc. Esta iniciativa tardia
ocorre num momento crueial da guerra de e ao que parece, a do govemo
era de desviar a atençao da populaçao e enfraquecer 0 que 0 movimento
mclepen(jënlCla 0"'" h""" junto as populaçö es urbanas. 0 programa dava ênfase à
e por isso mesmo entrava em conflito com a forma dispersa de ocupaçäo
da populaçao nativa, dando provas de uma nitida de controle militar através do
pléme~alnelnto urbano. De qualquer forma 0 programa Guiné Melhor só fez comprovar 0 fato
de que jamais considerou seriamente 0 desenvolvimento urbano à prazo,
apesar de que uma eidade como Bissau tenha recebido uma série de melhorias tais como
arruamentos, um bairro nova e abasteeimento jardinagem
e projetos de embelezamento.
31
3.1: "4~.....,• .,. •• Balanta na do Oio
Fonte: Arquitetura Tradicional na Guiné-Bissau
32
Vista do interior do nûcleo colonial, Bissau- Velha, 1992.
33
Bissau foi fundada na seguncla metade do sécul0 17. Localiza-se no estuário do rio Geba
que é urn dos meios de comunicaçào pluvial entre a costa eo interior. A eidade
foi 0 centro administrativo da colónia e sempre assumiu urn preponderante no processo
de com outros centros secundários do pais e era a de entre a
Guiné-Bissau e Em a foi transferida para Bolama e assim Bissau
passou a ter importäncia secundária e enfrentou urn periodo de certo decHnio em seu
processo de desenvolvimento. Em a eidade recupera seu status de capital da colönia
cololliaL Dez anos mais a cidade já
em:nvaJenre a quase 20.000 habitantes.
34
desenvolvimento ao nlve] Bissau passou a centra1izar a de bens e
produtos através dos Armazens do Povo e com isso enfatizou-se ainda mais a funçäo
polarizadora da contribuindo assim para seu rápido crescimento 0 que
também exp1icar este crescimento é 0 fato da cidade ser 0 maior porto, 0 maior centro
urbano e de serviços do pais, ser 0 centro e sede do governo central e oferecer as
melhores facilidades em terrnos de educaçà 0 e saude. Todos estes aspectos demonstram 0
papel cidade de Bissau no processo de 0 que é urn fato
comum entre as jovens e muitos outros em desenvolvimento. Portanto, näo
fica diflcil as razöes a cidade continua a atrair urn numero Slg,mllC;:lt1\'O
de trl1,o-l"'Jlnh:.c
A vocaçao da cidade e 0 seu raio de influência torna-se uma questäo atual na agenda de
discussào envolvidos com sua e planejamento, e deve 0 máximo de
por parte dos poHticos, economistas,
sanitaristas e ambientalistas. Isto implica em repensar näo somente 0 papel da cidade como
urn todo mas 0 e as funçöes das partes que a bern como seu
ecosistema urbano e recursos naturais. A da das atividades
económicas e produtivas bern como a gestäo de seu crescimento passam a requerer näo
somente medidas regularizadoras e de macro planejamento mas também açöes concretas ao
nlvel dos bairros e setores.
Com base no program a de vacinaçà 0 da BeG e nas entrevistas rea1izadas com as familias
35
cuja amostra cobriu 95 % dos casos, e com base na notificaçäo feita por vaeinada,
o PAV estimou em 1991 que a eidade deveria uma populaçäo situada entre 150.000
e 184.000 habitantes. Tablada, em seu estudo sobre 0 desenvolvimento de faz uma
breve anáIise sobre 0 crescimento populaeional pela eidade e aponta taxas de
creseimento anual que variam de 10 %, no perfodo 1946-60, a 15 % durante 0 perfodo
1972-79 em a capital deveria cerca de
189.000 habitantes ocupando urn parque habitaeional de 13.870 0 que dá uma
média de pessoas por moradia e 2,3 moradias por casa
1990: 10).
36
enquanto que Antula continuava a ser um área remota localizada ao Norte.
37
4.1: Plano Diretor de Bissau, 1948.
'r
Q;;
4..J
(:)
C{-
ESCALA
100 500 1000
I I 1
mts
38
4.2: Bissau e 0 Cintudio de Bairros em 1973.
1 MINDARA
2 BELEN
3 CUPILOM DE CIMA
4 RE 1NO-GAMBEAFADA
5 SINTRA-NEMA
(, AMEDALAI
7 PEFINE
8 CALEQUIR
9 ROSSlO
10 CUPILOM DE BAIXO
11 MISSIRA
12 BAND 1'"
13 ALTO CRIN Area. inundável (bolanhas)
~-----------------------------------_.---------------.--------------------~
39
Durante a ûltima e acabou por estas duas 10calidades
num nova cinturäo de bairros urbanizados onde há uma prática ilegal de
e ocupaçao do solo. Por um a da cidade dá-se em duas OlI'ec()es
divergentes neste momento. Uma para 0 Norte, em direçäo à Antula, e outra para 0
em de Prábis e do aeroporto Bissalanca. esta expansao näo veio
Uv,-" .. tJ ...... ' .. ~L......... por de implantaçäo de infraestrutura básica tais como rede
eletricidade pûblica e privada, arruamento e equipamentos comunitários. Durante esta
uma subdivisào de terras e um processo de ocupaçào totalmente
informal. projetos foram CMB e gerou a na
oeste onde neste momento intensa atividade construtiva. Ao
direçäo de Antula, houve alguns loteamentos e1aborados pela CMB mas é
processo de subdivisao de terras informal uma certa e dimensäo (ver
É nesta parte da cidade onde 0 Banco Mundial virá a financiar 0 T·...·'rrlP·,,.'"
de lotes urbanizados & do Por outro lado, 0 nûcleo colonial da
cidade vem mantendo sua forma e estrutura urbana consolidada. Na parte maïs e
ao forte Amura, denominada Bissau Velha, predomina uma estrutura com ruas
estreitas e em dois construidas em e onde
estabeleceu-se 0 comércio coexistindo com residenciais
detalhe da 4.1). Já a expansao desta derivada do plano diretor de 1948, vem
a predominar uma malha urbana com rede de circulaçao ortogonal, lotes espaçosos e com
baixo indice de Duas avenidas fixaram 0 vetor de na
nomeadamente as avenidas Pansau n'Isna e Amflcar Cabral, fazendo com que se .1'-":;'''>3I"lU,':>>3'-'
posteriormente um ritmo repetitivo de quarteir6es com baixa densidade demográfica,
de um ou dois pavimentos, cobertas por telhados de várias e de boa
qu:alHlaCle construtiva. Após a independência, 0 estoque ou parque habitaciona] do centro
colonial passou a enfrentar um periodo de e deterioraçao. A e
reparos das foram bastante negligenciados devido à faHa de recursos e à
.. ~t., .. /:",~,,~,~ de seus ocupantes. Alguns foram abandonados e ficaram totalmente à
mercê da sOfte. A liberalizaçào do comércio eos programas executados dentro do
ambito do programa de estrutural deram um significativo ao setor da
civil e favoreceu ao processo de de muitos neste setor da
cidade. Muitos del es foram erenovados para fins de aluguel e!ou uso
comercia1. Em 1990, 0 PASI financiou uma série de projetos de renovaçào de equipamentos
publicos, calçadas, drenagem, arruamento fato que mudou 0 perm do nuc1eo c010nial de
Bissau de forma c,rtnl1-'I'Clt",-:>
4.3 A INFORMAL
40
caso do bairro de Reino-Gambeafada, há urn fontanário publico para atender a uma
de 7.000 habitantes. A é normalmente coletada através de poços naturais
com profundidade de 10 a 20 metros, 0 que os tornam suscetîveis à por coliformes
fecais das fossas tradiciona1mente utilizadas populaçào. Como nao há
água nao se pensar em urn sisterna de esgotamento sanitário individual ou
mesmo co1etivo. A maloria dos bairros nao possui urn arruamento definido e pavlrnel1tado
e somente alguns possuem valetas de A iluminaçào publica é rara e a
individual tornou-se excepcional devido ao aumento do custo por kw. Verificou-se
que muitos moradores desconectaram-se do sisterna devido aos custos elevados e à
fragilidade do si sterna.
4. A maioria das casas nao possui urn estatuto e os lotes nao sao '''6,U''''''''''''''''''
sao por convençöes tradicionais aceitas pel0 grupo que habita urn certo bairro e
mui tas vezes CMB. Do ponto de vista da legislaçào, os bairros assumem um
mrrut.ITs.!lru.!~CS11!!Q e seus moradores sao a pagar uma taxa de ocupaçào anual
equivalente a US$ 2,50.
41
mui tas cidades nos paises em desenvolvimento fenomeno idêntico. Em,
capital do 70 % das fami1ias viviam em urn quarto no infeio dos anos 80. Os paises
Asiáticos apresentam uma média de 2,17 pessoas por comodo sendo que na cidade indiana
de Calcutá, 50 % da populaçäo vive em de um 0 que dá uma média de
pessoas por comodo 1991 :36). Em Säo Paulo, a maior e uma das mais
desenvolvidas cidades da América do Sul, existem 820.000 familias residindo em 88.000
(urn imóvel que passou por urn processo de subdivisäo localizado na parte
central e mais da Isto dá uma média de 10 a 12 fami1ias ou 40 pessoas por
imóvel e uma média de 4 pessoas por comodo. A maioria dos ocupantes sào de
baixa renda 1993).
8. No que diz a há do
pequeno coméreio informal, ofieinas e atividades manufatureiras de pequena escala. A
ocupaçäo e uso do espaço dá-se de forma näo espeeializada, ou as diversas atividades
umas às outras no seio dos bairros. atividade produtiva,
plantio e atividades rurais de subsistência ocorrem lado a lado. A economia nos bairros
possui urn forte caráter de subsistêneia e uma série de atividades
de de renda por seus moradores tais como alfaitarias, venda de frutas
e ofieina de reparos, carpintaria, soldagem, fábrica de civil,
artesanatos, fotografia, pequeno comércio, restaurantes, etc. De acordo com
Delgado, a grande maioria das 605 na eidade operavam neste
anel de bairros e 70 % das pessoas nestas empresas erarn residentes
destes bairros (Delgado, 1990:09). Segundo Delgado, as ernpresas urn baixo
nfvel de dois terços estavam funeionando com menos de US$ 1.700,00. 0
perfil dessas está de acordo com 0 que se verifica em outros
pafses da África subsaariana: säo pequenos cuja fonte de capital é a
poupança do säo carentes de tecnologia mais avançada, utilizam eqllllp,arrtentos
rudirnentares e possuem baixa de a rnäo de obra é, em grande parte,
provida grupo familiar e os salários säo bern baixos. 0 setor informal é urn fenorneno
tIpilcmmeinte urbano e em alguns chega a responder por mais de 60 % das atividades
economieas.
Em seu estudo sobre a Tablada afirma que Bissau apresenta uma taxa de emprego
baixissima, cerca de 8 %, fato que os indicios levantados por Delgado. Ou
verifica-se uma notável informallzaçäo no processo de geraçào de renda (Tablada, 1990:02).
42
U m outro fato por diz respeito ao perfil das empresas na
cidade. Segundo a cidade é sede de 272 empresas, 0 que 83 % das empresas
de todo 0 Bissau acolhe 100 % das empresas com maïs de 20 e 76 %
com menos de 20 empregados. Verifica-se que 0 setor terciário é 0 maior
empregador, ou quase 50 % dos empregos diz ao funcionalismo publico, 13,4
% ao comércio, restaurantes, hotelaria e 14 % à civil. 0 do emprego na
cidade ser definido como tipicamente de pequenas empresas já que 71 % das empresas
com menos de 10 estào sedeadas na cidade (Tablada, 1990:03). Portanto, 0
pequeno ou empresa de pequena escala näo é só uma caracteristica dos bairros
mas da cidade como urn todo.
43
4.3: Area Urbanizada de 1990.
Nucleo colonial
Urbanizaçäo Informal
44
Esta peculiaridade dos projetos certamente está relacionada com 0 fato de que muitos
cooperantes e locais haviam seus estudos em do leste bu:roD'eu.
pel0 centralismo e economia 0 fato é que a maioria dos planos
permaneceram como Alguns tecnicamente muito bem formulados edesenhados
com todo 0 rigor técnico mas nunca foram realizados. A maloria das de
escala na cidade tem de fundos da internacional tais
como 0 de habitacional dos funcionários do Ministério do Plano e 0
Projeto Melhoramento dos Bairros de Bissau-PMBB. Foi somente com este que a
dos bairros passou a receber a merecida.
45
sido bastante pela empresa eo funcionamento do sisterna ocorre com muitas
dificuldades. a falta de de materiais e peça sobressalentes em
estoque, e pessoal treinado para mantê-Io funcionando no mfnimo necessário. As h " f.. ,tr,,...,.,.
näo medidores de consumo e a tarifa é bastante entre US$ 1,00 e
3,00 por muito do valor necessário para manter 0 sistema em
Os fontanários pûb1icos também näo possuem medidores nem estäo sujeitos à aplicaçao de
QU,HQ 1uer tipo de taxa de consumo. 0 abastecimento torna-se a cada dia uma
bastante devido aos atuais com à mamuterlca
renovaçäo da rede, gestäo técnica e financeira e devido à novas necessidades criadas com
o crescimento da cidade e de sua populaçao.
46
demonstrando 0 grau de dependência do sistema em relaçäo à importaçäo
de dois elementos básicos do sistema. A situaçäo torna-se bastante preocupante quando se
observa 0 aumento da demanda causado de novas atividades nT'r.rll1hu·'lC
industrias e com 0 aumento de consumidores individuais. A produtividade da
cidade está diretamente condicionada ao problema da energia.
Tudo indica que a inadequada col eta e tratamento do lixo, 0 abastecimento d 'água precário,
o esgotamento sanitário insuficiente e a falta de um program a de e
da populaçäo sobre normas minimas de e saneamento venham a
contribuir para a das más de nos diversos bairros da
47
cidade. Mesmo dispondo Bissau de sete centros de uma maternidade e centro de
atendimento dois razoavelmente equipados e dois IJV"!JlI.<:ll.:l
4.5 0 PROBLEMA DA
Ern 1978, anos após a independência, 0 governo deu inicio a urn programa
habitacional para a de 400 casas divididas em diversos a maioria
localizado na capital e financiados Holanda, Suécia eCuba. Dez anos
somente 124 unidades haviam sido executadas (Dunin,
foram abandonados metade e ern certos casos várias permaneceram
inacabadas até hoje ta1s como 0 projeto de autoconstruçà 0 dos funcionários do MOPCU e
o de prédios de apartamentos executados pelo sisterna Sandino, de
Cuba.
Esta situaçao visualisar 0 cenário habitacional de Bissau. 0 governo näo tem sido
capaz de implementar uma e continua que possa garantir a op(~raClOlnajllz(tça
de urn program a de habitaçà 0 de forma a atender as necessidades de moradia dos vários
48
setores da populaçào. As publicas neste setor nào tem sido capaz de dar respm;tas
que possam aliviar 0 processo de pauperizaçäo
bairros populares. 0 problema da de
forma. Muitas tentativas falharam porque as apresentadas nào
levaram em conta 0 contexto socia1, econömico, cultural e tecnológico do pais. A fam:f1ia
Guineense demanda muito espaço para sua moradia que por si só requer lotes amplos
onde ocorrem diversas atividades do nucleo familiar. Este modo de vida e moradia
tradicional com os projetos de habitaçäo coletiva e de
ap(lrtlml;;ntos, pnnClpaJmenlte porque as nào atenderam às necessidades de espaço
da fam:f1ia. Refiro-me aqui a famflia tradicional africana que envolve nào somente a fam:f1ia
nuc1ear mas também todos os membros tais como filhas e filhos com suas
respectivas esposas e maridos, netos, etc. Em muitos casos envolve também
a e 0 familiar. Soma-se a isto algumas
tra<11<;Ot~S como a de cozinhar na varanda e nos corredores coletivos e a lavagem de roupas
em espaço aberto.
J.V<.U.L,U.... U.
Pode-se afirmar que 0 modo de vida tradicional é um dos pontos maïs crfticos da
problemática habitacional em Bissau. É fácil verificar a existência de SOCIalS e
hábitos culturais do meio rural convivendo de forma incompatlvel com a habitat
urbano da cidade. Como fOÎ dito anteriormente, a demanda por espaço e os standards e
padroes dai resultantes torna a habitacional do ponto de vista tmanc:eu'o
do consumo da terra urbana e da infraestrutura básica. Isto torna os para
o magro orçamento e torna-os fora do a1cance financeiro da popu1açäo pobre da
cidade.
49
Infelizmente näo constatar esta aos
o desenho urbano da cidade. e do tipo ....u n .............. lotes maïs
estreitos e construço es geminadas näo säo muite estudadas locais e
também näo säo entendidas e aceitas cidadào comum da cidade. As centenas de
t:>v''''''r·;8r' .... ;'''' realizadas em muitos
4.6 A NECESSIDADE DE
Como a produçào da habitaçäo patrocinada e/ou financiada pelo Estado tem sido lJu.,,,,,,~.,,u .. u..
o chamado déficit habitacional tem aumentado Em 1982, 0 MOPCU
estimou que a cidade já tinha um déficit de a 1.202 unidades
(MOPCU, 1982:41) eo rnesmo estudo apresenta um estimativa de necessidade de 872 novas
unidades com base nos cá1culos e estimativas do crescimento populacional, cuja referência
é 0 registro do censo de 1979: 109,214 habitantes. As Naçöes Unidas define um método
para estimar a necessidade de habitaçäo na África e recomenda uma de 10 a 13
unidades por cada 1.000 habitantes. 0 MOPCU conclui que para 0 caso Guineense seria
reaIista pensarmos numa produçäo de 8 novas unidades para cada 1.000 habitantes
(MOPCU, Este rnodelos de cálculo partern do principio que 0 estoque de casas
ne(:es~;lta ser renovado e que a vida util de uma construçäo habitacional na
chega a ser de 27 anos. No caso da Guiné-Bissau a vida ûtil seria a 22 anos.
J:;nif ...",t, ...... i·"" estes dados näo podem sustentar-se por si só caso as diferenças
diversidade em termos de tecnologia da e as condiçöes climáticas näo
levadas em De qualquer a situ ar 0 déficit habitacional em
Bissau.
o conceito de "déficit" näo é adequado para definir as reais necessidades de habitaçäo pois
num conceito quantificativo muito com base no crescimento e
da mobilidade da populaçä o. Este conceito näo uma flexlvel que possa
50
revelar os diferentes tipos de necessidade de habitaçäo tais como reabilitaçäo,
melhoria, legalizaçäo de terrenos, de etc. Todas
essas modalidades significam melhorias no acesso à habitaçäo. Sabe-se que 0 problema
habitacional manifesta-se de diversas maneiras no seio da populaçäo. Para urn determinado
de a simples legalizaçä 0 de seu lote ou a de melhorias de
infraestrutura poderá 0 acesso à sem que necessáriamente se construa
uma nova casa; urn outro casa encontra-se em estado poderá ter seu
acesso à habitaçäo facilitado caso possa contar com meios para renovar e reabilitar sua
construçäo; já urn outro a de seu terreno poderá dar-l he a '"''''<'''''U''I''
para a construçäo ou reconstruçäo de sua casa. Tudo isto sem
mencionar as necessidades da populaçä 0 e do setor de casas para aluguel. Parece
maïs adequado falar-se em carência habitacional do que expressar urn déficit numérico.
51
urn dos efeitos da baixa do setor habitacional e da falta de uma urbana
que criar maiores oportunidades de acesso à 10tes urbanizados e à habitaçào.
52
(T'l'~'lnti .. 0 abastecimento de alimentîcios à cidade. Isto sem falar na np'U';l~:T';l{'';l
patnrrlönlO natural e da Ve~!etlca nativa, configurando assim um processo de ae~;raaa<~a
ambienml.
53
Nos bairros 0 mercado informal de aluguel desenvolveu-se rapidamente e
aumentou a oferta para urn mercado em alta demanda. 0 processo de sobreocupaça 0 e
sublocaçäo explicado veio com 0 aumento da de
de quartos nes tas localidades. Urn quarto de 4,0 x m em uma casa coberta de pal ha
ser por US$ 5 em janeiro de 1991, ou por US$ 10caso a cobertura fosse
de zinco. Em muitos bairros tais como Mindará e praticamente a metade do estoque
de casas urn ou mais moradores morando de aluguel em urn de seus quartos. Mais
evidências deste fenómeno seräo apresentadas adiante nesta Os inquilinos de
baixa renda que os cómodos ou sub-divis6 es internas de uma casa nos bairros vivem
COllmçOI;;S diffceis e säo sempre a ,.",mnl-::lrl'll
da casa. Visto que a demanda é a1ta e a oferta é
para aluguel está continuamente sob e como näo há uma
e nem täo pouco säo contratos acabam por estar sempre
a todo 0 de por parte dos Portanto é e esperado
a ocorrência de inumeros casos de sumário.
54
de lucro. Em 1991, urn saco de cimento era vendido em Bissau a US$ 9,0 enquanto no
Senegal era vendido a US$ 6,0, na Gambia a US$ e em Portual a
Considerando-se 0 nfvel de desenvolvimento da Guiné-Bissau eo fraco poder aquisitivo da
maioria da é de se questionar a disparidade entre 0 preço do cimento em
e na Guiné-Bissau. Levando-se em conta que outros componentes da também
sao importados, pode-se prever que 0 preço do m2 da construçäo atinja a nfveis impeditivos
para a local. Nao há regulamentaçä 0 nem incentivos por do governo que
possa vir a estabilizar a oferta no mercado de materiais de Os preços
flutuar bastante e estào sempre sujeitos à especulaçà o. Há muitos sinais de monopólio,
pnncllpalmen1te no abastecimento de tijoIo madeira e cimento. E para piorar a
èlHI.la\cav do setor nao se tem investido na melhoria e aperfeiçoamento da
tecnologia 10cal que utiliza 0 adobe, a e 0 barro como matéria prima. Isto ,....""..,....",tl1<:l
a do setor habitacional em ao mercado de importaçào e à tecnolog1la
55
o trabalho apresenta uma cronologia do processo de '''..,,.n'uv.v''u,,,''' .....~( .....
urbano juntamente com uma de decretos e leis administraçäo
colonial e nova governo 0 trabalho é ambicioso e mantém suas
recomendaçö es nos maïs diferentes niveis e acaba por nao conseguir realizar ou gerar
à curto prazo. E nem tao pouco consegue oferecer instrumentos hábeis para as autoridades
locais no sentido de materializar a em suas várias facetas. Com
à cidade e seus maïs urgentes, 0 estudo recomenda uma urgente revisào de toda
a estrutura e institucional que regulamenta 0 setor da construçäo e
pla.nejament:o urbano, e principalmente a definiçäo de e atribuiçöes da CMB
e do MOPCU. 0 trabalho prop6e urn aumento da coleta de taxas e impostos prediais e
territoriais por parte da CMB e a de semelhantes levadas à cabo
pelo melhoramento dos bairros-PMBB. 0 estabelecimento de urn sistema de crédito
é visto como urn dos para se aumentar a produçäo do setor da civil
e urn dos estimulos à renovaçäo e das existentes. Também deve-se
dar prioridade para a melhoria e renovaçäo da infraestrutura ffsica da cidade a firn de
aumentar a produtividade urbana.
A meu ver, P ASI contribui para estimular a profissionalizaca 0 do setor a medida que deu
0
de crédito ou adiantado para que as empresas se equipassem e
os equipamentos minimos em sua maioria i mportados , para a
de suas empreitadas. Em 0 PASI concentrou-se na cidade "formai" e
uma série da dentro dos limites do nuc1eo colonial voltadas para a
recuperaçä 0 de e calçadas, valetas de etc. Deu-se
pouca prioridade aos bairros populares visto que só aplicoll % de sell orçamento ou
430 mil em obras de drenagem e arruamento. 2 valetas de e
melhoria de urn acesso principal ao bairro de Reino-Gambeafada, uma rua no bairro de
Sintra-Nema e uma valeta nova e a reparaçào da no bairro de Cupilom de Baixo.
56
Estas ultimas realizadas por uma pequena empresa formada com 0 técnico, financeiro
e do PMBB e Iiderada por urn de seus de obra. Devido a sua
caracteristica, 0 PASI preocupava-se mais com 0 setor produtivo da construçào civil e com
a de uma capacidade sem dar muita a qualquer tipo de
com a populaçào dos bairros e seus problemas.
57
avenidas travessias de mas
ao aspecto institucional e ao desenvolvimento de recursos humanos. Os
"""'IJ''"'''"'''('U
e das Obras Publicas sào como alvo de
que visam incrementar suas de planejamento e A CMB também
virá a receber assistência técnica a firn de desenvoIver urn sisterna sustentável de coleta e
tratamento de lixo e atualizar sua contabilidade e de
Assim como 0 PASI, 0 PRI uma componente urbana através da qual seräo Pf()dlIZH1os
470 lotes para Bissau e outros 250 em outros centros do nr~'t""r,r1A estimular
Urn que merece é 0 fato do PRI alocar recursos para prover assistência
técnica à formulaçäo do plano diretor da cidade de Bissau ede outros centros do pais. Até
1991, a cidade näo dispunha de instrumento que orientasse sua e
desenvolvimento. a lista de do MOPCU, 0 diretor foi
colocado à discussäo pûblica em meados de 91 e um dos passos mais importantes
no que diz respeito à análise da problemática urbana no Em sua versào pre~lilTlln:lf
o PGU ou Plano Geral Urbanistico como é chamado foi an'lpjlimenlte
e recebeu uma série de crîticas anotadas pela
S8
sentido maïs ampl0, articulando as diversas funçoes e atividades eCOnOlTIlCaS e
administrativas da capital. 0 plano é muito estático e está visivelmente influenciado
ortodoxia do urbano e acaba por näo prover uma base económica para sua
EIe näo oferece nenhuma com 0 setor privado emergente e
nem mo pouco uma com program as de desenvolvimento que já recebem ajuda
externa tal como Antula Bono e PMBB. se considera que 0 PMBB
estará envolvido em nove bairros da cidade durante 0 perfodo inicial de do
PGD e atuando sob urn prisma institucional que a organizaçào de uma empresa
municipal de e de bairros.
Até aqui, 0texto apresenta uma análise crftica sobre 0 processo de urbanizaçà 0 da cidade
prC)OH~m:atl(:a
está diretamente relacionada à de
por tais' atividades. A de
Bissau-CMB eertamente merece uma análise profunda sobre sua capacidade de planejar,
implementar e 0 processo de desenvolvimento da cidade. isto viriá a
desviar-me dos meus com este estudo. Pretendo apenas apresentar os indfcios de
que a dos de Bissau está intimamente à cornDl~eelt1Sa
do funcionamento institucional da CMB. Até a do a estrutura da CMB
era dividida em quatro departamentos: Administraçào e Lotes,
Urbanismo & & Saneamento e Mercados & Matadouro.
manteve urn certo grau de autonomia em à colonial mas a
independência e como conseqüência do processo de een trali zaçà 0 do novo governo, a CMB
sofreu urn sério revés como autoridade Em a CMB passou a chamar-se
Comissariado de Estado da cidade de Bissau-CECB e foi reestruturada em duas rl1r,otr.1ri~c
retirando-se os setores água e elétrica de seu de Com isso
a autoridade municipal perde 0 minimo de autonomia que possuÎa, principamente a
autonomia financeira já que as taxas referentes à estes passaram a ser coletadas
CEABIS eos outros pelo Ministério das que os repassava
parcialmente ao CECB.
59
municipais. duplicaçöes de algumas funç6es e com dos
ministérios. Em 1988, 0 governo a CECB e a camara municipal com
uma nova estrutura interna, dividida em três diferentes diretorias: (1) &
Finanças, Qualidade de Ambiente & e (3) Planejamento &
Urbana. Na prática, esta nova estrutura nunca a ser devido à falta
de equipamentos, espaço recursos financeiros e à fraca arrecadaçäo de taxas,
impostos etarifas. 0 atual da CMB ser delineado a partir da de que
os maïs instrurnentos adrninistrativos ede sao ainda herdados do
"""''''1"'\111"'\ colonial tais como a regularnentaçä 0 códigos de obra, e
dos serviços pûblicos.
60
Aqui está urn dos pontos mais crlticos que concorrem para a da estrutura do
governo local e autoridade fato que é verificado em diversos pafses em
desenvolvimento enfrentando dificuldades estruturais semelhantes às que está a Guiné-
Bissau. Para se ter uma a quantidade de documentos circulando e empilhados
em estantes e mesas dá uma e caótica. De acordo com urn estudo realizado
1.700 documentos e 4.700 proces sos haviam dado entrada na CMB ao firn de
setembro de 1991 mas apenas 800 receberam urn parecer e foram devolvidos à e
900 avisos foram emitidos (CESO, 1991
lpO de Alvará de -
H1MI Ul.(d 1988 1989 1990
A Tftulo Definitivo 099 097 064
A Tîtulo Provisório 131 123 103
TOTAL 230 200 167
Fonte: "Assessoria Técnica a DGHU/CMB, programa de Açäo Municipal, PRIlMOPCU, mimeo, 1991.
Esta é uma que serve para demonstrar a disparidade entre 0 numero de ,",'U"'''''-VYV
construîdas legalmente e aquelas construfdas informalmente. A Tabela 4.1 mostra que
durante 0 perfodo a CMB emitiu somente 597 alvarás de construçäo, 0 que
rer:tres:enl:a apenas 18,1 % do total hipotético de unidades construfdas e necessárias para
aeomodar 0 aumento populacional da eidade. Pode ser que a de erescimento
populacional de 5 % seja uma já que nos leva a erer que eerea de 80
61
% do espaço edificado está sendo Pf()dUlZlCIO às margens do aparato da cidade.
fato näo é uma novidade para 0 mundo em desenvolvimento nem tào pouco para a
subsaariana. 75 % da populaçà 0 de e 59 % de
Ouagadugo, Burkina vivem em assentamentos informais (UNDP, 1990:88). Em
Bamako, Mali, apenas 5 % da populaçào vivia em bairros informais em 1968, entretanto
em 1983 mais de urn terço dos habitantes da cidade viviam em bairros sendo
que nos ultimos anos da década de 80, metade do crescimento urbano da cidade deu-se
através de Em Nairobi, 38 % do estoque
habitacional da cidade no ano de 1978 localizava-se em assentamentos e em Lusaka,
'-'UAUVA",maïs de 250.000 pessoas vivem atualmente em bairros Em 1985, 60 % da
de Nuakchott, vivia em bairros autoconstruîdos em 7.000 Iotes
governo e em assen tarnen tos ilegais cidade
Este processo registrado tanto em Bissau quanto em diferentes contextos apresenta uma série
de indicadores. As cidades crescem e as autoridades locais básicamente näo possuem
instrurnentos de para faci1itar 0 acesso à urn lote e carecern de recursos financeiros
para efetivamente assumirem a do desenvolvimento urbano. As receitas oriundas de
taxas e impostos é baixa devido a falta de e mecanismos para coletá-las e os
cofres mau conseguem cobrir os custos com 1J,",,""VCJLl.
Fonte: "Oferta de Lotes dos Terrenos em Bissau, M. Lopes. PMBB, mimeo, 1990.
62
dá-se sern ]evar ern conta urn minirno planejarnento urbano. Urn rnorador
ter urn lote concedido à tHulo ern urn bairro ainda näo urbanizado caso ele possa
cornprovar a propriedade tradicional do local onde reside ou deseja construir, e
nn",t",r,nrrnpn'tp construir urna ede caráter provisório. Para 0 rnorador
urna do cornitê de bairro do PAIGC avaliando seu
corn declaraç6 es de vizinhos.
Infelizrnente a CMB näo tira partido do fato de ter a seu dispor todo 0 estoque de terras da
cidade. A propriedade do solo urbano nas rnäos do estado facilitar 0 uso social da
terra e ao mesrno tempo criar as para urna eficiente do crescirnento da
cidade. Isto sern que 0 governo à rnercê do rnercado imobiliário e na da
de terrenos para desenvoiver seus projetos de desenvolvimento urbano. Nurna
econornia de rnercado onde a terra é urn bern de troca e de capital, é
terrenos para fins fato que eleva 0 custo dos de
infraestrutura para nlve1s das possibilidades dos grupos populares. Por 1SS0 mesrno,
deve 0 governo desempenhar 0 papel de mediador a fIrn de garantir que a populaçäo menos
favorecida tenha acesso à urn lote na cidade. Quando 0 governo detérn a propriedade da
terra, ele tem ern princîpio a de controlar 0 que deve ser desenvolvido, onde e
quando deve ocorrer, e entào definir a das áreas habitacionais. BIe
tarnbérn regular 0 rnercado irnobi1iário através de diversos rnecanismos tais corno 0 leilào
publico de lotes e a cornpulsória. Tais instrumentos säo utilizados para
recornpor 0 rnercado irnobi1iário quando este começa a apresentar anornalias.
63
InCleplenaeJ:lte de suas filosofias polîticas, possuem 0 de
(McAuslan, 1985:86). A Holanda, por exempl0,
tradiçao no trato do solo urbano como atividade inerente ao setor
cidade Roterdao é a do solo no e
anos quando executa Por meiD de e mecanismos
de de imóveis e terrenos, a prefeitura desta cidade garante os mei os para
desenvoIver seus de e desenvolvimento urbano e para 0 acesso
à habitaçao às camadas mais pobres da A também detém a maior
do habitacional sob seu isto é 0 resultado de sua polftica de
l1al:)1Glçà:o de interesse social. É bom anotar que esta poHtica está diretamente relacionada
ao fato do dos trabalhadores (PvdA) de tendência socialista estlr a cidade
por muitls décadas.
ocupar a no per{odo 89-92. Deve-se frisar tarnbérn que ern ambas as Vl'-'UUV':>,
64
Ulo altas que inibiam a da populaçào à procura de urn lote para viver.
Neste caso, a nrr,nrl:pli,~lip do solo nas maos do estado veio contribuir para a de
favelas e invasoes em escala (Acioly, 1993).
65
a US$ 68.000 1991
66
na pela CMB torna-se entào urn obstáculo à produçäo da habitaçäo, e
consequentemente dificulta 0 incremento das receitas municipais oriundas dos lillom,tos
e territoriais urbanos. Tal fato ser através de dois conceitos básicos
utilizados CMB para julgar urn pedido de concessäo de lote e alvará de construçào.
Há dois utilizados pela CMB para definir 0 estatuto de urn tftulo de pnOPl~le<laCle
e 0 tipo de irnposto que sobre ela ineide.
Definitivo diz respeito a urna edificaçä 0 constru{da com materiais rnanufaturados tais corno
tijoio ceramico e bloco de betào que obedece à norrnas e construtivas bern
cobertura de telha zinco ou banheiro (wc)
com ducha e cozinha com as várias instalaçö es elétricas e hidráulicas e urn desenho
completo do projeto aprovado. A regularizaçào definitiva de urn lote está assoeiado a este
de COflstruca
Quando uma é autorizada em urn lote sob 0 estatuto precário, pode a CMB
determinar a desapropriaçào em urn determinado momento caso necessite do local para
tipo de de ou rede de sern
que necessidade de financeira a seu proprietário. Por urn lado, esta
condiçäo causa relutaneia à muitos moradores que acabam näo implementando rnelhorias
na com receio de todo 0 investimento realizado. Por outro lado, 0
n{vel de tolerancia da CMB é tào que muitos moradores que possuem meios
financeiros melhorias e transformam suas unidades em casas "quase"
definitivas apostam no reconhecimento de fato e a regularizaçà 0 a 10ngo prazo. Estes
estào eientes das dificuldades e a faHa de capaeidade de controle da CMB. Tal é
rnuito cornum nos bairros "'V HUn..'",
1. . . . . .
67
Além das tarefas relacionadas à gestäo urbana da cidade tais como a concessà 0 de
terrenos, de concessào de alvarás de construçào, manutençào do cadastro
de terrenos e edificaçöes, do espaço publico e do sisterna de a CMB
também deve os trabalhos nas redes dl água e de eletricidade sob a
da EAGB. A CMB também é pela da
pavimentaçào das ruas da cidade eo faz ao contratar os do MOPCU. 0 controle
sob as áreas de estacionamento e a manutençào das placas de também fazem
da lista de da CMB. A manutençào e exploraçào dos do
matadouro, do curral bern como a da coleta de l1xo também säo su as
responsabilidades.
68
cidade mais complexa ainda.
Durante muitos anos a CMB assumiu urn papel subordinado ao MOPCU mas a partir de
1989, conseguiu formar uma mînima de e técnicos de arclui1tetllra
e esta passou uma decisória sobre 0 planejamento da cidade.
A CMB-MOPCU toca a questäo da descentralizaçao do poder sobre a cidade e a
autonomia e administrativa da instituiçào municipal. A CMB detém 0 controle sobre
o estoque de terras da cidade e assumir 0 sobre 0 processo de planejamento e
urbana mas é de fazê-lo devido a sua frágil estrutura
de seu departamento de urbanismo e à falta de de seu
técnico.
69
111
Vista de uma rua regularizada pelo PMBB, com uma valeta de drenagem, no Bairro de Mindará, 1990.
70
A holandesa no processo de desenvolvimento da Guiné-Bissau 15 anos
ern 1993. Durante este pedodo houve muitos acertos e desacertos ern diversos projetos
financiados pelo governo holandês e através da bilateral ou do
Holandês de Cooperaçào-SNV. Várias rniss6es de trabalho visitaram 0 a firn
a urn acordo sobre a filosofia, objetivos e mesrno as politicas de
dos diversos As rniss6es de formulararn seus relatórios e
apresentararn inumeras Urn assunto interessante a ser é saber até
que ponto es tas recomendaç6 es forarn levadas em con ta na reformulaçäo dos nrl'l1t:>tr.C
A Holanda näo parece ter tido qualquer interesse economico à curto ou 10ngo prazo no paîs
visto que a Guiné-Bissau possui muito pouco a oferecer em comparaçào a outras áreas onde
a Holanda urn envolvimento histórico e consolidado. 0 cenário parece ter
sido um fator determinante na postura holandesa com ao pa{s. Isto também se
a muitos outros paÎses membros da Comunidade Economica Européia-CEE. 0 ano de 1978
parece ser desta tendência. A partir da até 0 firn dos anos
a Guiné-Bissau recebell llm montante de recursos financeiros oriundos de diversos e
71
instituiçöes doadoras. Pode-se dizer que a Guiné Bissau está para os anos 70 assim como
a para os anos 80 em terrnos de simpatia, solidariedade e politico ao nivel
internacional.
72
havia 44 atividades urbanas sendo pelo SNV 0 que urn
aumento de % para % de todas as atividades no setor urbano. deste
pequeno 0 setor habitat aparece como segunda e näo
podia ser diferente na Guiné-Bissau.
andamento
Habitat e Habitaçao 04 10 02
Emprego & Setor Informal 12 25 03
Desenvolvimento Comunitário 02 04 03
en .1:. Institucional 01 03 05
Combinaça 0 desses Componentes -- 02 04
TOTAL 19 44 16
Fonte: "Inzetten in Stedelijke Projekten", J. Hoogerbrugge, SNV, 1990.
De 1986 a 1991, 0 SNV manteve uma participaçao estável em 14 projetos diferentes para
os alocava em assistência técnica uma média anual de 35 cooperantes. Apenas no ano
de 1991, a cerca de 1,49 milhöes de seu e
1,3 milhöes de fundos externos (SNV, 1991 b), excluindo-se
os custos da assistência técnica. Em 1990, 0 SNV estava envolvido em 14 projetos na
Guiné-Bissau nos seguintes setores:
73
Desenvolvimento Rural 5
Educaçäo 3
Emprego e geraçà 0 de renda 2
de saude 1
Infraestrutura urbana 1
Capacitaçäo institucional-rural
Industria - emprego
Esta "1"C'''<1h"r.........- por setores nào é a mes ma utilizada SNV. Por exemplo, a COOPAC-
dos urn que apóia as dos antigos
combatentes nos setores de alfaiataria e mecànica de automóveis, foi classificada
pelo SNV Bissau como urn projeto urbano enquanto que 0 relatório anual da instituiçäo
classifica-o como urn às formas de e cooperativas. Eu
classificá-Io como urn de empregos e de renda porque meI hor
descreve a natureza do traba1l1O apesar de que os aspectos e de
rep1res:ent:am a contribuiçä 0 essencial do SNV. De qualquer
ênfase dada ao setor
A inserçao da questäo urbana no documento de polftica nào deve ser visto como urn
repentino processo de do governo holandês mas como 0 resultado de urn
processo de que iniciou-se em 1984 com a fundaçao de uma Comissao
Holandesa do Habitat-NHC. Desde entäo, esta comissao multipartidária realizou uma série
de manifestaçöes e atos publicos a firn de chamar a dos poHticos, instituiçöes e
publico em sobre a das cidades nos em desenvolvimento. Seu
ocorreu durante 0 ano internacional dos desabrigados, 1987, mobilizou
recursos financeiros, realizou "lobbies" junto ao governo, sensibilizou 0 publico em
74
catalizou de do setor, publicou erevistas e engajou
universidades e centros de estudos no processo de discussào. Vale a pena mencionar que
a Holanda é urn dos poucos pafses que cumpre com a das Unidas que
recomenda aos industrializados a destinarem urn minimo de 0,7 % de seus PIBs
a ao desenvolvimento dos sub-desenvolvidos. 0 orçamento da CO()peraç:a
internacional holandesa vem crescendo durante os ultimos dez anos e
espera-se que a1cance a soma bilhöes ou uma quantia equivalente a US$ 3,5 bilhöes
em 1994.
pnme:ua vez, 0 setor urbano é deslocado de sua posÎçào marginal para ocupar uma
no àmbito da e do processo de alocaçào de recursos para
e desenvolvimento. do setor ainda a maior parcela
dos recursos, a da pobreza urbana e 0 processo de deixa de ser
e passa por uma análise criteriosa à da qual sugerem-se uma série de
estratégias. A nova politica holandesa define sete áreas de intervençà 0 tais como
desenvolvimento rural, desenvolvimento a da
mulher eos setores publicos e privados. Em terrnos de """"'u.",,Fo,'U",
cinco de interesse:
1. A e autosuficiência da populaçào
2. PoHtica de Meio Ambiente
3. A po~içäo da mulher e 0 desenvolvimento
4. e Tecnologia
5. da urbana
No que diz respeito à este ultimo tópico, aumentar a oferta da assistência técnica
no campo financeiro e em áreas técnicas que possam e melhorar a
posiçäo da pobre e dos grupos maïs necessitados. A poHtica coloca ênfase no
desenvolvimento ao nivel da base das comunidades e na promoçäo de iniciativas locais
assumidas organizaçö es comunitárias ou näo A
urbana e a das atividades essenciais e inerentes às cidades
ganham relevància no àmbito da Tais atividades referem-se à e
da habitaçäo, ao funcionamento de empresas comerciais e industriais que geram
empregos, de produtos e ao transporte a existência de
infraestrutura básica e a oferta de publicos. Todos estes aspectos devem receber
uma atençäo especial através da de recursos humanos, treinamento, pesquisa e
financeiro.
75
A da de empregos e as para de renda ocupa uma
posiçao de destaque na de por isto mesmo 0 mercado informal aparece
como urn campo a ser pesquisado e estimulado. Percebe-se que a politica aceita as
trazidas urbanizaçäo visto que as aglomeraç6es humanas contribuem de
forma marcante para 0 aumento do PIB e para 0 desenvolvimento económico de muitos
paises. Cidades como Säo Paulo % do PIB em 1970), Lima (43 % do PIB em
1980), Nairobi (20 % da renda do em 1976), Manila % do PIB em
México e % do PIB em 1972) demonstram as vantagens de uma economia
de aglomeraçäo mas deixam vislveis as su as negativas tais como a
vlOllenc:Ia, assentamentos espontäneos,
U 11.1 lA<.I............... '.., , da
76
a utilizaçäo do restante dos recursos financeiros oriundos do fundo de ainda
rI'''1"\A1ni"""" desde 1979. A missäo detectou um crHico habitacional na cidade de
um de habitaçäo em processo de dilapidaçäo e de
superpopulaçào, com as edificaçöes sendo em média por 14 pessoas por casa
1982: 16). 0 documento da missäo recomenda a de f 700 mil (US$ 388
mil ao cambio atual) a fim de financiar a de 140 aserem construidas
por regime de autoconstruçà 0 orientada e utilizando-se materiais locais e matenalS
de construçäo importados. De acordo com a a habitacional deveria ser
imediatamente ativada a fim de se diminuir 0 numero de habitantes por casas verificado em
Belém e Mindará.
Recomenda-se que devam ser tomadas medidas para se iniciar urn ao firn de
1983 1982: 19). Neste ano, uma série de discussöes, as concordaram
em iniciar urn projeto de melhoramento de bairros em Mindará, Belém e na cidade de
Quinhamel, à 35 km de Bissau. Foi fixado um orçamento de f 2,9 milhöes e uma
nacional anual de PG 11 milhöes de pesos Guineenses.
Urn ano maïs tarde, a DGIS adjudicou a formulaçäo do à uma firma de t:nlgt:rHlèl.na
holandesa, escolhida entre outras em um concurso de propostas. Urn
cornplero foi formulado e apresentado às autoridades Guineenses. A proposta dá ênfase à
ast>ectos técnicos relacionados à declividades de valetas, áreas de
e apresenta um resumo de um SOClo-eCOnOlTIlCO 1984). Dá-se pouca
rt,"""t,,,,,,,, de e urbana de Mindará e muitos assuntos
ArC1r<ln"'7<llrnTr,,, ede implementaçào nao sao suficientemente esclarecidos. A fi>l'rU'",.",t,.,
severas crfticas por parte das autoridades Uumeem;es,
a conclusào dos trabalhos em Mindará, a tutela do PMBB foi transferida para a CMB
e no novo contrato dos foram refonnulados. 0 PMBB pretende
melhorar as do habitat e elevar as condiçö es de vida dos habitantes dos bairros
populares de e também estabelecer um processo de melhoria dos bairros em
comum acordo com a comunidade e com as autoridades locais e Gijselhart,
1991a:08). 0 é definido como um comunitário, possui um caráter evolutivo
e deve receber 0 apoio material e financeiro do governo da CMB e do SNV até
que sejam criadas as condiçöes para uma autogestào sustentáve1.
77
5.3 OS OBJETIVOS DO PMBB
f. Facilitar a !mp~l!ili!ÇaQj~ml!..J1!U~tlÇ:~.Illltill!~
em comum acordo ,com os ber1efICUlfl()S
g. Distribuir os Belém e
'-'U~U'VHl de Cima, cujos da disponibilidade real de
recursos financeiros oriundos orçamento em Plorins Holandeses ePesos
Guineenses.
h. Os serviços envolvem: publicos, rede rede de
®~~n com valetas de de urn serviço publico de ""'''''.",11-..",
oferta de mediante pagamento ou ~~!ll!..~'--!d~l.!::!!
de e melhoramento das casas, nivelamento e melhoria das ruas
1. entidades
78
5.4 A DA FILOSOFIA DE DO PMBB
79
desenvolvimento que urn processo de melhoria do habitat
urbano através da de beneffcios básicos, mas negligencia assim urn problema
crucial do bairro: sua intrincada e morfologia urbana. A conceitual
entre a de melhoria defendida pelo SNV e a polftica de erradicaçä 0
MOPCU consumia tempo e causando sérios efeitos no andamento dos
trabalhos do PMBB. As discussö es sairam do campo conceitual para Ch(~!!alrelm
da das envolvendo os técnicos e cQ()peranltes
homólogos Guineenses em discussö es sobre pequenos detalhes de exe~cu,;a
por criar sobre a validade de certas propostas.
80
Foram realizadas imlmeras reumoes e pequenos seminários com grupos de mc,ra(jor'es,
apresentou-se urn programa audio-visual e urn teatro de bonecos on de todas estas aU(~st(jes
era tratadas. As escolas de Belém e os grupos de mulheres foram alvos da sobre
o tratamento do lixo e a campanha sobre a utilizaçäo dl água cobriu toda a populaçä 0 do
bairro que foi dividido os setores e localizaçä 0 dos fontanários publicos.
81
desenvolvidos. de textos elaborados por locais e
convidou-se que apresentaram estudos de caso sobre 0
. . . ""'.""E.'.u' Burkina Fasso, Cabo Verde e Brasil. Em totaI, foram apresentados 16 documentos
e 0 seminário transformou-se em urn fórum de discussä 0 sobre os urbanos da
cidade. A de melhoramento dos bairros como soluçao apropriada ao contexto
gUllneem~e tornou-se urn consenso entre os profissionais participantes do evento (Acioly e
1990).
A CMB inicia urn processo de interna e sao tomadas várias medidas por
da presidência da CMB, através de no sentido de definir áreas
de competência e jurisdiçao do projeto no ambito dos novos bairros aserem objetos de
do PMBB. 0 processo de dos novos nove bairros comprovou 0 grau
de maturidade e discernimento dos técnicos do CMB e PMBB e definiu a linha de
intervençäo em consonancia com 0 PGU. Instala-se urn processo de discussäo envolvendo
técnicos dessas instituiçöes cujo tópico principal é 0 futuro do PMBB. Discute-se 0
estabelecimento de urn "Conselho de Melhoramento dos Bairros" cuja básica será 0
monitoramento do processo de dos bairros e que deverá atuar como urn
82
instància consultiva em termos de polftica urbana e aprovaçào de projetos. Elabora-se
também uma proposta sobre a do PMBB (Acioly e _",.___ .. __ 1991;
1991a).
83
o processo de democratizaçà 0 do pais seglle de maneira irreversîvel e 0 maior desafio qlle
se coloca é a da AMUR-Agência de de
Reordenamento e a definiçào de suas da
cidade.
Urn rnorador ocupado com a produçao de blocos de adobe, a ser utilizado em sua casa, 1990.
84
Detalhe de uma foto aérea do se Gor sul de Cupilom de Cima, antes da intervençäo do PMBB, 1989,
85
6.1
Mindará é urn bairro localizado na periferia irnediata do nucleo colonial da cidade, ocupando
uma área de 31 ha. Ao é delimitado acesso à a avenida 14 de
Novernbro. Já 0 seu limite Sul é demarcado estrada do tarnbém urn dos acessos
à cidade e que liga Bissau à de Prábis. 0 limite leste do bairro é
mercado de Bandim existência acaba por transformar esta zona num
polo de e fluxo de Estima-se que menos urn terço da pOjJul:aça
da cidade circule diáriamente por este Iocal, a de automóvel ou transporte coletivo.
Em dezembro de 1990, es sa foi intensificada com a de urn moderno
sUI>ermercaLdo em área ao mercado de transformando o Iocal num ponto
neurálgico da cidade devido ao aumento do de e automóveis e a
intensa atividade comercial. Os engarrafamentos da cidade sào verificados nes te
ponto. A tornou-se maïs crHica com 0 desenvolvimento de urn comércio informal
de bambus e atrafdos pontos de safda e das e ónibus
e vendedores ambulantes que circundam ambos os mercados. Uma discoteca
e restaurante completavam 0 cenário com uma intensa e barulhenta vida noturna. Em
meados de 1991, a CMB decidiu remover todo 0 comércîo ambulante no ambito de urn
programa de da cidade da cidade com 0 de realizar urn de
reabilitaçao do Iocal que antes servia como praça e parque.
o bairro é delimitado à Oeste rua do Caracol que separa Mindará de Belém. 0 acesso
ao interior do bairro só ser fei to através desta rua e da estrada do Bór
6.2
A base para estimativa da atual populaçao residente baseia-se numa aná1ise do estoque
habitacional. Por um lado 0 total de diminuiu nos t11timos dez anos devido à
demo1içöes compulsórias causadas da avenida 14 de Novembro. Por outro
o total de habitantes vem aumentando constantemente, fato que 0 argumento
86
do
de anexos às Pt11rlf'~lf'rI
Em 1981, 0 MOPCU registrou 488 casas (MOPCU, 1981:5) e nove anos mais
em 1990, a CMB
.... ,,'..I-'l.ctl-n 455 casas. Podemos utilizar indices para ca1cular
o total de residentes e a conclusà 0 que existem sobre 0
numero total de habitantes de Mindará. 0 censo de 1979 indica uma média de 5,1
habitantes por casa em Bissau mas uma outra pesquisa realizada em Mindará no mesmo ano,
uma média de 3,06 famflias e urn total de 13,69 pessoas por casa e
WehenpohI, 1979:31). Cinco anos maïs uma realizada como preparaçào
para 0 plano de intervençà 0 do PMBB no bairro indicou uma média de pessoas por
famflia 1984: Se porventura considerarmos que 3 famflias ocupam uma casa
entäo a de habitantes por casa eleva-se para maïs de 24 pessoas.
Em 1990, 0 PMBB realizou urn que cobriu 366 casas 0 que significa uma amostra
que cobre 80 % do bairro já que a área de influência do mercado Bandim foi
propositalmente exclufda. 0 tinha coma identificar os pn)prleUifl()S
das casas, 0 total de ocupantes, fontes de renda, qualidade da de
cobertura e infraestrutura. 0 uma populaçào 4.038 dado que
estimar uma total do bairro à 5.000 habitantes. A pesquisa
revelou que % das casas é ocupada por mais de 10 e menos de 16 pessoas. 14 %
é por maïs de 5 e menos de 10 pessoas, concluindo-se que mais da metade das
casas é por mais de 10 moradores Tabela
Após a análise dos dados coletados pela CMB, MOPCU e estima-se que a pOIJUl,iça
do bairro cresceu de aproximadamente 3.500 habitantes em 1981 para mais de 8.000 em
sendo que uma ser considerada como populaçào flutuante. Isto significa
uma taxa anual de crescimento de 7,8 % e uma densidade populacional de 278 habitantes
por hectare. A princfpio, esta estimativa parece levar a urn mas 0
fato é que Mindará é urn bairro que tem atrafdo muitos migrantes recentes e novos residentes
devido à intensa atividade comercial que af ocorre. Os efeitos da liberalizaçào do comércio
neste bairro é Além do comércio informal como venda de panos, roupas de
segunda mäo, frutas, legumes, carvào, peixe, cabras e outras atividades comerciais
87
formais florescem e 0 adensamento vai se dando às custas de novos anexos, pequenas
ed1.tlcaç(jes comerciais e barracas nem sempre autorizadas CMB. Este processo tornou-
se muito evidente nos óltimos três anos, fazendo com que muitos passassem a
tirar da demanda por habitaçào e pontos comerciais. Pode-se afirmar que 0 bairro
tornou-se bastante atrativo para 0 Há indfcios de que a sublocaçà 0 e a
superpopulaçä 0 das existentes aumentou simu1taneamente ao "boom ou It
incremento comercial.
o bairro é denso e as sào construfdas muito perto uma das outras, criando assim
uma urbana e um morfológico semeIhante ao de urn assentamento tribal.
Uma circundada por urn muro de alvenaria ou uma cerca continua ainda é uma
exceçào encontrar-se. Mas apesar de nao haver uma delimitaçäo explîdta dos Iotes ou da
nrr\nrl11::.rI·:>rI"" de cada famflia ou habi tante , claramente que existe urn controle
e espadal no processo de do solo. 0 domfnio privado é aceito
habitantes da localidade e é marcado de forma simbólica através de árvores, uma Vel!eüiCa
local ou um ponto cerimonia1. Todavia pode urn indivfduo caminhar em diversas mrec()es
sem que encontre um obstáculo fisico que 0 a retomar. 0 "cul-de-sac"
é encontrado quando se trata de uma de uma morança
U&,.. uu...... faciHdades para banho e necessidades pessoais sào, em muitos casos, usados em
88
somente à este como também a muitos outros bairros populares.
a. 0 governo nao tem tido a determinaçäo e empenho para elaborar e aprovar uma lei
onde se determine a jurisprudência da fundiária. onde e sob
que 0 princîpio da propriedade tradicional da terra ser em
áreas urbanas.
b. 0 bairro nunca teve urn plano urbanfstico aprovado de forma que os limites do lote de
cada famflia ser bern como os critérios para e
regularizaçäo da Mesmo que fosse a tîtul0 de arrendamento visto que a 0
solo é naciona1izado. Urn plano fîsico poderia muito bern definir as diretrizes de
e do solo.
foram mei hor definidos e a pa'vmlen.taç:a foi substancialmente melhorada através de uma
camada de cascalho compactado. Tal fato contribuiu para aumentar 0 de automóveis
no interior do bairro. Em terrnos das funçöes e uso do solo, dizer que a unica
no uso do espaço é verificada nas do mercado Bandim, onde a
edlJlCaçc5es sao usadas como ponto comercial ou para fins produtivos. Até 0
espaço já é utilizado para fins comerciais através de tendas e vendedores ambulantes.
A medida que se caminha em ao bairro 0 uso residencial passa a predominar
apesar de existir urn ou outro prédio utilizado para fins nao residencial. Ao da estrada
do há urn processo de transformaçä 0 do uso residencial em uso pn:~domlnaI1te:mente
comercial. 0 resultado é que esta rua vai tornando-se urn eixo comercial bastante
movimentado.
A maioria das casas é construîda com barro e de blocos de adobe secos ao sol ou
levantadas em taipa. Muitas edificaç6es de estabilidade edurabiIidade
das tais como rachaduras e trincas devido ao fato de nao ou
alicerce Em realizada em 1981, q ue 22,7 % do totaI do
estoque habitacional estava täo deteriorado que a unica para reabilitaçào era demolir
e construir uma nova edificaçào (MOPCU, 1981 :5). 0 total de casas construîdo com blocos
de betäo ou tij 010 ceramico ainda é muito baixo até hoje, isto devido aos altos custos dos
materiais de importados de outros Estas casas rerlre5;en'tavam
apenas 2,3 % do totaI do habitacional em 1981.
As casas possuem uma forma retangular similar à tipologia das casas balantas. Uma forma
retan~~ul(lr dividida em quatro ou seis partes (c6modos), circundada por uma varanda
que é protegida por um beiral formado pela cobertura. 0 telhado é normalmente realizado
89
em quatro águas estrutura sobre as Percebe-se que a hatJlG:lça
tradicional passou por um processo de metamorfose devido à influências oriundas do modo
de e da das casas edificadas pelos colonizadores.
A haollta<:;a de Em cerca de
% das casas era e Dois anos maïs tarde, uma outra
Oe1;;QUlSa mostrou indfcios de que havia uma diminuiçào do numero de habitaçöes de aluguel
e um ligeiro acréscimo no total de casas por seus pnmflet:mC)S
dez anos maïs esta tendência é confirmada através do ,nnll,:.,·!tn
PMBB em 1990 Tabela Segundo os dados 17,21 % das casas é
ocu:pacla totalmente por inquilinos e 30,60 é parcialmente alugada. Isto significa que quase
metade do habitacional é ocupado por inquilinos ou por 10catários de
90
(locador) é urn indivfduo que somente interesses econ6micos com à habitaçäo
e buscará sempre tirar proveito de qualquer que eleve a qua1idade e 0 valor de sua
Os inquilinos de uma maneira acabam sempre vftimas desta mUldaJlça
qualitativa num aumento imediato do valor do aluguel já que a maioria nao
urn contrato oficialmente reg;lstl'ad10.
Ol 010 08.92
02 028 25.00
03 030 26.78
04 031 27.67
05 005 04.46
06 003 02.67
TotaI 112 100
91
6.1: Tradicionais em Mindará
--- - -====:- -
Fonte: Kater, H. "Qualidade das águas nos bairros de Mindará e Cupilom de Cima", PMBB, 1986.
92
6.2: Planta de Mindará do PMBB
Fontanários Publicos
6.5 BREVE DA DO PMBB EM MINDARA
94
7
7.1
Belém é 0 maior dos três bairros selecionados para do PMBä e ocupa uma área
de ha. Situa-se maïs distante do centro em comparaçào com os outros dois e separa-
se de Mindará rua do Caracol em seu limite Leste. Assim como em 0 bairro
é delimitado ao Norte acesso à cidade, sendo que em Belém existe uma rua
de terra que dá acesso à avenida 14 de Novembro em sua extremidade Oeste. Ao
sJtUa-se a continuidade da estrada do Bór sendo que em Belém esta via de acesso näo
é Em seu limite há uma área verde utilizada por camponeses
locais para atividades rurais. A declividade do terreno dá-se nesta direçäo 0 que faz com
que toda a água drenada do bairro corra em à este local onde já existe uma valeta
natural sinais de erosäo. 0 bairro possui urn caráter residencial marcante
apesar de existir algum oficinas, alfaiates, e restaurantes. Estas atividades
gelialJnelrlte ocorrem no anel periférico do com maior incidência na rua do Caracol
e ao da avenida 14 de Novembro.
7.2
Há indfcios que a maioria da populaçäo pertença aos grupos animistas. Ao que tudo indica,
os mancanhas e säo os grupos majoritários, pelo menos es sa é uma das conc1usö es
tiradas dos dados coletados durante a campanha da água e do lixo, PMBB
em 1989. A maioria dos documentos que tratam sobre 0 bairro indicam uma por
volta de 8.000 habitantes e como näo há nenhuma outra fonte que possa contradizer este
dado, assume-se este nûmero como referência básica.
Comparado com Mindará, Belém possui uma estrutura urbana muito mais definida. As ruas
e acessos criam uma série de e e däo ao bairro uma corH1~;Unlça
ge()métrica e cartesiana. As casas seguem uma eerta de alinhamento que faeilita a
leitura do espaço e a de carros e feita PMBB
reforçou este ao realizar a do arruamento. Até eerto ponto, a rede de
eaminhos eneontrados em Mindará também ser verifieado em Belém mas aqui já
existem muitos obstáeulos eriados por muros e que eercam urn numero razoável
de lotes e habitaçoes legalizadas. Muitos deles foram regularizados de aeordo eom urn plano
urbanistieo reaHzado MOPCU em 1984/85. Apesar de nunea ter sido este
é tornado eomo referência para efeito de eoneesso es e de terrenos
realizadas pelo setor de da CMB. Bm casos, ocorrem conflitos entre as
redes de infraestrutura exeeutadas pelo PMBB e as diretrizes de do solo
por este
Sobre a qualidade das casas, uma pesquisa realizada em 1981 indicou que 16,5 % do parque
habitacional estava em total estado de deterioraçäo (MOPCU, 1981 % estava em
bom estado de Uma outra revelou que % do
habitacional era eonstrufdo eom blocos de betäo ou materiais mistos (KunzeI e Wehenpohl,
1979:18). Tais dados levam-nos a eonc1uir que há mais de 10 anos atrás 0 es toque
habitacional já era de muito melhor em Belém do que em Mindará.
tal nao ser eonfirmada atualmente. A realizada reeentemente
com 0 do PMBB, revela que as casas consideradas como de boa e
muito boa qualidade respondem por %e % do total de casas de Belém e
Mindará De fato, há uma inversào que pode ser fato de que
existirem muitas de razoável qualidade que foram recentemente construfdas para
uso comercial. Todavia existem muito maïs casas de boa ou muito boa qualidade em Belém
do que em Mindará e isto tem urn efeito singular quando se observa 0 meiD ambiente
construfdo Tabebl
Belém 26 4.2% 203 33% 233 38% 150 24% 060.97% 617
Para dar uma visao sobre a qualidade do estoque habitacional dos dois é
eXT:Hlc::rr 0 de c1assificaçä o. Tal modelo foi desenvolvido no ambito da CO{)pe:rac:a
da CMB com 0 IPF-Instituto de Planificacion Ffsica de Cuba. Uma casa é considerada
MUITO BOA a está em boas condiçöes ffsicas e as sao
construfdas de tijoio blocos de betào e eventualmente e quando está
rebocada e deve ter a cobertura feita por uma de betao ou coberta por telha
cel~änllc:a, e possuir fundaçöes ou alicerces e uma varanda devidamente construfda.
97
a maioria das casas de Belém foi construfda segundo 0 padrào e tradicional, uma
forma retangular dividida em 6 cómodos na maioria dos casos, urn telhado de quatro
com cobertura de telha galvanizada e uma varanda circundando toda a Além
da das casas, as condiçöes de habitabilidade em Belém säo slgmtlcatlvam.enlte
superiores do que em Mindará. Tudo indica que a rede de potável implantada pelo
PMBB estimulou a doméstica visto que apenas % das casas possufam
abastecimento por rede em 1979 (KunzeI e Wehenpohl, 1979:23) enquanto que em 1990,
19,12 % das casas com a ou seja, três vezes mais; 40,52 % abastece-se
através dos fontanários pûblicos e 41 % de poços tradicionais 1990b: 1).
7.4 DA DO PMBB EM
interna entre os grupos. Cada grupo deveria um morador que ficará pela
do fontanário localizado na área de residência do grupo a que 0
reSPOlllsável tratará de reposiçöes de torneiras, limpeza dos poços de
col eta das taxas mensais e ocasionalmente organizará açöes de limpeza valetas e
evacuaça 0 do lixo localizado em sua área A foi de tal forma que
o comitê de bairro sentiu-se na sua popular e criou-se
urn conflito que só foi resolvido com a intervençao do presidente da CMB e do rep~res:enl:anlte
do PAIGC para setor autêmomo de Bissau.
98
dos resultados com 0 envolvimento dos tanto a eXpeJnelnCla
de Mindará quanto de Belém demonstram as de urn projeto de melhoria de
infraestrutura. Tudo indica que a implantaçào de infraestrutura coletiva näo possui a
catalizadora para mobilizar 0 morador e levá-lo a participar ativamente no processo de
melhoria de seu Iocal de moradia. Além das próprias limitaçöes do 0 projeto teve
que co-existir com a fragilidade das de massa sob 0 controle do PAIGC já que
só atuar dentro dos bairros caso passasse pelo filtro des tas Tanto 0
comitê de bairro como a UDEMU e a JAAC näo conseguiam
de dai a decisào do PMBB de para a seus
desempenharam urn fundamental durante a guerra de I,h,"'rt',,,"l
com os processos de U''-'VLH~<-<VU.
comunitária e reorientar-se em terrnos de de bairro a firn de responder aos anseios
dos habitantes. Percebe-se c1aramente que houve urn distanciamento da
burocratizaram-se e seus lfderes atuais näo tem mais de oeI'SWlsa
residente nos bairros. Estas -:lt,·r,-n-:l"f""'''
a cabo nesta 10calidade e näo podem ser geIlerall,~aa.as.
Apesar desta atividade ser realizada apenas uma vez por semana em cada ela
demandava urn de e por parte do já que durante
três dias da semana, 0 caminhào e mais tarde 0 trator com reboque estavam deslocados de
suas funçöes vitais na obra. Isto sem falar nos gastos feitos a fundo 0 PMBB näo
foi capaz de urn serviço frequente e continuo que a de
UUIJV'-"'...,'-' e taxas de lixo. A iniciativa tinha urn caráter experimental e cumpria com uma das
c1áusulas do contrato entre 0 SNV e a eMB. A situaçào deteriorou-se a partir do momento
em que 0 PMBB suspendeu a serviço de coleta de lixo e passou esta à
já contava com os tratores cedidos francesa. 0 minimo de
que se conseguira simplesmente desmantelou-se.
99
I--'
o 7.1: Planta de Belém do
o
Arruamento regularizado
Estrada do Bor
o - - - Sistema de Drenagem
Fontanários Pûblicos
8.1
8.2
101
no especialmente na parte sul do assentamento. é um dos poucos bairros
onde existe e funciona uma comissäo de homens e Hderes tradicionais que de forma
pnlgnlát:Lca protege e a tradiçäo e leis que regem a sociedade tradicional. A
presença dominante do grupo mandinga acabou por facilitar a de um conselho de
moradores que de certa forma 0 monopó1io do comitê de bairro do PAIGC sem que
houvesse um conflito de 0 conselho juntamente com 0 comitê de bairro e as
outras de massa puderam trabalhar de forma conjunta no processo de
melhoramento dos bairros sem de obstáculo. Esta particularidade fez com que
o PMBB a uma forma de cooperaçäo que viabilizou os trabalhos no bairro
inumeras iniciativas anteriores dos portugueses.
A maioria dos habitantes %) reside no bairro há mais de 20 anos 0 que vem a l"PT:nl"l~'='''
a estrutura social e os de entre os moradores. U ma realizada em
indicou que havia 287 famflias e 2.282 habitantes residindo no setor sul do bairro, 0
que representa uma média de 1,69 famflias epessoas por casa. Em termos do numero
de habitantes por casa, há uma similaridade em a Mindará e Belém mas
vUIJH'UHl apresenta urn fato a maioria das casas é por uma ûnica famflia. As
famflias säo em geral de vários membros e é mUlto comum 0 chefe
da famflia possuir maïs de uma esposa. Esta estruturaçä 0 social acaba refletindo-se na
urbana do bairro na forma de várias moranças
Em 1990, uma amostra realizada no setor sul e que cobriu 41 casas revelou que 895 pessoas
viviam em 39 casas, 0 que dá uma média de 22 habitantes por casa das quais em apenas 7
casas, ou 17 % do totaI, vivia mais de uma famflia (Acioly, 1990c:4). Tal dado
caracterfstica da unifamiliar das casas neste bairro. Em duas casas de 160
área ambas com 6 quartos,' 2 concos (anexos) construfdos por sobre a varanda e
maïs um corredor vivam 49 habitantes em cada uma e todos a uma
unica famflia. Isto significa uma média de 6 pessoas por caso os anexos sejam
levados em conta. Em outras duas casas, uma de 165 e a outra de 180 de área
coberta, ambas com 6 quartos, foram cadastradas duas famflias compostas de 44 e 30
pessoas respe(~tnlanlenlte.
A superpopuIaçä 0 das casas é visfvel e deve ser considerada para efeito da estimativa da
populaçäo do bairro. ao ponto de encontrar-se uma casa que um
de forma onde havia 7 camas, sendo seis de casal. Segundo 0 proprietário, em
várias das camas dormiam três crianças. Estes dados confinnam a peculiaridade da estrutura
social de Cupi10m de Cima e mostram 0 do nûcleo familiar vivendo sob urn unico teto.
Se considerarmos estes indîcios de superpopulaça-o, é estimar uma populaçäo de
5.808 habitantes para todo 0 bairro. Isto significa dizer que a populaçäo cresceu a uma taxa
de 5,5 % ao ano resultando numa densidade de 400 habitantes por hectare.
102
Mt~ngers afirma em seu estudo que a jJvIJ ........Yu de seu estudo
mas tal assertiva näo pode ser confirmada. num periodo de dez anos, ou
entre 1979 e 0 numero de casas decresceu enCluanto 0 total de habitantes aumentou. 0
resultado é a do das de
pn>milscllld;ade e degradaçä 0 Ao compararmos as totcJgratu:ts
aéreas de 1979 e 1989 com 0 cadastramento das feito em confirma-se
claramente que 0 de casa diminuiu sensivelmente. Várias cobertas de
desmoronaram por falta de ou falta de recursos para substituir a ve1ha
cobertura. 0 custo da vem aumentando a cada ano e vai tornando-se um
obstáculo para os moradores de baixa renda familiar.
103
8.3 A ESTRUTURA URBANA E 0 CUlLP.iL ... ,,,...., HABITACIONAL
No as casas tinham uma tipologia redonda, de acordo com a tradiçäo mandinga, mas
pouco a pouco foram transformando-se em casas retangulares tal a tipologia de Mindará
e Belém. Em 1981, % das casas eram cobertas com telhas e 22,4
% com (KunzeI e 1981: 18). Cinco anos mais tarde, 0 numero de casas
cobertas com palha decrescia para 16,6 % e 0 tota1 de casas com cobertura de telhas
§"-,va,u""u.,,,<-•
.;> subia para 65.5 % 1986: Este peqlleno acréscimo deve-se ao
fato de ter havido urn aumento do numero de casas cobertas por telhas
fibrocimento ebidon (folhas de barril de gasolina amassado). Em setembro de 1989, antes
do PMBB dar inicio aos trabalhos na bairro, 0 numero de casas com cobertura de palha
havia decrescida para % e 0 total de casas cobertas de telhas havia
aumentado para % 1989: 8). As casas cobertas de telhas ceràmicas sofreram
urn ligeiro aumento, representam agora quase 10 % do tota1. a do PMBB,
o total de casas cobertas por telhas galvanizadas irá aumentar sensivelmente já que 0
programa de impHca na sllbstituiçào da cobertura de palha de várias casas em mau
104
Percebe-se que 0 estoque de casas passa por urn processo de principalmente
situadas ao 10ngo dos eixos de circulaçä 0 da onde há maior
incidência de atividades cornerciais. A exce]ente do bairro contribui para este
de no uso e tipologia das habitaçoes. As vantagens locacionais do bairro
também contribuem para que a localidade tome-se muita atrativa para a de
A falta de altemativas de em outros locais e a inércia publica no setor
fazem prever urn desenvolvimento do mercado informal de aluguel. Neste sentido, Cupilom
de Cima uma caracterfstica semelhante à Mindará no de que diz à
presença de HI~:UHU'V'''.
105
Em sua realizada 7 anos maïs indica melhorias em todos os
sentidos. 0 numero de casas servida por rede ou fontanário sobe para %e
% passa a ter individual dentro de casa 1986: 119). 0 numero de
à rede de eletricidade subiu para %. De uma forma ou de outra os moradores
cOJ:1se:gulncIO melhorar as de vida no 10cal mas nao tem sido capaz de realizar
o mesmo com à qualidade das Isto porque a é
apcmuwa como prioridade máxima no processo de melhoramento do bairro. U ma lista de
pnondaCle indicada por aponta 0 (51,9 centro de saude
(25,3 %), fontanários publicos (12,2 %), de ruas (7,3 %). Esta lista de
prioridades tem urn valor significativo pois aponta de forma determinante a e0
nfvel de conhecimento dos moradores sobre seu loc al de moradia. Tais dados serao
determinantes no processo de do de do PMBB.
8.4 DO EM
CUPILOM DE CIMA
ultI'apélssélr a limitada
estrutura das de massa, sob controle partidário, ao ratificar urn contrato com
urn conselho de moradores do bairro. 0 conselho tinha urn caráter multipartidário e abriu
espaço tanto para as existentes para 0 habitante. Nao há
duvidas étnica contribuiu para este desenvolvimento e 0
lideres tradicionais foi fundamental para que se conseguisse uma boa
entre 0 PMBB e os moradores.
o processo de autoconstruçà 0 assistida provou ser urn instrumento eficaz que COlrlSe:guLU
mobilizar 0 habitante no processo de melhoria de seu local de moradia. 0 uso da tecnologia
do adobe foi conduzida com todo 0 técnico na das e confirrnou 0
pot:en<;Ial que representa para aumentar a de A da
mao de obra local na de blocos de adobe e na de diversos c01np~am~nt(~s
da edificaçào comprovou a potencialidade des ta polftica. Todavia, a escala do programa em
,-,,,vu'v'" de Cima deixou daro que existem ainda muitos aserem melhor definidos.
e dos diversos agentes, 0 sisterna de financiamento eo
de amortizaçào da dfvida precisam ser rediscutidos a fim de possibilitar ao mesmo
um processo sustentável de recuperaçào dos custos e a sua reversao em investimentos no
bairro através de urn fundo rotativo. Detalhes sobre 0 processo de lmple:mt:mulçá
em Cupilom de Cima serao dados no capftulo V.
106
e melhoramento de bairros, quando está implfcito que a urt>anlzalçä
também a dos lotes de cada famflia. Toda vez que uma determinada área tinha
seu uso redefinido e sempre que lotes eram demarcados ocorria uma longa
e cansativa discussao.
Por urn lado, os moradores näo estavam sufieientemente informados sobre aspectos
no ambito do conhecimento urbanistico e su as
perante a e nem täo pouco urn conhecimento básico sobre as
lm1pIH;açl:)es da da razäo de ter a delimitaçao oficial
de seus minima para orientar 0 processo de
Por outro lado, a atitude dubia da CMB
diante dos direitos tradieionais acaba por gerar uma e a falsa idéia de que 0
direito tradicional ao processo de melhoramento dos cuja base é a
formulaçào e de uma urbanistica minima. A falta de critérios e
parametros que delimitem
estaräo desde 0 seu infeio caso näo haja urn consenso a este rPI~np'lt"
consenso assumido como aceito por todos os agentes envoI vi dos no processo de
ou seja, a comitês de de massa,
moradores em deste princfpio dependerá do processo de
e informaçào cujo alvo é 0 habitante tradicional do bairro. A CMB terá que
fortalecer seu papel como autoridade máxima e criar mecanismos que possam desobstruir
rapidamente 0 processo de decisäo. Caso contrário, a e dos
bairros irá tornar-se apen as uma de
idéia restrita à docurnentos e plan tas de
de Cima
Mango
107
,.......
o 8.2: Planta de de Cima antes da infprvpnrii do PMBB
00
DE BAIXO
'~~,~,,~
13 MORANÇAS NO SECTOR DO !'lORTE
25 11 SUL
A Tabela 9.1 sintetiza os principais dados que definem 0 perfil dos três bairros analisados
nos anteriores. A populaçào alvo foi inicialmente estimada em 20.000 habitantes
mas atualmente 0 totaI a 25.000 habitantes, 0 que dizer que a lnr."'r\lpn('-::!
do PMBB conseguiu melhorar as de vida de uma a segunda
maior cidade do pais. A populaçao da cidade de Bissau vem crescendo à uma taxa anual
de 3 a 4 % enquanto que nos bairros populares a taxa de crescimento sobe para malS de 5
% ao ano. Esta é uma do processo de urbanizaçà 0 informal verifïcado em
todas as principais cidades da Subsaariana e deve-se ao fato destas localidades serem
o principal de do que buscam oportuI1idades na cidade. Problemas
de ordem institucional tais como de falta de polfticas e
program as de habitaçào e infraestrutura urbana, etc. e de ordem economica tais
como faHa de recursos financeiros tornam 0 problema mais grave e estimulam 0 processo
de rlO'"<''·~l1'''''''
A densificaçä 0 é um fenomeno que afeta os três bairros e com ela surgem também a
das e de quartos,
fîsica e promiscuidade sociaI e um dinamico setor informal. Há poucos indicios
e dados sobre a questao de empregos nos bairros mais tudo indica que é no mercado
informal onde uma parcela dos habitantes retiram de sua economia de
sobrevivência. de Cima foi a ûnica 10calidade onde foi poss{vel levantar-se
dados mais realistas neste sentido. Dados fazem crer que os habitantes dos três
bairros se no perfil sócio-economico da populaçào maïs pobre da
cidade apesar de mlo haver uma hOlTIogerleHjacle
os três bairros sào multo similares entre si. Apresentam uma configuraçäo
urbana bastante complexa, densa e com problemas de acessibilidade, erosao e uma carência
de infraestrutura básica tais como drenagem arruamento, saneamento, etc.
A falta de comunitários é também comum aos três bairros. da
melhoria significativa no abastecimento d 'água resultante da do PMBB, os
moradores ainda continuam a uti1izar 0 poço tradicional os sérios indfcios
de contaminaçäo por colitormes fecais. As latrinas e fossas tradicionalmente uti1izadas nos
bairros sào os vetores de contaminaçäo e fato que comprova a
inadequabilidade da água para uso doméstico. Esgotos correndo à céu aberto, água
estagnada eo acûmulo de lixo sào mUlto frequentes e colaboram para uma do
meiD ambiente f{sico e social.
109
habitat nos bairros bastante hostil para 0 desenvolvimento humano. Verifica-se a ocorrência
de e infecçoes de pele, malária e até uma eplderma
de sarampo. As crianças säo sempre as maiores vitimas. Quanto a caracterfstica do parque
existem muitas similaridades. A maioria das é construida com
blocos de adobe ou de taipa e possuem 6 ou 4 quartos; verifica-se uma dumn.U1ç;ao
do numero de casas cobertas com e é uma alta taxa de habitantes por
cómodo; a das é uma constante e verifica-se um intensiva
de e arrendamento de quartos.
As säo ocupadas em média por 10 ou mais habitantes sendo que no setor sul de
Cupilom de a média a 22 habitantes por casa. Quase 50 % do
habitacional de Mindará e Cupilom de Cima é parcialmente ou totalmente U.lU'J",U.'UV.
Abertura dos fontanários publicos em Belém, na presença dos comitês e moradores do bairro, 1989.
110.
Tabela 9.1: Perm dos Bairros Alvos do PMBB
Mindará Belém
Area (ha) 31.00 42.27 14.50
P > 8,000 P ,808
Crescimento Populacional 7.8 % T > 6.0 % 5.5 %
Anual
Densidade Popuiacional > 250 inhab/ha > 204 inhab/ha d < 400 inhab/ha
Total de Casas 445 617 264
Densidade Habitacional 14 casas/ha 14 casas/ha 18 casas/ha
por Casas 10-15 14 16-22
Renda Média Familiar (em s.r. US$
Dólares (1986)
Mancanha Mancanha %)
(Animistas) (Animistas) (M uçulmanos)
Casas com Cobertura de 73.22 % s.r. 72.4 %
Zinco (1990)
Casas com Cobertura de 16.39 % s.r. 13.6 %
Palha (1990)
Casas de Boa Qualidade 26.19 % 37.11 % s.r.
(1990) (1990)
Casas Parcialmente 30.6 % 30-45 % 28.5 %
Alugadas (1990) (1981) (1986)
Casas Totalmente Alugadas 17.21 %
(1990)
Ligaçào lndividual com 65 %
Rede d'água (1990)
Ligaçào Elétrica 30.5 %
(1990)
s.r. em
111
9.2 DOS RESULTADOS ...... ClI.JI..P'LP1J' PELO
PMBB
civil. Em terceiro os bairros teräo que ser capazes de gerar recursos que possam
alimentar urn fundo rotativo de investimentos a ser de forma entre as
org:an:Lza<;o ~~s comunitárias e a autoridade municipal. a dos moradores
e a da CMB säo dois pré-requisitos para a consolidaçà 0 do processo de
melhoramento dos bairros. resta a do emprego e de renda.
Será necessário criar urn fundo de apoio à microempresa a firn de a atividade
económica de caráter informal.
Para se ter uma idéia de' como se proces sar tal desenvolvimento será necessano
implementar estudos e avaliaçöes do impacto do e a potencialidade de cada local. A
de projetos é urn instrumento formidável que gera urn ti po de informaçào que é
VU1U1.\_,aU
Pode-se estimar que 0 custo por habitante foi de 78,00 excluindo-se os gastos com a
assistência técnica pelo SNV. Ou cerca de 45 % da renda per do
há ainda muito 0 que fazer mas em comparaçào com a situaçào existente anterior
à intervençà 0 do é indiscutfvel 0 nivel de melhorias eos beneficios implantados que
resultaram na melhoria da de vida nos três bairros. A filosofia de melhoramento
de bairros do PMBB baseia-se no principio e por isso é monitorar
o desenvolvimento dos bairros e realizar levantamentos sistemáticos para medir 0 impacto
causado no dia-a-dia dos moradores. Como é que os habitantes receberam tais beneffcios
e como é que os investimentos feitos serào a médio e prazos ?
As reuniöes que participei junta com comissöes de moradores e com os diversos comitês de
bairros e minhas visitas regulares aos bairros, deram-me condiçoes para observar aIguns
112
aspectos cOlTIplortamenJtais dos habitantes.
Cl r
Mindará Belém Cupilom Total
Arruamento (mts) 1, " 7,375
'"
Rede de Abastecimento 1,500 2,500 6,200
'ág
Fontanários Publicos 14 13 08 35
Rede de Drenagem Pluvial 3,300 2,150 9,950
(mts)
Habitaçäo l 12 03 35 50
Latrina2 14 26 41 81
Foram realizadas uma série de operaçöes de empréstimo e crédito de materiais de construçäo no ambito
do programa de melhoria habitacional.
2 Foram executadas 23 latrinas em out ros diferentes bairros, fato que eleva 0 total para 104 latrinas.
Em ao sistema de drenagem. As
valetas tornaram-se um vazadouro de pois à medida que a das
chuvas se aproxima alguns moradores tomam a iniciativa de limpar erecolher os detritos ali
Um determinado morador assumiu a responsabilidade pela de um
dos fontanários e ao mesmo tempo passou a cobrar uma taxa para 0 trecho de valeta
perto de sua moradia. Em alguns trechos do sistema de drenagem, a situaçäo é bastante
critica. As valetas estao obstrufdas por lixo e detritos de toda a natureza e num trecho na
estrada do Bór a valeta está totalmente soterrada. Em um estudo elaborado
PMBB já indicava diversos onde era necessário fazer de toda a ordem.
moradores realizaram com a rede e foram a urn
trecho de valeta que foi A falta de manutençäo das valetas é mais
evidente nos trechos onde nao há muitas residências ou em locais onde prevalecern os
comércios. os comerciantes dao pouco va]or à este benefIcio. Mas de um
modo geral, pode-se dizer que há uma negligência generalizada quanto à esta melhoria
113
para recolhe-lo ou da falta de uma estrutura de jJ1Ull ..... lulll...... lllev ambiental.
o PMBB por sua vez nao foi capaz de manter uma continua com os habitantes
e sob constante avaliaçäo que pudesse mudar 0 curso das atividades quando fosse necessário.
o fato é 0 projeto foi de uma polftica continua de n~l1rt1r'1n~U"-:l
cornmlitálria nestes dois bairros. Muito devido a sua limitada de
nas atividades dedesenvolvimento comunitário. Urn processo participatório consome tempo
eo seu efeito só é sentido a 10ngo prazo. Além a participaçäo comunitária
caráter processual e demanda despojamento e 0 . . . llJ:;ul.Ulll ..... lll'V
Por exemplo, dos 13 fontanários instalados em Belém, 8 estavam funcionando com urn
responsável indicado pelos usuários os rnantinham 0 da taxa de mamutenlca
ern dia. Os usuários dos outros sete restantes nao mostraram nenhurn interesse em Arr,,,.,,1,.,,,,,.
o processo de e rnoradores jamais pagaram a taxa uma unica vez. Há
tomeiras e nao se toma nenhuma iniciativa para Em urn setor do
existem muitas casas à rede e isto 0 desinteresse
abastecimento coletivo. É provável que 0 numero de na rede venha a aurnentar e
isto deverá provocar urn outro 0 aumento do consumo causará 0
saturarnento do sistema de sanitário comumente utilizado habitantes de
pois os poços roto ou de infiltraçao nao serao capazes de absorver rapidarnente a
a ser recebida. A no bairro permite-nos prever que haverá
um aumento da quantidade de correndo à céu aberto e uma inevitável poluiçào
114
ambiental.
Em 0 resultado da de
urbanizaçäo e melhoramento de bairros. A mudança até certo ponto radical da estrutura
urbana deu urn perfil diferente ao setor sul do bairro. A de do
que a deveria transformar-se num instrumento de e
regularizaçà 0 do assentamento. De tal forma que seria possfvel materializar o.plano flsico-
"""i-"<.LvA.U com uma base de e uma dose de do tal
como será eX1pw::;aCLO no "'UI-'''',.H'V
115
Vista de área, ern Mindará, objeto da primeira intervençäo visando 0 reordenarnento urbano. As fundaçoes das casas
estäo pront as e os rnoradores já iniciarn os trabalhos corn a alvenaria de adobe.
116
Os capitulos anteriores caracterizam-se como urn estudo analftico da realidade local e dos
processos de produçào do habitat urbano na cidade de e em particular em três de
seus bairros. 0 método utilizado foi de fato muito todos os dados e informaçào
sobre 0 a cidade e os bairros foram coletados sistematicamente e postenormlente
analisados de forma critica e 0 objetivo é definir a pr()bl(~m:átl(:a
contexto em que se trabalha em Bissau. É que três anos de "",Ä"' .... ,<:>
e residente da cidade, tenha intluenciado meu posicionamento diante dos com os
me confrontava Por outro lado, esta de vivenciar os
probiernas em seus diferentes niveis a de soluçöes bern pnlgnllátlcas.
Nao posso negar também minha acumulada com de urbanizaçä 0 de
favelas no Brasil e meus estudos e pesquisas realizados na Holanda. Vale a pena mencionar
que as colhidas através de conversas mantidas com dos bairros e com
cidadàos Guineenses, pertencentes aos maïs diversos grupos
para construir urn da problemática institucional, conceptual, politica e
económica que envolve a de Bissau. Nao negar também a COlltfllbulca
dos vários profissïonais guineenses direta ou indiretamente à problemática urbana
com quem discuti e trabalhei durante minha estadia no
117
urn avaliador de seu trabalho e experiência em planejamento urbano e habitaçäo.
Este exercfcio corre 0 peri go de sua objetividade e imparcialidade mas a
Valrltagelm de fornecer edetalhes que do alcance das
avaliaçoes de habitualmente realizadas. Tratarei estar atento à este peri go ao
descrever e analisar as questóes e as dificuldades me confronte em
Mindará e de Cima no ambito da minha
Discussäo corn os rnoradores das casas incendiadas ern Mindará. Urna rnaquete ilustra 0 processo de reordenarnento.
118
1
J?!..!~.!!.!..!.!.!±-~.2.!..!~~.!.!±-~.2.!.!:~~~
é uma atividade que requer a assistência técnica por
durante 0 processo construtivo, bern como 0 apoio
financeiro para É urn programa q'!e
entre 0 morador e 0 PMBB no urn
explfcitas. A participaçà 0 do morador no processo de melhoria de sua residência e seu
com urn processo de dos custos deve Sèr visto como
para financiar-se a melhoria da habitaçào e oferecer-se assistência técnica.
rm~::illJ1fL.J1SU!ill~!Kill.-~;;mça consiste no apoio técnico e logfstico oferecido ao
aes:enrlOS, projeto da casa, planta de 10c:al1za<;;a
assistência para a melhoria das Corldl':;Ot~S
saneamento, básica, e institucional com "",c'T"\Aitn
dos terrenos.
119
no e dos e A
implica na descéntralizaçào, na negociaçào e na mudança de atitude do
planejador urbano. Entretanto, há que pensar-se no universo social e ecc>no,mlCO,
CalJaC:H1::lCle local de e no existentes no seio da POIJU!:aça
114 m2 I 7 20 05 1 bolanha, 1
noturno, 3
1
_L
Avito 120 m2 I 6 07 01 1 bolanha, 1 .'Ill II
Revenda de Peixes
120
11.1: Processo de entre 0 0 morador e 0 PMBB
1. 0 PMBB responsabiliza-se pel a demoliçfio da casa, limpa e prepara 0 terreno para a construçäo. 0 morador
ocupa-se com a produçäo dos blocos de adobe.
2. Uma brigada de trabalhadores do PMBB inicia com os trabalhos de fundaçäo da casa enquanto 0 morador
ainda ocupa-se com 0 processo de produçäo de blocos de adobe.
o
o
Cl
D
3. Uma camada de betäo ciclópico ou de assentamento é executada pel a PMBB. 0 morador ainda encontra-se
ocupado com a produçäo de adobes.
4. A brigada do PMBB executa a fundaçäo cam blocos de betäo enquanto 0 morador conclt'j a produçäo de
cerca de 3.000 blocos de adobe.
6. 0 morador prepara 0 sibe e inicia a construçäo da cobertura. Quando esta parte está completa, 0 PMBB
colocará as folhas de zinco.
121
11.2: Planta baixa do Setor de do PMBB
122
A aná1ise da configuraçao urbana do local deixoll transparecer que a reconstruçao das casas
deveria dar-se uma olltra conformaça 0 e espacial. Portanto, demolir as
estruturas existentes e reconstru{-las segllndo um plano de reordenamento urbano. Os
detalhes do processo tinham que estar bem claros e muito bem explicados pois os moradores
estavam bastante relutantes em tomar parte de uma atividade resultado nao lhes era tao
evidente. Principalmente quando se tocou no assunto da da casa e sua
reconstruça 0 sob a de cada famûia. A demoliçao sInrlpl.eSJnente
levantava muita suspeita considerando-se a com a abertura da avenida 14 de
Novembro. 0 PMBB colocou todos os esforços para reverter este comportamento. Os
moradores temiam nao conseguir cumprir com su as obrigaçöes no processo construtivo já
que tinham tido prévia no setor da construçao. Havia 0 receio
de que 0 tempo disponfvel nao era suficiente para cobrir as casas, ou três meses
considerando-se 0 dia 15 de maio como 0 inieio da estaçao das chuvas. duas reuniöes
com os um de foi formulado e apresentado num terceiro
encontro. A forma como me comunicava com os habitantes foi para que
captassem a estrutura e os diferentes estágios do processo construtivo desde da oeJ!TIc.l1ç:a
até a cobertura da casa. Através de posters, ilustraçöes e uma maquete foi
possfvel explicar oIocal exato onde cada casa iria ser 0 momento da
o de cada faml1ia e as responsabilidades do PMBB. Os instrumentos
visuais foram eficazes e ajudaram a ganhar a confiança dos habitantes 1
Os moradores a relutància e tomaram a deeisao conscientes das condiçoes e das
atrlbullc(jes que lhe cabiam.
123
executado Quanto à da casa, a fundaçäo foi urn elemento
popular sob vários aspectos. Primeiro porque demarcou 0
de inieio para cada morador. porque garantiu a
cujo efeito em terrnos de durabilidade e longevidade é fundamental
para a construçäo de adobe. A de betào evita rachaduras e como foi concebida
10 cm aeima do nfvel do terreno, ela acaba por proteger a parede contra a umidade do solo
eo dois inimigos mortais do adobe. Desta quando a varanda
vier a ser as continuaräo As fundaçöes foram concebidas
em bloeo de betào devido ao fato de permitir a produçäo 10cal e 0 uso de brigadas de
de blocos e de levantamento de Duas atividades com experiêneia
acumulada através do trabalho de de valetas de dre:naJ::?;enll.
o elementos da habitaçäo
traOlclOflalinelrlte construfda pnnclpal vU"'''''''!;,'-'''' do modelo é que
ele é imediatamente aceito pelos faeilita 0 uso da tecnologia tradieional e
do habitante com a sua futura moradia. Padronizou-se 0 tamanho da
de área coberta, uma varanda de 1,50 m de coberta beiral do
telhado e eircundando toda a com seis cómodos idênticos de x m. A
cobertura possui beiral forma uma varanda minima para as
paredes de adobe contra a ineidêneia da chuva. As sanitárias seriam coletivas.
Pode-se criticar esta pelo fato dela ter sido pontual e só ter levado em
urn setor especîfico do bairro e sua com 0 entorno imediato. Já que
por toda intervençä 0 urbana deve estar vinculada à estrutura do bairro como urn
todo e basear-se num estudo sobre as potencialidades locais. urn
urbanfstico ou para todo 0 bairro estava fora de devido principalmente
a falta de de tempo, a aHa densidade habitaeional e a falta de
disponibilidade de espaço para 0 processo de relocaçao obrigou-me a dar Dn~fe]~ên,cia
à soluçäo coletiva do saneamento básico ao invés de optar por uma individual por
124
eada Os Iotes também näo ser demareados. Partiu-se do que
o solo continuaria a ser urn bern eoletivo até que urn definir os limites
dos terrenos para todo 0 bairro. FOl dado 0 direito de sobre 0 solo urbano à eada
ou a área da eobertura da habitaçäo.
A falta de tempo foi de fato urn obstáeulo e por isso vários do proeesso
tiveram que ser e até meSmo ignorados. A fase de preparaçäo
dos moradores teve que ser näo houve para avaliar as
habilitaç6es entre 0 grupo de moradores; a definiçào de eritérios de
outras alternativas para melhoria da área poderiam ter sido e
V\.h''''''' ..........,........" de finaneiamento e/ou erédito de materiais de eonstruçäo por parte das
mstltunç()es finaneeiras do ter si do melhor Devido a tudo
apenas seis easas tomaram parte no ao invés das dez inieialmente e 0
PMBB aeabou assumindo toda a resporlsalJllIdacie téeniea e finaneeira.
11.1 A DO PROJETO
que é a eonstruçäo de uma cobertura. Foi af que descobri que, mesmo nas há
125
sempre urn indfviduo num certo de trabalho, neste caso urn carpinteiro.
uma semana sem nada acontecer no uma comissào dos moradores visitou 0
PMBB e solieitou auxilio 0 inieio das chuvas se Eles haviam encontrado
urn grupo de dispostos a executar os trabalhos por urn preço
por casa, valor es te que estava fora do a1cance de suas jJv., ......................... "' ... .
decidiu entào colocar sua de em sob a de que cada
morador viesse a colocar pelo menos uma pessoa da familia para trabalhar como servente
durante a da cobertura. No dia 3 de deu-se inieio aos trabalhos. As rachas
de sibe eram em série e as asnas eram todas executadas ao solo já que todas as
casas eram idênticas. 26 dias de intenso trabalho (que consumia às vezes 10 horas
concluiu-se 0 trabalho de madeiramento e a estrutura da cobertura das seis casas
estavam para receber as telhas ga]valnizad::ls
Durante a execuçào dos trabalhos pude também perceber que os habitantes mantinham-se
ocupados corn sua e nao houve iniciativa solidária a firn de
estabelecer mecanismo coletivo de ajuda mutua no processo construtivo. A
126
baseava-se puramente na iniciativa individual. de um
idade avançada näo permitia uma boa produtividade na n1',:'n<:> 1'<:>1""'. da lama
e na produçao do adobe. Ele acabou recebendo de um vizinho
demolida e reconstrufda dois anos
Nenhuma das casas um estatuto pois todo 0 Ioca1 era ocupado de forma
tradiCiona1. 0 plano de intervençao partiu do que 0 solo urbano pertence ao
Estado e portanto cabe à CMB regu1arizar uma determinada área através da atividade de
urbano. Por principio, os direitos de propriedade do habitante näo vai além
de sua casa. Esta é a justificaçao da taxa de ocupaçäo. Entretanto
existe um dua1ismo. Durante nossas entrevistas e os moradores jamais
demonstraram preocupaçä 0 com
de seu lote como prioridade na lista de Provavelmente porqlle a nrl"\nT',t:>,"tr:>rlt:>
tradicional eo domfnio de cada famma säo aceitos pelo coletivo mesmo que näo haja uma
delimitaçao ffsica dos limites do lote. A CMB por sua vez, reconhece 0 direito tradicional
no momento em qlle surgem conflitos fundiários. No momento em que para
retirar um cerca no local onde a rua de acesso seria executada, a moradora
rfspidamente e rejeitou a proposta que ela mesma havia aceito e aprovado na reuniao final.
Houve um impasse, os outros habitantes faziam pressao e finalmente tivemos que alterar 0
trajeto da rua (ver 11 Esta questao terá que ser muito bem formulada para
viabilizar a intervençao em CupiJom de Cima lIm programa de urbanizaçao e
melhoramento de bairros näo pode realizar-se caso näo resolva a regularizaçao, legalizaçao
e demarcaçao dos Iotes individuais. 0 limite entre a propriedade individual e 0 espaço
pûblico deve ser explicitado e aceito por todos.
127
Se avaliarrnos 0 conceito da evolutiva, fica c1aro que esta de rnelhoria
näo ser concretizada à curto prazo devido à incapacidade do rnorador em
assumir as responsabilidades que lhe cabern no processo. 0 probIerna da cobertura
demonstrou a material e financeira e a falta de técnica dos habitantes.
As dificuldades para executar as janelas, e varanda confinnam 0
malogro da 0 PMBB foi induzido à fornecer urn subsfdio a firn de que
estes componentes da pudessern ser executados e só a daf é que a melhoria
da passou a ocorrer. Deve-se frisar que a dos custos eo dos
quartos estavam da cornplementaçäo da habitaçào. Decorridos dois anos,
nenhuma das casas possufa varanda com exceçäo de uma que tinha inc1usive as
rebocadas e elétrica e uma latrina individual. Todas as casas
bern como as internas rebocadas corn de urna que
possufa reboco apenas nas paredes de 4 quartos. Três casas tinham todo 0 piso interno
cimentado sendo que outras duas tinham 1 e 2 de seus ainda por CÎmentar.
o resultado final näo é desanimador levando-se em conta 0 nfvel de renda das farnflias. 0
unico problema é que 0 processo de rnelhoria é muito maïs lento corn outros
em desenvolvirnento, na América Latina. Esta lentidäo está
relacionado com urn probIerna macro-economico. Por um 0 rnercado da I"A''\Ct'''"(''Q
civil ainda é incipiente e está totalrnente dependente da irnportaçào e por outro lado, a
local garante oferta de materiais de no mercado local.
o preço no mercado interno exc1ui as carnadas menos
favorecidas da populaçäo. Materiais para cobertura e instalaçöes hidráulicas säo
importados e 0 certo é que sem 0 PMBB os habitantes näo teriam tido
acesso a uma cobertura de zinco. 0 n{vel de renda dos rnoradores é rnuito baixo e as
para de renda säo escassas. Além disso, há indfcios de que uma
parte da renda das familias é usada para de gêneros de
necessidade tais corno roupas, e para a escola das f'r1~nl~-::lc
128
Apresentaçäo do plano de reardenamento urbano aas maradores de Mindará
129
1
130
legal e social do bairro.
f por é
"sine qua non" para a legalizaçào dos Iimites e da dos
consequente regularizaçà 0 do assentamento. É 0 ponto de partida para futuras
que visam a de impostos prediais e territoriais urbanos e taxas de serviços
publicos.
131
Toda melhoria introduzida deve ter urn
rec:upentdo através de pequenos impostos coletados junto aos
moradores. Por sua vez, a e a viabi1idade de tal do
grau de do morador ede seu nîvel de informaçäo a respeito das
em seu Iocal de moradia, daî a da comunitária.
Como ponto de
caso nao exista qualquer impedimento de natureza técnica. A demoliçäo e
das casas de uma morança tem que necessáriamente levar em
conta os vfnculos familiares e a econömica existente entre os vários
mlcleos familiares.
k 0 processo de aelTIOJllça
compuIsória e voluntária.
financeira.
Todos os habitantes
no ambito estara 0 suj ei tos à u m ru!gru~lli.!Q...JJ.ll:rlli!!!
acordo com 0 valor dos investimentos.
locais já previamente
concomitante à primeira diz da rede de infraestrutura a
demoliçäo das primeiras casas e a consequente abertura das ruas viabilizam a
A terceira fase diz
m 0 plano urbanistico deve ser entendido como urn termo de referência para futuras
açöes no bairro e nao como uma camisa de A concepçào do nao
descarta sua própria já que urn ~U!.!.~..!..!.l:~~. A vantagem do plano
é que 0 mesmo oferece diretrizes claras para a da CMB e do MOPCU ao
longo dos anos subseqüentes.
132
12.2 0 EMPREGADO PARA lUro.,,",r<'U' DO PLANO URBANISTICO
133
das organizaçöes de massa sob 0 controle do PAIGC. o conselho passou a ser 0
interlocutor do bairro e era quem com 0 eXJJll(;anIOO 0 que pensavam os
moradores sobre a do bairro e assim confrontar-se as opinioes
emanadas do conselho com as alternativas formuladas.
Por urn lado, os moradores perfeitamente os diversos probiernas do bairro mas tem
uma visao mais imediatista quando tratam de propor pois carecern de uma visao
mtt~gr;wa sobre as diversas facetas de urn projeto de Por outro lado, a
de planejamento urbano nao pode prescindir do saber popular,
quando se trabalha na escala do bairro. 0 diálogo entre 0 técnico e 0
habitante revela uma relaçao de poder no 0 tem sempre a tendência de
C"~\l1l1rr'll" este ultimo. uma nova forma de é aquela em que 0 planejador
abre espaços para do principal sujeito e objeto de sua contribuindo para
que 0 habitante tome consciência de seu e no processo de
de seu bairro.
Com estas idéias em mente, fui elaborando e re-elaborando 0 plano de trabalho e tratando
de estimular a participaçào ativa dos moradores no processo de e
da no bairro. 0 PMBB tratava de estimular a formaçäo de urn conselho que
pu(1es~;e n~prese~nt,lr a da populaçà 0 e pudesse transformar-se num verdadeiro
parceiro nas obras de urbanizaçào. 0 comitê do PAIGC no bairro assumir seu
papel politico e s6 intervia nos momentos de crise ou Vale a pena destacar a
atitude da liderança do PAIGC em Cupilom, caracterizada por urn total e
imparcialidade na . do processo, para 0 qual tenho apreço. Após várias
cht~gam()s a urn
"' ...u . . ...,"'..,. e elaboramos urn contrato de execuçào onde estava
expHclto 0 do PMBB e do Conselho.
res,ponsalbilidalde unica do conselho que transformar-se-á num filtro por on de passará todas
as decisoes aserem tomadas. 0 conselho virá a transformar-se no interlocutor do PMBB
no bairro durante todo 0 processo de planejamento e De fato, cada ou
no bairro foi se mp re objeto de discussào e esc1arecimento prévio com 0
conselho. A do escritório e estaleiro de obras bern como dos fontanários
PÛlblH:;OS também ficou sob a responsabilidade do conselho. Todas as técnicas
ficaram sob a responsabilidade do bern como a de todas as OP{~ra(;6
e 0 técnico e logfstico para a melhoria habitacional ede saneamento
básico. Os institucionais do plano assim como 0 envolvimento da CMB também
ficaram como atribuiçäo do projeto. 0 processo decisório tinha que ser 0
diálogo entre 0 PMBB e os moradores tinha que ser eficaz e nao dar margens para duvidas
e e para tal era imprescindfvel a utilizaçäo de instrurnentos de
bern maïs trabalhados e refinados.
134
visuais utilizados em Mindará foram de forma que as principais idéias
pwCle5.seJm ser bern assimiladas habitantes. Utilizou-se rh'l,.--,-."<,.t,,,r,<,
e inclusive urn filme em vfdeo VHS falado em crioul0. A firn de nao restar maïs
duvidas sobre 0 processo de os habitantes das casas reconstrufdas em Mindará
foram convidados a de uma reuniäo com os habitantes de Cupilom de Cima a fim
de que pudessem dar seu próprio depoimento e relatar suas experiências com 0 processo de
autoconstruçao e relocaçäo de casas. A discussäo foi rica e naquele momento 0 PMBB
passou de a estimulador e de uma discussäo entre os habitantes de
dois bairros. 0 plano só foi ter sido conselho de
moradores epejos habitantes das casas localizadas nos eixos de rua. Isto ocorreu em
Outubro de 1989. Nao houve sobre 0 e a implementaçäo iniciou-se
a mas 0 mesmo só veio a ser aprovado oficialmente ao final de 1991.
Cada talhäo seria acesslvel ao automóvel mesmo através dos acessos secundários. Estes
foram m de enquanto que as vias com 8,0 m. As vi as
a de que as vias principais os
automóveis. Em sua segunda 0 plano materializar-se-á gradualmente a medida que as
casas forem sendo relocadas e reconstruîdas em sua nova casas indicadas para
classificadas como de má construtiva
será voluntária e das dos nrr,nrlAT',r1{~"
da CMB. 0 zoneamento e uso do solo proposto Jeva em con ta as
tendências verificadas no desenvoJvimento do bairro e as atividades economicas af presentes.
As vias de circulaçäo que circundam 0 bairro atraem continuamente as atividades
que normaJmente ocorrem à funçao residencial. Esta
em termos de uso e normas de ocupaçä 0 do lote.
Sao norm as simples que ditam os afastamentos laterais m1l111110S que a edificaçäo deve
respeitar, taxas diferenciadas de ocupaçäo do lote para funçäo residencial, comercial, mista
e institucional. A é um espaço minimo para atividades
ventiiaçäo, iluminaçào natural e acessibilidade para a de fossas. 0 limite frontal
e lateral é estabelecido em 1,50 me 0 em 2,50 m. poderäo ocupar
até a linha divisória de llma das laterais do lote desde que um maior afastamento do
lado oposto. Em termos de oCllpaçao do foi estabelecido lIm limite de 65 % e 45 %
135
........
~ DECIMA
Fontanário8 Piiblicos
ESCALA
o 30 60
I i I
Como toda nonna é reguladora, nao há duvida que ela irá tornar-se urn obstáculo para os
habitantes pois todos anexos e/ou extens6es da construçào terao que estar de acordo com
as caso contrário estarao a vários tipos de penalizaçà o. As novas
construçö es e 0 processo de do espaço interno do lote terao que limitar-se aos
afastamentos especificados. Isso é de fato 0 maior desafio do plano de até que
ponto as norrnas serao respeitadas e aplicadas? Quem é que beneficia-se desta
regulamentaçà 0 ?
a institucionaHzaçà 0 e do a para
a de um cadastro urbano de Cupilom. Por um lado, as normas, 0 cadastro e
os program as de desenvolvimento comunitário serào os instrumentos de
do processo de desenvolvimento do bairro. A consequente aplicaçào de taxas e
impostos possibilitará a geraçào de recursos financeiros e a formaçào de uma base para
(re)investimentos para a urbanizaçäo do próprio bairro. Por outro lado, 0 às
norm as a produçào de um espaço de moradia de melhor qualidade e urn
meio ambiente mais saudável no domfnio do lote. É muito provável que a melhoria de
infraestrutura somada à oficializaçà 0 do plano e a da do solo
137
estimulará a atividade do setor da a ponto de permitir uma tro::l'nctf"\rln~I~~
do principalmente quando se leva em conta a locallzaç:a
privilegiada do bairro. Os mecanismos do mercado imobi1iário também nao
se observa 0 processo de económica anivel naeional e a
de práticas inerentes a urn capitalismo incipiente. Portanto, a mobilidade
social toma-se uma questäo de tempo caso 0 desenvolvimento do bairro venha
acompanhado de urn aumento da renda familiar dos habitantes ou de maiores oportunidades
para de rendas. Este é de fato 0 dilerna que se confrontam a maioria dos programas
de e de bairros: a populaçà 0 alvo do program a tirar
proveito dos beneffeios implantados em seus locais de moradia ou será ela a vftima das
de mercado e da fundiária ? Tudo irá depender do efeito das pOLitllc:as
macroeconómicas e da forma como 0 desenvolvimento do bairro se da eficácia
dos program as de desenvolvimento comunitário e do da CMB. Isso
irá ocorrer durante uma terceira a de da no ambito
do processo de do PMBB.
138
dividida @m
rodc:mndo toda a casa;
d~ ~inco ~ ainda uma
ao (1f)fnftl,~t~l"=Ii!~
pr~,'iam~nt~ à g@molic~[o,
o mmanho do 10t@ ~ ~ma dêlî'Ulfél~wlf
eomo forma d~ ft~fmnl~ntf)
a arr~ndar ao
'fH'f'I,'f'I'f'lIë1HI'f'lf'l nlo
inh'l.T'~I!!il~flf) ~ ~sta éa
Cons~lho d~ Morador~s ~
139
Tabela 12.1: trilbuilCÖ~èS do PMBB e do morador no processo de aUltoCOll!itrtJca
assistida
140
== Sistema viário (carros )
o 30 60
I
Urban plan by C.
12.3: Defalhes do Desenho da "'''''''.'.""n""", e da Latrina
+-----12.30 ------I-~
~-----------------------.--------------------------------.------------~
142
Foto 2: Situaçäo apös a demoliçäo de 4 casas, abertura de uma rua e
de drenagem.
i43
Vista da casa 32, reconstruida no àmbito da intervençäo em Cupilom de Cima. As paredes laterais foram construidas
em adobe protegidas com telha de galinheiro. A melhoria foi feita pelo dono e inquilino.
apos a
aCElSSlbllid,tde ao bairro e para executar 0 sistema de drenagem.
144
12.6 SINOPSE DA DO PROGRAMA
Durante um perfodo de cinco meses, 0 setor sul do bairro foi transformado num grande
canteiro de obras on de as famflias mantinham-se engajadas na produçào de adobe e em
várias atividades ligadas à e das casas. Do total de 43 casas
incialmente previstas, 26 foram demolidas 0 que dizer que 0 programa de
envolveu um tota1 de 35 famflias em Cupilom de Cima. A rellDc€:Lçao
casas deu uma nova ao bairro. Muitos habitantes estavam dispostos à n-:llrt1r'ln~lr
program a mas nao puderam mobi1izar os recursos financeiros ou mlo sentiam-se capazes
para realizar as tarefas que lhes cabiam no contrato. Alguns moradores a
h-:lY'rr~'nh~lr com 0 PMBB a fim de parte de suas tarefas mas 0 voluntário
tinha que ser mantido à todo custo.
Todos os moradores produziram cerca de 3.000 blocos de adobe aserem utiIizados nas
das casas, sendo que três deles contrataram os serviços do PMBB para a I'A,n"trllr''''-
e da cobertura, a um valor de US$ 1.000,00. Todos os três continuaram
pela de sibes, pela produçào de adobe e do piso.
Outros quatro moradores ofereceram mais quartos ao PMBB, em troca das suas
responsabilidades no processo de das e coberturas, pois nao pu<:teram
mobilizar os recursos humanos e financeiros para cumprir com suas
145
12.7 A DO SOLO URBANO EM eUPILOM DE eIMA
o conselho de moradores nem sempre era capaz de resolver os e mui tas vezes
tivemos que nos à CMB para que esta tomasse uma decisäo final com base na sua
autoridade a firn de que näo ser contestada pelos habitantes. Mas de ~U':l.l~U'-'.L
modo, todas es sas situaçöes iam me convencendo de que as do plano nào iriam
ser realizadas por visto que tanto 0 conselho quanto a CMB tinham
cOlmportarrlentos . dubios. Numa era a propriedade tradicional que ditava os
paJränletros mas em outros casos nào era considerada urn ponto de referência. Nào havia
urn norteador que ser indistintamente e 0 fato é que a cada
dedsäo crÎava-se urn difîcil de contornar pois era imediatamente
utilizada como argumento por urn outro morador tal como uma em cadeia. Tal
processo tinha que ser estancado 0 quanto antes caso contrário nào seria mais possivel
demolir e reconstruir casas nos espaços dentro do bairro. Por trás de cada
espaço de terreno disponivel havia sempre urn potencial nrrlnr1pt~rl{\
seus direitos sobre 0 solo em 0 de urt)anllZélça
se mais urn documento a ser em!averaoo.
146
a extensao do problema mas nao houve na visto que a CMB nao tomava
firme que dar respaldo à pOSlçao do PMBB. A e a
já introduzia atitudes pragmáticas e nem um documento assinado
pelo morador diante do PMBB, do diretor de urbanismo da do conselho e do comitê
nao foi capaz de reverter a A discussao foi parar na Presidência do Conselho de
Estado e discutida numa reuniao presidida pelo secretário geral, Flávio ex-
presidente da CMB e grande estimulador do PMBB. Todas as partes envolvidas Cn€~g(3lralm
a um acordo que acabou nao se materia1izando pois os moradores mais uma vez unpe(lImm
a 0 pior é que ïmpediam também a demarcaçao de um outro lote onde uma
outra famflia devia ter sua casa reconstruîda. Um nova assumiu a presidência da
CMB e imediatamente visitamos juntos oIocal do incidente. Após várias conversas e
o nova presidente, Manoel Saturnino, conseguiu resolver 0 n",,,,hl,,,tY,,,,
respelltarldo 0 plano de do solo e revendo 0 tenno de compromisso assinado
chefe da famflia Turé. As casas tiveram que ser construfdas em tempo recorde com a
de moradores, PMBB, CMB, etc.
Tanto 0 plano urbanîstico quanto 0 projeto e tipologia das habitaç6es sofreram aw~raICO(~S
ao das duas fases de intervençao em de Cima. HOllve cor.diç6es para se
construir diferentes habitacionais a de discuss6 es realizadas com 11
moradores que por motivo de faHa de espaço deviam ter 0 modelo de sllas casas aHerado.
Seis casas foram construfdas com cobertura em duas e com paredes laterais & empenas
executadas com bIocos de betao. Esta em dllas possibilitoll maior
flexibilidade na locaçào das casas em 10tes maïs estreitos devido a das varandas
laterais. Esta também permitiu aumento do numero de qllartos para oito sem que
houvesse lima da área coberta e da projeçao original da ao diminuir-se
a dos para 3,20 m. Além des sas a cobertura de duas águas
consome menos folhas de zinco e menos rachas de sibe tornando-se lima opçao bem mais
barata em comparaçào ao modelo de 4 Das seis casas construîdas com cobertura em
duas dllas possuem oito
147
constantemente com a manutençäo e reparos. Isto a Dn~te]~ëncia
cobertura de quatro águas, mais cara e varandas protegem muito bern
as externas. Este de cobertura tem a cumeeira situada entre e m
acima das da largura dos quartos, daî a para 0 reduzido
efeito das folhas de zinco em terrnos de de calor para 0 interior da residência. As
aberturas de ventilaçäo entre as e a cobertura dita permitem uma certa
"',,'.u..,,"'..... '" cruzada que ajuda a retirar 0 ar
Uma outra casa foi construfda com uma em forma de "U", com cinco cómodos e uma
varanda central onde atualmente seu morador instalou seu atelier de alfaitaria.
a casa seria reconstruida em um local diferente de sua todavia 0 morador
insistiu em permanecer junta à casa de sua daî a soluçäo um tanto peculiar.
148
12.9 INVESTIMENTOS POR
149
paI!:amlenl:o de entrada no valor de US$ 350,00, 0 valor total da habitaçäo diminuiu para
o valor da construçä 0 é para 0 PMBB e nao reflete os custos
praltICao()s no mercado de Bissau 0 que 0 de que uma popular
está fora do alcance da maioria da populaçäo dos bairros VVI.!"""U""':>,
Em ao valor cada 0 ",,,,,,,,,i,.,t,,,·
12.10 MECANISMOS DE
Em Cupilom de Cima, cada quarto cedido ao PMBB foi arrendado a terceiros por um valor
mensal a 0 que significa dizer que cada retorna cerca de
US$ 24,00 por mês através do do referente a dois Decorridos
o perfodo de amortizaçäo de cinco anos, será possfvel arrecadar 0 equivalente a US$ 1.440
por apenas 45 % do valor do investimento caso nao considerados
a ea do Peso Guineense. Caso tomarmos como referência uma
inflaçao anual de 6 %, a quantia real recuperada é reduzida para US$ 1.226,71, ou
uma de
A intençäo do program a de melhoria da habitaçäo era criar urn fundo rotativo para
intervençoes neste domînio nos bairros on de 0 PMBB realiza intervençoes.
{roH11n'l",,.,i',r
150
urn inflacionário com taxa anual igual a 6 %.
Uma opçao seria retirar alguns componentes da a firn de baratear 0 seu custo e
baixar 0 da mas 1stO nos colocaria novamente diante da de
Mindará, onde os moradores mostraram-se de melhorar suas h"l-.tt',r-r,,"'''
ajuda do PMBB, especialmente no que diz a A cobcrtura continua
a ser 0 grande problema. A unica alternativa é baixar 0 padrao da qualidade da folha de
zinco a firn de baixar 0 seu custo já que outro tipo de material de cobertura implica na
do madeiramento do telhado. A razao de nào se utilizar telhas ceramicas ou
de fibro-cimento é porque estas demandam um madeiramento sem fato que
elimina a utilizaçao do sibe como de suas em terrnos de
conforto ambiental, a flexibilidade da telha de zinco permite a execuçäo de toda a cobertura
com rachas de sibe. Além 0 sibe nào requer tipo de tratamento contra 0
baga-baga, 0 eterno da madeira em Bissau.
151
parece ser 0 melhor caminho para viabilizar urn programa de popular em Bissau
mas enfrenta uma séria barreira: 0 tamanho e das famflias e a aceitaçào dos
moradores.
Os habitantes dos bairros de Bissau näo estäo ainda totalmente mtlegrao()s à cultura e vida
carecern de básicas sobre 0 viver na cidade e as novas formas de morar
em urn contexto com sérias limitaçöes de espaço e de recursos financeiros e onde
há regras e norm as aserem seguidas no processo de do solo urbano. A tradiçäo
e 0 modo de vida trazidos do interior para a ainda é urn fator visfvel no modo de vida
pn!dolminaJl1te nos bairros que levará tempo para transformar-se.
Urn projeto piloto levantar a discussào e informar aos habitantes que diante das
dificuldades do há que se pensar em novas formas de da e em
outras maneiras de se morar no maior centro urbano do pais. A evolutiva ou
progressiva pode oferecer muitas mas seu processo de produçào deve ser muito
bern 0 dos diversos agentes envolvidos no processo deve estar muito
bern e acima de tudo deve haver urn mecanismo para mobilizar os recursos
financeiros. Sem possibilidades de crédito para de materiais de r>n,n<'T"'U'<l
dificilmente 0 habitante terá para aparte que lhe cabe neste modelo
de da habitaçào.
A liltima alternativa para manter 0 program a ao alcance da populaçà 0 dos bairros é combinar
uma ou mais das alternativas anteriormente citadas com 0 prolongamento do de
o perîodo de 5 anos foi definido com base no princfpio de existência tenlpolral
do PMBB já que ele é resultado da entre 0 SNV e a CMB. Caso exista urn
financeira que possa assumir a responsabilidade pel0 financiamento e coleta
das será possfvel viabilizar urn processo de dos custos.
Tudo indica que 0 aquisitivo da näo irá aumentar nos anos, ao
contrário, a tendência é ele se diante das impostas pelo Programa de
lus:tarnellto Estrutural. Isto uma bastante séria que limita as alternativas
dos investimentos realizados programa de melhoria habitacional.
resta a alternativa do aluguel e arrendamento de quartos como forma de
pagamento. Esta forma peculiar de pagamento parece ser bern à Bissau.
Primeiro porque 0 de quartos é uma prática aceita e muito comum nos bairros da
cidade e em segundo lugar, há demanda por a malOna
habitantes de baixa renda que buscam por uma moradia que 0 mercado
informal näo consegue dar conta. Em terceiro esta forma de pagamento näo exigi
152
,","4"~'~~ sacrificios por par te do já que ele divide 0 pagamento com 0 inquilino.
nrl-.TU-'PTc,nn
Vista da casa 79, reconstruida em Cupilom de Cima. Observa-se 0 melhoramento efetuado pelo inquilino: varanda, reboco,
pintura, re!ógio de consumo e ligaçäo elétrica.
153
Moradores em açao durante a reconstruçäo de casas em Mindará, 1989.
154
As aná1ises eos estudos de caso descritos nos capitulos anteriores permitem-me elaborar uma
série de conclusöes que certamente refletem tanto 0 exercfcio analftico quanto minha
visao sobre os urbanos de Bissau. Levando-se em conta a conjuntura do pais e
o contexto fîsico, social e economico dos bairros este estudo sugere que as
elaboradas devem fazer parte de uma global de e
reordenamento fisico dos bairros da cidade. Todavia há vários pré-requisitos aserem
pre:en<:::hicjos antes que uma politica continua de de bairros seja
materializada a nivel de governo. A implantaçäo e de uma politica
urbana com tal perfil do desenvolvimento de outros setores e da de
certos Em outras da definiçao de uma politica
urbana e habitacional e da melhoria da e da cidade de Bissau assim
como do estabelecimento de uma instituiçao financeira voltada para a nrr\t-nr,,·"
no setor habitacional. 0 apoio da comunidade internacional também é para
que se consiga obter resultados a nivel das
Existem ainda outros obstáculos inerentes ao setor habitacional que devem ser
o quanto antes a de uma de de bairros. 0
primeiro obstácul0 é a ausência de uma urbana e de um plano de desenvolvimento
urbano de Bissau. Carece 0 governo de uma base institucional que possa dar as diretrizes
e criar as para 0 desenvolvimento dos vários subsetores urbanos, pnncilpalmenl:e
os setores da habitaçao e da civil. 1sto certamente viria a estimular a eX(~Cllça
de planos de e 0 aumento da produçäo da habitaçäo Esta é a base inicial
para desenvolver-se programas de crédito e financiamento de materiais de construçäo,
program as de financiamento e concessao de lotes urbanizados e/ou semi-urbanizados, etc.
o segundo obstáculo é de ordem conceptual e acaba por criar um dualismo ao nivel da
própria politica governamental. 0 governo carece de uma definiçäo clara e objetiva sobre
o que entende por de interesse habitaçäo de baixo custo ou
popular de forma a oferecer um referencial para as encarregadas da
uu',"""~a,, urbana e habitaciona1. Devido a a CMB permanece em sua dûbia e
se~~rega~J01~a com às edificaçöes construidas com materiais Iocais de forma que acaba
pn~lu(11Clif também a de e dos lotes onde existem este
155
~.L\.,,'
A ........ U . . para a COllcretlzac;a de uma sustentável de urb'anizaç;a de bairros.
13.1 A
de ser uma tábua de salvaçäo, a deve ser vista como uma das várias
alternativas para 0 governo aumentar a habitacional em Bissau. É urn dos
instrurnentos de polftica capaz de facilitar a melhoria das de da
maïs pobre de Bissau. É inegável que a urn trabalho
sobrecarregada de trabalho do habitante da cidade, que nem sequer
corn salário ou beneflcios sociais. é urn alternativa viável se
de desenvolvimento econórnico, socia! e da Guiné-Bissau. A
eX1JerlënCla analisada no arnbito deste estudo conc1uir que a autoconstruçä 0 possui
urn enorme potencial a ser Ela oferece uma série de corno a
identificaçäo imediata do habitante com 0 produto de seu próprio trabalho, 0 grau de
autonornia do processo construtivo bem como a flexibilidade e do e
do esquema de trabalho. Todavia, caso näo haja uma do custo de certos
cornponentes da construçäo, que de materiais de
construçäo torna-se impossfvel manter 0 custo final da halJit:lçäo
acessIvel às camadas da populaçäo.
156
à escala da cidade anula esta pois implica na ti""h>1'1"''''-
regularnentaçäo e definiçào de das instituiçöes res:ponS,lvelS
distribuiçäo evendas no rnercado local bem corno assistência técnica necessária. Alérn
o govemo terá que oferecer incentivos fiscais e baixas taxas de irnportaçào a firn de
abastecer 0 rnercado de forma contînua e estimular a oferta e variedade de materiais de
que nào ser localmente. Os efeitos de tal medida sào
imediatos: a manutençào de urn preço e 0 estîmulo ao setor habitacional.
157
tanto a fisica do do solo proposto
a racional da rede de infraestrutura eo arruamento principal, que por
sua vez facilitou a acessibilidade e a melhoria das condiçöes ambientais em
de Cima. A
"'-'UVU'VU< feita neste bairro fornece vários elementos que
avaliar a viabilidade desta alternativa de de bairros eo seu UU~U'..,LV
A mudança na malha urbana do bairro fOl radical e deu uma nova ao setor
sul do assentamento. de Cima tornou-se urn modelo e urn ponto de referência para
demonstrar a viabilidade de urn determinado modelo de urbanizaçä 0 e de
bairro.
A ocorrida nas condiçöes do habitat urbano do bairro fOl evidente assim que as
pnm(~mlS chuvas torrenciais cairam sobre a em 1990. 0 sisterna de dn:~nageln
demonstrou ser capaz de toda a proveniente das chuvas. Tal fato demonstra a
eficiência da rede de valetas de que agora a de e
automóveis mesmo durante as fortes chuvas que caem sobre a cidade 0 mês de julho.
o de açäo de Cupilom de Cima e 0 do solo oferecem as diretrizes para
a do do solo e a demarcaçä 0 dos talhöes individuais. A
~'l1'-''''Lllll'-''''''-' executada. A de urbano colocada em
prática no bairro tem urn caráter e processual, mesmo em seus terrnos
e tenciona anexar 0 bairro à estrutura urbana (oficial) da à sua rede de caminhos e
assim como também à sua rede de infraestrutura.
Urn numero significativo de moradores deu inicio a urn processo de melhoria de suas casas
poucas semanas 0 término da ultima construçäo. Alguns a \l~T'~n{i~
outros as e janelas, realizaram 0 reboco e poucos executaram
inclusive a conecçä 0 com a rede de elétrica. Várias árvores foram e
lotes receberam urn tipo de cerca. Estas atividades de melhoria da halJltlça
demonstram a dinámica do modelo gradual e evidenciam a por parte do habitante.
Mas 0 que é 0 papel assumido pel0 inquilino 110 processo de melhoria da
Em muitos casos, é 0 inquilino quem executa a varanda, 0 teto falso, 0
e até a instalaçäo elétrica da que lhe cabe na edificaçäo. Esta peculiaridade acaba por
158
criar fachadas de casas urn tanto inusitadas já que 0 inquilino melhora sua parte enquanto
o ainda permanece com a fachada original da edificaçäo.
Por urn lado, a recuperaçào dos investimentos através do alllgllel e arrendamento de quartos
é uma lIm tanto criativa pois permite ao mesmo tempo 0 allmento de oportunidades
de moradia no setor informal e a transferência do processo de pagamento do proprietário
159
para 0 inquilino. A este ultimo estará garantido a segurança de moradia por urn de
5 anos sob urn de urn contrato de aluguel. Mas por outro
lado, 0 processo revela uma já que os inquilinos acabam sendo os unicos
a sofrer a do das mensalidades. 0 inquilino geramente encontra-se
na maioria dos casos, de uma fonte de renda mas encontra-se
numa habitacional muito mais vulnerável do que 0 da casa. Por urn
lado, 0 proprietário fica de pelo menos, 2 quartos de sua residência
durante urn de 5 anos. Por outro lado, ele está numa bastante confortável
em ao inquilino, já que nao compromete nenhuma pafte de sua renda familiar no
processo de do financiamento. Considerando-se a média de habitantes por
'-'UVU'V1A< de Cima nao fica diffcil ava1Ïar as dificuldades de espaço aserem
...... rr\......r"",t<ll"ln e sua famma.
160
com cobertura em duas águas obteve urn bom resultado e catalizou 0 interesse da populaçào
dos bairros, em devido a sua modern a e ao modo
I! I! e económico
como a cobertura é executada.
161
a de planos e projetos caso estes possam receber urn
treinamento e assistência técnica inicial durante 0 processo de trabalho. Mas isso
só poderá realizar-se caso a CMB venha a contar com uma nova estrutura funcional e venha
a oferecer melhores de emprego para seus tal como foi analisado
no n. 0 envolvimento da de técnicos da CMB nas atividades do PMBB tem
sido bastante limitada. Primeiro porque 0 PMBB vem funcionando bastante independente
pelrit~~ric~o à estrutura da contando com muito pouca supervisào e desta
A de ter apenas urn de seus técnicos (89-92) do processo de
trabalho mas que infelizmente nao se encontra mais lotado junta à CMB.
Mas só isso nao a de recursos caso nao haja uma refonna institucional que
venha a alterar os diversos mecanismos de da cidade. 0 SNV deve
considerar seriamente a de treinamento e de recursos humanos caso
consolidar 0 método de trabalho e os conceitos de urbanizaçà 0 e melhoramento de bairros
desenvolvidos nos ultimos 5 anos. Mas nao deve neg1igenciar 0 aspecto institucional pois
é uma para a da de de bairros. Recursos
financeiros, treinamento e de recursos humanos, transferência de cOllhe~cunerlto.
gestào publica e desenvolvimento institucional devem ser prioridades na entre
162
o SNV e a CMB.
Todavia, 0 bairro de Cupilom possui uma vantagem que 0 diferencia de outros bairros da
cidade. A relativa homogeneidade étnica e a presença de lfderes tradicionais, com
boa e no seio do bairro, criam um cenário propfcio para
desenvolver-se uma experiêneia piloto nesta direçäo. Caso 0 eonselho possa contar com
uma assistência téenica inieial ou mesmo urn treinamento através de oficinas de
micro planejamento que venham a en vol ver também grupos de habitantes, é que tal
fundo se materia1ize existe uma vontade polftica por parte de diversos membros do
conselho. Estas atividades devem estar embutidas numa visäo e de
desenvolvimento eomunitário. 0 PMBB ou 0 SNV ineen ti var esta iniciativa e dar
todo 0 necessário a firn de testar sua viabilidade téenica, polftica e operacional. 0
ideal teria sido se as atividades de planejamento e do bairro tivessem sido
acompanhadas por um proeesso de treinamento e micro planejamento à nfvel co.mUlmt:áno
a firn de amadureeer certos de e desenvolvimento. Uma outra questào é
saber se a CMB está a assumir urn proeesso de descentralizaçà 0, renunciando assim
à aigurnas de suas tarefas e atribuiçöes e passar par te das atividades próprias de
urbana para uma entidade local de caráter comunitário. 0 eonselho necessita de recursos
financeiros para uma de e da do
e este é um problema erönico da CMB, ou seja, a falta de receitas.
Como foi explieado no capi'tulo a de reeursos através de taxas e lmlDostos
prediais e territoriais é uma das principais da CMB. Por isso mesmo, é muito
-nr.",'"" ... que a CMB näo venha a renunciar em favor do eonselho nesta matéria.
163
oportunidades para a aplicaçào de certas taxas e relacionados à infraestrutura e
do solo, legalizaçà 0 dos terrenos, tudo indica que este bairro ser 0
Dnme~lro a ser de uma politica des ta natureza. Mas e0
resultado prático desta polftica ?
164
ea gradual de taxas e impostos relacionados com a legalizaçào dos terrenos e a
existência de infraestrutura básica. Portanto maïs um componente a ser inc1uido nos
mensais das famflias. É muito que esses moradores já em dificuldades financeiras
venham a sofrer com a pressäo sobre seus orçamentos familiares, exercida mercado e
impostos derivados da Principalmente casas foram objeto
do programa habitacional do PMBB.
A execuçào das obras de urbanizaçào era vista como uma forma de gerar oportunidades de
emprego para os habitantes dos bairros devido a ser uma atividade baseada na mao de obra
165
intensiva mas falharam todos os esforços para concretizar este nh·,prl,,,n
a de trabalho do PMBB foi composta por trabalhadores oriundos do
principalmente mais tais como mestre de obras, condutores
de máquinas e armazeni sta , encanadores, ferreiros e indusive vários p~jre:1fOls.
Em os habitantes locais nao se sensibilizaram para 0 tipo de trabalho
oferecido pelo PMBB, mesmo sendo considerados prioritários na escolha durante '0 processo
de recrutamento. Além disso, deve-se reconhecer 0 pouco empenho do PMBB para alterar
o comportamento dos moradores devido a três fatos: (1) a inexistência de uma ou
estratégia do a de tempo para realizar uma consulta mais
COTlse<mente ao nîvel dos bairros e (3) e a incapacidade de das de
massa no seio dos bairros.
etc. A melhoria dos acessos e da drenagem pluvial, bern como a nova pe10
certamente deram urn estîmul0 às atividades de de renda. Pode-se afirmar
que a urbanizaçäo dos bairros estimulou certas atividades económicas sem que de fato
fizessem parte da do PMBB. A realizada em de
Cima as para 0 desenvolvimento futuro do bairro já que
de suas vocaçoes. Todavia, sem haver urn estîmul0 às atividades económicas, PO:SSl'velmente
através de créditos e mecanismos de ao pequeno e sem haver a
de programas complementares de desenvolvimento 0
desenvolvimento do bairro estará comprometido.
13.10 A DE HOLANDESA E A DE
BAIRROS
166
desenvolvimento que oportunidades para 0 desenvolvimento e
económico das camadas menos favorecidas da populaçào. A poHtica holandesa opta por urn
modelo de baixo para cima através do os grupos aserem beneficiados pelos programas
possam definir su as prioridades eo ritmo do processo de desenvolvimento. Como foi dito
aigurnas áreas para alocar-se recursos financeiros säo definidas
documento de entre as a da pobreza a questäo
a da mulher na 0 mercado informal e 0 desenvolvimento
económico através do estfmulo à atividades de de renda e empregos.
o que interessa saber é como essas áreas de interesse seräo traduzidas em objetivos
dos urbanos finandados pel0 governo Holandês. Isto parece ser 0
desafio com que se defrontam os formuladores da poHtica neste momento. A participaçào
da alvo e de de base tais como comunitárias e ONGs,
o acesso ao solo urbano e à infraestrutura básica säo considerados fundamentais.
Mas 0 documento deixa claro qlle seräo garantidos recursos para os e programas
que criem de emprego e possam gerar renda para os grupos menos
favorecidos da sociedade. Processos qlle utiHzem a mäo de obra micro empresas
e 0 mercado informal receberào sem esquecer a da
mulher como grupo especîfico. A implantaçào da nova politica e a utilizaçào de novos
critérios para aprovar 0 desembolso de recursos em vários nfveis. Para 0
PMBB implica uma mudança radical de seus de sua estrutura de
fundonamento e da composiçào da assistência técnica. A necessidade de mudanças tornou-
se óbvia da visita da missäo de enviada de Cooperaçào
Bilateral-DGIS era uma nova proposta para a fase
e efetuar um acordo com a Guiné-Bissau sobre 0 futuro do projeto.
167
em de foi entäo ao PMBB incluir outros pontos em sua agenda de
trabalho. A coleta de tarifas, impostos urbanos e local, legaHzaçäo da propriedade
do solo e a dos lotes säo dos objetivos a médio e longo prazos do PMBB
neste bairro. ainda existem várias incertezas quanto a viabi1idade de realizaçäo
desses (1) A institucional da CMB em terrnos de pessoal ede politicas
urbanas bern como a falta de mecanismos de näo permite visualizar de
atitude à curto prazo; (2) a reforma polItica e administrativa do governo certamente trará
aW:fa<CO!:S na relaçäo do governo central com a autoridade (3) 0 processo de
da sociedade civil eo processo de democratizaçà 0 leva e está
e (4) é inviável pensar-se em processos autónomos no seio
dos bairros dentro de urn curto espaço de (5) as dificuldades
económicas tendem a acirrar certos conflitos e as condiçöes de vida nos bairros
P01Jul:are:s; (6) a do governo em prover infraestrutura básica para os habitantes
da cidade está muito abaixo da demanda, prevendo-se uma piora da nos bairros
P'-'IJU".... ...,." (7) descentralizar e dar maior autonomia aos bairros parece ser prematuro que
o amadurecimento das de ONGs e da populaçä 0 dos bairros
também está condicionada ao processo de desenvolvimento e económico do
168
pafses em desenvolvimento de maneira contundente. A grosso modo nnnp.._<'A
há grandes do tecido urbano de uma minima condiçäo de carentes
de infraestrutura cujos habitantes näo tem acesso aos bens e benefîcios produzidos
através do desenvolvimento urbano e vivem sob do ponto de vista
social, espacial, politico e econömico. Por outro Iado, existem zonas da cidade que säo
claramente privilegiadas e säo dotadas de de alta padrào, fato que revela urn
contraste marcante em terrnos de padröes e nîveis de vida. A sócio-espacial é
uma das caracterîsticas das cidades dos em desenvolvimento. Isto é um reflexo dos
modelos de desenvolvimento assumidos maioria dos governos no mundo em
efeitos säo imediatos nos centros urbanos. Somente uma parce]a da
consegue tirar do processo de desenvolvimento e crescimento
econömico, exatamente aqueles grupos que detém os modos de produçäo e os meios de
e que direta ou indiretamente do processo decisório. As decisöes I--'VJ""'~u."
pl2me1arnelltO säo tomadas normalmente em favor de uma elite e grupo minoritário da
populaçäo, freqüentemente ignorando as necessidades e interesses da urbana
Tal revela a pobreza em suas mais diversas dimensöes e facetas.
A dimensào ffsica da refere-se ao acesso limitado aos beneffcios urbanos tais como
infraestrutura básica, habitaçäo, bens de con sumo etc. Já a dimensäo econömica
diz à em oportunidades de emprego e
no mercado formal de empregos. Revela-se entào
escassez de recursos financeiros, baixo aquisitivo pé1ra manter urn
aglre2:ado familiar e a total do processo de sobrevivência. A dimensäo sodal
revela as chances para ter acesso à p<;:('n!';Jrl,1o::ujp
benefîcios sociais em impondo e
pobreza também possui uma dimensào internacional. A escalada da dîvida externa dos
em desenvolvimento aumentou por um lado a econömica e politica em
aos industrializados, A dîvida externa e as altas taxas de juro a
maioria dos governos a adotar poHticas de capi tal intensivo que possam gerar recursos
financeiros imediatos e necessários para honrar os compromissos e serviços de su as dîvidas.
Por outro a de tais acentuou a dîvida interna social à medida que
m2lrgm211lz:oU setores sociais vitais tais como educaçäo, saûde, habitaçäo, etc. Na ansia de
anJ;;arlar recursos financeiros, os governos forma levados à marginalizar estes setores na lista
de de investimentos pûblicos e/ou na dotaçào de recursos provenientes do
orçamento do Estado.
169
As pessoas näo väo a urn posto de saude e näo procuram por urn médico porque muitas
vezes nem urn nem 0 outro existem em seu local de moradia ou devido à quesitos financeiros
implfcitos à visita médica. As näo frequentam a escola porque muitas vezes näo
há escola ou näo há vagas em escolas nos bairros onde habitam ou porque os näo
possuem os recursos financeiros para assumir os custos com matrfcula, roupas e
Será que a de emprego deve ser satisfeita a firn de
Cf<:ll"<:lnt,1" uma fonte de renda constante que à es sa famflia assumir os custos advindos
da educaçä 0 e saude? Ou será que os governos devem ser pressionados para assumir suas
SOCIalS em à populaçäo de baixa renda? Será que os habitantes
devem ser estimulados a organizar-se, buscar com ONGs e partidos polfticos a firn
de materializar na a redistribuiçä 0 de renda em favor de su as necessidades básicas
? Isto se forem capazes de realizar coletivas emanadas de urn processo de
Se este for 0 caso, será que os governos e autoridades esmo
para aceitar este método de açäo dos habitantes visto que estas esmo
imbuldas de uma conotaçäo e conteudo ? Será que as ONGs existentes e as
de bairro ser consideradas os canais ,...,.",...,.,'"'<'
urn processo de baixo para cima? Será que 0 emprego é maïs que a habitaçäo
e infraestrutura ? Como é que podemos a eficiente produtividade e da
de trabalho se os habitantes continuam a viver em e sut>hu.Immas,
UnVa(lOS de uma minima de moradia ? de saude esmo
intimamente ligados às de moradia das pessoas. E maïs recentemente, a
entre saude, edesastres naturais tem evidenciado os
ambiental e que colocam em risco os assentamentos humanos mais
que 0 ambiental e 0 controle da devem ser prioritários em
aos program as de saude ecuidados n ...",,,,a.·nr".1A<'
Os habitantes de Cupilom de Cima definiram seis itens como essenciais para melhorar suas
de vida, em ordem de säo: (1) construir uma casa, (2) emprego, (3)
melhorar a (4) aumentar a casa, (5) estudar no estrangeiro e (6) comprar ou
reparar 0 automóvel. Os habitantes dec1araram que para melhorar 0 säo estas as
(1) melhoria da habitaçäo, (2) centro de saude, (3) fontanários publicos, (4) a
das ruas, (5) eletricidade e (6) (Menger, 1986). Já uma pesquisa maïs
recente revelou que os habitantes do bairro Reino-Gambeafada definem uma série de
melhorias listadas em três l1stas encabeçadas sempre abastecimento dl água
170
e A des sas três listas aponta 0 seguinte: (l) abastecimento
habitaçäo, (3) centro de (5) (6) drenagem pluvial
e coleta de lixo (Acioly, 1991a:21). Podemos sobre as raz6es que levaram os
moradores a cada uma das prioridades mas 0 certo é que caberá aos profissionais,
responsáveis pela formulaçäo das e dos planos de ajusta interpretaçäo
e dessas prioridades em concretas. à nivel de poHticas de
desenvolvimento e à nivel de projetos, que estarào condicionadas por uma gama de
variáveis, tais como as fîsicas existentes e a ambiental do assentamento;
o nivel de mobi1izaçào dos habitantes e 0 existente para participar e cooperar
junta ao processo de e melhoramento do bairro; a análise do custo e beneficio
em às de projeto e a disponibilidade financeira dos os recursos
humanos e financeiros as a existência de dados
confiáveis sobre a situaçào e economica do bairro e de seus habitantes; a
do bairro e seu desenvolvimento em ao processo de
urbani zaçä 0 da cidade como um todo.
171
13.12 o CONCEITO JUOi"1I>..J ........ 'U' SOBRE 'ALJLC'ä'L-r:JO'LJ' E MELHORAMENTO DE
BAIRROS
Esta metáfora pode ser urn pouco mas retrata a forma como se deu a transiçäo
da para a segunda fase do PMBB. Os princîpios pelos a missao e
o relatório final revelam claramente 0 vácuo existente entre a de
e a realidade nua e cru a com que se defrontam os n .....,,,:>t,.,,,,
que as diretrizes sou capaz de afirmar que haverá urn retrocesso do projeto
e urn revés de seu método de trabalho, sua de e eXIBCllca
construfdos ao longo dos' t1ltimos três anos. Poderia dizer que por da missao há uma
da natureza e da
<>rlll1UAf"lrl<l do PMBB como projeto de melhoramento
de bairros. Mas qual é, de fato, 0 do PMBB ?
172
e organizaçào comunitária, a disponibilidade de recursos financeiros e a
assistência técnica do PMBB säo os para materializar essa nl~,t'll'At"ln'l
No que diz respeito à visäo de planejamento urbano a ser pelo penso que
devem ser ultrapassadas as limitaçoes intrfnsecas ao model0 ortodoxo qlle foi consolidado
diretores. A formulaçäo de planos urbanfsticos detalhados, com
e uso de transformam-se em documentos obsoletos que restringem ao
invés de estimularem 0 desenvolvimento urbano. 0 modelo ortodoxo mo popular nas
escolas de deve dar a um modelo mais e passîvel de
am~ra!ço(~s ao longo do processo e suficientemente aberto à participaçào dos habitantes e dos
diversos e privados. 0 planejamento urbano ao nîvel do bairro deve
transformar-se num instrumento que viabilize de local articulados
com as polfticas de urbanizaçào e habitaçào do governo. Nesse 0 PMBB
vir a transformar-se nllm instrumento de politica e uma ferramenta prática para 0
desenvolvimento urbano de Bissau. Estou convencido que se 0 amadurecimento e
173
desenvolvimento do PMBB estiver bern articulado, em termos de polftica de governo, 'com
a do de lotes urbanizados Antula Bono, haverá enormes vv.,",nHHUu.,.......",
para se institucionalizar uma politica de habitaçao popular ao nfvel da cidade. A repetI~~a
de tais ea do melhoramento de bairros darào um ao
setor da civil e dinamizarao 0 setor da 0 sucesso de tal
processo de uma estrutura institucional ágil e competente, da eficácia das IJ""" . . . , .........
setoriais no ambito da cidade bern como da reforma institucional da CMB.
174
a nova fórmula coloca esses objetivos em sérios riscos. De abre um espaço para haver
um maior afastamento considerando-se a e as atuais dificuldades operacionais
da fatos nada estimulantes. Levando-se em conta que 0 PMBB vinha funcionando
sempre de forma e das estruturas é muito -nrr",,,,,,,,.
que 0 seu substituto, já imbufdo de um caráter autêmomo, venha a desenvolver-se da mesma
maneira e sem contribuir decisiva e eficazmente para a melhoria e desenvolyimento das
instituiçöes estatais da cidade.
175
e sustentáveis do ponto de vista ffsico, econömico, social, politico, cultural, tecnológico e
ambiental. 0 que nos leva a afirmar que DS é urn conceito que a visào estreita
preconizada ambientalistas. Daf afirmar que 0 DS deve
recuperar 0 crescimento emudar a qualidade deste crescimento, assim como ir ao encontro
das necessidades da populaçà 0: trabalho, alnnerlta(;a
saneamento. 0 DS deve reorientar as econömicas a
o uso de tecnologias e tornar 0 processo de desenvolvimento
pnncllpalrnent:e levar em conta a tendência de a nfvel
176
sIgmtIca desenvoiver um processo coletivo, comunitário, saîdo do consenso e da aeJrm'tçao
de comuns em um contexto onde predomina a diversidade étnico-sócio-polftica
e económica. Esta t1ltima caracterlstica é dominante nos bairros da cidade e
em a aplicabilidade do conceito de comunidade de Bissau.
177
13.17 A AMUR EO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
o desenvolvimento comunitário possui várias facetas e está condicionado por uma série de
fatores tais como a coesào dos indivîduos e sujeitos da a direta
dos a envolvidos com 0 processo, a
dls:pomtnhlda(je de recursos financeiros ede 0 nfvel de informaçào e conhecimento
dos probiernas por parte de todos envolvidos' no processo, a eficiente e
monitoramento do processo e uma boa Ao assumirmos esse conceito pOljenIlos
facilmente verificar que a AMUR consideravelmente suas aumentou
o numero de tarefas e ser realizadas eficazmente caso
näo haja uma sua financeira. A
terá que articular-se muito bern com as outras afetas à cidade e
coordenar urn trabalho integrado, coeso e participativo. A mobilizaçäo dos habitantes eo
estfmulo à deverá demandar tempo e energia da sem que
necessádamente se alcance os objetivos dentro do cronograma pré-
fato muito comum em proces sos nO:>T+iro1inQ!hur",
A 0 desenvolvimento comunitário, a
investimentos e a de recursos financeiros através da do solo e ""';,1",,,,,,,,,,>
a continuidade do proeesso de planejamento e de bern como a e0I1S011Qc!ça
financeira e institucional da apresentam-se como os maiores desafios da atual
fase do PMBB. caso näo existam meeanismos e que possam
rTO:>"I"'lnfi ... a de norrnas e eritérios delimitando a tradicional do solo em
áreas urbanas, é muito provável que a AMUR venha a eneontrar sérias dificuldades para
materializar seus planos de urlJaniizéLça
178
das familias Batista e em Cupilom de que será cada vez
mais diffcil a flsica de urn plano por este apresentar
mudanças no uso do solo e definir novos limites de propriedade e dominio privado das
familias. Verifica-se de fato urn confronto entre as reg ras tradicionais de do solo
ea fundiária baseada em prindpios do direito moderno.
o conflito obrigou 0 PMBB a fazer uma barganha em troca de uma nova cobertura
e 0 ultimo veie a ser discutido no do da CMB e secretário da
Presidência do Conselho de Estado. ser apenas mais urn conflito
envolvendo a questào da terra acabou se transformando num problema poHtico bastante
a CMB nào foi capaz de encontrar sozinha (ver V). 0
processo de económica e a abertura polftica os horizontes de
negociaçao entre 0 governo e 0 habitante, e uma tào sensivel quanto a habitaçào
e a propriedade do solo virào a se transformar em peças de urn nova jogo de interesses
à todo 0 tipo de e A que rege es sa matéria
permanece inalterada e é incapaz de prover à CMB de instrumentos e eficientes. Isto
quer dizer que 0 PMBB opera desguarnecido de uma base estatutória que possa fornecer
prindpios para uma decisào criteriosa por da e 0 mesmo nào de urn
instrumento juridico que possa ser aplicado e respeitado em tais SHillaç:oe·s.
Tal fato ficou evidenciado com 0 problema da sra. Ducuré ocorrido recentemente no bairro
de Mindará. Na verdade é a de uma história já conhecida por do PMBB
soluçào requer bastante e uma incrîvel capacidade de Isto sem
o do plano e nem tào pouco abrir precedentes para que outros
moradores sintam-se no direito de fazer semelhantes e criar assim urn cenário
diflcil para a do plano de SÓ a de uma nào
será suficiente para cri ar as condiçöes propicias para a execuçao de planos urbanisticos e
de parcelamento do solo se 0 PMBB e a populaçào dos bairros nào
denominador comum sobre a do uso do solo urbano. 0 acesso a
de urn critério unico a ser aplicado em todos os casos onde ocorram conflitos de
interesses sào a base para ob ter-se urn consenso, e consequentemente 0 respeito às
de uma nascida desse consenso. A mtonnac:a
esta que nào se
limite aos Hderes ou representantes de mas que en vol ver e motivar 0
habitante comum. SÓ assim poderá 0 PMBB fazer valer de fato as especificaç6 es implfcitas
nos planos, efetivadas e apoiadas por lei
É fundamental que haja urn padrào estatutório onde definidos a área máxima de solo
sob domfnio da tradicional, que pode ser destinada a seu "proprietário"
nos bairros on de ocorrem as de Um quociente minima ou urn prindpio
de desmembramento aserem aplicados nos casos de ou lotes tradicionais
ser uma maneira de um lote à seu ocupante, levando-se em conta os interesses da
coletividade e do Estado. Caso um morador possua um terreno sob regime tradicional que
exceda em área es te pré-estabelecido, par te de seu terreno será compulsoriamente
desapropriado pela CMB e realocado em benefîcio da comunidade. 0 uso da(s) parte(s)
desmembrada será definido pelo plano de e en vol ver """J
,",Pl-\lll"'"'' U '-,"'..,,
ruas, ou mesmo outras habitaçöes para cujas casas necessitam ser relocadas de seus
locais Pode ser que um morador venha a receber dois 10tes caso seu terreno
179
exceda em muito 0 mfnÏIno e possa provar a necessidade de habitaçäo de outros
membros de sua familia. Essas sào aIgurnas idéias que ser meI hor trabalhadas e
discutidas no seio das organizaçö es de bairro a firn de se a urn consenso 0 quanto
antes. Sem urn consenso e uma básica que possa ser aplicada os nrn.,,,,tt"'\'"
de do solo propostos no ambito dos planos urbanisticos
fisicamente llnpleme~n~ldols.
13.19 FINAIS
Estou convencido que só uma ao()r<l,a2Iem multidisciplinar será capaz de construir urn modelo
de melhoramento e de bairros em Bissau. Mas tal model0 e a sua
está diretamente relacionado com 0 perm dos técnicos envolvidos com
sua formulaçäo, execuçào e 0 grau de discernimento e capacidade
analftica da equipe do PMBB serào fundamentais para que se obtenha uma articulaçäo entre
os diversos agentes envolvidos no processo de melhoramento dos bairros.
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186
1
187
MRNI Ministério dos Recursos Naturais e Inddstria
NHC Comissào Holandesa do Habitat
fruta denominada como floresda no
10cal onde sitdam-se os bairros de Cupilom de Cima e de Baixo.
Nome que deu ao nome dos bairros.
PAE DT't"HU"""""'''' de Estrutural
PAIGC Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo Verde
PASI I-Jr{"\(Tt"'l'Y''l de Sodal e Infraestrutural
PGU Plano Geral Urbanlstico
PIB Produto Interno Bruto
PMBB Projeto Melhoramento dos Bairros de Bissau
poço roto de fossa de para fontanários e fossas ".... ..,'uv.... "
PRI de de Infraestruturas
PvdA Partido Trabalhista da Holanda
PT Partido dos Trabalhadores
popular para urn sanitário
quirintim urn tipo de paliçada, feita com bambu rr~n(,~ln{"\ flexlvel; utilizado
como cerca, teto falso, divisória.
RGB ",""VU'JA""" da Guiné-Bissau
sibe ou madeira extraida em rachas de uma da
utiHzada em cobertura, como vigotas, como pilaretes.
SNV Holandês de Coope:rac:a
tabanca humano localizado no
tecnologia uti1izada na construçä 0 de
com as de 40 cm de
talhäo o mesmo que lote ou terreno, delimita a propriedade do solo de uma
pessoa, denominaçäo comum em Bissau.
testada do lote limite frontal de urn lote ou talhäo, largura do lote.
UDEMU Uniäo Democrática das Mulheres
US$ dólar americano
WC o mesmo que toilete ou casa de banho
188
Claudio C. Acioly Junior é nascido no Rio de Janeiro em 27 de Fevereiro de
1957. É formado Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
de Brasflia-UnB. Em seus 10 anos de vida ele acumulou uma pVl,,\pr,pnf"o:l
especializando-se em de habitaçäo popular,
desenvolvimento de bairros informais e comunitária, temas com 0 esteve
seinpre envolvido desde seu perîodo universitário. Foi presidente do Centro Acadêmico dos
estudantes de e foi urn de seus membros ativos em diversas atividades
acadêmicas e poHticas no ambito da UnB. Ao foi contratado Sociedade de
Habitaçàes de Interesse empresa subordinada ao Governo de Brasilia
e pelo financiamento e execuçäo do programa habitaciona1. A SHIS foi uma
das ativas companhias de habitaçäo do Sisterna Financeiro da Habitaçäo, gelrenlCl,Ldo
Banco Nacional da Como da veio ao GEPAFI-
Grupo Executivo para Assentamento de Favelas um grupo multidisciplinar criado
governo a fim de elaborar desenvoIver programas e executar projetos e
direcionadas à populaçäo residindo em favelas, invasöes e acampamentos em todo 0 Distrito
Federal. AH desenvolveu de habitaçäo e de elaborou
e de várjos assentamentos, formulou documentos de politica e
a execuçä 0 de urn dos maiores projetos do programa executado GEP AFI.
o program a de assentamento cobria uma populaçäo de 90.000 habitantes residindo em 85
assentamentos. Acioly fOl co-fundador e membro ativo da Comissäo Cidade do Sindicato
dos de Brasflia. Formada por vários interessados na da
esta comissäo procurava dar assessoria técnica à de moradores de
favelas e cidades e tentava criar urn fórum de discussä 0 sobre a urbana e
habitacional em Brasflia. Neste mesmo perîodo, fazia parte da assessoria técnica à
dos moradores da Vila maior favela de habitantes
organizavam-se visando a no local. Devido à sua foi selecionado para
fazer urn curso de no IHS-Institute for and Urban Development
Studies Bouwcentrum International como bolsista financiado
Govêrno Holandês. Com base nos resuHados a1cançados no curso, foi convidado a retornar
à Holanda para seguir, urn ano mais urn program a especial de pesquisa. Com base
nu ma de campo, realizada em dois assentamentos do programa do
retornou ao IHS e concluiu, com seu curso de pós-graduaçào aV'l!1ç:ad:a.
foi classificado em primeiro lugar no concurso nacional de tY'lr,nn,ar'~tl~lC;:
internacional da habitaçäo para os desabrigados, patrocinado pel0 Conselho Nacional de
do Brasil. Em fins de 1987, fOl contratado pela Faculdade de Arquitetura
da Universidade de Tecnologia de Delft, como assistente de ensino e seguiu adiante com
su as incorporando a e a tecnologia de Aided
Design. Em seu contrato e aceitou à
cooperante do SNV na Guiné-Bissau. Após ter cumprido seu contrato, novamente
à Faculdade de Arquitetura de Delft, onde as duas versöes de seu livro que trata
de sua africana. Atualmente, é membro do corpo docente do IHS e realiza sua
pe~;qulsa de Doutorado na Faculdade de Arquitetura da Universidade de de Delft,
do Prof. J. Rosemann. Possui várias na Inglaterra, Holanda,
Ah~m,lI1ha, Brasil eIndia.
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