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Peter Ludwig Berger (1929-)

Nasceu em Viena em 1929. Emigrou aos Estados Unidos aos 17 anos. Estudou no
Wagner College e sociologia na New School for Social Research de Nova York, onde
se doutorou. Sua atividade docente se desenvolveu nas Universidades da Geórgia e a
Carolina do Norte, para voltar à New School for Social Research de Nova York, como
professor de sociologia. Posteriormente, ensinou sociologia e teologia na Escola de
Teologia da Universidade de Boston, de cujo Institute for the Study of Economic
Culture foi diretor.

Junto com Thomas Luckman teoriza a cerca da realidade como construção social (The
Social Construction of Reality. A Treatise in the Sociology of Knowledge, 1967). Sua
maior dedicação científica, no entanto, aparece no campo da sociologia da religião, que
lhe define como um teólogo laico, condição que impregna sua obra, na qual além disso
aparecem relevantes textos no campo da teoria sociológica e a sociologia política, a
globalização e o desenvolvimento, etc.

É doutor honoris causa da Loyola University, do Wagner College, da University of


Notre Dame e das européias de Genebra e Munique. Foi premiado pelo governo
austríaco com o Mannes Sperber Prize pela sua contribuição ao estudo da cultura.

Entre seus livros: Invitation to Sociology. A Humanistic Perspective (1963); The Social
Construction of Reality. A Treatise in the Sociology of Knowledge (com Thomas
Luckmann), 1967. The Homeless Mind: Modernization and Consciousness (com outros
autores), 1974; Redeeming Laughter: The Comic Dimension of Human Experience,
1997; Modernity, Pluralism and the Crises of Meaning (com Thomas Luckmann), 1995;
The Capitalist Revolution: Fifty Propositions About Prosperity, Equality and Liberty,
1988; The War Over the Family: Capturing the Middle Ground (com Brigitte Berger),
1983; The Limits of Social Cohesion: Conflict and Mediation in Pluralist Societies
(ed.), 1998; Many Globalizations. Cultural Diversity in the Contemporary World (com
Samuel P. Huntington, eds.), 2002.

Foram traduzidos às línguas espanhola e portuguesa, entre outros: Perspectiva


sociológica, Vozes, Petrópolis, 1972; A construção social da realidade (com T.
Luckmann), Amorrortu, Buenos Aires, 1976; A construção social dá realidade (com
Thomas Luckmann), Vozes, Petrópolis, 1985; Modernidade, pluralismo e crises do
sentido (Peter Berger), Paidós, Barcelona, 1997; Globalizaciones múltiplos.
Diversidade cultural no mundo (com Samuel Huntington, Paidós, Barcelona, 2002;
Marxismo e sociologia (comp.), Amorrortu, Buenos Aires, 1972; A revolução
capitalista, Península, Barcelona, 1989.

O PENSAMENTO

 Se destaca aqui a obra escrita junto de Thomas Luckmann The Social Construction of
Reality. A Treatise in the Sociology of Knowledge (1967). A realidade aparece aqui
como uma construção humana, que estudam desde a sociologia cognitiva, e informa
aproxima das relações entre os indivíduos e o contexto no qual se desembrulha sua
dimensão social.

A análise fenomenológico de Berger e Luckmann permite um acercamento ao cotidiano,


à vida diária, porque é a vida diária, como radiografia habitual do acontecer, a imagem
mais visível e reconhecível da realidade. Nesse palco, conhecem as pautas de
comportamento, os atores e os agentes da dinâmica social, os mecanismos de
socialização que levam ao equilíbrio cotidiano e predeterminam o ‘everyday life’, a vida
diária, onde o sentido comum’ é a lei comum das relações. Os problemas ultrapassam
essas pautas, são a surpresa do não comum, do inabitual, do não cotidiano.
O indivíduo aparece como um produto social –o homo socius-, definido pelas
sedimentações do conhecimento que formam a pegada de sua biografia, ambiente e
experiência. Circunstâncias que determinam o rol que vai jogar no espaço social. O
espaço social não faz parte, pois, da ordem natural, mas é uma construção, isso sim
baseada no todos os seres humanos, que tende à busca da estabilidade, por isso essa
necessidade antropológica’ de ordem se transforma em uma ordem social, em uma
construção artificial.

A realidade social nasce de uma construção dialética continuada, depurada pelo


consenso de seus atores, que é o que dá identidade à estrutura social. A comunicação
joga um papel significativo no processo de construção social da realidade. Por um lado,
as relações pessoais, como base do consenso, e também a comunicação socializadora
das instituições que fixam as pautas da convivência e a participação, e, logicamente, a
específica dos meios, que contribuem à distribuição social do conhecimento e o reforço
do consenso institucional no qual se assenta uma sociedade concreta. Ao tempo, servem
para que as matrizes que descrevem o sentido comum’ em uma sociedade dada servam à
formação de um universo simbólico’. Uma tarefa de administração do conhecimento, e
também dos mecanismos de manutenção’ que lhe contribuem estabilidade e
durabilidade. Este papel dos meios está legitimado pela aceitação de sua função, o que
lhes confere um caráter de instituição social.

Os meios de comunicação operam nos processos de ‘socialização secundária’, que é a


que sucede ao processo de interiorização individual do mundo natural exterior, e se basa
nos valores da estrutura social, que permitem uma subjetividade relativa, uma
interpretação aberta e ideológica.

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