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A FESTA

Festa é um objeto novo para a história, e Mona Ozouf é uma das precursoras
a utilizá-lo como objeto de estudo.
A autora, no texto A Festa Sob a Revolução Francesa, fala que a história tem
se ocupado conscientemente mais com os trabalhos e os esforços dos homens do
que com seus divertimentos, é por isso que apenas recentemente a festa teria se
tornado objeto da história. Então afirma que a festa conseguiu seu lugar de direito -
enquanto objeto da história - graças ao folclore e a etnologia, e que a história:

“aprendeu a levar em consideração a armadura que a ritualização dá à


existência humana, mesmo que seja uma ritualização anônima,
desprovida de regulamentação explícita ou de coesão coerente.”
(p.217).

A autora ainda fala dos vínculos particulares que a festa tem em relação ao
tempo, e que essa relação, seria um dos equívocos para que ela se tornasse objeto
de estudo da história. Pois, embora a abertura que a festa propicia tanto para o
passado quanto para o futuro pareça familiar ao historiador, a autora atenta para não
se confundir essa repetição do passado que acontece na festa, com uma repetição
consciente de si própria, e afirma: “ora, se a festa se repete, de forma alguma é com
o sentimento de repetição erudita” (p.217). Essa repetição não seria marcada pela
história, mas de maneira afetiva, a repetição serviria para suavizar as memórias,
diminuir o choque com o ocorrido, teria também a função de uma pedagogia
temporal, na qual a história da festa seria a de um fenômeno em grande parte cego
à história, não tendo assim relações com o ocorrido, mas ressignificações
particulares.
Além da repetição do passado, a festa conteria também um ensaio do futuro,
uma cena de imortalidade e de indestrutibilidade, mas mais pertencente ao
imaginário, do que de uma antecipação da realidade. O tempo que as festas
celebram, para Ozouf, é um tempo regenerável, um tempo que pode ser
reatualizado, num movimento novo, esse tempo da festa teria a capacidade de fazer
morrer o velho e engendrar o novo.
O objetivo das festas seria compor através delas uma história anual e
comemorativa para estabelecer correspondências de um tempo remoto com o tempo
presente. Assim Ozouf conclui seu artigo afirmando:

“Se é a um desvio da História que a festa nos convida, não é pois a um


afastamento da história, em compensação, que nos inclina a história
das festas. Mas é necessário saber que, consideradas globalmente, as
festas procuram reviver por sua conta uma história remanipulada,
reajustada, reprimida. A festa tolera mal a mudança. Esforça-se por
neutraliza-la num rito; busca, sem cessar, corrigir sua imprevisível
indeterminação. É uma imensa empreitada da retificação.” (p.203)

REFERÊNCIA:
OZOUF, Mona. A festa: sob a Revolução Francesa. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre.
História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976, p. 216-232.
DANILE VISNIESKI

A FESTA

Trabalho solicitado pela disciplina de Festas,


Espaço e Sociabilidades, ao curso de
especialização em História, Arte e Cultura.
Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Profª.: Ms. Maura Regina Petruski

PONTA GROSSA
2007

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