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RESENHA DESCRITIVA

Benjamin, Cesar. AMAZÔNIA: Cuidado, frágil – Publicado no boletim conjuntura Brasil –


Fundação João Mangabeira - Nº 8 – Abril de 2019.

1. DADOS SOBRE O AUTOR


César Benjamin é autor de dezenas de artigos, publicados no Brasil e no exterior, e dos
livros E o sertão, de todo, se impropriou à vida: um estudo sobre a seca no Nordeste
(Petrópolis, Vozes, 1985, em colaboração com Sérgio Goes de Paula), Diálogo sobre ecologia,
ciência e política (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1992, quarta edição), A opção brasileira (Rio
de Janeiro, Contraponto, 1998, décima edição) e Bom combate (Rio de Janeiro, Contraponto,
2004). Trabalhou na Fundação Getúlio Vargas, na Escola Nacional de Saúde Pública, na
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, na Prefeitura do Rio de Janeiro e na Editora
Nova Fronteira. Deu cursos regulares em história do pensamento econômico, macroeconomia,
economia brasileira, jornalismo científico, meio ambiente e ciências sociais em universidades e
empresas. É doutor honoris causa pela Universidade Bicentenária de Aragua, Venezuela.
(Fonte: https://www.contrapontoeditora.com.br/sobre/cesarbenjamin.php)

2. DADOS SOBRE A OBRA


O texto retrata a visão do autor Cesar Benjamin sobre as questões envolvendo o
progresso e a preservação da Amazônia, o primeiro apoiado pelo Estado Nacional e
empresários e, o segundo, sobretudo, por organizações não governamentais (ONG’S) e
populações locais. A obra faz parte de uma série de textos que buscam mapear os problemas
do Brasil contemporâneo.
Com as intensificações dos problemas envolvendo a destruição da Amazônia para a
expansão do agronegócio, a posição de intervenção dos países estrangeiros em relação à
soberania do Brasil sobre a Amazônia, somada ao pensamento do atual governo que não situa
a Amazônia na agenda politica brasileira, a obra se posiciona em alavancar dados históricos e
pertinentes sobre a biodiversidade da região, povoamento e urbanização, a sua importância
local e mundial tanto em relação aos efeitos climáticos quanto ao progresso na área da
biotecnologia, entre outros.
Todo o embasamento textual converge na ultima seção do texto “Por uma economia
de biodiversidade” para uma série de medidas propostas pelo autor para conter o avanço da
destruição, avançar como economia, recuperar a soberania sobre a Amazônia, preparar uma
nova era cientifica e biológica no Brasil e assim dar um passo definitivo para a consolidação da
civilização brasileira.

3. RESUMO DA OBRA
O texto contém sete partes, sendo o ultimo escrito pelo antropólogo Adelino Mendes
(HCTE/UFRJ). O autor contextualiza a situação amazônica em uma linha temporal baseado na
afirmação “Desenvolvimento sustentável e consolidação da soberania são indissociáveis”,
defendendo a sua preservação e integração à um novo modelo de desenvolvimento.
Abordando a riqueza biológica e a exuberância vegetal da região, o autor critica a exploração
da Amazônia para a extração de madeira, monocultura e criação de gado, apoiado pelo Estado
Nacional e muito praticado pelos agropecuaristas, muitas vezes ilegalmente. Em contrapartida,
não defende a intocabilidade da floresta, defendida por populações locais, ONG’s e grupos
ambientais, visto que a região possui riquezas, principalmente biológicas, ainda pouco
conhecidas e que se bem explorada e pesquisada poderá possibilitar uma revolução cientifica
e biológica no país e a sua não exploração poderá resultar na perda da soberania brasileira
sobre a região.
O autor descreve a grandiosidade da Amazônia e sua importância ambiental,
geopolítica e econômica em âmbitos nacional e internacional com dados concretos de fontes
seguras, além de opiniões de profissionais qualificados e contextualização histórica. São
descritos o tamanho territorial, sua exuberância biológica como quantidade de espécies e
árvores (a qual a maioria ainda não foi descrita), a quantidade de biomassa e sua importância
na reciclagem de elementos da atmosfera, como o dióxido de carbono, prejudicial aos efeitos
climáticos. O autor aborda o processo de descoberta da região e de seus recursos desde a
época da colonização portuguesa até meados do século XIX, século da Revolução Industrial
em que a Amazônia ganhou um papel de importância na economia brasileira e no
desenvolvimento de tecnologias e processos mundiais com a intensificação da produção de
borracha e do surgimento do processo de vulcanização.
Entre acontecimentos e negligência uma nova Amazônia surge: áreas desmatadas e
queimadas, principalmente no regime militar que houve o incentivo para exploração da região,
povoamento e processo de urbanização com baixa qualidade de vida – poucas áreas possuem
água potável e saneamento básico – surge uma “floresta urbanizada” na qual, ao contrário do
que se pensa, o grande problema social está nas cidades. Não há duvidas sobre a importância
da Amazônia no equilíbrio do planeta e seus múltiplos papéis social, geopolítico e econômico.
Apesar de toda diversidade encontrada no local, entender o ambiente amazônico se torna
complexo, porém sabe-se que qualquer mudança em seu ambiente não afetará somente a
região, mas sim o planeta e, sobretudo o Brasil.
A Amazônia é a maior riqueza do Brasil e não esta sendo aproveitada de forma
consciente e inteligente pelos seus governantes e população. Há a necessidade de
transformação, necessidade de mudanças apoiadas na integração das duas frentes que se
confrontam constantemente por ideologias extremistas e conflito de interesses: Estado
Nacional e população local. O mercado pensa em curto prazo e com isso se intensifica a
exploração predatória, por outro lado, a total integridade impede o progresso do
desenvolvimento e do conhecimento do potencial amazônico. Com isso, o autor propõe uma
série de mudanças, alternativas necessárias para que o Brasil supere suas tradições de
degradar suas riquezas, não criar tecnologias e permaneça estagnado no tempo. Enfatiza-se,
por fim, a necessidade dessas mudanças, pois em caso de fracasso, fracassaremos como
nação e não conseguiremos consolidar uma civilização brasileira.

Gabriel da S.O.N. de Aguiar é graduando do curso de Engenharia Mecânica da UFRJ.

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