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Anexo 2 - Contexto e Contextualização Nos Processos de Ensino e Aprendizagem Da Matemática
Anexo 2 - Contexto e Contextualização Nos Processos de Ensino e Aprendizagem Da Matemática
ANEXO 5
Encontro 2 - julho de 2020
Texto de referência
Para que haja intencionalidade didática, o professor tem de criar e organizar um meio no
qual serão desenvolvidas situações que têm o potencial de provocar essas aprendizagens. O
1
Disponível em
https://novaescola.org.br/conteudo/567/contexto-e-contextualizacao-nos-processos-de-ensino-e-apre
ndizagem-da-matematica (acesso em 29 jun. 2020)
meio e as situações precisam engajar fortemente os saberes matemáticos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem.
As situações têm de ser concebidas para permitir aos alunos agir, se expressar, refletir e
evoluir por iniciativa própria, adquirindo novos conhecimentos. O papel do professor nesse
caso é o de mediador e orientador. As intervenções docentes devem ser feitas de modo a
não prejudicar a participação do aluno no seu processo de aprendizagem. Assim, a aplicação
de cada atividade deve levar em consideração duas condições: os estudantes precisam
mobilizar os objetos de saber disponíveis como ferramenta explícita para resolver o
problema, pelo menos parcialmente, e o educador tem de provocar um debate de
confrontação dos resultados obtidos por eles. Nessa fase, diversas formas de saber vão
aparecer. O objetivo é compartilhar e construir o saber da turma toda e promover o
progresso na aquisição individual dos conhecimentos.
O estudante deve aprender por necessidade própria e não por necessidade aparente do
professor ou da escola. Além do mais, pensar uma organização de ensino em várias etapas,
valorizando a dialética ferramenta-objeto (DOUADY, 1993). Régine Douady (1993) distingue,
para um conceito matemático, o polo ferramenta e o polo objeto. Um conceito é
ferramenta quando está sendo usado na resolução de um problema. Por objeto,
entendemos o objeto cultural reconhecido como fazendo parte dos saberes científicos
validados socialmente.
Por meio da dialética ferramenta-objeto, Régine Douady propõe, então, uma organização de
ensino em várias etapas, descrita a seguir (ALMOULOUD, 2007):
● Antigo Como primeira condição para o problema, o enunciado deve ter um sentido
para todos, que podem mobilizar os objetos conhecidos de saber, como ferramenta
explícita, em um processo de resolução ou para resolver somente uma parte do
problema. Nessa fase, os conceitos matemáticos deverão ser utilizados como
ferramentas explícitas para resolver (mesmo que parcialmente) os problemas
propostos.
● Pesquisa-novo implícito Como segunda condição, os estudantes não podem resolver
totalmente o problema proposto: o objeto de ensino é a ferramenta adequada para
resolver a questão.
● Explicitação-institucionalização local Visto que, nas situações de comunicação, os
alunos apresentam várias formas de saber, o objetivo dessa fase é dar um estatuto
de objeto aos conhecimentos que foram utilizados como ferramenta, como condição
para a homogeneização e a constituição do saber da classe, além de situar o saber e
promover o progresso.
● Institucionalização-estatuto do objeto Entre os conhecimentos explicitados na fase
anterior, o professor seleciona alguns deles para serem descontextualizados e que
deverão ser retidos pelos estudantes, a fim de serem utilizados na resolução de
outros problemas futuramente.
● Familiarização-reutilização numa situação nova O docente propõe, nessa fase, que o
conhecimento institucionalizado seja utilizado como ferramenta explícita. O novo
objeto torna-se, então, conhecimento antigo para ser utilizado em um novo ciclo da
dialética ferramenta-objeto.
● Complexificação da tarefa ou novo problema Nessa fase, são propostas situações
mais complexas, em que os alunos poderão testar e/ou desenvolver os novos
conhecimentos adquiridos.
É importante que o professor tenha claro o fato de o ensino ser submetido a vários fatores
de difícil controle. Um dos pontos relevantes que ele deve considerar é a existência de um
contexto favorável à construção do saber por parte do aluno.
O contexto tem várias facetas. São elas sociais, cognitivas, situações escolhidas e suas
variáveis didáticas, as interações entre estudantes, as intervenções docentes que se referem
ao contexto escolhido sem alterar o significado da situação e os conhecimentos prévios que
poderão se constituir em obstáculos.
O educador não pode vendre la mèche, como dizem os franceses. Quer dizer, não deve
entregar o ouro, o que não o impede de fornecer ideias que favoreçam o processo de
aprendizagem da Matemática. Além disso, o docente não deve minimizar a importância do
discurso. De um lado, o que os alunos conversam entre si e coletivamente, analisando a
eficácia das estratégias propostas e formulando os limites dos conhecimentos postos à
prova, assim como as características dos saberes a construir. Do outro lado, o discurso que é
a fala do próprio professor, que pode apresentar propostas e desempenha um papel central
no processo de institucionalização.
Resumo
Referências bibliográficas