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Porque a aprendizagem social e emocional é tão importante para os

alunos?
Aprendizagem Emocional e Aprendizagem Social: autoconhecimento

Porque a aprendizagem social e


emocional é tão importante para
os alunos?
Aprendizagem Emocional e Aprendizagem Social: autoconhecimento

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Porque a aprendizagem social e emocional é tão importante para os
alunos?
Aprendizagem Emocional e Aprendizagem Social: autoconhecimento

Unidade 1
Aprendizagem Emocional e
Aprendizagem Social:
autoconhecimento
Não importa o lugar onde vivemos ou o que fazemos, nossa vida é repleta de
experiências particulares e de interações com os outros. Fazemos amigos,
com quem conversamos, aproveitando momentos juntos, sejam de lazer ou
não, e também fazemos inimizades, quando não gostamos muito do ponto de
vista de alguém, ou ainda quando esse alguém nos faz passar por algum
constrangimento, por exemplo, e na escola isso não é diferente. Não
conseguimos viver completamente isolados e interagindo socialmente, nos
envolvemos afetivamente e aprendemos muitas coisas. Quando convivemos,
aprendemos o que é esperado de nós e também passamos nossas
expectativas aos outros. O afeto que nutrimos por alguém nos faz expor
ideias e nossas relações afetivas, mediadas por quem somos e por quem são
as pessoas com quem convivemos, por quem estamos nos tornando, por
quem queremos ser, tudo isso, também influencia em nossas escolhas de
conduta, nem sempre pensadas.

No caso familiar, nossos pais são tão influentes na constituição de nosso ser,
de nossos pensamentos e sentimentos, quando somos crianças, que as
considerações que fazem a nosso respeito não são de todo esquecidas,
mesmo após um longo período de nossas vidas. É isso que, precisamente, o

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afeto influencia nossas vivências e o nosso autoconhecimento. Nosso


conhecimento sobre o mundo e nossa relação com os conteúdos escolares
não é diferente. Outro exemplo disso são os colegas que fazemos na infância
e na adolescência que às vezes são tão importantes para nós, pelo carinho
nutrido ou ainda pela admiração, que mudamos através deles. Repensamos
valores ou mesmo nos deixamos ser influenciados por eles, de maneira
benéfica ou maléfica.

O autoconhecimento se desenvolve justamente a partir de tais relações com


as pessoas, pois nos colocamos diante da realidade que percebemos,
resistindo a alguma imposição ou concordando, seja com pontos de vista de
uma maioria, seja com pessoas de referência que podem ser nossos pais,
mas podem ser tais amigos ou mesmo nossos professores, ao nos
colocarmos diante de grupo no qual estamos inseridos. Tal processo ocorre
mesmo quando decidimos ignorar o que nos rodeia, já que não conseguimos
desmerecer completamente o que dizem e fazem as pessoas ao nosso redor,
e a própria postura de ignorar já se mostra como uma maneira de interagir em
relação ao que está posto, mais vinculada a uma resistência. Portanto, é
impossível não sermos afetados pelas pessoas ao nosso redor.

Dessa forma, as relações afetuosas entre professores e alunos, alunos e


coordenação, professores e coordenadores, entre tantas outras que podem
acontecer no ambiente escolar influenciam de diversas maneiras o ensino.
Por vezes uma inspetora de alunos ou um porteiro pode se tornar uma
referência tão significativa dentro da escola quanto os próprios professores,
podendo exercer também a função de educadores. Funcionários diversos que

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compõem o ambiente escolar passam a dar impressões sobre qual é a escola,


quando se dispõem a auxiliar os alunos ou quando apenas exigem condutas e
práticas, o que influencia como a comunidade enxerga a escola, como estes
alunos se comportarão neste contexto, como será sua aprendizagem, visto
como se dá sua socialização e suas relações afetivas.

Neste momento estamos aqui observando mais a questão do


autoconhecimento, como um olhar para si mesmo, num processo que
podemos chamar de introspecção, que é diferente de apenas sentir, mas sim
é pensar sobre o que se sente, é observar quais estímulos aos sentimentos
nos marcam mais, ao invés de passarmos pelos ambientes como
naturalmente fazemos, desatentos a isso, ou ainda, “no automático”, como
costumamos dizer. A psicanálise, por exemplo, pensa os desejos, angústias,
assim sendo, trata o que sentimos inconscientemente, na direção da dúvida,
do questionamento do que já está preestabelecido. Quando pensamos na
educação de crianças, o problema está no impedimento que alunos possuem
dentro do ambiente escolar de buscar aquilo que lhes motiva, justamente
seus desejos, sua curiosidade, em vias de se estabelecer uma ilusão de total
controle, através da educação. A proposta entende que as dúvidas, as
perguntas, os erros e acertos, para todo o processo, na formação do
indivíduo, na formação do cidadão, até mesmo na formação do trabalhador,
do estudante, é indispensável instigar o desejo de tirar dúvidas, para que se
transforme em uma satisfação da curiosidade, ou melhor, na vontade de cada
um de correr atrás das coisas.

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Sem vivência afetiva e psicológica não existe formação educativa, há apenas


uma quantidade de informações jogadas aos alunos, que sugerem formação,
sem contudo serem efetivamente apreendidas pelo sujeito. O dever de
ensinar, que insiste na ideia tradicional do “mestre”, acaba por destruir
desejos e interesses individuais que motivam a busca por respostas, os
mesmos que instigam também as dúvidas sobre vida, não apenas o conteúdo
como um fim em si mesmo, já que aluno coloca-se diante do conhecimento
da mesma maneira que diante da vida. Tais coisas não se separam. E apesar
das similaridades, nem toda mulher é igual, nem toda criança é igual.

Em todos estes casos, o entorno mobilizou uma dada prática, uma dada
conduta, que também passa a repercutir nos outros, mudando novamente
nosso entorno, já que a convivência humana é extremamente dinâmica.

Se um jovem decide cortar seu cabelo de maneira exótica, destaca-se por ser
diferente da maioria. Se existe o parâmetro anterior para os cortes de cabelo
mais comuns, existe uma expectativa óbvia entre os outros indivíduos de seu
grupo quanto ao que se faz com os cabelos e ter ousado algo novo pode
repercutir em rejeição, estranhamento ou até aceitação de um novo estilo, o
que depende de quão flexível é esse grupo do qual faz parte.

Tal sentimento por parte de um grupo em relação ao indivíduo pode gerar


ações e mais reações, benéficas ou maléficas, e quando passamos ao
contexto escolar, de convivência diária, mediada por regras de
comportamento e conhecimento envoltos na lógica da competição, em cada
aluno há dois seres inseparáveis porém distintos. Um deles seria o que Émile

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Durkheim chamou de individual. Tal porção do sujeito - o jovem bruto -,


segundo ele, é formada pelos estados mentais de cada pessoa, ou seja, por
meio da psicologia entendida então como a ciência do indivíduo, fazendo
desta perspectiva a principal função da educação até o século 19. A educação
visava formar indivíduo e os professores tentavam construir nos estudantes
os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção
a Durkheim.

Quando pensamos em aprendizado e na convivência das pessoas dentro da


escola, podemos encarar o homem social como alguém que se forma a partir
da convivência com os outros, entendendo expectativas, anseios, postos pelo
ambiente social no qual vivemos. Dessa forma, na vivência escolar,
caracterizada pelas próprias atividades vinculadas ao ensino de conteúdos,
muitas relações diferentes se estabelecem, fazendo com o que o aprendizado
e o autoconhecimento não fiquem distantes um do outro, contudo são sim
interdependentes.

Nesta perspectiva, pensamos que o ambiente educativo, que permite


repensarmos o EU diversas vezes, ao pensarmos sobre a vida e nos
colocarmos repetidamente em relação ao mundo, depende da discussão, das
dúvidas, que respeita individualidades, em um ambiente de constante
interação. Portanto, podemos discordar mas ainda podemos conviver e
devemos respeitar o outro e assim, conhecendo e aprendendo desenvolvemos
o autoconhecimento, o conhecimento que temos de nós mesmos, através
também de quem o outro é, ou melhor, como o outro se mostra para nós.
Dessa forma, a autonomia poderá ser desenvolvida integralmente, autonomia

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para ser atuante na sociedade, fazer escolhas mais éticas e responsáveis ao


pensar no outro com empatia, assim podendo experimentar a liberdade de ser
quem se é, através de escolhas pensadas e não por uma condição imposta,
mesmo quando nos distanciamos do que a maioria espera de nós.
Entendendo seu contexto, por compreender o outro de maneira mais aberta,
também terá uma postura diferente em relação a regulamentos, quando
eficazes para manter o espaço de todos, bem como estará apto à discuti-los
pensando o bem de todos, não apenas seu desejo individual, mas vale aqui
ressaltar que isso é um dos resultados mediante o processo de
aprendizagem.

Referências Bibliográficas

DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. 10ª ed. Trad. de Lourenço Filho. São Paulo,
Melhoramentos, 1975.

LAJONQUIÈRE, Leandro de. A Mestria da Palavra e a Formação de Professores. Educação


& Realidade, v. 36, n. 3, 2011.

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