Você está na página 1de 6

O fato é que só há um instante de tempo para essa relação valer.

Para
vermos isso, suponhamos que existam dois instantes, t1 e t2 , com t1 6= t2 , tais
que
|r − r0 (t1 )|
t1 = t−
c
e
|r − r0 (t2 )|
t2 = t− .
c
Sem perda de generalidade, suponhamos que t2 > t1 . Logo,
c (t2 − t1 ) = |r − r0 (t1 )| − |r − r0 (t2 )| .
Mas,
|r − r0 (t1 )| − |r − r0 (t2 )| 6 |r − r0 (t1 ) − (r − r0 (t2 ))|
= |r0 (t2 ) − r0 (t1 )| .
Assim,
|r0 (t2 ) − r0 (t1 )|
c 6 ,
t2 − t1
implicando que a partícula deveria ir de r0 (t1 ) até r0 (t2 ) com uma velocidade
média maior ou igual à velocidade da luz no vácuo. Como, por hipótese, estamos
considerando uma partícula massiva, de massa m > 0, concluímos que há, no
máximo, um instante de tempo em que a equação
|r − r0 (tk )|
tk = t−
c
vale e denimos esse instante como o tempo retardado:
|r − r0 (tR )|
tR = t− .
c
O resultado da integral acima pode ser escrito em termos do tempo retardado
como
+∞ +∞
δ (f (t0 )) dt0 δ (t0 − t )
Z Z
dt0 = 0 R
−∞ |r − r0 (t0 )| −∞ |r − r0 (t0 )| df (t0 )
dt
t0 =tR
1
= 0 .
|r − r0 (tR )| dfdt(t0 )

t0 =tR

Calculemos, explicitamente, a derivada temporal da função f :


df (t0 ) |r − r0 (t0 )|
 
d
= t0 − t +
dt0 dt0 c
0
1 d |r − r0 (t )|
= 1+ .
c dt0

1
Notemos que
2
d |r − r0 (t0 )| 1 d |r − r0 (t0 )|
=
dt0 0
2 |r − r0 (t )| dt0
1 d [r − r0 (t0 )] · [r − r0 (t0 )]
= 0
2 |r − r0 (t )| dt0
0 0
[r − r0 (t )] d [r − r0 (t )]
= ·
|r − r0 (t0 )| dt0
0
[r − r0 (t )] dr0 (t0 )
= − ·
|r − r0 (t0 )| dt0
0
[r − r0 (t )]
= − · v (t0 ) .
|r − r0 (t0 )|
Portanto,
+∞
δ (f (t0 ))
Z
1
dt0 = .
−∞ |r − r0 (t0 )| |r − r0 (tR )| − [r − r0 (tR )] ·
v(tR )
c

Como |v/c| < 1, temos


+∞
δ (f (t0 ))
Z
1
dt0 =
−∞ |r − r0 (t0 )| |r − r0 (tR )| − [r − r0 (tR )] · v(tR )
c

e os potenciais podem ser escritos como


q
φ (r, t) = v(tR )
|r − r0 (tR )| − [r − r0 (tR )] · c

e, analogamente,
qv (tR )
A (r, t) = ,
c |r − r0 (tR )| − [r − r0 (tR )] · v (tR )
onde
|r − r0 (tR )|
tR = t− .
c
Esses são os chamados potenciais de Liénard & Wiechert. Para simplicar a
notação, denamos
R = r − r0 (tR ) ,

R = |R| ,

R
R̂ = ,
R

2
v = v (tR )
dr0 (tR )
=
dtR
= ṙ0 (tR )

e
v
β = .
c
Com essas denições, podemos simplicar as expressões dos potenciais assim:
q
φ (r, t) = ,
R−R·β


A (r, t) =
R−R·β
e
R
tR = t− .
c

Calculando o Campo Indução Magnética e o Campo Elétrico


Vamos agora calcular os campos B e E. Comecemos com o cálculo de B:
B = ∇×A

ou, em termos de componentes,


3 X
X 3
Bi = εijk ∂j Ak ,
j=1 k=1

onde εijk é o tensor de Levi-Civita, que é dado por

se (i, j, k) for uma permutação par de (1, 2, 3) ,



1,

εijk = 0, se pelo menos dois dos índices i, j, k forem iguais e
−1, se (i, j, k) for uma permutação ímpar de (1, 2, 3) .

Também utilizemos a notação



∂j = ,
∂xj

para j = 1, 2, 3. A convenção de Einstein para somas permite que escrevamos


Bi = εijk ∂j Ak ,

3
onde subentendemos que os índices j e k estão somados de 1 a 3, porque apare-
cem repetidos no mesmo termo. Temos, assim,
 
q vk
∂j Ak = ∂j
c R−R·β
  
q ∂j vk 1
= + v k ∂j
c R−R·β R−R·β
" #
q ∂j vk vk
= − (∂j R − β · ∂j R − R · ∂j β) .
c R − R · β (R − R · β)2
Também,
dvk
∂j vk = ∂j tR
dtR
= ak ∂j tR ,
Façamos agora o cálculo de ∂j tR :
 
R
∂j tR = ∂j t−
c
1
= − ∂j R
c
1
= − R̂ · x̂j + R̂ · β∂j tR ,
c
ou seja,
  1
1 − R̂ · β ∂j tR = − R̂ · x̂j ,
c
resultando em
1 R̂ · x̂j
∂j tR = −  .
c 1 − R̂ · β

Portanto,
ak R̂ · x̂j
∂j vk = −  ,
c 1 − R̂ · β

∂j R = ∂j r − ∂j r0 (tR )
dr0 (tR )
= x̂j − ∂j tR
dtR
1 R̂ · x̂j
= x̂j + v  
c 1 − R̂ · β

R̂ · x̂j
= x̂j + β  ,
1 − R̂ · β

4
1
∂j R = ∂j R2
2R
1
= ∂j (R · R)
2R
R
= · ∂j R
R
R̂ · x̂j
= R̂ · x̂j + R̂ · β  
1 − R̂ · β
 
R̂ · x̂j 1 − R̂ · β + R̂ · β R̂ · x̂j
=  
1 − R̂ · β
R̂ · x̂j − R̂ · x̂j R̂ · β + R̂ · β R̂ · x̂j
=  
1 − R̂ · β
R̂ · x̂j
=  
1 − R̂ · β
e
1
∂j β = ∂j v
c
1 dv
= ∂j tR
c dtR
a R̂ · x̂j
= − 2 ,
c 1 − R̂ · β

onde denotamos
dvk
ak =
dtR
e
dv
a = .
dtR
Assim,
" #
q ∂j vk vk
∂j Ak = − (∂j R − β · ∂j R − R · ∂j β)
c R − R · β (R − R · β)2
  
q ∂j vk v k ∂j R − β · ∂j R − R R̂ · ∂ j β
=   − 2

c R 1 − R̂ · β
 
R2 1 − R̂ · β
 
q ∂j vk v R̂ · ∂j β vk (∂j R − β · ∂j R) 
=    + k 2 − 2  .
c R 1 − R̂ · β

R 1 − R̂ · β R2 1 − R̂ · β

5
Substituindo as derivadas parciais, temos

q −ak R̂ · x̂j vk R̂ · aR̂ · x̂j
∂j Ak = 2 − 3
c
  
Rc 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β
  
2
vk 1 − β R̂ · x̂j
−  2    − βj  
R2 1 − R̂ · β 1 − R̂ · β

onde
vj
βj = .
c
Em termos vetoriais, podemos escrever

q −R̂ × a R̂ · aR̂ × v
B = 2 − 3
c
  
Rc 1 − R̂ · β Rc2 1 − R̂ · β


1 − β 2 R̂ × v 
−  3  ,
R2 1 − R̂ · β

onde o termo proporcional a β × v se anula.

Você também pode gostar