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Brasília - DF.
Autores
Aleksandra Sliwowska Bartsch
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................................................. 6
Aula 1
Conceito de Economia................................................................................................................................................. 7
Aula 2
Sistemas Econômicos................................................................................................................................................. 16
Aula 3
Microeconomia............................................................................................................................................................. 27
Aula 4
Macroeconomia............................................................................................................................................................ 36
Aula 5
Economia Internacional............................................................................................................................................66
Aula 6
Economia do Setor Público...................................................................................................................................... 79
Referências...........................................................................................................................................................................94
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos,
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável.
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras
e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
Praticando
4
Organização do caderno de estudos e pesquisa
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
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Introdução
Querendo ou sem querer, a Economia dita os nossos passos. Precisamos de dinheiro para
viver. Precisamos também saber administrar esse dinheiro, a fim de que possamos ter nossas
necessidades atendidas. Outra necessidade é fazer com que parte do que ganhamos sobre no final
do mês. Poupar é uma arte, assim como multiplicar o que ganhamos. A Economia é uma ciência
da vida. Engloba tanto os indivíduos quanto os países e está em permanente transformação.
Nossas necessidades mudam, catástrofes acontecem, previsões se alteram. Estar atento ao mundo
em permanente transformação é uma necessidade para que, como profissionais, possamos
conduzir nossa empresa pelo caminho tão almejado da lucratividade. Mas a Economia não é
movida apenas pelo lucro. Tem como metas o alto nível de emprego, nível de preços estável,
eficiência, distribuição equitativa de renda, crescimento e desenvolvimento. Esse último envolve
não só a questão econômica, como, também, questões ligadas ao bem-estar das nações como
segurança, educação, infraestrutura. No final desta disciplina, você estará apto a entender como
as medidas adotadas pelo governo podem afetar-lhe diretamente, bem como espera-se que se
sinta motivado a contribuir com seu conhecimento para o desenvolvimento sustentado do Brasil
do presente e das futuras gerações.
Objetivos
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CONCEITO DE ECONOMIA
AULA
1
Introdução
Nesta primeira aula você será apresentado ao estudo da Economia, que é uma ciência relativamente
jovem, que teve seu marco em 1776. Será abordado o conceito da disciplina, bem como algumas
definições da Economia. Você também conhecerá as metas almejadas pelos economistas, a
saber: alto nível de emprego, nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda
e crescimento/desenvolvimento. Também será abordada a divisão do estudo dessa ciência, que
busca equalizar desejos ilimitados com recursos escassos, visando sempre ao bem-estar da
população e à riqueza das nações.
Objetivos
»» A Economia é uma ciência humana, a qual tem no homem a sua principal variável, que
muda constantemente.
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AULA 1 • CONCEITO DE ECONOMIA
Fonte: <http://outraspalavras.net/posts/cronicas-do-consumismo-a-entrada-de-dezembro/>.
Você já parou para pensar que somos eternamente insatisfeitos? Sim, é verdade! Se você trabalha,
lembre-se de quando ganhou seu primeiro salário. Com certeza, você se sentiu o máximo, com o
poder em suas mãos. Comprou várias coisinhas, mas... com o fim da euforia inicial, certamente
aqueles itens tão festejados foram, aos poucos, perdendo a importância, e você começou a
sonhar com outros produtos. Algum problema? Nenhum para você, mas para a economia, sim,
pois enquanto nossos desejos são ilimitados, os recursos são absolutamente escassos.
É exatamente esse o grande problema que a economia procura resolver e que não é tarefa fácil.
Isso porque se pararmos para pensar, necessidades básicas podem ser resumidas em dois pares
de sapato, duas mudas de roupa, um prato de arroz e feijão e uma casa que não precisa ser nossa,
precisamos apenas ter dinheiro para pagar o aluguel. Assim, nada mais é necessário, o restante
é desejo. E, para o desejo, o céu é o limite.
E os recursos? Esses englobam terra, capital e trabalho. São finitos e, além de nos ajudarem a
realizar nossos desejos, precisam buscar atingir cinco metas básicas da Economia que são:
Um dos primeiros sinais de que algo está errado é o aumento do desemprego. Maior desemprego
significa menos gente recebendo salários e um consumo menor. Por outro lado, quando se atinge
essa meta, mais pessoas passam a ter uma renda e a comprar mais. Quando o setor produtivo
vende mais, torna-se interessante investir, comprar mais máquinas, mais matérias-primas
para produzir mais. Claro que alguém precisa operar essas máquinas, trabalhar para que mais
produtos sejam colocados no mercado. Então, mais trabalhadores serão necessários, ou seja,
trabalho gera renda, que gera trabalho, que leva ao crescimento.
Preços estáveis contribuem para o equilíbrio da economia que é fundamental para um crescimento
sustentado. Você se imagina fazendo um crediário para os próximos 12 meses se a cada dia
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CONCEITO DE ECONOMIA • AULA 1
ou a cada semana o preço aumenta? Isso é inflação, que pode ser definida como o aumento
sistemático de preços. E, acredite, até 1994 essa era exatamente a situação em que os brasileiros
se encontravam, com preços subindo duas, três vezes ao dia! Impossível planejar qualquer coisa
em longo prazo.
Figura 2.
Fonte: <http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2015-03-08/com-alta-da-inflacao-e-necessario-planejar-orcamento-e-
quitar-as-dividas.html>.
Pois é, como vemos na figura, o ano de 2015 começou com os brasileiros tendo de apertar
os cintos, inflação, desemprego. Cenário pessimista, na contramão do que é positivo para a
economia. Quando os preços sobem, a incerteza aumenta também. E a incerteza é inimiga do
investimento, do crescimento. Do ponto de vista pessoal, é bom lembrar que, em momentos
assim, é fundamental planejar a partir do conhecimento de todos os gastos. Além disso,
sintonizar o orçamento doméstico com a atividade econômica, cortando despesas, fugindo dos
gastos desnecessários, não comprometendo a renda com parcelamentos longos e procurando
aposentar o máximo possível o cartão de crédito, pois o que os olhos não veem, o coração não
sente, mas o banco sempre lembra e manda a fatura! Outro ponto é procurar economizar ao
máximo, seja substituindo alimentos mais caros por produtos similares, com preços mais em
conta, e na hora da tentação da compra se perguntar: “eu preciso?”. Agora, se você já estiver
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AULA 1 • CONCEITO DE ECONOMIA
inadimplente, a regra é partir para a renegociação. Os credores sempre preferem receber parcelas
menores que nada. Então, não se esconda, encare-os e proponha valores que você possa pagar!
Eficiência
Aqui estão em jogo dois conceitos: eficiência técnica e eficiência alocativa. A eficiência técnica
busca produzir mais, utilizando menos recursos. Então, quanto menos terra, capital e trabalho
você precisar para produzir um produto, mais eficiente tecnicamente você será. Mas, também é
necessário fazer as escolhas certas, possuir eficiência alocativa. Por exemplo, a sociedade brasileira
encontra-se cada vez mais em processo de envelhecimento, logo, reorientar os produtos, as
cidades, os serviços para essa faixa da população é um exemplo de busca pela eficiência alocativa.
Acertar nas escolhas é um pouco mais complicado. Depende de pesquisa, de investimentos,
de mão de obra qualificada, para sempre procurar produzir bens de valor agregado mais alto e
lucrar mais com isso.
Veja! Não é distribuição igualitária de renda. Não é todo mundo ganhando a mesma coisa.
Um assistente administrativo não deve ganhar a mesma coisa que um presidente de uma empresa,
mas, de acordo com essa meta, a renda precisa permitir com que aqueles que a recebem tenham
uma vida digna, com acesso a moradia, alimentação e educação de qualidade. Infelizmente,
essa situação não tem sido realidade no Brasil. Segundo a Receita Federal, de 2012 para 2013,
os brasileiros com renda mensal superior a 160 salários mínimos e que corresponde a 0,3% dos
declarantes de IR – concentrou, em 2013, 14% da renda total e 21,7% da riqueza, totalizando
rendimentos de R$ 298 bilhões e patrimônio de R$ 1,2 trilhão. Se adicionarmos a esse grupo
aqueles com renda mensal acima de 80 salários mínimos, chega-se a 208.158 brasileiros (0,8%
dos contribuintes), que respondem, sozinhos, por 30% da riqueza total declarada à Receita.
Crescimento/desenvolvimento
Uma das medidas de crescimento de uma economia é o aumento do PIB, que é o somatório das
riquezas produzidas pelo País. Mas, é fundamental que essa riqueza seja redistribuída entre seus
habitantes, bem como que seja convertida em saúde, educação, segurança, mobilidade urbana.
Quando isso ocorre, diz-se que o país se desenvolveu. Em 2015, entretanto, o Brasil perdeu uma
posição no ranking que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países e ficou
em 75º lugar em 2014, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre 188
países, sendo superado pelo Sri Lanka.
A busca pelo atingimento dessas metas não é tarefa fácil, envolve, como foi dito no início desta
aula, a utilização de recursos que são finitos e cuja dinâmica ajuda a definir a Economia segundo
Paul A. Samuelson, por exemplo, que diz
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CONCEITO DE ECONOMIA • AULA 1
E segundo Rossetti:
Figura 3.
Fonte: <http://apartamento38.com/dieta-da-maca/>.
Pode-se, ainda, dizer, tranquilamente, que quando nas Sagradas Escrituras Deus, ao expulsar
Adão do paraíso, disse que ele viveria do suor do seu rosto, estava definido o início da Economia,
pois para não morrer de fome, o homem teve de aprender a usar os recursos a seu favor: produzir,
coletar, caçar, gerar trabalho, enfim, transformar os bens da natureza para a sua utilidade,
transformar os recursos disponíveis em riqueza.
E, para equalizar metas, desejos e escassez, a economia formula três questões fundamentais:
o que e quanto, como e para quem produzir, o que não é tarefa das mais fáceis, uma vez que
diferentes variáveis têm impactado as decisões de empresas e da sociedade em geral.
A ciência econômica tem início formalmente em 1776, quando Adam Smith publica, na Inglaterra,
A Riqueza das Nações, neste livro o autor defende a ideia da economia de mercado e o governo
apenas para prover educação e segurança pública para os cidadãos.
A Economia já existia há muito tempo. Aristóteles (384-322 a.C.), foi considerado o primeiro
analista econômico, embora na sua época a Economia fosse considerada como a ciência da
administração da comunidade doméstica.
A palavra economia vem do grego (oikonomia, de oikos = casa, nomos = lei). Tratava-se, pois,
de um ramo do conhecimento destinado a abranger apenas o campo da atividade econômica,
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AULA 1 • CONCEITO DE ECONOMIA
em suas mais simples funções de produção e distribuição. Como a teria definido Aristóteles, a
Economia era “a ciência do abastecimento, que trata da arte da aquisição”.
Esse grande salto, porém, não seria definitivo, pois só no século XVIII é que a Economia iria
desenvolver-se e ingressar em sua fase científica. Naquele século, considerado como a Idade
da Razão ou a Época do Iluminismo, os pensadores econômicos procurariam reformular os
princípios fundamentais da Economia. Duas importantes obras foram publicadas, em 1758 e
1776: Tableau Économique, de François Quesnay, e An lnquiry into the Nature and Causes of
the Wedth of Nations, de Adam Smith. A partir das obras desses dois autores – fundadores de
duas importantes escolas econômicas na França e na Inglaterra –, os pensadores econômicos
iriam dedicar-se à descoberta e análise dos princípios, das teorias e das leis que pudessem ser
estabelecidas em cada um dos três grandes compartimentos da atividade econômica: formação,
distribuição e consumo das riquezas.
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CONCEITO DE ECONOMIA • AULA 1
Na transição dos séculos XIX-XX, uma nova linha conceitual seria proposta por Alfred Marshall,
ilustre professor de Economia em Cambridge, responsável pela chamada síntese neoclássica.
Em seu Principies of Economics, editado em 1890, Marshall centrou sua atenção na constatação de
que o processo econômico visa atender às aspirações humanas e à satisfação de suas necessidades
materiais. Deslocou, assim, para conceitos mais abrangentes, como os de riqueza e bem-estar
social, as questões cruciais da economia. Os pontos fundamentais dessa abordagem estabelecem
que a economia é o estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários
da vida. Mas diz respeito, principalmente, aos motivos que afetam, de modo intenso e constante,
a condução do homem no trato com as questões que interferem em sua riqueza e nas condições
materiais do seu bem-estar.
O despertar dos povos subdesenvolvidos – vale dizer, pela conscientização dos contrastes entre
a opulência e a miséria, fez com que a Economia passasse a ser considerada, na mais simples
das suas definições, como a ciência da escassez.
Definições de Economia
Richard H. Leftwich
A Economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem
suas necessidades de bens e serviços escassos. Assim, embora nem sempre seja
fácil a demarcação das fronteiras que separam a Economia de outras disciplinas
ou campos do conhecimento social, há atualmente concordância geral em relação
ao seu conteúdo principal. Ao se ocupar das condições gerais do bem-estar, o
estudo da Economia inclui a organização social que implica distribuição de
recursos escassos entre necessidades humanas alternativas e uso desses recursos
com a finalidade de satisfazê-las a nível ótimo.
Raymond Barre
A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das
sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento
humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão
existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade
econômica.
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AULA 1 • CONCEITO DE ECONOMIA
»» Macroeconomia.
»» Economia Internacional.
A Teoria Econômica
»» Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão
utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente.
»» Para quem produzir: a sociedade terá também que decidir como seus membros
participarão da distribuição dos resultados de sua produção (demanda, oferta,
determinação de salários, das rendas das terras, dos juros etc.).
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CONCEITO DE ECONOMIA • AULA 1
Sintetizando
»» A Economia trata da questão da escassez e dos problemas dela decorrentes, formulando questões como: O quê? Para quem
produzir? Como produzir?
»» São metas da Economia: alto nível de emprego, nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda e
crescimento/desenvolvimento.
»» A ciência econômica tem início formalmente em 1776, quando Adam Smith publica, na Inglaterra, A Riqueza das Nações,
nesse livro o autor defende a ideia da economia de mercado e o governo apenas para prover educação e segurança pública
para os cidadãos.
»» A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo:
Microeconomia ou Teoria da Formação de Preços, Macroeconomia, Economia Internacional e Desenvolvimento e
Crescimento Econômico.
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SISTEMAS ECONÔMICOS
AULA
2
Introdução
Nesta nossa segunda aula abordaremos os sistemas econômicos. Sejam eles capitalistas, com
a maximização dos lucros, propriedade privada e concorrência; sejam eles socialistas com a
planificação estatal como ponto fundamental, todos os sistemas possuem estoque de recursos,
unidades de produção e instituições que operam fluxos reais e monetários. Além disso, contam
com agentes de mercado, ou seja, ofertantes e demandantes, os quais podem operar na forma
de concorrência perfeita ou imperfeita. Mas, com terra chegando cada vez mais cedo no cheque
especial, cada vez mais a lógica capitalista precisa de adaptações visando à sustentabilidade
desta e das futuras gerações. Boa leitura!
Objetivos
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SISTEMAS ECONÔMICOS • AULA 2
A busca pela melhor solução dos problemas centrais da Economia ocorre em sistemas econômicos,
os quais podem ser definidos como a forma política, social e econômica pela qual está organizada
uma sociedade. É composto por pessoas, instituições e envolve a produção, distribuição e
consumo de bens e serviços em uma economia.
Os sistemas econômicos possuem dois tipos de circulação. A primeira, que envolve a circulação
dos fatores de produção em troca de bens e serviços (fluxo real). Já a segunda traz a circulação
de fatores de produção e bens e serviços em troca de moeda (fluxo monetário). O Fluxo Real
descreve o processo produtivo no sistema econômico, em que as famílias fornecem recursos
produtivos às empresas, que, por sua vez, transformam em bens e serviços, que serão consumidos
pelas famílias. Já o Fluxo Monetário descreve o processo de geração de renda, pois as famílias
são remuneradas ao fornecerem recursos produtivos às empresas. Com a renda obtida, pagam
pelos bens e serviços consumidos.
Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de mercado
que não tenha interferência do governo e não tenha transações com exterior (economia fechada).
Demanda Oferta
Famílias Empresas
Oferta Demanda
Fonte: <unipvirtual.com.br>.
17
AULA 2 • SISTEMAS ECONÔMICOS
No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada
para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços.
Famílias Empresas
Fonte: <unipvirtual.com.br>.
Evolução Histórica
Figura 7.
Fonte: <https://www.timetoast.com/timelines/sistemas-economicos-de-produccion-7825e96e-49a6-48ac-b488-
11222e460f1a>.
Os sistemas econômicos evoluíram junto com a história da humanidade. Começaram a partir dos
sistemas primitivos, a Tradição e a Autoridade, onde havia um caráter hereditário das ocupações e
inexistia um sistema monetário. Posteriormente, tradição e autoridade se fundiram e resultaram
no Feudalismo, que se dividiu em duas fases.
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SISTEMAS ECONÔMICOS • AULA 2
Figura 8.
Fonte: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/compreendendo-mudanca-sociedade-feudal.htm>.
O fim do Feudalismo foi marcado, também, por reformas religiosas, técnicas e científicas.
Houve a valorização do progresso técnico e os Estados Nacionais se sedimentaram. Teve início
um novo sistema, o Mercantilismo e, com ele, o engrandecimento do poder central, o Estado,
o qual comandava todas as áreas, tanto da colônia quanto da metrópole. Seu poder era tão
grande que gerou uma aversão ao controle. Em função disso, em 1776 houve uma mudança de
pensamento. De um lado, na Inglaterra, Adam Smith lançou seu livro A Riqueza das Nações, e,
com ele, o Capitalismo e a ciência econômica, e de outro, os Estados Unidos, proclamaram a
sua independência.
Figura 9.
Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=54YDa4JwoYY>.
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AULA 2 • SISTEMAS ECONÔMICOS
O fato é que nos tornamos herdeiros de um impasse civilizatório: como desfrutar da vida e, ao
mesmo tempo, viver dentro dos limites do planeta? As tecnologias, as máquinas, os computadores,
o conhecimento científico, são úteis no processo de descoberta de alternativas, mas não são
capazes de “cuidar” do planeta, da natureza e dos seres humanos.
Satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades. Esse é o conceito da sustentabilidade.
A grande questão é que o universo da sustentabilidade engloba questões econômicas, políticas,
sociais e culturais, além de um ambiente equilibrado que seja capaz de vencer a desigualdade
social, trazendo melhores condições de vida para a geração presente e seus descendentes, com
valores pautados na ética e no respeito ao próximo.
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SISTEMAS ECONÔMICOS • AULA 2
»» Sustentabilidade ecológica: o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos
sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem
de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras
para uma adequada proteção ambiental;
Sachs, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000.
Outra visão aborda que a sustentabilidade não pode ser reduzida apenas a uma dimensão social
ou ambiental e, sim, é resultado de uma visão integrada de várias dimensões. A partir dessa visão,
ganha destaque a chamada gestão ecocêntrica, que olha na direção de um novo modelo focando
nas relações humanas entre si e com o ambiente, independentemente dos limites temporais ou
espaciais, diferentemente da visão tradicional que objetiva a maximização dos lucros. O quadro
a seguir mostra as diferenças entre os dois modelos de gestão:
21
AULA 2 • SISTEMAS ECONÔMICOS
No contexto atual, se, por um lado, a inovação é considerada um processo irreversível pelo grau
de conhecimento técnico-científico alcançado pela humanidade, por outro, o apreço desmedido
pelo consumo de “novidades”, um comportamento típico do homem contemporâneo, está se
transformando em uma doença cada vez mais comum entre os indivíduos de nosso tempo – a
oneomania (ou compulsão pelo consumo).
22
SISTEMAS ECONÔMICOS • AULA 2
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio
de Janeiro em junho de 1992 (a Rio 92) foi o grande marco para o desenvolvimento sustentável
e na qual foi concebida a Agenda 21, um plano de ação mundial para orientar a transformação
desenvolvimentista, identificando, em 40 capítulos, 115 áreas de ação prioritária.
Dentre alguns dos focos discriminados na Agenda 21, pode-se destacar: cooperação internacional,
combate à pobreza, mudança dos padrões de consumo, habitação adequada, integração entre meio
ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões, proteção da atmosfera, abordagem integrada
do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres, combate ao desflorestamento, manejo
de ecossistemas frágeis, luta contra a desertificação e a seca, promoção do desenvolvimento
rural e agrícola sustentável, conservação da diversidade biológica, manejo ambientalmente
saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos, fortalecimento do papel
das organizações não governamentais, fortalecimento do papel dos agricultores, transferência
de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional, a ciência
para o desenvolvimento sustentável, promoção do ensino, da conscientização e do treinamento.
»» ODS3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as
idades;
»» ODS7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos;
23
AULA 2 • SISTEMAS ECONÔMICOS
»» ODS13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos;*
*Reconhecendo que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(CQNUMC) é o principal fórum internacional e intergovernamental para negociar a
resposta global à mudança do clima.
»» ODS14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos
para o desenvolvimento sustentável;
Encontrar respostas para essas questões se faz urgente, o futuro da sociedade contemporânea
depende cada vez mais da capacidade de fazer a ética da responsabilidade triunfar sobre os
comportamentos irresponsáveis, mas, para isso, é preciso a consciência de que tais comportamentos
não irão desaparecer sozinhos, por terem sido inscritos na lógica social de nosso tempo.
Será preciso conceber um processo de alfabetização ecológica, disposição para rever hábitos de
consumo e, acima de tudo, comprometimento para desenvolver uma ética de cuidado com o
planeta no qual vivemos e única garantia de nossa permanência no mundo.
24
SISTEMAS ECONÔMICOS • AULA 2
Nesse ponto torna-se importante pontuar algumas informações essenciais sobre o consumo
consciente. A humanidade já consome 30% mais de recursos naturais do que a capacidade de
renovação da terra, segundo informações publicadas na página do Ministério do Meio Ambiente,
se o padrão atual de consumo e produção for mantido, em menos de 50 anos precisaremos de
dois planetas para atender às necessidades de água, energia e alimentos.
Esse é um dado crítico, principalmente se observamos que até mesmo no caso dos países mais
desenvolvidos, como os EUA (cuja cultura influencia o modo de ser, pensar e sentir de muitos
brasileiros), a banalização do consumo, resultante do encorajamento para que as pessoas
consumam mais do que necessitam, tem sido questionada em função dos diversos efeitos
negativos que vão desde a obesidade infantil até o estresse familiar, quando o responsável pelo
sustento da família é obrigado a negar aos apelos consumistas de um dos membros, gerando
frustração que, não raro, deixa um rastro de brigas, conflitos e desentendimentos que minam a
solidariedade e os afetos dos envolvidos na disputa.
“Fala-se muito em sonho de consumo. Estamos imersos numa cultura consumista, com a promessa
de que, quanto mais compras eu fizer e mais coisas eu tiver, mais feliz serei” (TRIGUEIRO, 2012,
p. 27). Em termos globais, o consumo não consciente consiste no consumo acima da capacidade
de renovação dos recursos naturais, na compra por impulso e desprovida da reflexão sobre o ato
da compra, do uso ou descarte de produtos ou serviços.
Segundo Trigueiro (2012), não se trata simplesmente de dizer para as pessoas que parem de
comprar, pois é sabido que o consumo faz parte da vida (consumir água, energia, alimentos,
roupa, lazer e cultura), mas de promover uma reflexão sobre as consequências do consumo.
Repensar o que realmente é importante e priorizar as coisas importantes. Em outras palavras,
o discurso do consumo consciente tem por objetivo promover a reflexão e conscientização,
sobre os impactos que o consumo terá sobre a sociedade, o meio ambiente e sobre o próprio
consumidor.
25
AULA 2 • SISTEMAS ECONÔMICOS
Sintetizando
»» Nesta aula, foram apresentadas as principais características de Sistemas Econômicos, que passaram pelo Feudalismo,
Mercantilismo, Socialismo e Capitalismo. Esses sistemas, independentemente de questões sociopolíticas possuem
conjuntos de instituições e agentes que operam trocando entre si terra, capital e trabalho e moeda.
»» Os elementos básicos de um sistema econômico são: estoques de recursos produtivos ou fatores de produção, complexo
de unidades de produção e conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais.
»» Os sistemas econômicos possuem dois tipos de circulação. A primeira, que envolve a circulação dos fatores de produção
em troca de bens e serviços (fluxo real). Já a segunda, traz a circulação de fatores de produção e bens e serviços em troca de
moeda (fluxo monetário).
»» A chamada gestão ecocêntrica, que olha na direção de um novo modelo focando nas relações humanas entre si e com
o ambiente, independentemente dos limites temporais ou espaciais, diferentemente da visão tradicional que objetiva a
maximização dos lucros.
26
SISTEMAS ECONÔMICOS • AULA 2
MICROECONOMIA
AULA
3
Introdução
Objetivos
27
AULA 3 • MICROECONOMIA
O que é Microeconomia?
»» Papel dos preços relativos: são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços dos
bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.
28
MICROECONOMIA • AULA 3
»» Localização da empresa.
Em relação à política econômica, pode contribuir na análise e tomada de decisões das seguintes
questões:
»» Política de subsídios.
»» Controle de preços
»» Política salarial.
Os estudos microeconômicos visam atingir o equilíbrio geral que leva em conta as inter-relações
entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento, independente de cada
agente econômico, conduz todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na
realidade, interdependentes.
29
AULA 3 • MICROECONOMIA
Demanda de Mercado
Conforme foi descrito anteriormente, a demanda ou procura pode ser definida como a quantidade
de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período
de tempo.
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: renda, gostos,
preços dos bens ou serviços afins, expectativas de consumidores e número de compradores.
A relação preço/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de procura,
conforme apresentada a seguir:
Tabela 1.
3,00 8.000
6,00 4.000
8,00 3.000
10,00 2.000
A curva da demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito
substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demandada
será provocada por esses dois efeitos somados:
»» Efeito substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que
satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o consumidor passa adquirir
o bem substituto, reduzindo, assim, sua demanda. Exemplo: Fósforo.
10
6
Preço
0
2000 3000 4000 8000 12000
Quantidade
30
MICROECONOMIA • AULA 3
A procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existem outras variáveis
que também afetam a procura. Quando há um aumento da renda, o consumidor tende a
substituir suas compras por outros produtos de maior valor agregado. Por exemplo, diminuirá
o consumo de carne de segunda, e aumentará o consumo da carne de primeira. Influencia
também a demanda se o consumidor possui uma renda permanente, como aposentadorias
ou, também, quando há variações nas taxas de juros. Quando essas caem, o dinheiro fica mais
barato e logo há um acesso maior ao crédito. Há, também, a questão dos bens relacionados.
Esses podem ser substitutos ou complementares. No caso dos substitutos, temos, por exemplo,
as frutas. Quando o preço da maçã sobe, tendemos a comprar outras frutas que estejam mais
baratas. Bens complementares são aqueles em que um depende do outro. Por exemplo, se o
preço do cartucho de determinado tipo de impressora aumentar, a tendência será diminuir a
aquisição desse tipo de equipamento.
Oferta de Mercado
A oferta consiste nas várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em
determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários
fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção,
das preferências do empresário e da tecnologia.
Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação direta entre a
quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de preços, quais
seriam as quantidades ofertadas a cada preço:
Tabela 2.
1,00 2.000
3,00 3.000
6,00 4.000
8,00 8.000
10,00 12.000
31
AULA 3 • MICROECONOMIA
10
Preço
6
0
1000 3000 4000 11000 13000
Quantidade
Equilíbrio de Mercado
Quantidade
Preço Situação de Mercado
Procurada Ofertada
1,00 12 1 Excesso de procura (escassez de oferta)
10
8
Preço
0
1000 3000 4000 11000 13000
Quantidade
Como se observa na tabela, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X, quando o preço
é igual a 6,00 unidades monetárias.
32
MICROECONOMIA • AULA 3
Estruturas de mercado
Foram estudadas anteriormente quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e serviços,
e como são determinados os preços, supondo sem interferências, o mercado automaticamente
encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura específica de
mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.
Fonte: <http://empreendedorx.com.br/brasil-e-empreendedorismo/analisar-redes-sociais-da-concorrencia.>.
É um tipo de mercado em que há grande número de vendedores (empresas), de tal sorte uma
empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de oferta do mercado e,
consequentemente, o preço de equilíbrio.
Nesse tipo de mercado ainda existem as seguintes características: não existe diferenciação entre
os produtos ofertados pelas empresas concorrentes, não existem barreiras para o ingresso de
empresas no mercado e todas as informações sobre lucros e preços são conhecidas por todos
os participantes do mercado.
Concorrência Imperfeita
Figura 14.
Fonte: <http://www.doctorfit.com.br/noticias/capitulo-2-santa-concorrencia>.
33
AULA 3 • MICROECONOMIA
Ocorre quando um dos agentes (ofertante ou demandante) tem o poder de determinar o preço
de um bem. Nesse caso, diz-se que esse agente possui o poder de mercado. Existem quatro tipos
diferentes de concorrência imperfeita. Do lado da oferta há o monopólio e o oligopólio. Do lado
da demanda o monopsônio e o oligopsônio.
Monopólio
Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a entrada
de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condições: monopólio
puro, elevado volume de capital, patente e controle de matérias-primas básicas, existem, ainda,
os monopólios institucionais ou estatais em setores considerados estratégicos ou de segurança
nacional (petróleo, energia, comunicação).
Oligopólio
O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros exemplos:
montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria farmacêutica etc.
Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas
por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de produtores dentro de um
setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem.
Monopsônio
Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores
dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em determinada cidade do interior
e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas,
tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra.
Oligopsônio
É um mercado em que existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos
vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que
34
MICROECONOMIA • AULA 3
adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística,
além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de
autopeças.
3. Quanto ao controle das Não há possibilidade de As empresas têm grande Embora dificultado pela
empresas sobre os preços manobras pelas empresas poder para manter preços interdependência entre as
relativamente elevados empresas, estas tendem a
formar cartéis
Sintetizando
»» Nesta aula, foram apresentadas as principais questões referentes aos mercados, seus agentes e sistemas de operação.
Foi demonstrado que em um mercado livre, ou seja, sem interferência dos governos, os consumidores decidem o que
será produzido. Quando há alguma mudança nas preferências dos consumidores, os produtores precisam alocar os
recursos para oferecer aquilo que os consumidores desejam e podem comprar. Essa situação é oposta aos mercados em
concorrência imperfeita em que um dos agentes determina o comportamento de uma imensa maioria, a qual tem de se
adaptar às diretrizes estabelecidas por esses agentes dominantes.
»» A Microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem preços relativos entre os
produtos e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos quais dispõem determinados indivíduos organizados
numa sociedade.
»» Existem dois tipos de concorrência. O primeiro é a concorrência perfeita, em que nenhum dos agentes tem o chamado
poder de mercado ou poder de determinar o preço. Já na concorrência imperfeita, um grupo pequeno, de ofertantes ou
demandantes, determina o valor a ser pago, constituindo uma relação desigual.
35
MACROECONOMIA
AULA
4
Introdução
Nesta aula será estudada a Macroeconomia, que considera, para a formulação das políticas
econômicas o comportamento da economia em seu conjunto. A unidade de referência é o todo e
não suas partes individualizadas.Também serão estudados alguns indicadores macroeconômicos
que permitem avaliar o desempenho totalizado da economia, os quais auxiliam os governos para
encontrar as causas e os mecanismos corretivos das grandes flutuações conjunturais, os altos e
baixos da economia como um todo. Boas leituras!
Objetivos
»» As diferenças entre Renda Nacional, Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto.
36
MACROECONOMIA • AULA 4
O que é Macroeconomia?
Estuda a realidade econômica de forma global. Ela se preocupa com a relação entre os agentes
econômicos e o funcionamento da economia em seu conjunto. Procura obter uma visão
simplificada da economia, utilizando um número reduzido de variáveis, como: produto agregado;
demanda agregada; consumo; emprego; investimento; nível geral de preços; equilíbrio geral;
crescimento econômico etc.
Oferta Agregada
Consiste na quantidade total de bens e serviços que as empresas de um país estão dispostas a
produzir e a vender num dado período. É dependente do nível de preços, da capacidade produtiva
e dos custos a suportar pela economia.
A Oferta Agregada representa o que as empresas, no seu conjunto, estão dispostas a produzir e a
vender para cada nível geral de preços, assumindo como constantes todas as restantes variáveis
1 Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda.
37
AULA 4 • MACROECONOMIA
Demanda Agregada
A Demanda Agregada corresponde à totalidade da despesa desejada pelo conjunto dos agentes
econômicos (famílias, empresas, Estado e exterior) para um determinado nível de preços,
mantendo-se constantes outros fatores, tais como a política orçamentária, a oferta de moeda, a
disponibilidade de capital, entre outras, e tem quatro componentes:
»» Consumo: consiste nas despesas de consumo das famílias, o qual é determinado, além
dos preços, pelo rendimento disponível, pelas tendências demográficas e pela riqueza
acumulada;
»» Gastos do Governo (ou despesa pública): referem-se às despesas realizadas pelo Estado
com a aquisição de bens e serviços, sendo determinada diretamente por este, constituindo,
por isso, um importante instrumento de política econômica;
Política econômica
A esta altura na nossa trajetória, você deve estar se perguntando como, então, o governo faz
tudo funcionar, como ele atua na prática, como ele faz uma imensa engrenagem como o nosso
Brasil de magnitude continental funcionar. Essas ações governamentais, planejadas no sentido
de garantir estabilidade, eficiência, crescimento e desenvolvimento recebem o nome de política
econômica, que é executada pelo próprio governo e pelo Banco Central.
38
MACROECONOMIA • AULA 4
recursos orçamentários para apoiar uma ação, que deve ser minuciosamente estudada para que
os recursos sejam aplicados de forma eficiente e eficaz.
»» Estabilidade de preços;
»» Eficiência;
»» Crescimento econômico.
Para que essas metas sejam atingidas, o governo adota alguns instrumentos de políticas
econômicas, as quais têm como última função a de estabilizar/controlar os grandes agregados
macroeconômicos. A política econômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade
produtiva (oferta agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir
que a economia opere em pleno emprego, com baixa taxa de inflação e uma distribuição justa
de renda. Dentro dessa função do setor público, os principais agregados econômicos são: taxa
de juros, crescimento econômico, nível de preços, taxa de desemprego e taxa de câmbio.
Assim, para que esses objetivos do setor público sejam alcançados de forma eficaz, o governo
utiliza-se de um conjunto de políticas e instrumentos econômicos destacados a seguir.
Política monetária
A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. Determinar
a quantidade de moeda (dinheiro) na economia é função do Conselho Monetário Nacional
(CMN), com participação do Banco Central do Brasil (Bacen). Ao determinar a quantidade de
dinheiro, tem-se a formação da taxa de juros, ou seja, a taxa de juro pode ser simplificadamente
interpretada como o preço do dinheiro.
O que é moeda?
Deparamo-nos todos os dias com questões que envolvem moedas. Para iniciarmos o nosso
estudo sobre moeda, vamos voltar um pouco na história por meio do Texto apresentado no livro
Moeda, de onde veio para onde foi (GALBRAITH, 1997, p. 5).
39
AULA 4 • MACROECONOMIA
De acordo com o Dicionário de Economia, a moeda é um signo de valor. A mais antiga representação
do dinheiro, muitas vezes empregada como sinônimo. (SANDRONI, 1999)
Uma moeda corrente, ou dinheiro, pode ser qualquer coisa em que as pessoas confiam e que
utilizam como meio de realizar comércio ou trocas. (SPARROWE, 2003, p. 61)
De acordo com Sparrowe (2003) as primeiras moedas padronizadas podem ter sido pequenos
pedaços de eletro, um liga natural de ouro ou prata utilizada na Lídia, atual Turquia, em 600
a.C. O rei da Lídia garantia a uniformidade dos pedaços por meio da autorização da impressão
de um desenho de cada um. Como vimos no texto anterior, ao longo da história, muitos outros
meios foram utilizados.
Para entender melhor o que é moeda, você conhecerá os tipos de moedas existentes, de acordo
com Sandroni (1999).
»» Moeda-chave. moeda utilizada como padrão para o cálculo de paridade entre duas
moedas. Em lugar de se calcular diretamente a cotação de uma moeda em relação a
outra, faz-se a conversão das duas em uma terceira, a moeda-chave.
Ex.: Nas transações comerciais internacionais costuma-se utilizar o dólar como moeda-
chave.
»» Moeda conversível. moeda que, de acordo com os termos de sua emissão e durante
a vigência do padrão-ouro ou do padrão-cambio ouro, podia ser convertida, numa
determinada cotação fixa, em ouro monetário ou em moedas fortes.
»» Moeda de boa lei (Bona Monetas). esta expressão admite dois sentidos: 1) quando o
toque e o peso de uma moeda corresponde àquele que a lei lhe determina; 2) quando
tem credibilidade no mercado.
Ex.: a abertura de uma conta corrente por meio de determinado depósito em dinheiro
permite a qualquer pessoa movimentar esse fundo depositado no banco, utilizando,
por exemplo, o cheque.
40
MACROECONOMIA • AULA 4
»» Moeda estrangeira: moeda de outro país, que pode ou não ser cotada em relação à
moeda corrente na tabela de câmbio que regula as transações internacionais.
Ex.: O poder de compra das moedas estrangeiras é expresso pela taxa cambial, fixa ou
livre, que tende a refletir a efetiva relação de troca existente entre as distintas moedas
de diferentes países.
Ex.: Entre as moedas fortes mais utilizadas até a década de 1970 destacam-se o dólar
norte-americano, a libra esterlina e o marco alemão, que ainda mantêm relativa
paridade com o padrão câmbio ouro e servem de referência nas cotações cambiai
em todo o mundo.
»» Moeda fraca: aquela que circula com dificuldade no mercado internacional ou nem
mesmo é aceita como meio de pagamento em operações de comércio exterior.
Ex.: Nesse caso, incluem-se praticamente todas as moedas dos países subdesenvolvidos.
Ex.: qualquer moeda forte (iene japonês, marco alemão etc.) pode ser utilizada em
pagamentos internacionais, devido a sua procura nas casas de câmbio e a sua relativa
estabilidade.
Além desses tipos de moedas, uma ferramenta muito utilizada nos dias atuais para as trocas
comerciais é o plástico, na forma de cartões de crédito e cartões para transações em caixas eletrônicos.
Segundo Sparrowe (2003), graças a uma complexa rede de comunicações computadorizada, ou
seja, a informatização, uma pessoa de Chicago de férias no Rio de Janeiro, no Brasil, pode acessar
suas contas bancárias e, em segundos, receber dinheiro em moeda local, utilizando a taxa de
conversão apropriada.
»» Unidade de conta: a moeda serve para comparar o valor de mercadorias diversas (os
diversos bens e serviços são expressos em quantidade de moeda, por meio dos preços).
Além disso, a moeda resolve o problema de se somar coisas distintas, embora os preços
de diferentes produtos e mercadorias guardem entre si relação. Um quilo de café
corresponde, por exemplo, a quatro quilos de gasolina.
41
AULA 4 • MACROECONOMIA
»» Meio de troca: significa que a compra e venda de bens e serviços opera-se com a utilização
de moeda. São comprados por moeda e vendidos em troca de moeda, mesmo sem
necessidade de transferência física de meio circulante. Entende-se que a moeda serve
como meio de troca, aceitação, obrigatória num país ou região.
»» Reserva de valor: um indivíduo que recebe moeda por alguma transação que tenha
realizado, ou até mesmo, como prêmio, não precisa gastá-la imediatamente. Pode
guardá-la para uso posterior. Isso significa que ela serve como reserva de valor. Para
que se cumpra seu papel, é necessário que tenha valor estável, de forma que quem a
possua tenha ideia precisa do quanto pode obter em troca.
Verifica-se, pelo exposto, que os tipos e funções da moeda são de grande importância para a
atividade econômica. Sem elas não existiria a troca de bens e serviços. Como estamos tratando
de serviços, temos que atentar aos serviços públicos. De que forma está sendo utilizada a moeda
nos serviços públicos?
A lógica da política monetária consiste em controlar a oferta de moeda (liquidez) para determinar
a taxa de juros de referência do mercado. Nesse sentido, o Banco Central, seja qual for o país, eleva
a taxa de juros, enxugando (diminuindo) a oferta monetária, e a reduz, atuando de forma inversa.
»» Precaução: procura de moeda por parte da sociedade para fazer frente a eventuais
compromissos não previstos.
»» Especulação, que se verifica quando o agente econômico fica esperando uma oportunidade
de aplicação interessante. Enquanto essa oportunidade não se verifica, o agente fica
“posicionado” em moeda.
42
MACROECONOMIA • AULA 4
»» Taxas de juros, pois caso essas aumentem, mais moeda será investida em busca dos juros.
»» Inflação, pois, à medida que os preços aumentam, a necessidade de moeda para transação
também aumenta em termos nominais.
b. Política monetária expansiva: é formada por aquelas medidas que tendem a acelerar
o crescimento da quantidade de dinheiro e a baratear os empréstimos (baixar as taxas
de juros).
As operações de mercado aberto são caracterizadas pela compra e venda de títulos públicos
do Bacen no mercado. Esses títulos podem ser de emissão própria ou, em geral, do Tesouro.
Quando, por exemplo, o Banco Central vende título no mercado, recebe o pagamento em Reais
e está ofertando um ativo menos líquido (títulos) e retirando do mercado um ativo mais líquido
(moeda). Essa operação, realizada em grande escala, tem como finalidade diminuir a oferta
monetária e, consequentemente, aumentar a taxa de juros e, com isso, controlar o nível de preços.
Depósito compulsório
São depósitos sob a forma de reservas bancárias que cada banco comercial é obrigado legalmente
a manter junto ao Banco Central. É calculado como um percentual sobre os depósitos à vista
nos bancos
Comerciais. Quanto maiores os depósitos compulsórios, maior o nível de reservas obrigatórias dos
bancos junto ao Banco Central. Os recursos destinados aos empréstimos sofrem uma diminuição
e provocam, com isso, a criação de moeda bancária (valores depositados nos bancos). A taxa de
juros sofre um aumento, sendo o inverso também verdadeiro. Para diminuir a liquidez do sistema
financeiro, o Banco Central eleva a taxa de compulsório. Com menos recurso para emprestar dos
bancos comerciais, o crescimento da economia como um todo é afetado.
43
AULA 4 • MACROECONOMIA
Redesconto bancário
Um instrumento não muito convencional, mas, às vezes, utilizado pelo Banco Central, refere-se
ao controle direto sobre o crédito. Este pode estar relacionado ao volume de crédito, ao prazo
e destinação do crédito. Esse instrumento pode gerar distorções no livre funcionamento do
mercado de crédito.
Política fiscal
A política fiscal pode ser dividida em duas grandes partes: a política tributária e a política de
gastos públicos. Quando o governo aumenta os gastos, diz-se que a política fiscal é expansionista;
caso contrário, tem-se uma política fiscal contracionista. A política fiscal será expansionista
ou contracionista, dependendo do que o governo está pretendendo atingir com a política
de gastos. No outro lado da política fiscal, o governo pode atuar sobre o sistema tributário
de forma a alterar as despesas do setor privado (entre bens, entre consumo e investimento
etc.), a incentivar determinados segmentos produtivos, e assim por diante. A conjugação de
despesas e receitas conduz ao conceito do déficit público. Os principais instrumentos da
política fiscal são:
44
MACROECONOMIA • AULA 4
Imposto (receita)
»» Impostos diretos: incidem diretamente sobre a renda das unidades familiares e das
empresas. Ex.: Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF); Imposto de Renda Pessoa
Jurídica (IRPJ).
»» Subsídios: são pagamentos feitos pelo governo a algumas empresas públicas ou privadas.
Pode-se dizer que a política fiscal apresenta maior eficácia quando o objetivo é uma melhoria
na distribuição de renda, tanto na taxação às rendas mais altas como pelo aumento dos gastos
do governo com destinação a setores menos favorecidos. A política monetária é mais difusa na
questão distributiva.
Uma vantagem frequentemente apontada da política monetária sobre a fiscal é que a primeira
pode ser implantada logo após a sua aprovação, dado que depende apenas de decisões diretas
das autoridades monetárias, enquanto a implementação de políticas fiscais depende de votação
do Congresso, o que aumenta a defasagem entre a tomada de decisão e a implementação das
medidas fiscais.
Além disso, por exemplo, se há mão de obra ociosa, uma redução de impostos, pode contribuir
mais rapidamente para a diminuição do desemprego. Também é possível controlar mais
rapidamente a inflação, pois quando há excesso de demanda na economia (demanda maior que
oferta), essa mesma demanda pode ser contraída com redução de gastos públicos e/ou aumento
45
AULA 4 • MACROECONOMIA
da carga tributária, a qual contribuiria indiretamente para diminuir o consumo, via redução da
renda disponível.
Política cambial
A determinação da taxa de câmbio, que é a medida de conversão de uma moeda em outra moeda
(no caso brasileiro, a taxa de câmbio tem como referência o valor do dólar norte-americano) e
pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, por meio de decisão de autoridades econômicas
com fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou pelo funcionamento do mercado,
em que as taxas flutuam automaticamente, em decorrência das pressões de oferta e demanda
por divisas estrangeiras (taxas flutuantes).
A oferta de divisas é realizada tanto pelos exportadores, que recebem moeda estrangeira
em contrapartida de suas vendas, como pela entrada de capitais financeiros internacionais.
Como as divisas não podem ser utilizadas internamente, precisam ser convertidas em moeda
nacional. Isso é feito pelo Banco Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior
a quantia em divisas – dólar, por exemplo, retendo-as em seus cofres, e paga ao exportador
nacional em moeda nacional, em reais, a importância correspondente.
Uma taxa elevada de câmbio significa que o preço da divisa estrangeira está alto, ou que a moeda
nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização cambial indica que houve
aumento da taxa de câmbio – maior número de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua
vez, valorização cambial significa moeda nacional mais forte, isto é, paga-se menos reais por
dólar, por exemplo, tem-se queda na taxa de câmbio.
As taxas de câmbio estão intimamente relacionadas com os preços dos produtos exportados e
importadas e, consequentemente, com o resultado da balança comercial do país. Se a taxa de
câmbio se encontrar em patamares elevados, estimulará as exportações, pois os exportadores
passaram a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportação; em
consequência, haverá maior oferta de divisas.
Por exemplo: Suponhamos uma taxa de câmbio de 0,90 real por dólar, e que o exportador
vendia 1.000 unidades de seu produto a 50 dólares cada. Seu faturamento era de 50.000 dólares
ou 45.000 reais. Se o câmbio for desvalorizado em 10%, a taxa de câmbio subirá para 0,99 real
por dólar e, vendendo as mesmas 1.000 unidades, receberá os mesmos 50.000 dólares, só que
valendo, agora, 49.500 reais. Isso estimulará o exportador a vender mais, aumentando a oferta
de divisas.
46
MACROECONOMIA • AULA 4
Do lado das importações, a situação se inverte, pois se o preço dos produtos importados se eleva,
em moeda nacional, haverá desestímulo às importações e, consequentemente, uma queda na
demanda de divisas.
O governo pode atuar por meio da política cambial ou da política comercial. A política cambial
diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política comercial constitui-se de
mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços.
São as políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia.
A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, por meio
do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio.
O mercado de câmbio (divisas) é formado pelos diversos agentes econômicos que compram e
vendem moeda estrangeira conforme suas necessidades. Empresas que vendem mercadorias ou
ações no exterior estão aumentando a oferta de moeda estrangeira, em particular o dólar, pois
sua receita ocorre em moeda estrangeira. Empresas que compram bens ou ações no exterior
estão demandando moeda estrangeira, pois seus gastos ocorrem em dólares. Nesse sentido, o
preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional é determinado nesse mercado. Esse
preço é chamado de taxa de câmbio (R$/US$).
Se o câmbio estiver em R$ 2,50, significa que são necessários R$ 2,50 reais para comprar um
dólar. Se este subir para R$ 3,00 por dólar, ocorreu uma desvalorização da moeda local (real) em
relação à moeda estrangeira (dólar). O preço da moeda estrangeira elevou-se.
Assim, se o preço sobe devido a um aumento da demanda por dólar, dizemos que ocorreu uma
desvalorização do real frente ao dólar. Precisa-se de mais reais para comprar a mesma quantidade
de dólares.
Cabe explicar que as relações econômicas, comerciais e financeiras dos agentes de determinado
sistema econômico, como os agentes de outro sistema econômico (normalmente país), são
registradas na Balança de Pagamentos. Eventuais déficits no Balanço de Pagamentos são
47
AULA 4 • MACROECONOMIA
decorrentes do fato de a entrada de divisas (dólares) ser inferior à saída de divisas. Esse fato é
resultado de dois desequilíbrios. O primeiro é que se importam bens e serviços menos do que
se consegue exportar, resultando em uma saída de divisas maior do que a entrada. O segundo
desequilíbrio é causado pelo lado financeiro, onde não se consegue atrair recursos (dólares) em
quantidade suficiente para pagar as contas em dólar.
Finalizando, lembre-se de que os objetivos das políticas econômicas são, muitas vezes, conflitantes.
Por exemplo, muitas vezes para controlar a inflação, aumenta-se a taxa de juros, o que retira moeda
de circulação. O problema é que, com juros mais elevados, muitos investidores podem preferir
aplicar o dinheiro num banco a iniciar um empreendimento que gere empregos. Entretanto, é
importante considerar que os objetivos são independentes, mas as políticas econômicas têm
como grande desafio manter todos os objetivos sob controle.
As diferentes políticas econômicas têm impactos diretos sobre preços, desemprego e inflação.
Preços
No nosso dia a dia deparamos a todo o momento com situações que envolvem preço. Qual o
preço desse carro? Qual preço desse sapato? Quanto custa o quilo de pão? E assim por diante.
Nós sabemos que existe um preço que pagamos em moeda (que estudamos no item anterior).
Mas como conceituar preço e como é definido o preço?
Você deve estar se perguntando: mas que decisões são essas que influenciam os preços?
São inúmeras dentro do sistema econômico com um todo. E, para facilitar o nosso aprendizado,
listamos a seguir, de acordo com Sandroni (2002, p. 487-488), algumas funções e decisões que
são necessárias para o controle de preços na economia.
Outro tipo de decisão influenciada pelos preços diz respeito à distribuição dos recursos ou
fatores entre os produtores. Se o preço de determinado produto é elevado, os empresários obtêm
48
MACROECONOMIA • AULA 4
bom lucro, podem remunerar melhor os fatores de produção que utilizam e atraem para seu
empreendimento fatores e recursos de outros setores.
E não podia faltar: a atuação dos órgãos governamentais sobre a fixação dos preços também é
indireta. Normalmente, contribuem para o aumento da oferta de determinado bem por meio de
importação, provocando a baixa do preço. Ou, então, restringem essa oferta mediante estocagem
ou exportação, favorecendo a alta dos preços. Mas durante as guerras e outros períodos de crise,
o Estado intervém diretamente: a distribuição dos bens escassos entre os consumidores deixa
de ser feita de acordo com as regras econômicas, obedecendo a outras determinações.
Inflação
»» Inflação de custos: liga-se a uma inflação tipicamente de oferta. Tem suas causas nas
condições de oferta de bens e serviços na economia. O nível da demanda permanece o
mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam, levando à retração da
oferta e provocando aumento dos preços de mercado.
49
AULA 4 • MACROECONOMIA
Desemprego
A taxa de desemprego é a porcentagem da força de trabalho que está fora de atividade. Essa
taxa é calculada por meio da divisão do número de pessoas desempregadas pela total da força
de trabalho.
A proporção parece simples, mas envolve diversas questões sutis. Em primeiro lugar, a taxa de
desemprego não mede a porcentagem da população total que não estiver trabalhando, mas,
sim, da força de trabalho (população economicamente ativa) que se encontra fora de atividade.
Quem faz parte desse grupo? Obviamente, todas as pessoas que trabalham integram a força de
trabalho – mas apenas alguns dos que estão desempregados são considerados integrantes da
força de trabalho.
Mas esse sistema de medição da taxa de desemprego é preciso? O fato de não incluir os profissionais
que não procuram emprego de maneira efetiva não constitui urna falha. Muitas pessoas que
não estão em busca de um trabalho (donas de casa, idosos e estudantes, por exemplo) tornaram
a decisão de se dedicar às tarefas domésticas, de se aposentar ou de se ocupar apenas com os
estudos.
No entanto, há pessoas não incluídas na estatística que não trabalham nem procuram emprego,
mas aceitariam trabalhar se tivessem oportunidade. São profissionais desestimulados, que
procuraram trabalho no ano anterior, mas desistiram da busca por achar que ninguém lhes
oferecerá emprego. Essas pessoas não são contabilizadas na taxa oficial de desemprego, embora
tenham condições de trabalhar e possam ter passado muito tempo à procura de trabalho.
50
MACROECONOMIA • AULA 4
Plano Cruzado
»» substituição do cruzeiro pelo cruzado como nova moeda do sistema monetário brasileiro,
1 cruzado equivalendo a 1.000 cruzeiros;
»» conversão geral, por prazo indefinido, dos preços finais dos produtos, ao nível vigente
em 27 de fevereiro (exceto as tarifas industriais de energia elétrica);
»» conversão dos salários com base na média do seu poder de compra nos seis meses
anteriores, e mais um acréscimo de 8% para os salários em geral e de 16% para o;
51
AULA 4 • MACROECONOMIA
Nos primeiros meses, o plano teve aparente sucesso, com controle da inflação e crescimento
econômico.
O grande apoio da população deu origem aos “fiscais do Sarney”. O congelamento transformou-
se, assim, no elemento do Plano Cruzado de maior apelo popular, o que levaria o governo a
sustentá-lo ao máximo, a qualquer custo, sobretudo por se tratar de ano eleitoral.
Houve uma explosão de consumo, reprimido durante os anos anteriores, provocada pelo aumento
do poder de compra dos salários, além de uma grande “despoupança”.
Após as eleições estaduais, foi decretada outra ampla reforma econômica: o Cruzado.
Plano Bresser
No mês de junho de 1987, o novo ministro lançou o Plano de Estabilização Econômica, mais
conhecido como Plano Bresser, um pacote híbrido, com elementos ortodoxos e heterodoxos,
assemelhando-se ao Cruzado em alguns aspectos, mas procurando evitar os erros já
cometidos.
A meta principal do plano era controlar a inflação e evitar uma hiperinflação. Para tanto, o
governo tomou as seguintes medidas:
»» o gatilho foi extinto, reduziu-se os gastos do governo e as taxas de juros reais foram
mantidas elevadas;
No início, o plano atingiu alguns de seus objetivos, baixando a inflação e o déficit público e
expandindo os saldos comerciais, o que possibilitou o fim da moratória da dívida externa.
Com o passar do tempo, outros problemas começaram a surgir: o plano perdeu credibilidade
junto à opinião pública, os desequilíbrios dos preços relativos e superávits comerciais causaram
pressões inflacionárias, os juros altos inibiram o investimento e a reforma tributária que fazia
parte do plano foi barrada por restrições de ordem política.
52
MACROECONOMIA • AULA 4
Seu objetivo era cortar o déficit operacional de 8% para 4% e reter a inflação ao redor dos 15%
ao mês. Dentre as medidas tomadas destacam-se a suspensão temporária dos reajustes do
funcionalismo público e o adiantamento dos aumentos de preços administrados.
Tal política foi malsucedida e, em julho de 1988, a inflação já ultrapassava 24% e os preços
públicos foram reajustados. Emitia-se moeda para cobrir os superávits da balança comercial e
a nova constituição dificultava a pretendida redução dos gastos públicos.
Plano Verão
O fracasso dessa nova tentativa levou o governo a decretar um novo plano econômico: o Plano
Verão. Em 15 de janeiro de 1989 foi anunciado o Plano Verão, outro plano misto. Foi introduzida
uma nova moeda (Cruzado Novo), equivalente a mil cruzados e o dólar foi cotado a NCz$1,00
após uma desvalorização da moeda nacional.
Em setembro de 1989, o governo suspendeu o pagamento dos juros da dívida externa, em razão
da deterioração do saldo comercial.
Seu objetivo primário era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro crônico. Combinaram-se
condições políticas, históricas e econômicas para permitir que o Governo brasileiro lançasse,
ainda no final de 1993, as bases de um programa de longo prazo. Organizado em etapas, o plano
resultaria no fim de quase três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda
pelo Real, a partir de 1º de julho de 1994.
»» Ajuste fiscal: combinando aumento de impostos e cortes nos gastos públicos, o governo
procurou reduzir o desequilíbrio entre a arrecadação e os gastos públicos.
53
AULA 4 • MACROECONOMIA
de preços. A principal ação para reverter esse quadro foi a adoção da Unidade Real
de Valor (URV), como forma de eliminar a memória inflacionária. A URV era definida
diariamente por meio de cálculo usando como base uma média diária de inflação por
meio de uma cesta de índices inflacionários.
Num primeiro momento, o plano obteve resultados muito positivos, com controle da inflação
e aumento da taxa de investimentos na economia. A crise de hiperinflação foi de fato debelada,
embora uma persistente inflação residual tenha se mantido: a inflação acumulada no Brasil nos
11 primeiros anos do plano atingiu 165%, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas (Fipe), pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
No entanto, embora a desindexação da economia tenha obtido êxito, o ajuste fiscal (fundamental
para corrigir o desequilíbrio nas contas do governo e assegurar o controle da inflação no longo
prazo) foi bastante limitado.
Nos anos seguintes, o governo manteve o controle da inflação tendo como principal instrumento
de política econômica a “âncora cambial”, que funcionava por meio do sistema de bandas
cambiais, aliada a uma política de abertura econômica. A manutenção de tal política levou a um
crescente desequilíbrio fiscal, a ponto de se obter déficit primário em 1998.
Tal deterioração das contas do governo foi acompanhada por um grande crescimento da dívida
pública, alavancada pela alta taxa de juros básicos utilizados pelo governo como forma de atração
de capital estrangeiro.
Não há dúvidas quanto ao sucesso do Plano Real em relação ao controle da inflação. O País
deixou de vivenciar taxas de inflação de quatro dígitos ao ano para conviver com taxas de um
dígito ao ano. Segundo o IPC-Fipe, de uma inflação de 2.490,99% em 1993, chegou-se à deflação
em 1998, e à inflação de 8,64%, em 1999. Os benefícios da queda da inflação foram inúmeros.
O desaparecimento do imposto inflacionário, que incidia de forma mais vigorosa sobre os
mais pobres, possibilitou melhoria da renda das camadas menos favorecidas no momento da
estabilização. Além disso, a queda da inflação possibilitou aos agentes econômicos planejarem
54
MACROECONOMIA • AULA 4
suas contas com mais precisão e segurança, permitindo uma alocação mais racional da renda,
facilitando o planejamento de compras a prazo.
Por outro lado, ao conter a inflação, diversas mazelas da economia brasileira foram expostas.
Diversos instrumentos e soluções propostas estão alinhados com o chamado modelo econômico
neoliberal, que prega a desestatização da economia, a abertura comercial e financeira, a
flexibilização das regras no mercado de trabalho e a busca de austeridade fiscal. A reforma da
previdência, tributária, trabalhista e o controle dos gastos públicos, que, segundo esse modelo,
são a solução para elas, não foram implantadas ou, no caso da previdência, foram implantadas
apenas parcialmente. Por tais conterem medidas que, num primeiro momento, prejudicam
alguns setores da sociedade, ainda são objeto de discussão política.
O mecanismo da URV foi o grande responsável pela desindexação da economia e pelo fim da
memória inflacionária. Algumas medidas fiscais adotadas desde 1993, como o Fundo Social de
Emergência, deram fôlego fiscal para implantação do Plano Real. Do outro lado, a utilização de
elevadas taxas de juros foi causando a elevação da dívida interna, comprometendo a situação
fiscal nos anos seguintes. O câmbio valorizado e a abertura comercial foram os responsáveis pelo
controle da inflação após a implantação do plano, na medida em que colocaram os produtos
nacionais em concorrência direta com os produtos importados.
O pilar básico do plano foi a valorização artificial da taxa de câmbio, via utilização de elevadas
taxas reais de juros, que vinham sendo praticadas desde 1993. A partir desse momento, buscou-se
o incremento das reservas internacionais de forma a criar um amortecedor para futuras pressões
no câmbio. A forte entrada de recursos no País, notadamente de natureza especulativa, garantiu
o crescimento das reservas e possibilitou a adoção do câmbio valorizado. Entretanto, apesar de
exercer papel importante na queda da inflação, essa política foi responsável pela ocorrência de
diversos problemas na economia.
Além disso, promoveu-se uma forte abertura comercial, baseada na queda das barreiras tarifárias
e não tarifárias do País. Muitas dessas barreiras foram diminuídas a patamares previstos nos
acordos brasileiros para vários anos mais tarde. Em muitos outros casos, o País baixou suas
barreiras a produtos de certos países sem exigir reciprocidade. No caso dos produtos primários,
isso é notório até os dias de hoje, quando ainda sofremos com diversas medidas protecionistas,
disfarçadas de medidas antidumping ou de barreiras não tarifárias como normas sanitárias.
É claro que a abertura comercial é bem-vinda, à medida que proporciona aumento da concorrência
e, consequentemente, melhoria dos produtos e queda nos preços. O que se critica em relação
ao Plano Real é a velocidade e a magnitude do processo de abertura, além da aceitação passiva
do governo das medidas protecionistas de países desenvolvidos contra os produtos brasileiros.
Combinada com a valorização cambial, isso permitiu a entrada maciça de produtos importados
que, por sua vez, acabaram por conquistar fatia importante do mercado interno. Muitas indústrias
sofreram sérias dificuldades, o que ocasionou inúmeras falências e milhares de demissões.
55
AULA 4 • MACROECONOMIA
Essa política levou à ampliação significativa do déficit externo brasileiro, fazendo com que o
governo utilizasse as maiores taxas de juros reais da história do Brasil, a fim de atrair capitais
para financiar esse déficit. Como já vinha acontecendo antes do plano, as taxas de juros foram
responsáveis pela atração de recursos externos que financiassem a expansão do déficit, além
de funcionar como poderoso instrumento de manutenção do câmbio valorizado. Há que se
lembrar de que a elevada taxa de juros tornou-se maior ainda nos momentos de crise que o País
experimentou nos últimos anos.
Durante a vigência do Plano Real, o País sofreu várias crises econômicas como a crise mexicana
(1994), asiática (1997), russa (1998), a desvalorização cambial de 1999 e a crise argentina (2001).
Há de se ressaltar que a economia brasileira sofreu essas crises não apenas pelo impacto externo na
economia, mas, principalmente, pela extrema vulnerabilidade nas contas externas e das finanças
públicas após a adoção do câmbio supervalorizado e do brutal aumento da dívida pública.
Com isso, em fins de 1998, dada a extrema vulnerabilidade das contas externas e a percepção
do mercado de que era impossível sustentar por mais tempo o câmbio sobrevalorizado, o
Brasil foi obrigado a pegar o maior empréstimo da história do Fundo Monetário Internacional
(FMI), no valor de US$ 40 bilhões. Esses recursos foram utilizados pelo governo para saldar as
dívidas dos investidores externos que estavam aplicados no Brasil, especialmente nos títulos da
dívida pública atrelados à taxa de juros Selic, que chegou ao auge de 45% ao ano nesse período.
Em janeiro de 1999 ocorreu a desvalorização do Real frente ao Dólar. O fato de o governo ter
tomado essa medida após as eleições presidenciais em que o presidente Fernando Henrique
Cardoso, do PSDB, derrotou o candidato Lula, do PT, no primeiro turno, é entendido por muitos
como manobra política.
Outro fator que ajudou a financiar o déficit externo foi a ampliação da entrada de investimentos
diretos estrangeiros no País após a adoção do Plano Real. É claro que os benefícios disso são
muitos, como a modernização do parque produtivo, a geração de empregos e renda e ampliação
da concorrência. Por outro lado, existem diversos problemas como a desnacionalização, o
crescimento da remessa de lucros e importações e o fato de que muitas dessas empresas
não contribuem para o crescimento das exportações. Ao contrário, por atuarem no setor de
serviços ou para não concorrerem consigo mesmas em outros países, trabalham somente no
mercado interno.
A utilização de juros elevados resultou em alguns problemas que até hoje o governo luta para
resolver. O primeiro foi a explosão da dívida interna desde a implantação do Plano Real e,
consequentemente, da despesa com juros. O segundo foi o fraco crescimento econômico
apresentado pela economia nos últimos anos e, em consequência disso, o substancial aumento
do desemprego.
56
MACROECONOMIA • AULA 4
Ciclos econômicos
Os ciclos da economia afetam de maneira bastante regular tanto as elevações de preço quanto a
quantidade de empregos disponíveis, mas os efeitos sobre o padrão de vida das pessoas, a renda
e o poder de compra são mais difíceis de prever.
Por que alguns acontecimentos ocorrem em série? Qual a relação entre desemprego e inflação?
Por que os ciclos econômicos funcionam dessa maneira? Qual o efeito das atividades do governo
sobre o ciclo econômico e sobre o desemprego e a inflação? Quem é prejudicado com o aumento
do desemprego e da inflação? E quem se beneficia com essa situação? A Macroeconomia procura
responder a essas perguntas.
O movimento caracterizado pela elevação do PIB real seguida de uma queda é chamado de ciclo
econômico e costuma se repetir – mas não pode ser considerado regular. Historicamente, a
duração dos ciclos econômicos e a taxa de ascensão e queda do PIE real variam bastante.
O crescimento da economia em longo prazo depende do aumento dos recursos produtivos, como
a terra, o capital e a mão de obra, além dos avanços tecnológicos. As mudanças tecnológicas
aumentam a produtividade dos recursos, de modo que a produção aumenta ainda que a quantidade
de recursos permaneça a mesma. Nos últimos anos, é grande a preocupação com a taxa de
crescimento da produtividade americana e seus efeitos sobre o potencial de crescimento em
longo prazo da economia do País. Se uma economia cresce com o tempo, por que os economistas
se preocupam com os ciclos econômicos? Na verdade, eles tentam compreender as causas dos
fenômenos de modo que possam suavizar ou, mesmo, evitar a recessão e seus efeitos negativos
no padrão de vida das pessoas.
Indicadores principais
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AULA 4 • MACROECONOMIA
»» Solicitações de seguro-desemprego.
»» Taxa de juros.
»» Oferta de dinheiro.
»» Expectativas do consumidor.
Indicadores simultâneos
»» Produção industrial.
»» Renda individual.
»» Produção e vendas.
Indicadores posteriores
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MACROECONOMIA • AULA 4
Já Romero (2002, p. 27), fazendo uma analogia com os dedos das mãos, os indicadores econômicos
(IEs) representam essencialmente dados e/ou informações sinalizadoras ou apostadoras do
comportamento (individual ou integrado) das diferentes variáveis e fenômenos componentes
de um sistema econômico de um país, região ou estado.
A última definição apresentada, ou seja, a analogia proposta com os dedos da mão por Romero
(2002) nos ilustra com brilhantismo o que representam os indicadores.
De acordo com Romero (2002), os índices econômicos podem ser classificados em cinco
subconjuntos de variáveis macroeconômicas relevantes:
»» Nível de atividade.
»» Preços.
»» Setor externo.
»» Agregados monetários.
»» Setor público.
Vamos adiante! Você conhecerá os indicadores de cada variável macroeconômica que estudaremos
nesta aula.
Produto interno Bruto (PIB) é o valor monetário total dos bens e serviços finais produzidos
por uma economia em determinado período e cuja produção ocorre exclusivamente dentro
das fronteiras geográficas do País, não interessando a origem de propriedade dos fatores de
produção. (CURADO, 2008)
O PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em
metodologia recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de minucioso
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AULA 4 • MACROECONOMIA
Produção Industrial: este indicador revela a variação mensal da produção física da indústria
brasileira, obtida a partir da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), realizada
pelo IBGE desde o início dos anos de 1970. Serve como indicador preliminar da evolução do PIB
industrial. (ROMERO, 2002)
A palavra desemprego é assustadora para maioria das pessoas. Quando há desemprego, algo
não vai bem. Os indicadores servem de parâmetros para analisar a economia.
Figura 15.
Fonte: <http://www.istoe.com.br/reportagens/14228_QUAL+O+SEU+INDICE+DE+FELICIDADE>.
60
MACROECONOMIA • AULA 4
Indicadores de preços
De acordo com Romero (2002), os índices de preços mais importantes do País são aqueles
produzidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pelo IBGE e pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe-USP).
Índice Geral de Preços: disponibilidade Interna (IGP-DI): é obtido a partir de uma média do
Índice de Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e Índice Nacional de
Custo da Construção (INCC), com ponderações 6 (seis), 3 (três) e 1 (um) respectivamente.
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): este índice reflete as variações dos preços dos bens
e serviços consumidos por famílias com renda mensal urbana entre um e 40 salários mínimos,
independentemente da fonte.
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC): este índice capta a evolução de uma cesta de
produtos consumidos por famílias com rendimento entre um e oito salários mínimos, provenientes
exclusivamente do trabalho assalariado urbano.
Setor Externo
Exportações: valor das vendas e outras remessas de bens e serviços de propriedade para o
exterior, realizadas por agentes econômicos residentes do País, a preços de embarque, excluindo
o pagamento de fretes, seguros, impostos e taxas.
Dívida externa: valor total de débitos do País, contratados com residentes no exterior e garantidos
pelo governo, decorrentes de empréstimos e financiamentos, com prazo de vencimento superior
a um ano.
61
AULA 4 • MACROECONOMIA
Agregados Monetários
Juros Over/Selic: taxa de juros média (em %) praticada pelo Banco Central para a rolagem dos
títulos da dívida pública por um dia. Apesar de terem sido concebidos para propiciar a gestão da
liquidez do sistema econômico, os papéis do governo sempre representaram ativos de primeira
linha, indicando o piso da rentabilidade do mercado financeiro, devido à sua pronta liquidez e
à plena garantia de recompra.
Setor Público
Dívida líquida: somatório do endividamento dos governos federal (inclusive Banco Central),
estadual e municipal e por suas empresas junto ao sistema financeiro (público e privado), ao
setor privado não financeiro e ao resto do mundo, descontados os valores correspondentes aos
créditos do governo. Ao contrário do ocorrido em outros países, no Brasil o conceito inclui a base
monetária, por contemplar os ativos e passivos financeiros do Banco Central.
Outro índice bem conhecido, e que vimos sempre passar nos noticiários, é o índice de
desenvolvimento humano (IDH). É um dos principais índices capazes de determinar com
precisão os estágios de desenvolvimento humano e de condições de vida é o IDH. Trata-se de
um indicador do nível de atendimento, em dada sociedade, das necessidades humanas básicas.
(ROMERO, 2002).
Figura 16.
Fonte: <http://obviousmag.org/amarse/2015/-estamos-incessantemente-procurando-essa.html>.
62
MACROECONOMIA • AULA 4
“A Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto”. Com estas
palavras, o rei do Butão, então com 17 anos, estabeleceu as bases para a criação de um conceito
que passou a ser adotado pelas Nações Unidas e que vem ganhando força no Brasil, Canadá,
Butão, Tailândia, Japão, Reino Unido, EUA e França.
O FIB é baseado na premissa de que o objetivo principal der uma sociedade não deveria ser
somente o crescimento econômico, mas a integração do desenvolvimento material com o
psicológico, o cultural e o espiritual sempre em harmonia com a terra.
Figura 17.
Fonte: <http://www.istoe.com.br/reportagens/14228_QUAL+O+SEU+INDICE+DE+FELICIDADE>.
63
AULA 4 • MACROECONOMIA
Figura 18.
Fonte: <http://www.istoe.com.br/reportagens/14228_QUAL+O+SEU+INDICE+DE+FELICIDADE>.
Para finalizar esta nossa aula, vale lembrar que a felicidade e o desenvolvimento sempre serão
resultado de um trabalho conjunto. Um estado é composto por pessoas, que usufruem de seus
benefícios, mas que também constroem ou destroem a partir de seus votos, a partir de ações
que, mesmo parecendo pequenas, podem fazer toda a diferença. Portanto, reflita também: além
64
MACROECONOMIA • AULA 4
de ser feliz, você está contribuindo para a felicidade daqueles que o cercam? É o somatório de
pequenas ações, de pequenos gestos que faz uma nação grande, faz uma nação ser feliz, ou você
já se esqueceu dos japoneses na Copa do Mundo com seus sacos azuis recolhendo seu lixo?
Enquanto isso, o “amanhã” pode ser melhor, se trabalharmos para isso.
Figura 19. Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, após o viradão de 36 horas da sua inauguração.
Fonte: <http://www.brasilpost.com.br/2015/12/21/lixo-museu-do-amanha_n_8853082.html>.
Sintetizando
»» A Macroeconomia preocupa-se com o conjunto de decisões de todos os agentes econômicos, que se refletirá em maior
ou menor produção e nível de emprego. Inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, nível de emprego global, crescimento
econômico são objetos da análise macroeconômica. Estuda, também, as decisões tomadas pelo formulador de política
econômica do país.
»» A Oferta Agregada representa o que as empresas, no seu conjunto, estão dispostas a produzir e a vender para cada nível
geral de preços, assumindo como constantes todas as restantes variáveis determinantes da oferta agregada, tais como as
tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos fatores produtivos.
»» A Demanda Agregada corresponde à totalidade da despesa desejada pelo conjunto dos agentes econômicos (famílias,
empresas, Estado e exterior) para determinado nível de preços mantendo-se constantes outros fatores tais como a política
orçamentária, a oferta de moeda, a disponibilidade de capital. A Macroeconomia fornece o embasamento necessário para
as políticas econômicas que são compostas pela política monetária, fiscal e cambial.
65
ECONOMIA INTERNACIONAL
AULA
5
Introdução
Ao abordar a Economia Internacional, esta aula apresenta a justificativa das relações internacionais,
bem como são contabilizadas as transações externas. Serão apresentados os conceitos de
vantagem comparativa e o papel do câmbio para o bom funcionamento das economias. Boa
leitura e bons estudos!
Objetivos
66
ECONOMIA INTERNACIONAL • AULA 5
Vantagens comparativas
O que leva muitos países a comercializarem entre si? Esta é uma questão básica a ser respondida.
Os economistas clássicos fornecem a explicação teórica básica para o comércio internacional
pelo chamado Princípio das Vantagens Comparativas.
O Princípio das Vantagens Comparativas sugere que cada país deva se especializar na produção
daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente
menor). Esta será, portanto, a mercadoria exportada; por outro lado, esse país deverá importar
aqueles bens cuja produção implicar um custo relativamente maior.
Essa teoria parte, então, do princípio de que os países que comercializam entre si aumentam
o nível de bem-estar social. Por bem-estar entende-se a quantidade de produtos colocados à
disposição dos habitantes desses países. Assim, um aumento no nível de bem-estar significa
uma maior quantidade de mercadorias à disposição dos consumidores.
A essência da Teoria das Vantagens Comparativas está relacionada com a produtividade dos
fatores de produção que cada país possui; as suas condições de clima; a disponibilidade de
recursos naturais etc. Do ponto de vista econômico, a produtividade é o mais importante, pois
maior produtividade resulta em custos de produção menores.
É preciso observar que o exemplo hipotético para explicar a Teoria das Vantagens Comparativas é
extremamente simples, não correspondendo à realidade. Um país não se especializa totalmente
na produção de um único bem e nem produz e consome apenas dois bens, mas uma infinidade
deles. O exemplo, apesar de simples busca transmitir a essência dessa teoria, que se aplica
ao conjunto de todos os países que participam do comércio internacional e aos bens por eles
produzidos, quando desejam aumentar o bem-estar de sua população num curto prazo.
Assim sendo, sabemos que os países se especializam e comercializam de acordo com suas
vantagens comparativas, mas o que lhes confere essa condição? A seguir estão listadas algumas
fontes de vantagens comparativas:
Diferenças de produtividade
Abundância
Os produtos diferem no que se refere aos recursos (ou fatores de produção) necessários para
sua fabricação. Já os países se diferenciam em relação à abundância dos distintos fatores de
67
AULA 5 • ECONOMIA INTERNACIONAL
produção: terra. Mão de obra e capital. Como se conclui, os países têm vantagens na produção
dos itens que usam maiores quantidades do fator de produção mais abundante. Alguns, com
grandes áreas cultiváveis. Contam com uma vantagem comparativa na produção agrícola.
Habilidades
Essa abordagem enfatiza a diferença entre os países no que se refere à disponibilidade de mão
de obra qualificada.
Essa teoria explica como a vantagem comparativa de um produto específico pode mudar de um
país para outro com o passar do tempo. Isso ocorre porque os artigos passam por um ciclo de
vida. Para começar, é preciso investir em desenvolvimento e em testes para definir o conceito
e o design do produto. Por esse motivo, o início da produção é feito por empresas inovadoras.
Com o tempo, porém, o produto bem-sucedido tende a se tornar comum: muitos passam a
fabricá-lo. Assim, o artigo começa a ser produzido por empresas que investiram pouco ou nada
em pesquisa e desenvolvimento, e que apenas copiaram, com sucesso, produtos já inventados
e desenvolvidos. A teoria do ciclo de vida do produto está relacionada à vantagem comparativa
internacional na qual um produto novo é produzido e exportado, em primeiro lugar, pelo país
que o criou.
Ao ser exportado e tornar-se conhecido, empresas estrangeiras passam a copiar sua tecnologia e
a produzir versões concorrentes. À medida que o produto amadurece, a vantagem comparativa
da nação de origem diminui, pois outros países com custos de produção inferiores podem usar
a mesma tecnologia, já disseminada. A trajetória da produção da TV em cores é um exemplo.
O aparelho foi inventado nos Estados Unidos e, por isso, no início, empresas americanas produziam
e exportavam receptores coloridos. Com o tempo, conforme a tecnologia da TV em cores tornou-se
conhecida, Japão e Taiwan passaram a dominar sua produção. As empresas desses países tinham
uma vantagem comparativa em relação aos Estados Unidos na produção de televisões em cores.
Depois que a nova tecnologia se dissemina, países com custos de produção inferiores – por causa
dos salários mais baixos pagos aos trabalhadores – podem concorrer de maneira eficiente com
os países que desenvolveram a novidade, mas nos quais os salários são mais altos.
Preferências
Fatores associados à demanda possam explicar parte dos padrões observados no comércio
internacional. Raramente os artigos gerados por produtores diferentes são idênticos, e talvez os
consumidores prefiram itens produzidos por determinada empresa. As companhias nacionais,
em regra, produzem artigos para satisfazer o mercado doméstico, mas, como a preferência dos
consumidores muda, alguns deles podem preferir itens produzidos por empresas estrangeiras.
68
ECONOMIA INTERNACIONAL • AULA 5
A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, por decisão
de autoridades econômicas com fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou pelo
funcionamento do mercado, em que as taxas flutuam automaticamente, em decorrência das
pressões de oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes).
A oferta de divisas é realizada tanto pelos exportadores, que recebem moeda estrangeira em
contrapartida de suas vendas, como pela entrada de capitais financeiros internacionais. Como
as divisas não podem ser utilizadas internamente, precisam ser convertidas em moeda nacional.
Isso é feito pelo Banco Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior a quantia
em divisas – dólar, por exemplo, retendo-as em seus cofres, e paga, ao exportador nacional em
moeda nacional, em reais, a importância correspondente.
Uma taxa elevada de câmbio significa que o preço da divisa estrangeira está alto, ou que a moeda
nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização cambial indica que houve um
aumento da taxa de câmbio – maior número de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua
vez, valorização cambial significa moeda nacional mais forte, isto é, paga-se menos reais por
dólar, por exemplo, tem-se uma queda na taxa de câmbio.
As taxas de câmbio estão intimamente relacionadas com os preços dos produtos exportados e
importadas e, consequentemente, com o resultado da balança comercial do país. Se a taxa de
câmbio se encontrar em patamares elevados, estimulará as exportações, pois os exportadores
passaram a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportação; em
consequência, haverá maior oferta de divisas.
Por exemplo: Suponhamos uma taxa de câmbio de 0,90 real por dólar, e que o exportador vendia
1.000 unidades de seu produto a 50 dólares cada. Seu faturamento era de 50.000 dólares ou 45.000
reais. Se o câmbio for desvalorizado em 10%%, a taxa de câmbio subirá para 0,99 real por dólar
e, vendendo as mesmas 1.000 unidades, receberá os mesmos 50.000 dólares, só que valendo,
agora, 49.500 reais. Isso estimulará o exportador a vender mais, aumentando a oferta de divisas.
Do lado das importações, a situação se inverte, pois se o preço dos produtos importados se
elevam, em moeda nacional, haverá desestímulo às importações e, consequentemente, queda
na demanda de divisas.
69
AULA 5 • ECONOMIA INTERNACIONAL
Balanço de pagamentos
As transações com o exterior precisam ser contabilizadas. Para isso, existe o Balanço de Pagamentos,
que é o registro estatístico – contábil de todas as transações econômicas realizadas entre os
residentes do país com os residentes dos demais países.
Desse modo, estão registradas no balanço de pagamentos, por exemplo, todas as exportações e
importações do período considerado: os fretes, os seguros, os empréstimos obtidos no exterior
etc., ou seja, todas as transações com mercadorias, serviços e capitais físicos e financeiros entre
o país e o resto do mundo.
»» Balanço de serviços: registram-se todos os serviços pagos/ recebidos pelo Brasil, tais
como fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistência técnica, viagens internacionais.
Cabe uma observação sobre a rubrica Erros e Omissões. É a diferença entre o saldo do balanço
de pagamentos e o financiamento do resultado que surge quando se tenta compatibilizar
70
ECONOMIA INTERNACIONAL • AULA 5
transações físicas e financeiras. A regra internacional é admitir para Erros e Omissões um valor
de, no máximo, 5% da soma das exportações com as importações.
»» Exportações (crédito).
Balanço de Serviço
»» Viagens (turismo);
»» Transportes (fretes).
»» Seguros.
(Resultado Líquido de A + B + C)
»» Amortizações.
Políticas externas
O governo pode atuar por meio da política cambial ou da política comercial. A política cambial
diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política comercial constitui-se de
mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços.
71
AULA 5 • ECONOMIA INTERNACIONAL
São as políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia.
A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, por meio
do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio.
O mercado de câmbio (divisas) é formado pelos diversos agentes econômicos que compram e
vendem moeda estrangeira conforme suas necessidades. Empresas que vendem mercadorias
ou ações no exterior estão aumentando a oferta de moeda estrangeira; em particular, o dólar,
pois sua receita ocorre em moeda estrangeira. Empresas que compram bens ou ações no exterior
estão demandando moeda estrangeira, pois seus gastos ocorrem em dólares. Nesse sentido,
o preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional é determinado nesse mercado.
Esse preço é chamado de taxa de câmbio (R$/US$).
Se o câmbio estiver em R$ 2,50 significa que são necessários R$ 2,50 reais para comprar um dólar.
Se este subir para R$ 3,00 por dólar, ocorreu uma desvalorização da moeda local (real) em relação
à moeda estrangeira (dólar). O preço da moeda estrangeira elevou-se.
Assim, se o preço sobe devido a um aumento da demanda por dólar, dizemos que ocorreu uma
desvalorização do real frente ao dólar. Precisa-se de mais reais para comprar a mesma quantidade
de dólares.
Cabe explicar que as relações econômicas, comerciais e financeiras dos agentes de determinado
sistema econômico, como os agentes de outro sistema econômico (normalmente país), são
registradas na Balança de Pagamentos. Eventuais déficits no Balanço de Pagamentos são
decorrentes do fato de a entrada de divisas (dólares) ser inferior à saída de divisas. Esse fato é
resultado de dois desequilíbrios. O primeiro é que se importam bens e serviços menos do que
se consegue exportar, resultando em uma saída de divisas maior do que a entrada. O segundo
desequilíbrio é causado pelo lado financeiro, em que não se consegue atrair recursos (dólares)
em quantidade suficiente para pagar as contas em dólar.
72
ECONOMIA INTERNACIONAL • AULA 5
O comércio internacional raramente é pautado apenas pela vantagem comparativa e pelas forças
de oferta e demanda do mercado. Com frequência, os governos exercem pressões políticas que,
ao menos em parte, afetam as vantagens comparativas. As políticas governamentais voltadas a
influenciar os fluxos internacionais de comércio recebem o nome de política comercial.
Outro grupo de medidas envolve a busca pela igualdade nas oportunidades de negócios, ou seja,
o “comércio justo”. São utilizadas quando grupos com interesses especiais, às vezes, alegam
concorrer com produtores estrangeiros que contam com vantagens injustas em relação aos
produtores nacionais. O que é justo, porém, muitas vezes, depende de quem vê. As pessoas
que reivindicam igualdade nas oportunidades de negócio (“comércio justo”) sustentam que
os governos devem tomar medidas para compensar a vantagem das empresas estrangeiras.
Uma dessas alegações é que os produtores de outros países podem pagar salários mais baixos.
Um dos perigos de reivindicar “justiça” com base na reciprocidade está no fato de que o comércio
justo pode ser invocado em casos em que, na realidade, não existem restrições estrangeiras a
importações nacionais. Vamos imaginar, por exemplo, que o setor automobilístico americano
queira restringir a entrada de veículos importados para garantir um mercado maior à produção
nacional. Uma estratégia pode ser alegar que as exportações do setor caíram em decorrência da
discriminação aos veículos nacionais, quando, na verdade, a redução das exportações decorreu
de outros fatores. Atribuir o problema às restrições comerciais estrangeiras, no entanto, pode
significar apoio político para restringir a importação de veículos concorrentes.
73
AULA 5 • ECONOMIA INTERNACIONAL
As tarifas impostas sobre o comércio internacional representam uma fonte de receita para os
governos. Os países industrializados, nos quais os impostos sobre os rendimentos são facilmente
recolhidos, raramente impõem tarifas como fonte de receita para o governo. Muitos países em
desenvolvimento, porém, enfrentam dificuldade em tributar e recolher impostos sobre a renda,
enquanto a cobrança de tarifas sobre o comércio é bem mais fácil: basta instalar postos de
alfândega em todos os pontos de entrada e de saída do país. Graças a essa facilidade de controle,
tarifas sobre exportação e importação são comuns nos países em desenvolvimento, que alegam
se tratar de uma fonte de recursos de que não podem prescindir.
Outro argumento conhecido é que setores essenciais para a defesa nacional, como a construção
de navios, devem ser protegidos da concorrência estrangeira. Embora os Estados Unidos não
tenham vantagem comparativa na construção de navios, é preciso manter alguma produção
interna para garantir a produção e o abastecimento em caso de conflitos – numa guerra, por
exemplo, não é possível “importar” navios. Esse é um argumento válido se o setor em questão for
de fato essencial para a defesa do País. Em alguns setores, como o de extração de cobre e outros
minerais, pode fazer mais sentido importar em períodos de paz e armazenar o minério para
utilização em períodos de conflito, pois esses itens não exigem produção doméstica. É preciso
tomar cuidado para que o argumento da defesa nacional não seja usado na proteção de setores
não essenciais para os interesses do país.
Muitas vezes, os países tendem a proteger setores novos com o argumento de que é preciso
garantir seu desenvolvimento: esses setores precisam de tempo para se expandir e atingir a
eficiência necessária, garantindo custos inferiores ou iguais aos dos concorrentes estrangeiros.
Uma alternativa para proteger os setores novos e/ ou críticos com tarifas ou cotas são os subsídios.
Os subsídios permitem às empresas desses setores cobrar preços inferiores e concorrer com
produtores estrangeiros mais eficientes, ao mesmo tempo em que permitem aos consumidores
pagarem preços de padrão mundial em vez de preços mais elevados, associados a tarifas ou cotas
sobre produtos estrangeiros.
Proteger setores incipientes da concorrência internacional pode fazer sentido, mas apenas durante
a fase de desenvolvimento. Assim que chegarem a uma proporção suficiente, as medidas de
proteção devem ser eliminadas a fim de que esses setores possam concorrer com os produtores
estrangeiros. Infelizmente, esse tipo de proteção não costuma ser eliminado porque, quanto maior
e bem-sucedido se tornar o setor, maior seu poder político para manter hegemonia no mercado.
Na realidade, se um setor incipiente tem boas chances de se tornar competitivo e produzir de
maneira lucrativa, depois de estabelecido, o governo não deveria nem sequer oferecer proteção
contra perdas de curto prazo. Empresas novas em geral enfrentam prejuízos que tendem a ser
passageiros caso elas tenham condições de se estabelecer.
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ECONOMIA INTERNACIONAL • AULA 5
A política comercial utiliza diversas ferramentas, como tarifas, cotas, subsídios e barreiras não
tarifárias (como regulamentações associadas à saúde e à segurança) para restringir a entrada de
produtos estrangeiros. Desde 1945, as barreiras comerciais foram reduzidas nos Estados Unidos.
Grande parte do progresso associado ao livre comércio pode ser atribuída ao General Agreement
on Tariffs and Trade, ou GATT, firmado em 1947. Em 1995, foi criada a Organização Mundial do
Comércio (OMC), a fim de incorporar os acordos associados ao GATT e atuar como organização
oficial e permanente de supervisão do comércio mundial. A OMC tem três objetivos: garantir
que o comércio mundial ocorra da maneira mais livre possível, negociar reduções graduais das
restrições comerciais e proporcionar um fórum imparcial para a solução de conflitos. No entanto,
ainda existem restrições ao comércio internacional, tais como:
Tarifas
Cotas
As cotas são limitações às quantidades ou ao valor dos produtos importados e exportados por
um país. As cotas de quantidade restringem a quantidade física de um artigo. Uma cota de valor
limita o valor monetário de um produto a ser comercializado. Em vez de restringir a quantidade
de açúcar autorizada a entrar no país, o governo americano poderia ter limitado o total de dólares
gastos com importação do produto. As cotas são usadas para proteger os produtores internos
da concorrência estrangeira. Ao restringir a quantidade de produtos importados, o resultado é
a elevação do preço e a possibilidade de os produtores internos venderem mais e a preços mais
elevados que em uma situação livre de cotas.
Outras barreiras
As tarifas e as cotas não são as únicas barreiras ao livre fluxo das mercadorias de um país para
outro. Existem mais três fontes adicionais de restrições ao livre comércio: subsídios, compras
do governo e exigências de saúde e de segurança.
Os subsídios são pagamentos que o governo faz aos exportadores. O recurso existe para
estimular as exportações, pois os exportadores conseguem cobrar preços menores. O total
de um subsídio é determinado pelo preço internacional de um produto em relação ao preço
nacional sem que haja comércio. Os consumidores internos se prejudicam com essa prática
75
AULA 5 • ECONOMIA INTERNACIONAL
porque os subsídios são financiados pelos impostos. Do mesmo modo como os subsídios
desviam recursos do mercado nacional para a produção dirigida à exportação, o aumento
da oferta de bens para o mercado externo pode ser associado à redução na oferta de artigos
nacionais, cujo preço tenderia a subir.
Os subsídios podem assumir outras formas além da transferência de dinheiro, como, por
exemplo, a isenção de impostos, a adoção de taxas de juros mais baixas para empréstimos,
seguros a preços reduzidos ou sistemas de pesquisa financiados pelo governo, entre outros.
As compras do governo ocorrem, pois, em alguns países, a legislação exige que o governo
compre de produtores locais. Nos Estados Unidos, uma lei nesse sentido foi aprovada em 1933,
e exige que os organismos do governo comprem produtos e serviços americanos sempre que
os preços internos tiverem uma diferença de até 12% em relação aos preços internacionais.
Esse tipo de política permite que as empresas nacionais cobrem do governo um preço mais
elevado que o cobrado dos consumidores – e os contribuintes bancam a diferença. Mas os
Estados Unidos não são o único país a adotar essa prática: muitas outras nações utilizam
políticas desse tipo para ampliar o mercado dos artigos nacionais.
A seguir, estão relacionadas as principais barreiras não tarifárias listadas pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio:
2. Aplicação do Acordo sobre Têxteis e Vestuário (ATV). Ex.: quotas do Acordo Multifibras;
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ECONOMIA INTERNACIONAL • AULA 5
15. Medidas financeiras. Ex.: criação de sobretaxa para as importações, empalme argentino;
17. Licenças de importação não automáticas. Ex.: produtos sujeitos a anuência prévia de
algum órgão no país importador;
20. Organismo estatal importador único. Ex.: produtos cuja importação é efetuada pelo
Estado, em regime de monopólio;
22. Requisitos relativos às características dos produtos. Ex.: produtos sujeito à avaliação
de conformidade;
24. Requisitos relativos à rotulagem. Ex.: exigências especiais quanto a tipo, tamanho de
letras ou tradução nos rótulos de produtos;
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AULA 5 • ECONOMIA INTERNACIONAL
26. Requisitos relativos a inspeção, ensaios e quarentena. Ex.: produtos sujeitos à inspeção
física e análise nas alfândegas ou a procedimentos de quarentena;
32. Exigências especiais para compras governamentais. Ex.: tratamento favorecido aos
produtos nacionais em concorrências públicas;
33. Exigência de bandeira nacional. Ex.: exigência de uso de navios ou aviões de bandeira
nacional para o transporte das importações.
Sintetizando
»» Ao se estudar os fatores determinantes do comércio internacional, assim como os mecanismos e os motivos para a
restrição da atividade comercial, além das taxas de câmbio, passamos a entender melhor as inter-relações entre as nações
se compreendermos o mundo em que vivemos.
»» O Princípio das Vantagens Comparativas sugere que cada país deva se especializar na produção daquela mercadoria
em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor). Essa será, portanto, a mercadoria
exportada, por outro lado, esse país deverá importar aqueles bens cuja produção implicar custo relativamente maior.
»» A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, por decisão de autoridades
econômicas com fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou pelo funcionamento do mercado, em que as taxas
flutuam automaticamente, em decorrência das pressões de oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes).
»» As transações com o exterior precisam ser contabilizadas. Para isso existe o Balanço de Pagamentos, que é o registro
estatístico – contábil de todas as transações econômicas realizadas entre os residentes do país com os residentes dos
demais países.
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ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
AULA
6
Introdução
Nesta nossa última aula, avançaremos pelo papel do estado, do setor público na construção de
uma economia sólida. Uma trajetória nem sempre tranquila, que passa por falhas de mercado
que precisam ser monitoradas e controladas. É aí que entra o governo, que possui habilidade
e responsabilidade, por meio de medidas que visem ao bem comum, de agir para corrigir
eventuais desvios. Vale lembrar que o setor público é fundamental; que empregos, infraestrutura
e desenvolvimento dependem de uma atuação consistente de um setor público que sempre
deverá buscar atender aos interesses dos cidadãos, equalizando seus desejos ilimitados e recursos
escassos, visando sempre ao bem comum! Boa leitura e bons estudos!
Objetivos
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AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
Mas esta trajetória não se concretizará sem um governo que possua a habilidade e a responsabilidade
de gerar empregos e realizar ações que normalmente não são interessantes para a iniciativa privada.
1. Núcleo estratégico: corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que define as leis e
as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o setor em que as decisões
estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério
Público e, no Poder Executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares
e assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas.
2. Atividades exclusivas: e o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode
realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do Estado – o poder de
regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos
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ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
O setor privado, muitas vezes, é incapaz de conduzir projetos que levem ao desenvolvimento.
Por exemplo, grandes obras de infraestrutura, processo de industrialização (principalmente indústria
de base), serviços de utilidade pública e outros setores ou atividades de interesse social demandam
uma participação ativa do Estado. Além disso, a busca pela manutenção da soberania nacional torna o
Estado o principal agente quando o assunto é estratégia nacional, pois o Estado tem como finalidade
assegurar a vida humana em sociedade, garantindo a ordem interna. O artigo 3º da Constituição
da República Federativa do Brasil, que é um Estado Democrático de Direito, e tem como objetivos
primordiais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, garantindo o desenvolvimento
nacional, define que o Estado deve erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º da Constituição Federal do Brasil).
Figura 20.
Fonte: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/tipos-industrializacao.htm>.
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AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
O processo de industrialização do Brasil foi uma iniciativa estatal, com alguns objetivos que seriam
praticamente impossíveis de serem atingidos pela iniciativa privada. Dentre os objetivos estavam
a substituição de importações, a diversificação das exportações, atingir padrões de excelência
na extração de petróleo, desenvolver fontes alternativas de energia e promover a transferência
de tecnologia avançada.
No âmbito da economia, o Estado tem o papel de regular e promover os meios para que as
necessidades coletivas sejam supridas, garantindo o bem comum. Essa intervenção na economia
passa pelas funções alocativa, distributiva e estabilizadora.
Além desses papéis, a atuação do estado se justifica em função de algumas variáveis, a saber:
»» Aumento da demanda por bens e serviços públicos como lazer, educação, medicina,
seja pelo aumento da renda, seja pelo contrário, quando as famílias em função de
diminuição nos rendimentos, substituem itens antes adquiridos na iniciativa privada
pelos oferecidos pela esfera pública.
»» Mudanças tecnológicas e populacionais que resultam num aumento pela demanda por
infraestrutura, como rodovias, que são realizações basicamente estatais e no caso da
população, o envelhecimento, por exemplo, demandará governos preocupados com as
cidades que precisam ser “amigas dos idosos”.
Figura 21.
Fonte: <http://idososeaposentados.blogspot.com.br/>.
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ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
Essa adequação da previdência social se deve a um processo claro de envelhecimento que está
em curso no Brasil. Enquanto a expectativa de vida aumenta, a taxa de natalidade diminui. Em
2009, o número de nascimentos foi ultrapassado, pela primeira vez, pelo número de pessoas
que ultrapassaram os 60 anos.
Fonte: <http://projetorecicleideias.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html>.
combate ao isolamento e à solidão para pessoas acima 23 milhões de pessoas acima de 60 anos,
Além disso, em tempos de conscientização cada vez maior da importância de uma atuação
ambientalmente sustentada, o governo precisa estar atento às externalidades, que podem ser
positivas ou negativas. Uma externalidade é um efeito social, econômico e ambiental causado
indiretamente pela produção ou venda de produtos ou serviços.
»» Poluição gerada por empresas, pois embora ninguém seja dono de rios ou do ar, a
população como um todo é afetada de maneira negativa. Um exemplo trágico de 2015 é
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AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
o rompimento da barragem em Mariana, que além das mortes, resultou na morte do Rio
Doce, cujas consequências negativas são ainda desconhecidas, bem como há dúvidas
se será possível recuperar, de alguma forma, as áreas degradadas.
»» Lixo descartado erradamente, gera aumento dos custos de limpeza por parte das
companhias de limpeza urbana, além de se tornar foco de vetores que disseminam
doenças e podem causar alagamentos pela obstrução de bueiros em dias de fortes chuvas
No caso de ser positiva a ação de uma pessoa ou agente provoca um impacto benéfico para
a sociedade e, a exemplo da negativa, tudo isso ocorre sem pagamento por esse impacto ou
necessidade de compensação. Alguns exemplos de externalidades positivas:
»» Estudar também gera externalidades positivas, mesmo que o estudante opte por uma
faculdade particular. Isso porque, além dos ganhos individuais (a cada ano adicional de
estudo, o trabalhador adquire ganhos extras na remuneração), a sociedade como um
todo ganha, pois aumentos de escolaridade resultam em diminuição da desigualdade
de renda, resultando num valor social maior que o privado.
Vale lembrar que em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, o governo exerce
papel fundamental no sentido de fomentar o desenvolvimento a partir de políticas que visem ao
nacional, ao bem comum. É essa uma das funções primordiais de um governo. Pensar no país como
um bem comum, com incansável busca pela igualdade de oportunidades para seus cidadãos, que
resultem em alicerces positivos para um desenvolvimento para a geração atual e seus descendentes.
Fonte: <http://www.vidadeturista.com/artigos/reveillon-em-copacabana-2017.html>.
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ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
Defesa nacional, show de fogos de artifício, policiamento, internet sem fio e sem senha, praças,
rios. O que todos esses bens têm em comum? O fato de serem públicos, ou seja, não são nem
excludentes nem rivais e não podemos controlar quem os usa.
Claro que se desmembrarmos a denominação, “bem” é tudo o que traz satisfação ou utilidade,
dotada de valor econômico, que pode ser material ou imaterial e, principalmente, pode ser
apropriada e tornar-se patrimônio de quem o adquiriu. E voltando a nossa primeira aula,
normalmente, a busca por mais e mais bens, resultado de nossos desejos ilimitados, é o principal
problema da Economia, seja a que opera no ambiente privado, seja no setor público.
Bom, antes de prosseguirmos, por que não uma parada para refletir em tempos de crise sobre
o quão importante é utilizar ao invés de apenas comprar e possuir, o quão importante é poupar
para momentos mais difíceis. Por exemplo, no momento em que se muda o conceito do “ter”
para o “usar” estamos falando de economia compartilhada, que vem movimentando milhões
de dólares ao ano, com pessoas que trocam aulas de inglês por aulas de pintura, que emprestam
dinheiro a juros menores, que doam roupas que não usam mais e também pedalam pelos quatro
cantos mediante pagamentos de pequenas taxas, sem ser preciso adquirir uma nova bicicleta,
uma visão cada vez mais necessária se quisermos um futuro para nós e nossos filhos.
Mas e quando todos podem usar um bem que não foi produzido em função de um mercado
competitivo e não podem ser restritos, ou seja, não podem beneficiar somente um grupo
ou compradores que dispõe de recursos financeiros? Aqui estamos falando dos chamados
bens públicos.
Os bens públicos englobam educação, justiça, segurança, transporte, mas não apenas, pois todas
as coisas que pertencem às entidades estatais, autárquicas e também todos os bens particulares
que estejam relacionados à prestação de serviços públicos, mesmo que de posse de empresas
privadas, são considerados bens públicos.
Como vantagem tem-se que quando uma pessoa usa esse bem, isso não interfere na possibilidade
de outro indivíduo utilizar esse mesmo bem. Por outro lado, não se controla quem pode utilizar
ou utilizou esse bem, não sendo possível cobrar pela sua utilização.
»» os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
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AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
Os bens públicos seguem três classificações. A primeira delas é quanto à titularidade. Neste caso,
podem ser federais, estaduais, distritais e municipais:
»» Federais: são aqueles pertencentes à União. Aqui estão incluídos a segurança nacional,
a proteção à economia do País, o interesse público nacional. Também entram nessa
denominação as terras devolutas necessárias à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, os lagos e rios, as ilhas oceânicas, fluviais, o mar territorial, os
terrenos de marinha, os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva, os recursos potenciais de energia hidráulica, os recursos minerais, vias federais
de comunicação, a preservação do meio ambiente, as cavidades naturais subterrâneas
e os sítios arqueológicos e pré-históricos, além das terras tradicionalmente ocupadas
pelos índios.
»» Municipais: são os bens que pertencem aos municípios como as ruas, as praças, os
jardins públicos e os edifícios públicos.
Também a questão da destinação é outro critério de classificação dos bens públicos. Como foi
visto anteriormente, neste caso são considerados três níveis de classificação:
»» Bens de uso comum do povo: bens de uso geral, que podem ser utilizados livremente
por todos os indivíduos. Ex.: praças, praias, parques etc.
»» Bens de uso especial: são aqueles nos quais são prestados serviços públicos, tais como
hospitais públicos, escolas e aeroportos.
»» Bens dominicais: são bens públicos que não possuem destinação definida, como prédios
públicos desativados e não utilizados pelo Poder Público.
»» Bens indisponíveis por natureza: são bens que não podem ser alienados pelo Poder
Público, dada a sua natureza não patrimonial. Os bens de uso comum do povo se
encaixam, em geral, nessa categoria.
»» Bens patrimoniais indisponíveis: são bens que, embora patrimoniais, também não
podem ser alienados, pois neles se prestam serviços públicos. Ex.: hospitais públicos,
universidades (bens de uso especial).
»» Bens patrimoniais disponíveis: são os bens dominicais. Podem ser alienados, desde
que obedecidas as determinações legais.
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ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
»» Não excludentes: uma vez que esse bem foi colocado à disposição de um consumidor,
não é possível restringir o seu consumo por outros.
»» Não rivais: o consumo desses bens por um indivíduo não diminui as possibilidades de
os outros consumirem, isto é, o consumo de determinado bem ou serviço não implica
alteração da quantidade disponível a outro consumidor. O mercado não consegue
estabelecer um preço para esses bens porque não existe a necessidade de alocar recursos
entre os consumidores. Sendo assim, o preço tende a zero.
»» Inalienáveis: não podem ser vendidos. Exceção: bens dominicais e desafetados podem
ser alienados, observadas as exigências legais.
»» Imprescritíveis: não podem ser obtidos por um particular por meio de usucapião.
»» Não oneráveis: não podem servir de garantia a um credor, como nos casos de hipoteca,
penhor.
A teoria dos bens públicos iniciou-se entre os economistas europeus e começou a ser
discutida na década de 1950 pelos americanos. Relacionamos alguns economistas que
foram fundamentais para o desenvolvimento da teoria dos bens públicos.
Paul Anthony Samuelson foi um dos precursores da teoria dos bens públicos. Para o autor, a
característica principal dos bens coletivos/públicos, é que, uma vez produzido, o custo unitário
de um usuário adicional consumi-lo é nulo. Não importa se esse novo usuário tem de pagar
alguma contribuição, por exemplo, um tributo ou uma contribuição de melhoria para financiar
a produção do bem. O que vale é que um cidadão, ao usufruir o bem público, não causa qualquer
custo extra, seja em termos de um maior custo na produção do bem, seja com diminuição na
quantidade ou qualidade do consumo por parte do indivíduo, ou seja, ao contrário de um bem
privado, no consumo de um bem público não existe “rivalidade ou exclusão”. Isso quer dizer
que perante os bens públicos, todos têm o mesmo direito.
Olson Mancur surgiu posteriormente e começam a surgir discussões sobre a teoria da ação
coletiva, em seu livro A lógica de ação coletiva, 1971, em que a tese básica do livro é a de que:
mesmo que todos os indivíduos de um grupo sejam racionais e centrados em seus próprios
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AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
interesses, e que saiam ganhando se, como grupo, agirem para atingir seus objetivos comuns,
ainda assim eles não agirão voluntariamente para promover esses interesses comuns e grupais.
(OLSON, 1999, p. 14)
James M. Buchanan Jr. Os estudos do autor foram também baseados na teoria de bens públicos e
deram novos enfoques sobre o acesso aos bens públicos. Foi também considerado que enquanto
bens privados são perfeitamente fornecidos pelo mercado, o suprimento de bens públicos deve
se dar por meio de instituições políticas. Segundo Buchanan (1949) citado por Dias (2009), a
teoria e a prática das finanças públicas deveriam ser revisadas para relacionar a distribuição
individual do custo público à distribuição individual de benefícios, de modo que as pessoas
pudessem visualizar o que eles recebem em troca dos impostos que pagam.
Figura 23.
Fonte: <https://anarcocapitalismo.com.br/2016/08/03/impostos-moralidade-e-etica/>.
Essa adequação se faz necessária e urgente. Os brasileiros que ganham até três salários mínimos
mensais e que correspondem a 79% do total, pagam 53,79% dos impostos arrecadados, segundo
o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Além disso, as empresas brasileiras
gastam cerca de 2.600 horas para pagar os impostos, pior resultado entre 189 países. Só a título
de comparação, na penúltima colocada nesse ranking, a Bolívia, são necessárias 1.025 horas
para cumprir as obrigações tributárias. E procure não se assustar, mas, desde 1988 ,o Brasil já
criou 320.343 leis tributárias.
»» Cerveja: 55,60%;
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ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
»» Gasolina: 56,09%;
»» Açúcar: 32%;
»» Cigarro: 80%;
»» Biscoito 37%;
»» Frutas: 22%;
»» Shampoo: 44%;
»» Batata: 11%;
»» Café: 20%;
»» Feijão: 17%;
Figura 24.
Fonte: <http://especiais.g1.globo.com/economia/2015/quanto-pagamos-de-impostos/>.
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AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
Ainda segundo o IBPT, o Brasil ocupa a última posição num total de 30 países pesquisados
quando se mede o retorno oferecido pelos serviços públicos para a população frente ao que esta
paga de impostos. O ranking leva em consideração o percentual de arrecadação de impostos
em relação ao PIB e o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que mede a qualidade de
vida e o bem-estar da população.
Fonte: <http://especiais.g1.globo.com/economia/2015/quanto-pagamos-de-impostos/>.
90
ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
esperada e o Estado teve que buscar meios para concretizar o acesso a esses serviços. Optou-se,
então, por um estado regulador e para concretizar o acesso aos serviços para toda a população,
o estado passou de prestador de serviços para regulador, por meio de suas agências. Esses entes
com características peculiares, dotados de certo grau de autonomia e que detêm a competência
legítima para edição de normas regulatórias, representam o poder do Estado em fiscalizar os
particulares que estão prestando serviços públicos.
Assim sendo, em lugar de prestador de serviços, suas funções passaram a ser as de planejamento,
regulação e fiscalização.
Figura 25.
Fonte: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2012/12/agencias-reguladoras-recebem-apenas-um-terco-
do-orcamento-3983359.html>.
91
AULA 6 • ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
Figura 26.
Fonte: <http://blog.grancursosonline.com.br/artigo-da-semana-agencias-reguladoras/>.
Embora cada uma tenha a sua especificidade de atuação, as características principais são:
»» Fomento da competitividade, nas áreas nas quais não haja monopólio natural;
»» Direção por órgãos colegiados, compostos de diretores com mandato estável, não
coincidentes e aprovados pelo Legislativo, mediante arguição;
»» Independência decisória, à medida que suas decisões não são passíveis de recursos
hierárquicos;
»» Atuação mediante seu instrumento básico, que é a tarifa regulada em contrato. Além
disso, transparência; ouvidoria com mandato, publicidade de todos os atos e atas de
decisão, representação dos usuários e empresas, justificativa por escrito para cada voto
e decisão dos dirigentes, audiências públicas, diretoria colegiada.
92
ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO • AULA 6
Figura 27.
Fonte: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2012/12/agencias-reguladoras-recebem-
apenas-um-terco-do-orcamento-3983359.html>.
Sintetizando
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Referências
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ARVATE, Paulo Roberto, Biderman Ciro. Economia do setor público no Brasil, 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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ROSSETTI, José P. Introdução à economia. 17. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Manual de Economia. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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