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Adaptação “Sonho de uma noite de verão”

Para P1 - Etapa III – Martins Penna

João Pedro Zabeti, Erick Rizental e Tom Marinho.

Cena dos trabalhadores apresentando “O amor cruel amor de Píramo e Tisbe”.

Pedro Cunha – prólogo – Se ofendermos a alguém, é com a nossa maior boa vontade.
Que os senhores e as senhoras devam pensar, que até aqui viemos, para ofender, mas
com a maior boa vontade. Mostrar nossas simples habilidades, esse é verdadeiramente o
motivo do nosso fim. Levem em consideração, portanto, que aqui viemos, pois, contra a
nossa vontade. Não viemos no intuito de agradar-lhes, nossa intenção é verdadeiramente
esta. Para dar-lhes tudo para o seu deleite, não estamos aqui. Para que os senhores
arrependam-se de aqui estar, os atores estão prontos; e, por sua apresentação, os
senhores vão ficar sabendo tudo o que os senhores vão ficar sabendo.
Damas e cavalheiros, que por ventura venham a se admirar com essa apresentação:
admirem-se, até que a verdade traga tudo a tona. Um casal apaixonado, Píramo e Tisbe
se encontram no muro, que aqui eu represento. E pela racha do muro, os amantes
contentam-se em sussurrar. Ao luar, esses amantes nem pensavam em rejeitar
encontrarem-se no túmulo de Ninus, para ali, namorar… Mas esta terrível fera, que
atende pelo nome de Leão, afugentou a fiel Tisbe, ou melhor assustou-a. Fugindo em
disparada ela deixou cair o seu manto, que o vil Leão manchou com a boca suja de
sangue. Em seguida chega Píramo, de encantadora juventude e muita coragem. Encontra
assassinado o manto de sua fiel Tisbe, com a mão sanguinária e censurável ele pega da
espada, espeta o peito, e faz sangrar o sangue que lhe ferveu ardente nas veias. Tisbe,
que por ele esperava na sombra de uma amoreira, saca da adaga de seu amado e morre.
Quanto ao resto dessa história deixo que, nós, limitados atores a representemos.

Entra o muro

Píramo – Ah, que noite de cara fechada! Ah, noite tão escura! Ah, noite, tu que és sempre
noite quando não é dia! Ah, noite, ah, noite, ai, ai, ai, Tisbe esqueceu-se, eu temo, deste
encontro! E tu, ó muro, ó muro, ó lindo muro, que se interpõe entre a terra do pai dela e a
terra de meu pai. Tu, muro, ó muro, ó doce e lindo muro, mostra-me tua fenda, para que
nela eu pisque meus olhos. Obrigado pela cortesia, muro. Que Júpiter te proteja contra os
males por isso! Mas, que vejo? Não vejo nenhuma Tisbe! Ah, muro malvado, através de
quem não vejo nenhuma felicidade, amaldiçoadas sejam tuas pedra, por enganar-me
desse jeito! Enganar-me desse jeito! Enganar-me! Enganar-me é a deixa para que Tisbe
entre. Ela deve entrar agora e eu devo espiá-la pelo muro.

Tisbe – Ah, muro, tantas e tantas vezes ouviste meus lamentos por nos ter separado, o
meu belo Píramo e eu! Meus lábios de cereja, quantas vezes não beijaram tuas pedras!
Tuas pedras cobertas de cal e palha grudadas numa liga em cima de ti.

Píramo – Enxergando estou uma voz; vou já me chegar ao buraco, para escutar o rosto
de minha Tisbinha. Tisbe!

Tisbe – Meu amor? Tu és meu amor eu acho.


Píramo – Seja como for, eu sou a tua Graça, tua graça de amor. Nem Romão e nem Julita
amaram tanto.

Tisbe- Amo-te mais que Julinha e Romão… Eu garanto.

Píramo – Ah, beije-me por esse buraquinho

Tisbe – Porém é o muro quem ganha o beijinho.

Píramo – Vamos à tumba de Nina depressa.

Tisbe – Que venha a vida! Que venha a morte! Eu vou… com pressa.

Muro – Assim eu, O Muro, fiz a minha parte. Vou-me agora embora, que acabou minha
arte.

No túmulo de Ninus.

Leão – Senhoras e senhores que tem medo


De um monstro de um ratinho pelo chão.
É possível que infartem
Quando alto rugir este leão. [Ruge].

Tisbe – Esse é o túmulo do velho Ninus. Onde está o meu amor?

Leão – [Ruge]Ah…!
Tisbe foge deixando cair um manto.

Píramo – Lua, obrigado pelo sol que trazes


Muito obrigado porque brilhas tanto.
Só teus raios dourados, tão vivazes
Me mostram do rosto de Tisbe o encanto.
Mas, para! Ai, que desespero!
Mas, vê! Meu pobre cavaleiro,
que coisa tão triste, tão dolorosa!
Olhos, não querem ver?
Como pode isso ser?
Meu Deus! Minha amada formosa!
Teu belo manto, em que estado!
De sangue todo manchado!
Aproximem-se, Fúrias, vejam!
Venham, Parcas, venham,
Para os fios, as lãs e as linhas cortar,
Para aniquilar, concluir e matar.

Ah, por que, Natureza, criaste leões?


Um vil leão aqui, deflorou minha amada.
Ela, que é… não. Ela, que era a mais linda, bela e abençoada dama que já viveu, amou,
gostou, apreciou, com seus belos olhos.
O pranto adere
A espada, fere
Deste píramo o peito
No mamilo sinistro, sim,
Na bateção do coração
Essa morte eu aceito.

Apunhala-se

Assim morro eu, assim, assim;


Assim, assim, bem assim.
Agora estou falecido.
Agora sou desaparecido.
Minha alma ao céu sumiu.
Língua, perde teu brilho;
Agora estou morto, e morto, e morto,
E morto, e morto, e… - seis vezes – morto.

Tisbe – Dormindo meu amor?


O que? Meu anjo, morto?
Levanta, Píramo, minha flor!
Fala, fala! Totalmente mudo?
Morto? Morto? Então um túmulo
Deve cobrir teus doces olhos.
Um lírio, esses lábios,
Uma cereja, esse nariz,
Amarelas pímulas, tuas bochechas,
E se foram, se foram!
Lamentem-se amantes;
Um alho-poró, seus olhos verdejantes.
Ah, vocês, as três parcas, as três irmãs,
Venham, cheguem-se a mim e em seus afãs;
Minhas mãos lívidas, leitosas,
Deitem-nas em sangue, vermelhosas.
A vida dele vocês ceifaram,

O fio de seda vocês tosquiaram.


Língua, nem uma palavra!
Vem, confiável, espada,
Fura meu peito, lâmina aguçada!

Assim, amigos, adeus!


Assim acaba Tisbe: adeus!
Adeus, adeus, ​adieu, ​adeus!

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