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Graduada em Fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em 2008, mestre em Ciências
pelo Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade
de São Paulo (2014). Possui aperfeiçoamento de Fisioterapia Pediátrica em Unidade de Cuidados Intensivos e Semi-
intensivos pela Universidade Federal de São Paulo (2009) e em Neuromodulação Não Invasiva pela Escola de Educação
Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2017). Atualmente, cursa
doutorado em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2015-2018), possui
o cargo de professora adjunta nos cursos de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Paulista, é supervisora de
estágio de Fisioterapia aplicada à Saúde Pública e professora dos cursos de Fisioterapia e de Cosmética e Estética da
Universidade Santo Amaro. É professora colaboradora do curso de especialização em Fisioterapia Neurofuncional do
Instituto Imparare - Universidade Paulista.
CDU 616-071
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Fabrícia Carpinelli
Vitor Andrade
Sumário
Avaliação Diagnóstica
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 RADIOLOGIA....................................................................................................................................................... 11
1.1 Histórico.................................................................................................................................................... 11
1.2 Conceito.................................................................................................................................................... 12
1.3 Terminologia............................................................................................................................................ 12
1.4 Anatomia radiográfica........................................................................................................................ 13
1.5 Posicionamentos.................................................................................................................................... 14
1.6 Incidências radiográficas.................................................................................................................... 16
1.6.1 Radiografia de frente............................................................................................................................. 16
1.6.2 Radiografia lateral ou perfil................................................................................................................ 17
1.6.3 Radiografia oblíqua................................................................................................................................. 18
1.7 Raios X....................................................................................................................................................... 19
1.7.1 Produção dos raios X.............................................................................................................................. 19
1.7.2 O aparelho de raios X............................................................................................................................. 20
1.7.3 Formação da imagem............................................................................................................................ 21
1.8 Solicitação de exames radiológicos............................................................................................... 22
1.9 Indicações do uso de raios X para diagnóstico......................................................................... 23
2 SISTEMA ÓSSEO................................................................................................................................................ 24
2.1 Estrutura e propriedades do tecido ósseo................................................................................... 25
2.1.1 Cargas mecânicas sobre os ossos...................................................................................................... 27
2.1.2 Lesões no sistema ósseo....................................................................................................................... 27
2.1.3 Fraturas........................................................................................................................................................ 27
2.1.4 Doenças e anormalidades do esqueleto axial.............................................................................. 29
2.1.5 Doenças e anormalidades do esqueleto apendicular............................................................... 30
2.2 Sistema respiratório............................................................................................................................. 31
2.2.1 Mediastino.................................................................................................................................................. 31
2.2.2 Anatomia radiológica de tórax........................................................................................................... 32
2.2.3 Indicações clínicas .................................................................................................................................. 33
2.3 Sistema circulatório............................................................................................................................. 34
3 ULTRASSONOGRAFIA, TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA
NUCLEAR MAGNÉTICA....................................................................................................................................... 35
3.1 Ultrassonografia..................................................................................................................................... 35
3.2 Tomografia computadorizada.......................................................................................................... 40
3.2.1 Terminologia.............................................................................................................................................. 41
3.2.2 Princípios básicos..................................................................................................................................... 42
3.2.3 Tomógrafo................................................................................................................................................... 43
3.2.4 Tomografia de crânio e pescoço, tomografia axial computadorizada de encéfalo,
olhos e seios da face.......................................................................................................................................... 44
3.2.5 Tomografia computadorizada do corpo, tomografia axial computadorizada
do corpo e tomografia computadorizada do tórax, coluna vertebral, membros,
abdome e pelve.................................................................................................................................................... 45
3.2.6 Aplicações da tomografia computadorizada............................................................................... 46
3.2.7 Vantagens e desvantagens do uso de tomografia computadorizada................................ 47
3.3 Ressonância nuclear magnética..................................................................................................... 48
3.3.1 Procedimentos para realização do exame..................................................................................... 48
3.3.2 Cuidados no pré‑teste........................................................................................................................... 49
3.3.3 Cuidados no pós‑teste........................................................................................................................... 49
3.3.4 Vantagens e desvantagens do uso de tomografia computadorizada................................ 50
4 ELETROCARDIOGRAMA.................................................................................................................................. 50
4.1 Eletrofisiologia cardíaca..................................................................................................................... 51
4.2 Registro eletrocardiográfico............................................................................................................. 52
4.3 Cuidados na fase pré‑analítica........................................................................................................ 53
4.4 Fase pós‑analítica................................................................................................................................. 53
4.5 Indicações do eletrocardiograma................................................................................................... 54
Unidade II
5 EXAMES LABORATORIAIS.............................................................................................................................. 59
5.1 Introdução................................................................................................................................................ 59
5.2 Exame de urina ..................................................................................................................................... 62
5.2.1 Considerações gerais sobre o exame de urina............................................................................. 62
5.2.2 Cuidados na fase pré‑analítica.......................................................................................................... 62
5.2.3 Tipos de coleta.......................................................................................................................................... 62
5.2.4 Manuseio e transporte da amostra.................................................................................................. 64
5.2.5 Fase pós‑analítica ................................................................................................................................... 64
5.2.6 Interpretação do resultado.................................................................................................................. 66
5.2.7 Indicações clínicas................................................................................................................................... 66
6 HEMOGRAMA COMPLETO............................................................................................................................ 67
6.1 Considerações gerais sobre o processo de hematopoiese.................................................... 67
6.2 Eritropoiese.............................................................................................................................................. 67
6.3 Leucopoiese............................................................................................................................................. 68
6.4 Trombocitopoiese.................................................................................................................................. 68
6.5 Exame de hemograma......................................................................................................................... 68
6.5.1 Cuidados na fase pré‑analítica.......................................................................................................... 75
6.5.2 Cuidados durante a coleta................................................................................................................... 75
6.5.3 Fase pós‑analítica ................................................................................................................................... 76
7 EXAMES BIOQUÍMICOS.................................................................................................................................. 77
7.1 Considerações gerais............................................................................................................................ 77
7.2 Sódio (Na)................................................................................................................................................. 78
7.2.1 Cuidados na fase pré‑analítica.......................................................................................................... 79
7.2.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)...................................................................... 80
7.3 Potássio (K+)............................................................................................................................................ 80
7.3.1 Cuidados na fase pré‑analítica.......................................................................................................... 80
7.3.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)...................................................................... 81
7.4 Cálcio (Ca+)............................................................................................................................................. 81
7.4.1 Cuidados na fase pré‑analítica.......................................................................................................... 81
7.4.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)...................................................................... 82
7.5 Magnésio (Mg++)................................................................................................................................. 82
7.5.1 Cuidados na fase pré‑analítica.......................................................................................................... 83
7.5.2 Fase pós‑analítica (interpretação dos resultados)...................................................................... 83
8 EXAMES MICROBIOLÓGICOS....................................................................................................................... 83
8.1 Considerações gerais sobre os exames microbiológicos........................................................ 83
8.2 Hemocultura........................................................................................................................................... 84
8.2.1 Cuidados na fase pré-analítica.......................................................................................................... 85
8.2.2 Fase pós-analítica (interpretação da hemocultura).................................................................. 86
8.3 Urocultura................................................................................................................................................ 86
8.3.1 Cuidados na fase pré-analítica.......................................................................................................... 87
8.3.2 Fase pós-analítica (interpretação da urocultura)....................................................................... 87
8.4 Líquor......................................................................................................................................................... 88
8.4.1 Cuidados na fase pré-analítica.......................................................................................................... 88
8.4.2 Fase pós-analítica (interpretação clínica)...................................................................................... 89
8.5 Escarro....................................................................................................................................................... 89
8.5.1 Cuidados na fase pré-analítica.......................................................................................................... 90
8.5.2 Fase pós-analítica (interpretação do resultado)......................................................................... 90
8.6 Cultura tópica (swab).......................................................................................................................... 91
8.6.1 Cuidados na fase pré-analítica.......................................................................................................... 91
8.6.2 Fase pós-analítica (interpretação do resultado)......................................................................... 92
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Este livro-texto foi desenvolvido para abordar conteúdos referentes à disciplina Avaliação
Diagnóstica, com base no conhecimento teórico-prático e na discussão sobre os principais métodos
de avaliação usando exames de imagem e laboratoriais. O estudo e análise dos exames de imagem e
laboratoriais são essenciais na prática profissional para saber reconhecer e diferenciar o funcionamento
normal e alterado do sistema musculoesquelético, respiratório, cardíaco, sanguíneo e urinário para a
prescrição adequada do exercício físico.
INTRODUÇÃO
Este livro-texto busca fornecer informações relevantes e de fácil leitura sobre os diversos exames
solicitados na prática clínica, com o objetivo de auxiliar no raciocínio clínico do profissional de educação
física junto à equipe multidisciplinar. Serão abordados exames de imagem, como raios X, ultrassonografia,
tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, bem como o uso dos meios de contraste,
quando necessário, para esses exames, sempre buscando destacar técnicas de posicionamento
do indivíduo para realização do exame, preparo, cuidados durante a realização do exame, possíveis
indicações e contraindicações. Também serão vistos os exames laboratoriais de urinálise, hemograma
completo, exames bioquímicos e microbiológicos, com ênfase em demonstrar para o aluno(a) valores
de referência normais e alterados com possíveis relações com a incidência de disfunções orgânicas
e doenças. Essa fundamentação teórica permitirá compreender a real condição clínica do indivíduo,
baseando-se na interpretação e entendimento do resultado do exame analisado.
Os objetivos específicos do estudo de exames de imagem são fornecer bases para o conhecimento
da anatomia radiológica; identificar a anatomia radiológica normal e possíveis alterações; conhecer
as principais indicações da radiografia, ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia
computadorizada. Os objetivos específicos do estudo de exames laboratoriais são conhecer principais
exames de urinálise, hemograma completo, exames bioquímicos e microbiológicos solicitados em saúde
para diagnóstico, reconhecer padrões de normalidade e alteração.
9
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Unidade I
1 RADIOLOGIA
1.1 Histórico
Ao fim do século XIX, mais precisamente em 8 de novembro de 1895, o prof. Wilhelm Conrad
Röntgen, no laboratório na Baviera, sul da Alemanha, descobriu os raios X. Em 1895, foram realizados
experimentos relacionados com a condução da eletricidade pelos gases pelo pesquisador Wilhelm
Conrad Röentgen na Alemanha (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009). Esse pesquisador observou que existia
uma fluorescência na chapa recoberta por platinocianeto de bário ao recobrir o dispositivo com
papel preto. Notou também que a energia que era emitida podia ultrapassar substâncias opacas à
luz comum, como também chapas fotográficas. Durante os estudos, Röntgen verificou que havia
a possibilidade de se registrar as sombras de estruturas ósseas utilizando estes raios que não eram
como a luz visível (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009).
A primeira radiografia foi feita em 22 de dezembro de 1895. Neste dia, Röntgen pôs a mão esquerda
de sua esposa Anna Bertha Röntgen no chassi, com filme fotográfico, fazendo incidir a radiação oriunda
do tubo por cerca de 15 minutos. O resultado obtido foi a figura da mão de sua esposa e seus ossos
dentro das partes moles menos densas. No Brasil, a história da radiologia tem início com a chegada do
primeiro aparelho de raios X em 1897. Com a ausência da precisão de datas em relação ao estudo dos
raios X no país, o início de seu uso com bases científicas é impreciso.
No princípio do uso dos raios X, uma radiografia de tórax levava cerca de 30 minutos e uma de crânio
em torno de 45 minutos. A exposição prolongada a esse tipo de radiação era um fator de preocupação
e a qualidade da imagem era prejudicada devido à respiração do paciente, que pelo tempo de duração
do exame impossibilitava-o de realizar uma pausa respiratória para aquisição da imagem. Dessa forma,
a definição da imagem ficava comprometida.
Desde o início da utilização dos raios X, várias mudanças foram necessárias, e realizadas, nos
equipamentos de radiografia até os dias atuais. Os principais objetivos dessas alterações eram
a redução da radiação ionizante usada nos indivíduos durante o exame, bem como diminuir a
radiação secundária que, além de prejudicar aquele que aplicava o exame, piorava a resolução
e a qualidade da imagem formada. A radiação é considerada uma energia capaz de se propagar,
a partir de uma fonte emissora, por qualquer meio. Ela pode ser classificada de acordo com a
energia em trânsito. É uma forma de partícula atômica ou subatômica energética, como partículas
alfa, elétrons, pósitrons, prótons, nêutrons. As partículas alfas, isto é, os elétrons e os pósitrons,
são emitidas espontaneamente de núcleos dos átomos radioativos e podem ser produzidas em
aceleradores de partículas ou em reatores. A forma de onda eletromagnética consiste em um campo
elétrico e um campo magnético oscilantes, perpendiculares entre si e que se propagam no vácuo
11
Unidade I
Observação
1.2 Conceito
A radiologia pode ser definida como o ramo da medicina que se dedica ao estudo e emprego
dos raios X e de outras energias radiantes, com fins diagnósticos e terapêuticos. Ela é a parte da
ciência que estuda a visualização de ossos, órgãos ou estruturas através do uso de radiações (sonoras,
eletromagnéticas ou corpusculares), gerando uma imagem.
Este livro-texto terá como objetivo apresentar os principais exames de imagem usados na área da
saúde para análise e compreensão do padrão fisiológico típico e alterado. Os exames que serão estudados
serão: raios X, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética.
1.3 Terminologia
12
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Hiperlucente
Radiotransparente
Ar Hipertransparente Preto
Hiperlucente
A regra geral para se estudar uma radiografia é exibi-la de forma que o indivíduo avaliado fique de
frente para o observador, em posição anatômica.
Plano sagital
(médio sagital ou
plano mediano)
Plano coronal
(frontal ou médio coronal)
Plano oblíquo
Plano horizontal
(axial)
A B
Figura 1 – a) Posição anatômica fundamental (PAF); b) Posicionamento radiográfico em posição ortostática anatômica
13
Unidade I
Os planos que podem ser usados na anatomia radiográfica são: sagital ou mediano; transversal;
horizontal ou axial; coronal ou frontal; oblíquo; e transversal oblíquo.
• transversais ou axiais.
1.5 Posicionamentos
As principais posições usadas para exame radiográfico são: a ortostática (ereta); a supina ou decúbito
dorsal; a prona ou decúbito ventral; de Fowler; de Sims; de litotomia e de Trendelenburg. Elas podem
ser vistas a seguir:
• Supina ou decúbito dorsal: indivíduo encontra-se deitado de costas, com as pernas e braços
estendidos e apoiados na maca (figura a seguir).
• Prona ou decúbito ventral: indivíduo fica deitado de abdome para baixo, com os braços erguidos
sobre a cabeça.
• Fowler: é uma variação da posição de decúbito dorsal, em que a parte superior do corpo encontra-
se mais elevada em relação à inferior (figura a seguir). Outra alternativa para esta posição é em
semissedestação.
14
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• Trendelenburg: é uma variação da posição de decúbito dorsal, em que a parte inferior do corpo
encontra-se mais elevada em relação à superior.
• Sims: o indivíduo permanece em decúbito lateral, esquerdo ou direito, com a perna que está por
cima flexionada, afastada e apoiada na superfície de repouso.
15
Unidade I
A radiografia de frente de uma região ou estrutura do corpo humano é obtida com o raio central
incidindo de forma perpendicular ao plano anatômico coronal, estando o indivíduo na posição
anatômica fundamental.
• Anteroposterior (AP): o paciente fica com a face posterior próxima ao filme e a face anterior
voltada para o tubo de raios X. A trajetória do feixe é de anterior para posterior (figura a seguir).
16
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• Posteroanterior (PA): o paciente fica com a face anterior próxima do filme e a face posterior
voltada para o tubo de raios X. A trajetória do feixe é de posterior para anterior.
A radiografia em lateral ou perfil é obtida quando o raio central incide perpendicularmente ao plano
sagital, estando o indivíduo na posição anatômica fundamental.
• Incidência lateral esquerda (perfil esquerdo): o lado esquerdo do indivíduo fica próximo ao filme
(lado direito voltado para o tubo). Os membros superiores do indivíduo devem ficar sobre a cabeça
para evitar a superposição.
• Incidência lateral direita (perfil direito): o lado direito do indivíduo fica próximo ao filme (lado
esquerdo voltado para o tubo). A figura a seguir mostra um posicionamento do tórax em perfil
direito. Nesta posição em perfil ou lateral, o indivíduo coloca os membros superiores sobre a
cabeça para evitar a sua superposição sobre a imagem.
17
Unidade I
A radiografia oblíqua é obtida através da incidência não perpendicular do raio central em relação
aos planos coronal ou sagital. A posição oblíqua deve estar acompanhada do ângulo de inclinação
correspondente e, quando este não for definido, a posição oblíqua será realizada com 45º para o lado
de interesse ou bilateralmente.
• Oblíqua anterior direita: o indivíduo fica com sua face anterior e lado direito mais próximos do
filme (figura à esquerda).
• Oblíqua anterior esquerda: o indivíduo fica com a face anterior e o lado esquerdo mais próximos
do filme.
• Oblíqua posterior direita: o indivíduo fica com a face posterior e o lado direito mais próximos do
filme (figura à direita).
• Oblíqua posterior esquerda: o indivíduo fica com a face posterior e o lado esquerdo mais próximos
do filme.
18
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
1.7 Raios X
O raio-X é utilizado como um exame diagnóstico, tendo sido a primeira técnica a ser usada na medicina.
A sua aplicabilidade está nas imagens do sistema esquelético, útil para a ortopedia e traumatologia, ou
para exames de contraste, contando com uma melhor visualização do sistema vascular, digestório e
urinário (MOURÃO; OLIVEIRA, 2009).
Raios X são ondas eletromagnéticas, como a luz visível, as ondas de rádio e os raios infravermelhos e
ultravioletas. Como ondas eletromagnéticas, quanto maior a sua frequência, menor o comprimento de
onda. O comprimento de onda do raio X está próximo do raio Y, que é radioativo. Devido ao comprimento
de onda muito curto, esses raios têm a capacidade de penetrar na matéria, o que possibilita sua utilização
no estudo dos tecidos do corpo humano. O elétron e o próton se juntam, formando o nêutron; através
desse processo, acontece a liberação de raios gama e raios X. Por sua vez, os raios X de frenagem são
os elétrons que modificam o percurso ao serem atraídos pelo núcleo, assim liberando fótons. Eles são
produzidos a partir da colisão de elétrons, em rápido movimento, com estruturas ou substâncias que
estiverem no caminho, e correspondem às vibrações eletromagnéticas em comprimento de onda curto.
• ionizam as moléculas dos gases por onde passam, isto é, arrancam elétrons dessas moléculas;
• são usados em medicina para radiografias e para cura de certos tumores e doenças de pele.
Raios X são produzidos ao se liberar energia no choque de elétrons de alta energia cinética contra
uma placa de metal. Para tais efeitos, utiliza-se um tubo de raios X, que consiste num tubo de vidro à
vácuo com dois eletrodos de tungstênio (diodo), um ânodo (polo positivo) e um cátodo (polo negativo).
19
Unidade I
O cátodo consiste num filamento de tungstênio muito fino que esquenta com a passagem de corrente
elétrica de alta voltagem. Com isso, os elétrons do tungstênio adquirem suficiente energia térmica para
abandonar o cátodo (emissão termoiônica). Devido à alta voltagem, cria-se também uma diferença de
potencial entre os elétrodos, o que faz que os elétrons emitidos pelo filamento de tungstênio sejam
acelerados em direção ao ânodo (polo positivo).
A energia cinética dos elétrons depende da voltagem entre os eletrodos: quanto mais alta a voltagem,
maior a energia cinética. O ânodo está revestido por tungstênio e funciona como alvo para os elétrons.
No choque dos elétrons com o alvo de tungstênio, a maioria da energia cinética destes é transformada
infelizmente em calor, mas uma pequena parte produz raios X.
O aparelho de raios X (figura a seguir) é dividido em quatro partes: tubos de raios X, bucky mural,
chassi e écran. Além das quatro partes que constituem o aparelho de raios X, é usado um filme.
O filme radiológico é composto de uma película plástica (base) revestida por uma substância
chamada emulsão, formada por haletos de prata (brometo e iodeto) e por uma camada protetora.
Esse tipo de revestimento pode ser aplicado em apenas um dos lados do filme ou nos dois. Quando a
luz incide sobre os haletos, ocorre uma transferência de energia do fóton para o haleto, o que provoca
uma mudança nas suas propriedades químicas. Nesse momento, o filme possui uma imagem latente,
devido às impressões no filme não serem possíveis de visualização a olho nu. A imagem formada será
visualizada após o processo de revelação.
O tubo de raios X tem a função de blindar os raios X emitidos nas direções fora da janela. Para
cumprir essa função, essa carcaça deve ser de material bem denso, normalmente de chumbo. Dentro do
tubo fica a ampola de raios X ligada aos circuitos eletrônicos de retificação de corrente e de alta tensão,
além do sistema de arrefecimento (perda de calor).
20
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
O bucky mural é uma estrutura destinada à obtenção de imagens compostas de uma gaveta para o
chassi, a grade antidifusora e uma placa-alvo. Também possui sistema de movimentação vertical para
auxiliar no melhor posicionamento do paciente.
O chassi é o compartimento onde o filme e o écran são acoplados. Os tamanhos são definidos
conforme o filme. Os encontrados no mercado são: 13/18 cm; 18/24 cm; 24/30 cm; 30/40 cm; 35/35
cm; 35/43 cm.
Écran é a tela que absorve os raios X e os transformam em luz. Esse fenômeno é chamado de
fluorescência. Basicamente, existem dois tipos de tela: as que emitem luz azul e as que emitem luz
verde. No acoplamento com o filme, essa informação será importante, pois cada filme absorve melhor
determinado tipo de comprimento de onda de luz, ou seja, é mais sensível a uma das duas cores.
A extensão do escurecimento depende do número de raios X que atinge o filme, que, entre outros
fatores, depende da densidade do objeto. A imagem final pode ser descrita como uma imagem
bidimensional composta de preto, branco e uma variedade de tons de cinza sobrepostos, sendo, algumas
vezes, conhecida como gráficos de imagens (figura a seguir).
Os tecidos mais densos, como o ósseo, atenuam mais os raios X e, por isso, menos radiação chegará
até a tela, produzindo menos luz, que, por sua vez, impressionará menos o filme. O resultado após a
revelação será uma região mais clara na imagem. Já em um tecido menos denso, como a gordura ou o
músculo, acontece o contrário (atenua menos), e a imagem ficará mais escura (quadro a seguir).
21
Unidade I
• forma do objeto;
• sensibilidade do filme.
As informações relacionadas aos exames radiológicos devem ser completas e corretas. Para tanto,
deve‑se constar o nome do exame, o nome do médico que o solicitou e a indicação clínica do exame. Os
procedimentos e objetivos dos exames radiológicos devem ser repassados para o paciente, se possível
por escrito (FISCHBACH, 2005).
• sem contraste;
Quando for utilizado o bário, é necessário que ele seja realizado depois da seguinte sequência de exames:
22
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• radiografia pélvica;
• histerossalpingografia;
• pielografia intravenosa.
Os exames de medicina nuclear que necessitam de iodo devem ser realizados depois do raio-X
contrastado com iodo. Já os exames sem a necessidade de preparo podem ser executados em qualquer
momento, como as radiografias da cabeça, coluna vertebral, membros, radiografias não contrastadas de
abdome e mamografias (FISCHBACH, 2005).
O uso de raios X como método de diagnóstico serve para a identificação de alterações patológicas,
disfunções orgânicas, confirmação de possíveis doenças e evolução clínica, comparações entre pré
e pós-intervenção, benefícios do treinamento físico ou ausência de melhora clínica. As principais
indicações são:
• fraturas ósseas;
• tumores ósseos;
• alterações pulmonares;
• alterações cardíacas;
• alterações osteoarticulares;
• sinusites;
Além das indicações, algumas precauções devem ser levadas em consideração no uso de exames
radiográficos usando raios X. Os cuidados para proteção dos indivíduos, da equipe e de outros usuários
são (FISCHBACH, 2005):
23
Unidade I
• Ajuste da área a ser irradiada para diminuir o local da exposição aos raios X. O tamanho da área de
exposição aos raios X pode ser assegurada pelo colimador (obturadores), cones ou diafragmas de chumbo.
• Pode‑se diminuir a dose com a fluoroscopia digital pulsátil. As radiografias estáticas emitem
menor dose do que a fluoroscopia.
• Para filtrar o excesso de raios X, o feixe primário dos raios deve atravessar camadas de alumínio.
• Devem ser utilizados aventais de chumbo (luvas quando necessário), caso quem aplique o
exame não esteja no abrigo protegido dos raios X. Os pacientes devem ser protegidos de acordo
com o procedimento.
lembrete
Saiba mais
2 SISTEMA ÓSSEO
O sistema ósseo, ou sistema esquelético, tem como principais funções permitir a realização do
movimento e a deambulação, proteção dos órgãos vitais, armazenamento de íons, hematopoiese, além de
ser considerado um arcabouço de sustentação. O esqueleto adulto médio possui 206 ossos e representa um
quinto do peso corporal. O conjunto desses ossos determina a forma do corpo e constitui sua estrutura de
24
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
sustentação. É um organismo vivos e dinâmico, composto de água, sais minerais (cálcio e fosfato) e fibras
colágenas. Possui irrigação sanguínea ativa, com propriedades de reconstrução e fortalecimento.
O esqueleto axial ou mediano é formado pelos ossos do crânio (frontal, parietais, occipital, temporais,
nasais, zigomáticos, esfenoide), do pescoço (vértebras cervicais) e do tronco (esterno, costelas, vértebras
torácicas e lombares).
Cabeça
Esqueleto Esqueleto
Pescoço apendicular
apendicular
Tronco
Membros Membros
superiores inferiores
Esqueleto axial
Macroscopicamente, o tecido ósseo é formado por osso cortical (80% da massa esquelética), com
característica compacta, predominantemente nos ossos longos, e por osso trabecular ou esponjoso,
prevalentemente no esqueleto axial e no interior dos ossos longos.
Histologicamente, o tecido ósseo é constituído por matriz óssea orgânica, inorgânica e água. A matriz
orgânica é formada por colágeno (aproximadamente 90%), proteoglicanas (aproximadamente 5%) e
células ósseas (aproximadamente 3 a 5 %). As células ósseas são compostas de três tipos diferenciados
de células: osteoblastos, responsáveis pela formação do osso; osteócitos, células maduras derivadas dos
osteoblastos e secretoras de substâncias necessárias à manutenção do osso; osteoclastos, responsáveis
pela reabsorção óssea. A matriz inorgânica é formada por carbonato de cálcio e fosfato de cálcio, que
confere a característica de rigidez ao osso (resistência compressiva = capacidade de resistir a uma força
de pressão ou esmagamento).
25
Unidade I
O tecido ósseo pode ser dividido em duas regiões de acordo com a imposição de carga:
• Região elástica:
• Região plástica:
A falência do tecido ósseo ocorre quando há ruptura do tecido, podendo ser parcial ou completa.
Essa incapacidade do tecido de retornar ao estado original é chamada de ponto de fratura.
A análise da deformação óssea de acordo com a carga imposta pode ser feita através da curva
estresse-deformação (figura a seguir)
Estresse pode ser definido como a carga ou força por unidade de área que se desenvolve numa
superfície plana, dentro de uma estrutura em resposta às cargas aplicadas externamente (N/cm2, N/m2
e MN/m2). A deformação (mudança em dimensão) desenvolve-se dentro de uma estrutura em resposta
às cargas aplicadas externamente. Ela pode ser do tipo linear ou tangencial. A deformação linear
pode ser compreendida como uma mudança no comprimento da espécie. A deformação tangencial é
caracterizada pela mudança nas relações angulares dentro da estrutura.
C C
Região plástica
B
B
Estresse
a
stic
elá
ãoi
Reg
A B C
26
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Forças e momentos de força são frequentemente aplicados à estrutura óssea em diferentes direções.
As cargas variam de acordo com o sentido de aplicação da força e momento de força. Dentre as cargas
mecânicas estão:
• Compressão: cargas iguais e opostas são aplicadas na direção interna à superfície da estrutura,
resultando em estresse e deformação.
• Tensão (tração): cargas iguais e opostas são aplicadas na direção externa à superfície da estrutura.
• Torção: a carga é aplicada na estrutura de um modo que causa à estrutura um giro em torno de
um eixo, e um torque é produzido dentro da estrutura.
As principais lesões que acometem o sistema ósseo podem ser de quatro tipos diferentes: traumática,
adquirida, congênita e repetitiva.
• Traumática: causada por uma única força de alta magnitude, grande o suficiente para gerar ponto
de fratura. Exemplo: fratura aguda.
• Congênita: doença no sistema ósseo adquirida antes ou após o nascimento. Exemplo: luxação
congênita de quadril.
2.1.3 Fraturas
O uso dos raios X como método de avaliação diagnóstica aplicado à análise de fraturas tem como objetivo:
27
Unidade I
• Completa ou incompleta.
A fratura fechada ou interna é aquela caraterizada pelos ossos quebrados que permanecerem
no interior do membro sem perfurar a pele. A fratura aberta ou exposta são as fraturas em que os
ossos que estão quebrados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes. A
fratura completa é a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total e a incompleta atinge apenas
uma parte do osso.
• Por avulsão: fratura induzida por uma carga de tração na qual uma parte do osso é puxada para
fora por um tendão ou ligamento inserido nele.
• Cominutiva: é a fratura que ocorre com a quebra do osso em três ou mais fragmentos.
• Em galho verde: uma fratura resultante de uma inclinação ou torção na qual um lado do osso é
quebrado e o outro lado permanece intacto.
• Em espiral: é quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso. Essas fraturas são
decorrentes de lesões que ocorrem com uma torção.
• Estresse: uma fratura resultante de uma carga repetida de magnitude relativamente pequena.
• Em fissura: são aquelas em que as bordas ósseas ainda estão muito próximas, como se fosse uma
rachadura ou fenda.
28
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• Transversa: é quando o traço de fratura atravessa o osso numa linha mais ou menos reta.
• Em torus: é uma fratura incompleta, com compressão em zona de transição de densidade óssea,
comumente encontrada em idade de desenvolvimento infantil.
A coluna vertebral é uma das regiões do corpo que apresenta grande incidência de ser acometida
por traumas em acidentes automobilísticos, domésticos e ocupacionais, doenças adquiridas por má
postura e por processo degenerativo em decorrência do envelhecimento. A seguir serão descritos alguns
exemplos de possíveis doenças que podem acometer a coluna vertebral.
A coluna cervical é um dos seguimentos da coluna vertebral bastante acometido por lesões agudas
devido à aplicação de uma carga única de magnitude elevada, levando a uma lesão traumática e
ocorrência de fratura.
• Fratura de Jefferson: um golpe aplicado no topo da cabeça, como ocorre quando um objeto cai
diretamente sobre o ápice do crânio, pode fazer com que as massas laterais de C1 se afastem,
rompendo o anel ósseo de C1.
• Fratura do enforcado: fratura grave e instável da porção superior da coluna cervical que é
provocada pela hiperextensão e afastamento (como a colisão da cabeça de alguém contra o
painel de um automóvel). Trata-se de uma fratura dos elementos posteriores do corpo da vértebra
C2 associada, geralmente, ao deslocamento anterior do corpo de C2 por sobre C3.
• Fratura em flexão do tipo “em lágrima”: a flexão significativa da coluna cervical pode provocar
ruptura dos ligamentos posteriores associada à compressão anterior de um corpo vertebral.
Além das lesões traumáticas frequentes à coluna cervical, outras lesões e anormalidades podem
acometer qualquer região da coluna vertebral. Dentre elas, destacam-se:
• Lesão cinto de segurança: secundária à hiperflexão na altura da cintura (como ocorre no indivíduo
vítima de um acidente automobilístico e preso por um cinto de segurança no quadril ou horizontal).
Isso provoca afastamento dos ligamentos dos elementos posteriores e compressão anterior de
corpos vertebrais. São lesionados os níveis das vértebras T12, L1 ou L2. Podem ocorrer variações
dessa lesão: a fratura da porção posterior do corpo vertebral é denominada fratura de Smith,
enquanto a fratura através dos processos espinhosos é denominada fratura de Chance.
29
Unidade I
• Espondilólise: é uma anormalidade vertebral controversa que pode ou não ser provocada por
traumatismos. É um defeito ou falha na porção de pars interarticulares à lâmina.
• Espondilite anquilosante: doença reumática inflamatória que se apresenta com artrite da coluna
vertebral, inclusive das articulações sacroilíacas.
• Artrose: diminuição do espaço articular causado por processo degenerativo associado a desgaste
da cápsula articular.
• Hérnia discal: deslocamento do núcleo pulposo para fora do anúlo fibroso do disco intervertebral
com achatamento do disco e compressão de raízes nervosas.
As principais lesões agudas que acometem o esqueleto apendicular geralmente estão associadas a
traumas como quedas ou acidentes automobilísticos com queda sobre o membro ou mecanismos de
cargas combinadas. Além das lesões traumáticas, o esqueleto apendicular tem grande incidência de ser
acometido por doenças adquiridas, repetitivas e congênitas.
As fraturas são as lesões mais comuns relacionadas ao esqueleto apendicular, principalmente envolvendo
a articulação de ombro do membro superior e quadril do membro inferior. As principais causas são devido
às quedas, as quais são muito comuns em idosos com queixa de desequilíbrio. As fraturas podem ser abertas
(expostas) ou fechadas (internas), completas ou incompletas e podem acometer qualquer articulação
ou parte do segmento ósseo. Além das fraturas, as luxações e subluxações são a segunda categoria das
principais incidências de lesões traumáticas que acometem o esqueleto apendicular.
As doenças adquiridas são geralmente ocasionadas por sobrecarga articular, postura incorreta, pelo
envelhecimento natural com desgaste articular e capscular, mudanças na superfície do osso, formação
30
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
anormal de osso (osteófitos) na margem do osso, doenças inflamatórias e fatores genéticos associados.
As doenças causadas por uso repetitivo de um segmento e/ou articulação são devido ao uso contínuo e
prolongamento sem pausas, geralmente com cargas de magnitudes baixas, porém frequentes e muitas
vezes com o movimento sendo realizado de maneira incorreta.
Dentre as principais doenças que podem acometer o esqueleto apendicular com comprometimento
do tecido ósseo são:
• Artrose: doença crônica degenerativa que leva à diminuição do espaço articular por desgaste do
tecido ósseo e degeneração da cápsula articular.
• Artrite: doença inflamatória crônica que leva à aproximação dos componentes articulares com
diminuição do espaço articular por presença de inflamação.
As doenças congênitas são aquelas que surgem antes ou logo após o nascimento. As duas principais
que podem acometer o esqueleto apendicular são a luxação congênita do quadril e a displasia do
desenvolvimento do quadril.
O sistema respiratório é composto de dois pulmões e uma série de estruturas que compõem o trato
respiratório superior (ou vias aéreas superiores) e o trato respiratório inferior (ou vias aéreas inferiores),
responsáveis por fazerem a conexão dos pulmões com o ambiente externo do corpo. As estruturas
que fazem parte do trato respiratório superior são as fossas nasais, faringe, laringe, traqueia – porção
superior. As estruturas que fazem parte do trato respiratório inferior são a traqueia – porção inferior e
os pulmões (brônquios, bronquíolos e alvéolos).
As funções básicas do sistema respiratório humano são trocas gasosas, defesa, regulação da
temperatura, olfação (nariz), fonação (faringe) e manutenção do equilíbrio acidobásico.
2.2.1 Mediastino
O mediastino refere-se à porção medial da cavidade torácica entre pulmões e podem ser visualizadas
radiograficamente quatro importantes estruturas: traqueia, esôfago, timo, coração e grandes vasos. As
glândulas tireoide e paratireoides não são consideradas estruturas mediastinais devido à sua localização
mais superior e não no mediastino. O timo está localizado dentro do mediastino, anteriormente à
traqueia e ao esôfago e inferiormente à traqueia.
31
Unidade I
A anatomia radiográfica do tórax é dividida em três porções: caixa torácica, sistema respiratório
e mediastino.
A
B
G
C
Coração
D
E
F
32
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
ão
pulm B
F E
Dentre as possíveis condições clínicas que podem ser avaliadas por método de diagnóstico usando
o exame radiográfico estão:
• Asbestose.
• Atelectasia.
• Bronquiectasia.
• Bronquite crônica.
• Derrame pleural.
• Edema pulmonar.
• Enfisema pulmonar.
• Epiglotite.
• Fibrose pulmonar.
• Neoplasias.
• Pleurisia.
• Pneumonia.
• Silicose.
• Tuberculose.
O sistema circulatório é formado pelo coração e os grandes vasos, localizados dentro da cavidade
torácica. O coração e a origem dos grandes vasos estão contidos dentro de um saco de dupla parede
denominado pericárdio. Além do pericárdio, o coração é constituído por três camadas de tecido
muscular: epicárdio, miocárdio e endocárdio. A camada mais externa ou superficial é chamada de
epicárdio; a intermediária é a correspondente ao miocárdio; e a mais interna, endocárdio. O coração
está localizado sob o esterno, na frente da coluna vertebral e do esôfago, sobre o diafragma, e tem seu
ápice ligeiramente voltado para a esquerda e anteriormente.
Estruturalmente, o coração é formado por quatro câmaras cardíacas. As câmaras cardíacas são
divididas em duas superiores e duas inferiores. As câmaras superiores são compostas pelos átrios direito
e esquerdo. As câmaras inferiores são constituídas pelos ventrículos direito e esquerdo. A comunicação
entre as câmaras superiores com as inferiores é realizada pelas válvulas cardíacas atrioventriculares e
semilunares. A válvula atrioventricular tricúspide é a responsável pela comunicação entre o átrio direito
com o ventrículo direito e a válvula bicúspide ou mitral é a responsável pela comunicação entre o átrio
esquerdo com o ventrículo esquerdo. As válvulas semilunares pulmonar e aórtica são responsáveis pela
comunicação com o sistema respiratório e os demais tecidos e sistemas, respectivamente. A principal
função destas estruturas é garantir a passagem do fluxo sanguíneo em sentido unidirecional. Os grandes
34
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
vasos sanguíneos são constituídos pelas veias cavas superior e inferior, a artéria aorta e demais grandes
artérias, e as veias pulmonares.
A
B
G
C
Coração
D
E
F
3.1 Ultrassonografia
A ultrassonografia é uma técnica diagnóstica não invasiva, que permite a visualização de tecidos
moles, registrando por meio de ondas que não são audíveis e que são direcionadas aos tecidos. Requer
pouco preparo do paciente para sua realização. A sua utilização inclui os diagnósticos na obstetrícia,
cardiologia e ginecologia, além de anormalidades em diferentes órgãos. O procedimento é rápido, não
levando a desconforto do paciente, não tendo relatos de efeitos que prejudiquem o organismo. Os tipos
de ultrassonografias realizadas são a obstétrica, a abdominal, a pélvica, de cabeça e pescoço, de mama,
dos membros e do coração (FISCHBACH, 2005).
O ultrassom é definido como uma onda mecânica com vibração de frequência superior a 20 kHz,
inaudível para os humanos. Contudo, no exame ultrassonográfico utilizam-se frequências de 2 a 18
MHz (avaliar estruturas superficiais como os tendões extensores dos dedos da mão, placa plantar dos
dedos do pé, tendões, bolsas sinoviais etc.).
35
Unidade I
O transdutor é a parte da unidade de ultrassom que entra em contato com o paciente e é conectado
ao equipamento de ultrassom (gerador e monitor) através de um cabo flexível.
As ondas de ultrassom são geradas por cristais piezoelétricos localizados no interior do transdutor,
que possui a característica de contrair-se e expandir-se ao receber um estímulo elétrico, causando a
formação de ondas ultrassônicas; portanto, é capaz de transformar a energia elétrica em mecânica.
O oposto também é verdade, ou seja, ao receber um estímulo mecânico, sua contração gera uma
diferença de potencial elétrico em sua superfície, formando um sinal elétrico que é lido pelo aparelho.
Desse modo, o mesmo transdutor é capaz de emitir e receber os sinais.
Como toda onda mecânica, o ultrassom necessita de um meio físico para se propagar. Ao longo
de seu caminho, ao entrar em contato com a superfície entre dois meios de impedâncias acústicas
distintas, a onda é refletida e retorna ao transdutor.
Impedância acústica é a resistência do tecido ao movimento das partículas causado pelo ultrassom
e é igual ao produto da densidade pela velocidade de propagação do ultrassom no meio; sendo assim,
cada meio possuirá sua própria impedância (água, gases, partes moles etc).
A ultrassonografia, portanto, é o resultado da leitura dos ecos gerados pelas reflexões do ultrassom
nos diversos meios ao longo de seu caminho. O equipamento de ultrassonografia realiza essa leitura e
produz uma imagem no monitor.
A intensidade do brilho no monitor é proporcional à intensidade do eco, sendo que este depende da
diferença entre as impedâncias de dois meios. Quanto maior o eco, mais branca aparecerá a imagem.
Assim, quando o ultrassom estiver na transição entre dois meios com impedâncias muito distintas uma
da outra, o eco gerado será bem intenso e a imagem produzida será intensa também (branca, portanto).
Tecidos que criam ecos mais brilhantes do que os tecidos adjacentes (osso, gordura, parede vesicular)
são classificados como hiperecoicos. Tecidos que criam ecos menos brilhantes do que os tecidos adjacentes
(linfonodos, líquidos, músculos) são classificados como hipoecoicos. Uma estrutura anecoica é aquela
que é livre de ecos, ou seja, não possui nenhuma diferença de meio dentro de si (vasos sanguíneos,
urina normal, bile). Outra característica de estruturas anecoicas é o reforço acústico posterior, que é
decorrente da baixa atenuação dessas estruturas ao feixe sonoro.
A localização de cada ponto corresponde à localização anatômica da estrutura que gerou o eco: a
direção em que ela se encontra é a do feixe de ultrassom gerado pelo transdutor e sua profundidade é
calculada por meio do tempo decorrido entre a emissão do pulso e a leitura de seu eco (consideramos
a velocidade de propagação da onda de ultrassom nos tecidos como constante, com valor de 1540 m/s,
apesar de esse valor mudar em estruturas ósseas e pulmões).
36
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
O osso possui uma absorção dez vezes maior do que a dos tecidos moles, que, por sua vez, têm
absorção dez vezes maior do que a do líquido. Quando uma estrutura absorve mais intensidade do
que o tecido circunjacente, a porção distal da imagem aparece mais escura (porque sobrou menos
intensidade para a formação de ecos), fenômeno chamado sombra acústica. Se, por outro lado, uma
estrutura absorve menos do que os outros tecidos, ocorre o efeito inverso – reforço acústico, típico de
cistos (estruturas líquidas).
Portanto, a frequência ideal depende da estrutura avaliada: em um exame de abdome total, por
exemplo, onde as estruturas se encontram mais profundas, usamos frequências baixas (2 a 5 MHz) para
aumentar o campo de visão; em um exame de cabeça e pescoço (tireoide), no entanto, onde a estrutura
é mais superficial, podemos ter imagens bem definidas usando frequências altas, já que o campo de
visibilização não precisa ser tão grande.
Amplificação são os ecos que retornam de estruturas profundas, não tendo a mesma força que
aqueles que chegam de tecidos vizinhos à superfície; eles devem, portanto, ser amplificados na
ultrassonografia pelo amplificador de compensação ganho-tempo (TGC). Em todos os aparelhos
é possível variar o grau de amplificação para compensar a atenuação do ultrassom e melhorar a
qualidade da imagem final.
37
Unidade I
Tipos de transdutores:
• Convexo: a varredura é setorial (tem a forma de um leque), com um ângulo em torno de 60° e a
frequência varia entre 3 a 6 MHz. É utilizado em exames abdominais e obstétricos por alcançar
regiões mais profundas e ter mais campo de visão.
A escolha do transdutor deve ser feita baseada no tipo de exame, no órgão avaliado e no biótipo
do paciente. O melhor transdutor para uso geral é o transdutor convexo de 3,5 MHz focado a 7-9 cm.
Se esse não estiver disponível, pode-se usar transdutores lineares ou setoriais. Em crianças e adultos
magros, podemos usar com 5 MHz focado a 5-7 cm. No entanto, cada exame ultrassonográfico possui
seu transdutor de escolha. Quanto maior a frequência do transdutor, maior a resolução da imagem e
menor a profundidade atingida e vice-versa.
• escala de cinza: varia de acordo com a distribuição espacial e temporal dos ecos vibratórios;
38
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Os procedimentos são:
• para visualização das estruturas da região abdominal, deve‑se usar inspiração e expiração
profundas e controladas;
• normalmente não causa dor, mas ao pressionar o transdutor, alguns pacientes podem sentir desconforto;
É importante verificar que para cada tipo de exame, existem diretrizes específicas. Segundo Fischbach
(2005), os benefícios e riscos do ultrassom são:
Também há desvantagens: o indivíduo que realiza o procedimento deve ser treinado, não se consegue
analisar estruturas contendo ar e, dependendo do paciente, a análise é mais complicada.
A ultrassonografia obstétrica é, de acordo com Fischbach (2005), utilizada para confirmar a gestação
(ou se ela é múltipla), realizar a amniocentese, demonstrar a idade fetal, verificar o crescimento e a
viabilidade fetal, localizar a placenta, identificar a gestação pós‑madura, além de orientar a biópsia. O
procedimento inclui:
39
Unidade I
• ultrassom transabdominal, que deve ser realizado no segundo trimestre de gestação com a
paciente com a bexiga cheia;
• aplicação do agente de acoplamento (loção, gel, óleo mineral). Esse processo serve para evitar que
o ar absorva as ondas sonoras;
• a não necessidade de que a bexiga fique cheia ao fim da gestação, porém, em alguns casos, ela
precisa permanecer até que a bexiga encha;
• as determinações da idade fetal são mais precisas durante o primeiro trimestre. O segundo é o
momento preciso para definição da idade, enquanto no terceiro há margem de erro.
Observação
Em 1967, o projeto da tomografia computadorizada foi apresentado pelo engenheiro inglês Godfrey
Hounsfield (1919-2004) e pelo físico sul-africano Allan M. Cormack, que desenvolveu a parte matemática.
Ambos receberam o prêmio Nobel de Medicina de 1979.
40
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
3.2.1 Terminologia
A unidade utilizada para medir a densidade chama-se unidade Hounsfield (criador do método) e o
valor de referência é expresso pela água (0 Hounsfield). A tabela a seguir apresenta os valores referentes
aos diferentes tipos de tecidos biológicos, água, líquor e ar.
Tabela 1
A figura a seguir destaca a classificação das densidades em relação aos valores positivos e negativos
característicos de diferentes constituições (gás, água, líquor e tecidos biológicos).
Valores
próximos
AR = - 1000 HU
Hipodensos
Valores
Referência = água = zero próximos
Isodensos
Valores
Ossos = Até 2000 HU próximos
Hiperdensos
41
Unidade I
Na tomografia computadorizada, o tubo de raios X gira 360° em torno da região do corpo a ser estudada,
e a imagem obtida é tomográfica, ou seja, são obtidas “fatias” (slices, em inglês). Em oposição ao feixe de
raios X emitido, temos um sistema detector de fótons que gira sincronicamente ao feixe de raios X, mas que
também pode ser fixo nos tomógrafos mais modernos. Como na radiografia convencional, as características
das imagens vão depender das informações colhidas a respeito da absorção de fótons pelo objeto em estudo.
Dessa forma, a quantidade de fótons recebidos pelos detectores depende da espessura do objeto
e da capacidade deste de absorver os raios X. Os detectores de fótons da TC transformam os fótons
emitidos em sinal analógico. Quanto mais fótons de raios X atingem os detectores, maior é a diferença
de potencial, ou voltagem que cada detector fornece ao computador – sinal analógico. O sinal analógico
vai ser convertido em sinal digital através do sistema de computação e será processado para formar a
imagem final, que, apesar de processada digitalmente, será de novo uma imagem analógica.
• feixe colimado de raios X e sistema de detectores que avaliará a graduação com que os raios serão
absorvidos e dispersados pelo paciente;
• regiões mais densas são brancas, enquanto as menos densas são negras;
• capaz de rodar em torno do paciente cerca de 1 grau, com os detectores dos raios;
É capaz de produzir as imagens em corte transversal das estruturas, sem ocorrer a sua sobreposição.
Podem ser diferenciadas características distintas de estruturas teciduais em órgãos sólidos (FISCHBACH, 2005).
Nesse procedimento, o paciente fica deitado em uma mesa motorizada que se posiciona no gantry
(estrutura anular) (FISCHBACH, 2005). O gantry apresenta tubos de raios X que durante o exame giram em
torno do paciente. Essa rotação permite diversas leituras que são reunidas e processadas pelo computador.
A imagem mostra diferentes densidades correspondentes aos raios X que ultrapassam as estruturas
corpóreas do indivíduo. A diferença é que na tomografia as diferenças sutis podem ser quantificadas,
mostrando distintas tonalidades de cinza. Na interpretação, podem‑se diferenciar aparência, forma,
tamanho, simetria e posicionamento. Os escâners são em espiral (escâner helicoidal) e são capazes de
produzir uma série de dados tridimensionais, que permitem a reconstrução tridimensional das estruturas.
Podem ser produzidas, simultaneamente, 16 fatias das imagens. A manipulação computadorizada
permite que sujam executadas técnicas de pós‑processamento dos dados. Assim, podem ser realizadas
angiografias por tomografia e imagens em profundidade. As imagens podem ser obtidas do abdome,
pelve, coluna vertebral, cabeça, tórax, articulações e ossos, sendo as biópsias guiadas por tomografia
(FISCHBACH, 2005).
3.2.3 Tomógrafo
Um giro de 360o produz uma “vista” e um conjunto de projeções compostas de uma nova variável de
“raios”. Cada vista produz um conjunto de sinais analógicos que são enviados ao sistema de computação. Ao
término de cada giro, o sistema tubo/detectores volta à posição inicial e a mesa sobre a qual está o paciente,
move-se alguns milímetros. Este processo vai se repetindo e gera uma enorme quantidade de dados.
• Tomógrafo de primeira geração (rotação/translação com detector único): este foi o primeiro
sistema comercialmente disponível. Nele, um feixe de raios X cilíndrico e estreito (“em lápis”) varre
o corpo fazendo uma meia-volta (180°) com passos de 1 grau. A cada passo de um grau realiza
uma translação, após um número “x” de translações, faz uma rotação e assim por diante, gerando
180 projeções a cada volta.
43
Unidade I
• ficar deitado, imóvel sobre a mesa, com a cabeça imobilizada (de forma confortável). A mesa é
deslocada para o interior do gantry e os tubos de raios X giram, circularmente, ao redor do paciente;
• após a administração do contraste, pode ocorrer náusea, vômito, calor, rubor facial e o paciente
sentir gosto de salgado. Talvez existam sinais de dispneia, diaforese, dormência e palpitações.
Cuidados no pré‑teste:
• instruções sobre objetivo e procedimento, importante tê‑las por escrito. Explicar sobre a
possibilidade de efeitos colaterais e da alergia;
• deve ser feito um jejum de 2 a 3 horas antes do exame. Podem‑se ingerir os medicamentos
normais que o indivíduo consome;
• informar ao paciente que o exame não emite mais radiação do que os raios X normais;
44
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Cuidados no pós‑teste:
• o paciente deverá estar em decúbito dorsal sobre o gantry. Há movimentação dos tubos de raios X;
• o indivíduo sob cuidado deve ser informado para permanecer imóvel, deitado, e sobre a sua respiração;
• poderá haver efeito colateral como calor, rubor facial, náuseas e gosto salgado;
Cuidados no pré‑teste:
• o paciente deve ser informado do objetivo e procedimento. O ideal é ter as instruções por escrito;
Cuidados no pós‑teste:
Na área de neurologia, é indicado o uso da TC para diagnóstico de doenças neurológicas como acidentes
vasculares encefálicos (AVEs) de origem isquêmica ou hemorrágica, malformações cerebrais, lesões traumáticas
como traumatismos cranioencefálicos (TCEs), processos inflamatórios e na presença de tumor.
Na área cardiológica, a TC pode ser indicada para diagnóstico, acompanhamento de evolução clínica
e como método preventivo de complicações de doenças coronarianas.
• mulheres grávidas;
• distúrbios de movimentos;
• distúrbios psiquiátricos.
46
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
lembrete
Vantagens
Desvantagens
• alguns pacientes não podem utilizar contraste como pacientes alérgicos ao contraste iodado,
com insuficiência renal aguda não compensada, uso de remédios (metformina, interferon e
interleucina), na presença de mieloma múltiplo.
Saiba mais
47
Unidade I
A ressonância nuclear magnética é um método que tem como princípio físico o uso de um campo
magnético. A obtenção das imagens é feita a partir de ondas de radiofrequência. Os componentes da
ressonância nuclear magnética são:
• Sistema de estimulação-recepção.
• Sistema gradiente do campo magnético (pequenos ímãs de campos e localizações variáveis que
permitem as reconstruções tridimensionais das imagens).
• Sistema de informatização.
• o paciente ficar deitado em decúbito dorsal, em uma cama especial, que é deslocada para o gantry;
• a utilização dos sistemas fechados que possuem uma força magnética maior;
• o paciente deve ter ciência de que a sedação pode ser necessária em algumas situações;
• estruturas superficiais devem ser analisadas por aplicação de uma bobina de superfície;
• deve‑se assegurar ao paciente que ele conseguirá respirar, podendo manter contato com a equipe
durante o procedimento;
48
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• pode ser necessária a administração de contraste não iodado pela via endovenosa;
É importante saber que podem ser necessárias a restrição alimentar e preparos especiais. As
contraindicações incluem:
• histórico do paciente.
Os cuidados no pré-teste devem ser feitos antes da realização do exame e consistem em informações
necessárias ao paciente sobre procedimentos, riscos, benefícios e contraindicações:
• retirar alguns objetos antes do exame (próteses dentárias, cartão de crédito, chaves etc.);
• deve ser realizado um jejum de 2 horas antes do exame. Não se pode consumir álcool, nicotina
ou cafeína.
Vantagens
Desvantagens
• Exame caro;
4 ELETROCARDIOGRAMA
Em 1902, Willem Einthoven idealizou um aparelho para registrar as correntes elétricas que se
originavam no coração. Nesses mais de cem anos, tanto os aparelhos quanto a própria metodologia
de interpretação se modernizaram. Surgiram novas aplicações, fazendo com que o eletrocardiograma
continue sendo um exame de extrema importância.
O ECG é composto de 12 derivações, sendo seis periféricas (DI, DII, DIII, aVF, aVL, aVR) e seis precordiais
(V1, V2, V3, V4, V5, V6). Em alguns casos, são recomendadas derivações especiais para analisar o
ventrículo direito (V3r a V6r) e a parede posterior do ventrículo esquerdo (V7 e V8). Portanto, cada uma
das derivações representa uma topografia cardíaca e, assim, faz‑se necessário o correto posicionamento
dos eletrodos (figura a seguir).
50
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Linha herniclavicular
Linha axilar anterior
Linha axilar média
V1 V2 V3 V4 V5 V6
BD BE
Derivações precordiais
direitas suplementares
Fita do ECG
PD PE Aparelho de ECG
O coração é uma bomba que envia sangue para o resto do corpo através de sua contração (sístole).
A cada contração atrial, segue‑se uma contração ventricular, segundo um sistema de condução próprio
do coração.
Para que possamos entender melhor esse mecanismo, faremos uma breve revisão do sistema de
condução elétrico do coração, responsável por propagar o estímulo elétrico dos átrios para os ventrículos.
As seguintes estruturas compõem o sistema:
• nó sinusal ou sinoatrial: localizado no alto do átrio direito, abaixo da abertura da veia cava
superior. Essa estrutura funciona como o marca‑passo cardíaco normal e é responsável por iniciar
a ativação elétrica. Um ritmo sinusal normal significa que os impulsos originários no nó sinoatrial
geraram uma frequência de 60 a 100 batimentos cardíacos por minuto;
• nó atrioventricular: situado na parte inferior do átrio direito, próximo à valva tricúspide. Tem
função de retardar a condução do impulso dos átrios para os ventrículos. Funciona também com
marca‑passo reserva;
• feixe de His: feixe curto de fibras na base do nó atrioventricular, responsável por levar o impulso
elétrico para os ramos direito e esquerdo;
51
Unidade I
• fibras de Purkinje: fibras muito finas, que se propagam do ramo direito e esquerdo para a superfície
endocárdica dos ventrículos.
Para o registro do eletrocardiograma, deve‑se usar um eletromiógrafo e um papel milimetrado que possui
divisões específicas para a sua correta interpretação. O eletromiógrafo é o equipamento usado para o exame
eletrocardiograma, responsável pelo registro dos potenciais elétricos durante a atividade elétrica cardíaca por
meio de sensores fixados no tórax. O papel milimetrado é dividido em quadrados pequenos de 1 mm2 e quadrados
maiores marcados por linhas mais fortes, que correspondem a cinco quadrados menores, tanto na horizontal
como na vertical. Na linha abscissa, marca‑se o tempo, em que cada quadrado menor equivale a 0,04 segundo;
no eixo vertical, registra‑se a voltagem, em que cada quadrado menor equivale a 0,1 mV (figura a seguir).
Tempo Velocidade: 25 mm/s
R
Voltagem
1 mV Ponto J
P T U
0,1 mV
Segmento
Intervalo Q ST
0,2 s PR S
Intervalo
QRS
Intervalo QT
0,04 s
Para análise e interpretação do ECG, devemos conhecer o significado das ondas registradas no papel
do eletrocardiograma, bem como suas morfologias e intervalos. Dentre elas, destacam‑se:
• onda P: corresponde ao estímulo elétrico que passa pelos átrios, levando a despolarização (contração)
atrial. Dura até 0,10 segundo e tem amplitude de 0,25 a 0,30 mV. Ela é pequena e arredondada;
• intervalo PR: equivale ao intervalo que ocorre do início da onda P até o início do complexo QRS.
Varia de 0,12 a 0,20 segundo;
• complexo QRS (intervalo QRS): assemelha‑se ao estímulo elétrico que passa pelos ventrículos,
levando a despolarização (contração) ventricular. Dura de 0,06 a 0,12 segundo. Em relação à
morfologia, apresenta três deflexões – Q (deflexão negativa), R (deflexão positiva) e S (deflexão
negativa). Porém, sua morfologia é extremamente variável, dependendo da derivação registrada;
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
• segmento ST: equipara‑se ao intervalo que acontece após o QRS até o início da onda T. Esse é
o tempo que separa o fim da despolarização e o início da repolarização ventricular. Não pode
ter um desnível maior que 1 mm; caso ocorra, isso indicará supra ou infradesnivelamento do
segmento ST;
• onda T: corresponde à repolarização (relaxamento) ventricular. Deve ser menor que o complexo
QRS e sua amplitude não ultrapassa 0,5 mV nas derivações periféricas e 1,0 mV nas precordiais.
• intervalo QT: intervalo de tempo entre o início do complexo QRS e o fim da onda T.
• o eletrocardiograma é um exame simples e barato que não exige preparos complexos para
sua realização;
• o paciente deve ficar deitado na posição supina e imóvel durante o registro do ECG, para não
gerar interferências nas ondas eletrocardiográficas;
• peles gordurosas podem prejudicar o registro das ondas. Nesse caso, o local da pele onde o eletrodo
será posicionado pode ser limpo com algodão embebido em álcool.
• frequência cardíaca: para determinar a frequência cardíaca, deve‑se avaliar a distância entre uma
onda R e a próxima onda R, dividindo 1.500 pelo número de quadrados menores entre as duas
ondas. A frequência cardíaca normal em adultos fica entre 60 a 100 bpm;
• o ritmo cardíaco: ele pode ser regular ou irregular. O ritmo é considerado regular, portanto
normal, quando os intervalos entre uma onda R e a próxima R são iguais; se forem diferentes ou
inconstantes, será considerado como irregular;
• as ondas P: a presença da onda P, precedendo cada complexo QRS, determina que o ritmo é
sinusal, portanto normal, pois o estímulo elétrico está partindo do nó sinusal. Também deve ser
observada sua morfologia, que deve ser pequena e arredondada;
• medir o intervalo PR: é o tempo medido do início da onda P para o início do complexo QRS. Para
ser considerado normal, esse intervalo não deve ser menor que 0,20 segundo (cinco quadrados
menores) e precisa ser igual em todo o eletrocardiograma;
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Unidade I
• o complexo QRS: ele necessita estar presente em todos os ciclos cardíacos. Para ser considerado
normal, deve ser estreito (menor que 0,12 segundo), indicando que a ativação elétrica do ventrículo
ocorreu pelo feixe de His e pelas fibras de Purkinje;
• o segmento ST: ele precisa ser avaliado medindo‑se do fim do complexo QRS até o início da onda
T. Deve‑se analisar se o segmento ST está isoelétrico (normal), deprimido ou elevado;
• identificar o ritmo: o ritmo sinusal ou sinoatrial é considerado normal. Existe um grande número
de ritmos que podem ser identificados dependendo da patologia ou condição metabólica do
paciente, entretanto, apenas citaremos as principais arritmias – bradicardia sinusal, taquicardia
sinusal, extrassístoles atriais, extrassístoles ventriculares, fibrilação atrial, flutter atrial, bloqueio
atrioventricular de primeiro grau, bloqueio atrioventricular de segundo grau (Mobitz I e II), além
de bloqueio atrioventricular de terceiro grau ou total.
Observação
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AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Resumo
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Unidade I
Exercícios
III. O segmento ST refere-se ao intervalo que acontece após o QRS até o início da onda T.
A) I e II, apenas.
B) I, II e III, apenas.
I – Afirmativa incorreta.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o segmento ST corresponde ao intervalo que acontece após o QRS até o início da onda
T. Esse é o tempo que separa o fim da despolarização e o início da repolarização ventricular.
IV – Afirmativa correta.
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Unidade I
Porque
II. A sua aplicabilidade está nas imagens do sistema esquelético, útil para a ortopedia e traumatologia,
ou os exames de contraste para a melhor visualização do sistema vascular, digestório e urinário.
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