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Resumo
Este artigo teve por objetivo analisar o setor de autopeças na cidade do Natal à luz da abordagem das cinco
forças de Porter. Para tanto, a pesquisa buscou incorporar as teses de Porter, principal autor da escola de
posicionamento, em contraponto com as críticas e pensamentos de alguns principais autores expoentes na
temática de estratégia, a exemplo de Mintzberg o qual em uma de suas críticas menciona que a própria estratégia
dessa escola tende a ter uma visão estreita. De acordo com Porter (1991), a análise das cinco forças de mercado,
fornecedores, compradores, entrantes potenciais, produtos substitutos e rivalidades entre as empresas são
essenciais para a determinação das estratégias que uma organização deve perseguir. O autor defende três tipos de
estratégias: liderança em custo, diferenciação e enfoque. As críticas à tese de Porter advêm da limitação que
estas estratégias podem trazer para a empresa. Igualmente, é inegável o seu papel de apoiar o processo
estratégico através das informações que surgem das análises. Quanto aos métodos, essa pesquisa caracteriza por
ser exploratória e descritiva. Como limitação ao estudo tem-se o acesso a informações secundárias do setor, pois
existem poucas pesquisas nesse segmento além de falta de tempo por parte dos empresários do setor pesquisado.
Os dados secundários, por sua vez, foram coletados através de livros, dissertações, artigos científicos, órgãos
reguladores, jornais. Trata-se de um Estudo de Caso no Setor de Autopeças da cidade do Natal. Para o alcance
do objetivo, realizou-se a coleta de dados primários através de entrevistas semiestruturadas junto a três empresas
do setor. Como resultados destacam-se a fragmentação do mercado caracterizado pela quantidade de empresas
ativas e o pouco número de fornecedores no setor, a pesquisa também pode visualizar o estilo de gestão familiar
das empresas, baixo ou nenhum poder de barganha com fornecedores, venda em larga escala inexistente,
mercado em expansão, falta de foco, quedas de barreiras à entrada de novos entrantes, empresas que poderão
entrar no mercado. Cabe ainda ressaltar a falta de articulação por parte dos empresários locais para frear a
entrada destes novos entrantes, visto que não há unidade no sindicato patronal tornando-o enfraquecido, entre
outros servindo assim para posicionar o setor de autopeças. As análises permitem também discorrer algumas
sugestões acerca de como navegar por este ambiente sinuoso, como a verticalização para frente ou para trás, a
criação de centros de compras, profissionalização do estilo de gestão, procurar operar em células, entre outras. É
preciso lembrar que o presente estudo não esgota o tema, apenas instiga os pesquisadores a debruçarem-se sobre
o setor trazendo novos paradigmas.
Cada empresa estudada por Chandler tinha uma estrutura centralizada que era
apropriada para sua linha de produtos limitada. Mas, com o aumento da demanda, da
renda nacional e da taxa de inovação tecnológica, estas empresas lançaram novos
produtos, entraram em novos mercados e aumentaram a produção. A complexidade
que daí resultou tornou uma estrutura altamente centralizada ineficiente e inviável.
Principalmente a entrada em novos mercados exigiu mais independência nos níveis
mais baixos para assegurar uma resposta rápida aos mercados em evolução. Foi
mantido algum controle centralizado (o que ainda existe). Mas, em geral, estas
empresas tiveram que mudar para uma estrutura descentralizada, com várias divisões
quase autônomas, para continuar tendo êxito.
Andrews (1971) apud Oliveira (2007) explica que a estratégia é o agrupamento dos
objetivos, finalidades, metas, diretrizes e planos para atingir esses objetivos, postulados que
possam contribuir para a determinação das atividades, como também o tipo de empresa que
deseja ser.
Tomando por base os conceitos aqui apresentados, pode-se apreender o processo
estratégico das organizações como uma atividade meio. A essas se define métodos para o
alcance dos objetivos, que por sua vez, podem ser entendidos como os fins da organização.
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Em síntese, as estratégias são os meios pelos quais as organizações buscam alcançar os seus
objetivos e metas.
Apesar de contemporâneo, o termo estratégia tem origem grega, da palavra strategos,
nome dado a um cargo importante da época, ocupado por um general. Sua função era de
tentar antecipar as possíveis situações antes da batalha. Assim, ele fazia a previsão das
alternativas que melhor se adequassem ao confronto.
Para Sun Tzu (2005), as informações do inimigo e do campo de batalha são
fundamentais para o alcance dos resultados. Nesse contexto, compreende-se que as
informações de mercado são recursos valiosos para o sucesso das organizações.
A partir do início do século XX o escopo e as técnicas estratégicas foram incorporados
nas empresas, segundo Maximiano (2008, p. 330) “os primeiros executivos a aplicar, de
forma coerente o que viria a ser conhecido como administração estratégica” teria sido Pierre
Du Pont e Alfred Sloan. Este último, porém, separou as atividades estratégicas das rotineiras e
as definiu como política organizacional.
Devido ao alargamento das discussões acerca das estratégias organizacionais, vários
autores classificaram de formas diferentes. O quadro 1 a seguir apresenta a classificação das
estratégias originadas a partir das pesquisas científicas.
Autor Classificação estratégica
Penetração de mercado é quando a estratégia explora produtos tradicionais em um
mercado também tradicional;
O desenvolvimento de mercado ocorre quando um mercado novo é explorado por um
produto tradicional;
Ansoff
Desenvolvimento de produto, exploração de mercados tradicionais com produtos novos; e
por último,
A diversificação acontece a partir da exploração de um mercado novo por um produto
novo.
Comportamento defensivo caracterizado por empresas que têm visão curta são
especializadas e não costumam procurar oportunidades ou não atuam em situações
diferentes das que costumam estar;
Comportamento prospectivo típico de empresas que estão sempre procurando novas
oportunidades de mercados e tentam trabalhar ameaças emergentes, devido a esta
Miles e Snow característica outras empresas usam-nas como base de testes;
Comportamento analítico são empresas que atuam tanto no mercado estável quanto no
instável; e
Comportamento de reação, empresas que atuam em mercados turbulentos têm essa
característica, por estarem nesses ambientes adotam estratégias apenas para reagir às forças
externas permanecendo estagnadas.
Estabilidade, equivalente ao comportamento defensivo de Miles e Snow;
Crescimento, também denominado por Miles e Snow de comportamento prospectivo; e
Samuel Certo
Redução das despesas, estratégia também falada por Porter para qual ele deu o nome de
liderança nos custos.
Liderança nos custos, quando a empresa tem seus objetivos na redução das despesas,
buscando com isso uma liderança no mercado em que atua;
Diferenciação, quando busca criar uma marca no mercado, criando no mercado um
Porter
sentimento de exclusividade;
Foco, neste tipo de estratégia a empresa atua em um nicho de mercado ou grupo de clientes
procurando atendê-los de forma eficaz tornando-se um líder naquele mercado.
Quadro 1: Classificações das estratégias organizacionais.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Maximiano (2008).
A classificação utilizada por Porter (1991), definida por Estratégias Genéricas, faz
parte, segundo Mintzberg et al (2000) da Escola de Posicionamento, a qual o autor explica
como sendo a formação das estratégias como um processo analítico. Essas estratégias são
descritas a seguir:
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Liderança nos Custos
Esta estratégia se popularizou na década de 70 nos EUA devido ao conceito da curva
de experiência que sua definição macro demonstra quando o custo total de um determinado
produto diminui com o aumento de sua produção.
Para obtenção da liderança de mercado através do custo, Porter (1991) menciona a
criação em escala eficiente congruente com um controle rígido dos gastos totais, ainda é dito
que se deve eliminar a formação de contas marginais de clientes. Este modelo não isola as
outras áreas como qualidade, por exemplo, mas os custos devem estar no centro da estratégia,
ou seja, busca-se a qualidade com o objetivo final de redução dos custos.
A liderança mercadológica mantida pelo custo trará proteção contra a concorrência,
pois ela poderá vender seus produtos ou serviços, doravante chamados apenas produtos, com
preços competitivos tendo uma margem de lucro acima dos demais concorrentes; a empresa
terá assim posição vantajosa frente a seus compradores, clientes, pois estes não terão como
barganhar haja vista que os preços já são os melhores em termos competitivos; defende ainda
contra fornecedores, porque terá maior flexibilidade para enfrentar períodos de aumento das
matérias primas. Em virtude do aumento de escala, os novos entrantes precisarão ter grandes
investimentos para fomentar uma larga escala caso queiram competir com as empresas já
estabelecidas; e por fim com esta estratégia os produtos substitutos também terão dificuldades
para se estabelecerem nesses mercados.
De forma conceitual pode-se dizer que esta estratégia envolve a empresa com um
escudo, evitando que as força de mercados atuem de forma forte sobre elas.
Diferenciação
Segunda estratégia genérica de Porter a qual fala que se deve tornar perceptível ao
mercado de atuação, como sendo único, o produto comercializado. As formas de conseguir
este feito segundo (PORTER, 1991) são:
a) Construção da marca;
b) Atualização da tecnologia empregada;
c) Peculiaridades, características que vão agregar valor ao produto;
d) Sentimento de exclusividade;
e) Assistência ao cliente; etc.
Apesar de a empresa estar voltada para a diferenciação, os seus custos devem fazer
parte da estratégia, mas em segundo plano. Ao se atingir este nível estratégico, a empresa terá
posição de isolamento da concorrência, conseguirá lucratividade melhor, pois o cliente estará
disposto a pagar por algo mais para adquirir o produto. Estará em posição confortável para
brigar com fornecedores, também não sofre influência de possíveis compradores haja vista o
sentimento de exclusividade cultivado no cliente, produtos substitutos dificilmente entrarão
em um mercado assim.
Enfoque
Terceira e última estratégia aplicada por Porter visa atender um nicho de mercado ou
grupo de clientes, ou ainda uma linha de produtos. Esta técnica, diferente das duas outras,
objetiva a eficiência no atendimento ao cliente.
“A empresa que desenvolve com sucesso a estratégia de enfoque pode também obter
potencialmente retornos acima da média... o enfoque desenvolvido significa que a empresa
tem uma posição de baixo custo com seu alvo estratégico, alta diferenciação, ou ambas”.
(PORTER, 1991, p. 53).
Percebe-se que ao definir o tipo de estratégia a serem adotadas (liderança em custo,
diferenciação ou foco) as organizações passam a se posicionar competitivamente frente a
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outras organizações no mercado conforme seus objetivos. Assim, ao decidir a estratégia de
liderança em custos, a empresa tem como finalidade alcançar eficiência operacional que lhe
possibilite menores custos para ampliar a margem de lucro para o enfrentamento com os
concorrentes em uma provável guerra de preços.
Por outro lado, ao decidir pela estratégia de diferenciação, a organização tem como
finalidade entregar para o seu cliente e/ou consumidor, produtos diferenciados dos da
concorrência, essa estratégia possibilita a empresa, fugir da guerra de preços que pode
ocasionar dificuldades para todo um setor, através da percepção dos compradores de valor
superior de um determinado bem (produto/serviço).
Para Porter (1991), existem dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma
organização pode possuir: liderança em custo ou diferenciação. Mintzberg et al (2000) explica
que para Porter “ser tudo para todos” é uma receita para a mediocridade estratégica e baixo
desempenho competitivo. Dessa forma, o autor advoga que a empresa deve fazer uma opção
pelo alcance da vantagem competitiva.
Outra metodologia analítica desenvolvida por Porter que pode ser utilizada para
definições estratégicas e que Mintzberg et al (2000) também a caracteriza como sendo parte
integrante da Escola de Posicionamento é o modelo das cinco forças. Representado na figura
1, a seguir:
Porter (1991, p. 23) advoga que “a chave para o desenvolvimento de uma estratégia é
pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes de cada força”. Nesse modelo, o autor
identifica cinco forças no ambiente organizacional que influenciam a concorrência, são elas:
b) Diferenciação do Produto (DP): as empresas que conseguem impor esta barreira obtêm
vantagem competitiva, esta barreira é alimentada pelo investimento passado de publicidade,
atendimento ao consumidor, ativos intangíveis, estes entre outros são sentimentos de gratidão
por parte dos clientes e dificilmente comprarão outros produtos. Em determinados segmentos,
esta fonte é uma das mais importantes segundo (PORTER, 1991);
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d) Capacidade aumentada em grandes incrementos: esse aspecto está ligado à elevação da
capacidade de produção para obtenção de economias de escala que pode provocar um
desequilíbrio da oferta/procura em uma indústria; e
A análise das cinco forças possibilita o entendimento das forças e fraquezas de uma
indústria, possibilitando o diagnóstico da lucratividade de uma indústria ou mesmo o
posicionamento de uma empresa em relação às demais dentro desse setor, em termos de
forças e fraquezas.
Uma vez diagnosticada as forças que afetam a concorrência em uma indústria e suas
causas básicas, a empresa está em posição para identificar seus pontos fracos e fortes
em relação à indústria. Do ponto de vista estratégico, as condições cruciais são o
posicionamento da empresa quanto às causas básicas de cada força competitiva.
(PORTER, 1991, p. 45).
Tomando o modelo das cinco forças de Porter pode-se admitir que a metodologia
permite a compreensão de um setor específico; o conhecimento mais profundo da
concorrência e sua própria posição no setor, para saber onde competir; e a formulação de uma
estratégia competitiva para o negócio.
De acordo com Mintzberg et al (2000), as particularidades de cada força podem
explicar por que as organizações adotam determinadas estratégias. Assim, de posse das
informações das forças externas, podem-se elencar várias estratégias possíveis. Mintzber et al
(2000) explica que, Porter se opõe ao admitir que somente umas poucas estratégias genéricas
podem conduzir uma organização à sobrevivência perante os concorrentes em longo prazo.
Para Mintzberg et al (2000), esta tese estratégica é o que define a escola de posicionamento.
O quadro 2, a seguir apresenta os benefícios da adoção das estratégias de liderança em
custo total e de diferenciação em relação às forças competitivas de um setor.
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BENEFÍCIOS PERANTE AS FORÇAS
ESTRATÉGIA
COMPETITIVAS
Perante a rivalidade dos concorrentes: Os custos mais
baixos permitem as empresas obter retorno depois que os
concorrentes tiverem consumido suas margens de lucro com
a guerra de preços;
Perante compradores mais fortes: porque estes só podem
exercer poder de barganha para baixar os preços ao nível da
empresa líder no custo total;
LIDERANÇA EM CUSTO TOTAL
Perante Fornecedores poderosos: porque minimiza os
efeitos dos aumentos de preços de insumos;
Perante possíveis entrantes: porque a economia de escala e
as vantagens de custos criam uma barreira de entrada; e
Perante a ameaça de substituição: porque a liderança no
custo total pode prolongar o ciclo de vida de um produto ou
serviço, devido à barreira gerada pelo custo da mudança.
Perante a rivalidade dos concorrentes: porque a ênfase na
diferenciação permite muitas variações de produtos e
serviços com características distintas das dos concorrentes;
Perante compradores mais fortes: porque a base da
vantagem competitiva dentro da estratégia de diferenciação é
a capacidade para oferecer aos compradores algo diferente
do que é oferecido pelos concorrentes (Preço-prêmio);
DIFERENCIAÇÃO Perante Fornecedores poderosos: porque na diferenciação
o fornecedor tende a atuar como um parceiro na criação de
valor para o cliente;
Perante possíveis entrantes: porque a inovação pode
proporcionar uma barreira de entrada; e
Perante a ameaça de substituição: porque a percepção de
valor superior, com características singulares cria barreiras à
propensão para a mudança.
Quadro 2: Benefícios das estratégias de liderança em custo e de diferenciação ante as cinco forças da indústria.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Lobato (2005).
3 Procedimentos Metodológicos
Gil (2009, p. 54) advoga que o estudo de caso “é uma modalidade de pesquisa
amplamente utilizada (...) Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,
de maneira que permita seu amplo e detalhado estudo”. O autor ainda faz uma ressalva aos
vieses comuns a essa modalidade acabando por muitas vezes comprometendo a qualidade dos
resultados.
A natureza da pesquisa é descritiva uma vez que pesquisas descritivas “têm como
objetivo primordial a descrição das características de determinado população ou fenômeno ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2009, P. 42). A pesquisa também
estabelece uma natureza exploratória que como se pode constar em Gil (2009, p. 41) a
pesquisa exploratória tem “como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou constituir hipóteses”.
Martins (2005) apud Silva Filho (2009), explica que alguns problemas de pesquisa
necessitam de uma abordagem flexível, e, dessa forma, o método qualitativo é recomendado.
Godoy (1995) apud Silva Filho (2009) afirma que em estudos onde se há tal método, o
pesquisador faz as análises dos dados com a finalidade de compreender a dinâmica do
fenômeno em estudo.
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Gil (2009, p. 140) advoga que “obter dados mediante procedimentos diversos é
fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos”, Yin (2001) apud Gil (2009, p.
141) ressalta a importância do emprego de diversas fontes de dados “constitui, portanto, o
principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir significância a seus
resultados”.
Dessa forma a pesquisa contemplou a técnica de estudo de caso com coleta de dados
secundários, como artigos, dissertações, livros, revistas e órgãos reguladores com intuito de
adquirir fundamentos teóricos. Então, só posteriormente partiu para a coleta de dados
primários. Esta, por sua vez, se deu por meio de entrevistas que “é um encontro entre duas
pessoas, no mínimo, num local determinado, para que uma delas obtenha informações da
outra sobre determinada questão ou tema” (SCHAAN, 2001, p. 40).
Como sujeitos da pesquisa, foram selecionadas, mediante técnica não probabilística
intencional por julgamento, as empresas Auto Elétrica Natalense Ltda, Eletricar Peças e
Serviços Elétricos Ltda e RN Auto Elétrica Com. Serv. Ltda. Cabe destacar que a escolha das
três empresas deu-se pela representatividade e forma de atuação destas no setor de autopeças
da cidade do Natal.
Com a finalidade de manter o anonimato das empresas como também dos
entrevistados, as entrevistas receberam um código aleatório que variou de E1 a E3.
Gil (2009) ressalta para o cuidado com a análise de dados para que “seja de natureza
predominantemente qualitativa” (GIL, 2009, p. 141). Ele diz que “o mais importante na
análise e interpretação de dados no estudo de caso é a preservação da totalidade da unidade
social” (GIL, 2009, p. 141).
Dessa forma a presente pesquisa utilizou a técnica de entrevistas semiestruturadas por
acreditar ser um método mais abrangente e posteriormente analisar melhor a consistência dos
dados obtidos.
Como limitação do estudo, tem-se o acesso a informações secundárias do setor, pois
existem poucas pesquisas nesse segmento.
a) Auto Elétrica Natalense Ltda.: empresa há 16 anos no mercado da grande Natal onde é
referência no setor de autopeças, atualmente tem em seu quadro de colaboradores 106
pessoas, trabalha com cerca de 28 fornecedores e conta aproximadamente com 570 clientes na
sua carteira;
b) Eletricar Peças e Serviços Elétricos Ltda.: empresa de porte médio está em atividade na
grande Natal há sete anos, conta com 17 colaboradores, 6 fornecedores ativos e sua carteira de
clientes tem perto de 130 clientes; e
c) RN Auto Elétrica Com. Serv. Ltda.: nasceu há três anos no mercado de autopeças da
grande Natal, já conta com 13 colaboradores, trabalha aproximadamente com 14 fornecedores
e a carteira de clientes já tem algo em torno de 110 clientes.
Na tabela 1 encontra-se o resumo das principais características das empresas
pesquisadas.
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Auto Elétrica Eletricar Peças e RN Auto Elétrica Com.
Natalense Ltda. Serviços Elétricos Ltda Serv. Ltda.
Tempo no Mercado
16 07 3
(anos)
Nº de Funcionários 106 17 13
Nº de Fornecedores
28 06 14
(aproximado)
Nº de Clientes
570 130 110
(aproximado)
Tabela 1: Caracterização das Empresas Pesquisadas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
E1: “... pelo fato de termos crescido num curto período de tempo se ganhou muito
dinheiro, muita gente tem essa visão, acha que a parte elétrica dar muito dinheiro, na
verdade ela deu não dar mais, isso chamou a atenção dos outros”.
O depoimento acima mostra que há alguns anos o segmento de autopeças era pouco
explorado, com pouca concorrência e quem entrou nele rapidamente obteve retorno e
crescimento. Muitas das empresas hoje no mercado advêm de ex-funcionários. Atualmente o
setor encontra-se fragmentado, os empresários não buscaram descobrir ferramentas de gestão,
dessa forma quase toda a totalidade das empresas abertas são tocadas de forma familiar.
A briga por preços praticados no mercado são encobertos pela falta de objetivos claros
nas empresas.
E3: “... quando têm as mesmas peças os preços são praticamente iguais, a
dificuldade é na variedade do produto, quem tem mais vende mais (...) os atacadistas
vendem para todos os mecânicos e eles estão repassando os preços dos
distribuidores para os seus clientes”.
A fala anterior de um dos entrevistados revelou que no passado havia uma barreira à
entrada de novas empresas que seria a necessidade de grandes estoques, porém hoje com as
instalações de grandes atacados na cidade o custo de implantação de uma loja varejista no
setor analisado diminuiu em virtude de não haver tal necessidade, com estas variáveis a
quantidade de lojas aumentaram. Percebe-se também uma falta de visão empresarial por
partes das pessoas que estão à frente das empresas, quando questionados se a concorrência
trazia a briga por preços, elas disseram não haver grandes variações. Mas, no mesmo
depoimento fica claro que tem uma briga de preços, pois os novos entrantes, as oficinas
mecânicas, vendem os produtos sem fazerem uma formação de preço justa.
E2: “... os preços já são determinados por eles e os prazos também, a gente aceita o
que eles oferecem”.
E3: “... os preços são os que estão no encarte a gente que tem que correr atrás e
batalhar preços menores entre elas, barganha não existe não”.
E1: “... o cliente pode comprar muito de uma vez ou não, depende de sua
necessidade”.
E3: “... no dia a dia a gente vê que o cliente quer o produto na prateleira e que tenha
agilidade”.
E3: “... eu vejo a nota fiscal eletrônica como uma oportunidade, pois as lojas serão
obrigadas a seguir a regra”.
E3: “... hoje em dia a facilidade de entrar no setor está melhor que antigamente,
antes só entrava quem tinha dinheiro, hoje se trabalha com os estoques do
fornecedor”.
E3: “Eu não vejo, mas basta a gente lojista, observar o mercado e traçar novas
estratégias”.
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O mercado de reposição de autopeças apresenta crescimento e nas empresas
pesquisadas vê-se essa expansão, porém eles não têm um plano estratégico definido para frear
as ameaças do setor em especial a concorrência desleal originada pelos atacados instalados na
grande Natal, como foi verificado nas empresas pesquisadas. Para isso Porter (1991 p. 199)
chamou de empresas presas,
... ainda que disponham dos recursos para que possam promover a consolidação da
indústria, as empresas podem estar emocionalmente presas às práticas tradicionais
da indústria que apóiam a estrutura fragmentada ou podem estar sem condições de
perceber oportunidades para mudança.
Referências
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