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Universidade Federal de Pernambuco

Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção


Disciplina: Decisão Multicritério
Discentes: Kely/ José Joaquim

FAMÍLIA ELECTRE
Métodos Electre
INTRODUÇÃO
MÉTODOS DE
SOBRECLASSIFICAÇÃO
INTRODUÇÃO

● A saída da análise não é um valor para cada alternativa, mas


estabelecimento de uma relação de sobreclassificação sobre as
alternativas;
● Uma alternativa “a” supera uma alternativa “b” quando, com
base nas informações disponíveis e nas preferências do decisor,
existe um argumento forte de que “a” é no mínimo tão boa
quanto “b” e nenhum argumento forte indicando o contrário;
● A forma como essa relação é explorada depende da problemática.
LITERATURA

MÉTODO AUTORES NOTAÇÕES

Simples. base para conceitos


ELECTRE I (ROY, 1968) posteriores. Problemática de
escolha com critérios verdadeiros

Extensão do ELECTRE I. Dados


(ROY, 1971), de entradas de preferências fortes
ELECTRE II
BERTIER,1973) e fracas. Problemática de
ordenação

Incorpora a natureza imprecisa,


ELECTRE III (ROY,1978) utilizando limiares de indiferença
e preferência

Problemática da ordenação sem


ELECTRE IV (ROY; HUGONNARD, 1981)
uso de peso para os critérios

ELECTRE TRI (YU, 1992) Problemática de classificação


FAMÍLIA DE MÉTODOS ELECTRE

• O método ELECTRE, nem sempre fornece um resultado


conclusivo, mas tem a vantagem de ser mais simples e
exigir menos esforço do decisor. Faz crítica a alguns
métodos MAVT e MAUT que exigem comparação completa;
• A família de métodos ELECTRE difere em função do nível de
informação, da complexidade do problema e, consequentemente,
do nível de necessidade de informações, bem como do tipo de
problemática;
• Foca em comparações de pares de alternativas, portanto,
geralmente é aplicado a problemas de escolha discreta
• O ponto de partida é a Matriz de Decisão
ELECTRE I
ELECTRE I
Matriz de decisão para um caso de Locação de Ponto de Negócio

Pesos – Quanto maior melhor


Avaliação – Escala ordinal com 5 pontos subjetivamente definidos (Muito Baixo
até Muito Alto)
Índice de Concordância e Discordância
• C (a, b) mede a força nas informações prestadas de que “a” é, pelo
menos, tão bom quanto “b”
• D (a, b) mede a força da evidência contra a hipótese acima
• Não existe um número estabelecido para indicar concordância ou
discordância
• O Índice de concordância no ELECTRE I é definido por:

• Onde Q (a, b) é o conjunto de critérios em que “a” é pelo menos tão bom
quanto “b”
• O Índice de Concordância é a proporção de pesos atribuído aos critérios
nos quais “a” seja pelo menos tão bom quanto “b”
Índice de Concordância e Discordância

• O Índice de Discordância no ELECTRE I é definido por

Onde R (a, b) é o conjunto de critérios em que “b” é estritamente


preferível a “a” e A é o conjunto de todas as alternativas
O índice é o valor máximo ponderado onde “b” é melhor do que “a”,
expresso em percentagem da diferença máxima ponderada entre
duas alternativas em qualquer critério.
Obs. Muito restritivo porque o índice se aplicaria apenas para valores
cardinais e onde os pesos tornassem os critérios comparáveis entre si.
Índice de Concordância e Discordância

• Uma alternativa é criar um limiar de veto ti no qual “a” não pode


sobreclassificar “b” se a pontuação de “b” superar a pontuação de “a”
em um quantitativo maior do que tal limiar, expresso pela seguinte
relação:
Construindo uma relação de
sobreclassificação

● Os índices de concordância e discordância para cada par de opções


podem ser utilizados para construir uma matriz de sobreclassificação.
● Primeiramente deve-se definir os limiares de concordância e
discordância, C* e D*.
● Uma alternativa “a” sobreclassifica “b” se C (a, b) ≥ C* e D (a, b) ≤ D*
● Quanto maior o limiar C* e quanto menor o limiar D* mais restrita é a
relação de sobreclassificação e haverá muitas relações de
incomparabilidade. Por outro lado, se os limiares estiverem relaxados,
haverá muitas relações de indiferença “tão boa quanto”.
● Como nenhuma das situações é desejável, deve-se encontrar valores de
limiares que definam uma relação de sobreclassificação informativa e
útil.
ELECTRE I

Aplicando a definição dos índices de concordância aos pares de alternativas,


temos:
ELECTRE I

Para ilustrar vamos verificar como foi obtido o Índice de Concordância entre
Paris e Brussels
C (Paris, Brussels) =
ELECTRE I

• Como as avaliações são definidas por uma escala qualitativa de 5 pontos, os


Índices de Discordância devem ser definidos por um limiar de veto para cada
critério
• Vamos supor que o limiar de veto para todos os critérios é de 3 pontos na
escala. Então “a” não poderá classificar “b” se “b” estiver, em algum critério,
com uma classificação ≥ 3 níveis da escala (Por exemplo, se “b” estiver com
Ma e “a” receber B ou Mb)
ELECTRE I

Tendo construído a relação de sobreclassificação, o passo seguinte é


explorar essas relações de acordo com a problemática, ou seja, utilizar tais
relações para decidir ou apoiar a decisão.
• Qualquer alternativa que não estão no conjunto é sobreclassificada
por pelo menos uma alternativa do conjunto;
• Todas as alternativas do conjunto são incomparáveis.
ELECTRE I
ELECTRE I
Análise de Sensibilidade e Robustez

•Realizando variações nos valores dos Paris Amsterdam


limiares e nos pesos dos critérios
•No entanto não é possível fazer as
variações de forma automatizada e
interativa London

•Além disso, não existe um significado Brussels


operacional e lógico para os limiares e
sua interpretação não parece clara em
Berlim
termos de valores e preferências do
Milan
tomador de decisão
Ilustração da construção e da Wasan
exploração das relações de
sobreclassificação em ELECTRE
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE E ROBUSTEZ
Estabelecendo um Limiar de Concordância C* = 0,8

Paris Amsterdam

London

Brussels

Berlim
Milan

Wasan
ELECTRE II
Objetivo
Produzir um ranking de alternativas, ao invés de
simplesmente indicar a mais preferida. A construção das
relações de sobreclassificação acontece essencialmente
da mesma maneira que para ELECTRE I.
ELECTRE II
•O Objetivo do ELECTRE II é produzir um ranking de alternativas ao invés de indicar
a mais preferida (Ordenação).
•Usa-se dois pares de limites de concordância e discordância, relacionando
sobreclassificações fortes e fracas;
•Adicional de restrição:
•Além de C (a, b) ≥ C*,
•C (a, b) ≥ C (b, a)
Exemplo C (Paris, Amsterdam) = 0,73 e C (Amsterdam, Paris) = 0,76 resultaria com
C*=0,7 em essencialmente equivalentes
Mas com a inclusão da restrição do ELECTRE II, impede que Paris supere
Amsterdam
ELECTRE II
Procedimento de construção das relações
1 Especificar C* e D* para as relações de sobreclassificação forte e C- e D- para as relações de
sobreclassificação fraca, de maneira que C*> C- e D* < D-

2 Definir A como o conjunto completo de alternativas


3 Definir o conjunto de alternativas F С A que não são fortemente superadas por qualquer
alternativa de A
4 Determinar o conjunto de alternativas F’ С F que não são fracamente superadas por qualquer
alternativa de F. Este conjunto forma o primeiro nível da classificação decrescente
5 Eliminar as alternativas F’ de A. Repita o processo a partir de iii até que todas as alternativas
estejam classificadas
6 Comece novamente com A (conjunto de todas as alternativas)
7 Definir o conjunto de alternativas G С A que não superará fortemente qualquer outra
alternativa de A
8 Determinar o conjunto G’ С G que não supera fracamente qualquer outro membro de G. Este
conjunto forma o primeiro nível da classificação ascendente
9 Excluir G’ e repetir o processo a partir de vii até que todas as alternativas estejam classificadas
ELECTRE II
Conforme limiares C- = 0,7 e C* = 0,8

A interseção desses dá a seguinte ordem parcial

Amsterdam

Paris

Londres

Milão

Brussels, Berlin
Duas pré-ordens (Uma decrescente e outra crescente)
Warsan
ELECTRE III
Objetivo
Considera pseudocritério usando limiares de
indiferença e preferência
ELECTRE III
O ELECTRE III introduz o conceito de limiar de indiferença e preferência. Os critérios
modelados dessa forma são referidos como “pseudo-critérios”

Os limiares de Preferência e Indiferença, P e q são utilizados para construção de


i i
um Índice de Concordância C (a, b) para cada critério, definidos por:
i

Ou por uma interpolação linear quando:

Z (a) + q (z (a)) < z (b) < z (a) p + (z (a))


i i i i i i i
ELECTRE III
ELECTRE III
O Índice Geral de Concordância é definido como:

De maneira similar, a Discordância é definida com a introdução de um limiar de veto t


i
(z ). A sobreclassificação de “b” por “a” é vetada se o desempenho de “b” superar o de
i
“a” com uma diferença maior que o limiar de veto

Se nenhum limiar de veto for especificado, assume-se D (a,b) = 0 para todo par de
i
alternativas
ELECTRE III
O Índice de Concordância Global e os Índices de Discordância são combinados para
resultar numa relação de sobreclassificação valiosa, em que “a” sobreclassifica “b”
com credibilidade S (a, b):

Onde J (a, b) é o conjunto de critérios para os quais D (a, b) > C (a, b)


i
Se não houver critérios discordantes, S (a, b) = C (a, b)
Se houver critérios discordantes, S (a, b) é modificado para um índice de menor
valor

Se D (a, b) = 1 para algum critério, então S (a, b) = 0


i
ELECTRE III
Os autores alertam quanto à interpretação do Índice de Credibilidade.
Considerando S (a, b) > S (c, d) não significa necessariamente que há um argumento
mais forte em favor de que “a” sobreclassifica “b” que que o argumento de que “c”
sobreclassifica “d” em virtude da natureza imprecisa do Índice de Credibilidade
Pois tal conclusão requer substancialmente que S (a, b) seja maior do que S (c, d)
Exemplo: S (a, b) = λ e S (c, d) = λ-s
Se s = 0,3 – λ0,15 e λ=0,8
Então:
S (a, b) = 0,8
S (c, d) = 0,62
ELECTRE III
Destilação descendente

1
Definir o máximo valor do Índice de Credibilidade λ = Max S (a, b)
max
2
Definir λ* = λ - (0,3-0,15λ )
max max
3 Para cada alternativa determinar os λ-Fortes, número de alternativas do conjunto atual para o
qual λ é preferencial usando λ = λ*

4
Para cada alternativa determinar os λ-Fracos, número de alternativas do conjunto atual que λ

são preferidos usando λ = λ*

5
Para cada alternativa determinar a qualificação que é a diferença entre λ-Fortes e λ-Fracos

6 O conjunto de alternativas com a maior qualificação é o primeiro destilado D1


7 Se D1 tiver mais de uma alternativa, repita o processo com o conjunto D1 até que todas as
alternativas tenham sido classificadas. Na sequência, repita o processo com todo o conjunto de
alternativas exceto D1
ELECTRE III
•O ELECTRE III tem uma modelagem mais sofisticada do que o ELECTRE II
•Consequentemente é mais difícil de implementar, devido à necessidade de
determinação de utilização de critérios verdadeiros ou pseudo-critérios,
limiares de indiferença, preferência e veto, pesos dos critérios
•Apesar de o autor considerar a utilização de pseudo-critérios como mais
atraentes do que julgamentos numéricos rígidos da função valor, ele
considera que os limiares de preferência e veto não são facilmente
compreendidos
•Um problema relacionado ao processo de destilação no ELECTRE III que
pode produzir resultados estranhos e não intuitivos, como a não
monotonicidade, onde uma melhora em um elemento de desempenho
pode levar a uma pior classificação
ELECTRE III
•Com uma medição mais detalhada, será ilustrado o problema da Locação
com a aplicação do ELECTRE III. Os mesmos pesos de importância dos
critérios foram utilizados e onde o limiar de veto igual a zero, indica o
critério que não contribui para a discordância.
Comparando Berlin às cidades de Milan e Amsterdam quanto ao critério Potencial de
Negócio – Setor Público, tais cidade receberam score de 50, 65 e 75, respectivamente.
·Na comparação Berlin com Milan, o índice de concordância é: (55-53) / (65-53) = 0,833.
Enquanto que o índice de discordância ainda é 0 (?)
·Na comparação de Berlin com Amsterdam, o índice de concordância é 0, enquanto que a
discordância é: (75 – 65) / (100 – 65) = 0,286
Os índices de concordância de Berlin em comparação com Milan, C1(Berlin, Milan) para os
6 critérios são: 0,5; 1; 0; 0,833; 1 e 1
Os Índices de Discordância só precisam ser calculados para os critérios 2, 4 e 5
D2 (Berlin, Amsterdam) = 0,625
D4 (Berlin, Amsterdam) = 0,286
D5 (Berlin, Amsterdam) = 0,143
Como D2(Berlin, Amsterdam) > C (Berlin, Amsterdam), temos que o Índice de Credibilidade
correspondente é 0,324(1-0,625) / (1-0,324) = 0,180
Credibilidade Paris Brussels Amsterdam Berlin Warsan Milan Londres

Paris 1 0,73 0,489 0,676 0,838 0,676 0,732

Brussels 0,516 1 0,514 0,55 0,838 0,468 0,532

Amsterdam 0,757 0,802 1 0,838 0,838 0,757 0,676

Berlin 0,414 0,649 0,18 1 0,838 0,793 0,811

Warsan 0,138 0,413 0,017 0,577 1 0,383 0,228

Milan 0,608 0,708 0,17 1 0,959 1 0,892

Londres 0,514 0,73 0,514 0,883 0,838 0,676 1

Etapa de destilação:

Como λ =1
max
Temos que:
λ* = 0,85 e s = 0,15
Portanto:
“a” é λ-preferível em relação a “b” quando S (a, b) > 0,85 e 0,85 S( a, b) > S (b, a)
ELECTRE III

Resultado similar, com exceção à posição de Milan que ficou mais favorável
As razões não são muito evidentes
Um software poderia auxiliar na integração das duas pré-ordens
OUTROS MÉTODOS ELECTRE
ELECTRE IV
Quando não é possível estabelecer pesos.

A modelagem de preferência inicial é similar ao ELECTRE III, ou seja, definição dos


limiares: indiferença, preferência e veto.

F f.
Duas relações construídas: S e S

Têm-se:

- aSFb - se não houver nenhum critério em que “b” seja estritamente preferido a
“a” e o número de parâmetros em que “b” é fracamente preferível a ”a” é menor
que os que “a” é estritamente preferível a “b”;

- aSfb - se não existe nenhum critério para que “b” é preferível a “a”, OU no caso
de existir um único critério pelo qual b é estritamente preferido para “a”, “a” é
preferível a “b” (estritamente ou fracamente) em, pelo menos, metade dos
critérios, e “b” não veta “a” em nenhum dos critérios.
ELECTRE IV

A exploração é realizada de forma similar ao ELECTRE III


(distribuições), porém é mais simples pelo fato de haver
apenas dois níveis de sobreclassificação.

O método ELECTRE IV elimina uma dificuldade de análise, pelo


fato de que não há uma relação de mais ou menos
importância relativa aos critérios.
ELECTRE TRI
•ELECTRE TRI é para uso em problemas de classificação. O processo original foi
projetado para alocar alternativas para uma das três categorias (daí o nome) -
aceitável, inaceitáveis ou indeterminados. Este foi estendido para uso em
problemas de classificação em que há mais de três categorias diferentes.
•A alocação de uma alternativa “a” resulta de comparação com alternativas de
x x
referência (Perfis de limitação) c alternativa hipotética com desempenho z (c ).
i
x xa x
•A categoria C é delimitada abaixo e acima, por c e c respectivamente.

x
•O perfil mais alto de limitação tal que “a” sobreclassifica c que determina a
x+1
alocação pessimista de “a” em C
ELECTRE TRI
•O perfil mais baixo de limitação tal que cy é preferível a “a” que determina a
alocação otimista de “a” em Cy

Note que y ≥ x + 1
•Quando y = x + 1 “a” é alocado nessa categoria;
• quando y > x + 1, então:
- “a” é indiferente a todos os perfis de limitação intermediários, o que indica
que as categorias estão definidas de forma muito restritas;
- “a” é incomparável a todos os perfis intermediários.
REFERÊNCIAS
FIGUEIRA, J.; GRECCO,S.; EHRGOTT,M. (Ed.). Multiple criteria decision
analysis: state of art surveys. Boston, USA: Springer Science, Business Media,
2005. cap. 4, p. 133-162

BELTON, S.; STEWART, J. S. Multiple Criteria Decision Analysis. An Integrated


approach. Kluwer Academic Publishers, Massachusetts, 2002. cap. 8, p.
233-252

Livro – Processo de Decisão nas Organizações – Construindo modelos de


decisão multicritérios – Adiel Teixeira de Almeida (2013)

OBRIGADO

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