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HORTAS COMUNITÁRIAS:
Uma tecnologia social para produção de saúde
Itajaí (SC)
2018
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HORTAS COMUNITÁRIAS:
Uma tecnologia social para produção de saúde
Itajaí (SC)
2018
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Ficha Catalográfica
Bibliografias f. 66-69
Cópia de computador (Printout(s)).
CDU: 614
Esta dissertação foi julgada e adequada para obtenção do Título de Mestre em Saúde e
Gestão do Trabalho, Área de Ciências da Saúde e Saúde Coletiva, linha de pesquisa saúde,
sociedade e produção do conhecimento e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-
Graduação Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da Universidade do Vale do
Itajaí.
__________________________________
Stella Maris Brum Lopes
Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo.
Coordenadora de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho
Presidente orientador
__________________________________
Carlos Eduardo Máximo
Doutor em Psicologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.
Professor da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Itajaí, SC.
Membro interno
__________________________________
Maristela Inês Osawa Vasconcelos
Pós Doutora em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde pela Universidade Estadual do
Ceará, 2015. Coordenadora do Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família e
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual Vale do Acaraú.
Membro externo
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida e pelos caminhos que me trouxeram até aqui. “... E eu irei
por aí sabendo que se eu venho e vou num só lugar estou: guardada em teu amor”. Agradeço
por ser o guardião de todas as minhas ansiedades e meu refugio em todos os momentos da
vida.
Agradeço ao Daniel, meu marido, companheiro e amigo que não mede esforços para
me apoiar em todos os momentos, que sonha os meus sonhos e que se dispôs a embarcar
nessa jornada da vida comigo. Obrigada por ser tão leve e por fazer os meus dias mais
cansados e doloridos se transformarem em risadas. Obrigada por todo o cuidado, te amo.
Agradeço a minha família, pai, mãe, irmãs, sobrinhos, sogra, cunhados, cachorro e gatos por
me mostrarem o real sentido da vida.
Agradeço em especial as minhas colegas e amigas da residência: Bruna, Janaína e
Joanna e a professora Roseane, que possibilitaram essa pesquisa, executando o projeto de
implantação da horta comunitária comigo, obrigada pela parceria e pelo convívio.
Agradeço também aos programas de bolsa de estudos da UNIVALI e do Estado a
UNIEDU por viabilizarem minha continuidade no mestrado.
Um agradecimento especial às pessoas participantes desta pesquisa, obrigada pelos
aceites e por contribuírem com essa reflexão.
Agradeço a minha orientadora, professora Stella que sempre me acolheu. Obrigada por
ser muito mais que uma orientadora, por ser compreensível, pelos conselhos, pela
preocupação, por ser sensível, por ser humana. Você é uma inspiração. Agradeço a todos os
professores que passaram na minha vida deixando suas marcas e aos professores desse
mestrado, tenho imensa admiração por vocês, em especial a professora Tatiane Mezzadri e ao
professor Carlos Máximo por toda a contribuição e pelo apoio sempre.
Agradeço aos colegas da turma 14 pela companhia nessa caminhada e em especial a
que se tornou amiga, obrigada Alessandra por todos os nossos dias de semana e finais de
semana também.
Por fim e não menos importante agradeço as minhas amigas Franciele, que é minha
dupla da graduação, te admiro muito e muito obrigada por me acolher sempre. E as
mestrandas mais incríveis Jaque e Ana, por estarem sempre presente, mesmo que via whats
para qualquer situação. Obrigada presentinhos.
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Novembro de 2018
Orientadora: Dra. Stella Maris Brum Lopes, Doutora
Área de concentração: Saúde da Família
Número de páginas: 77
RESUMO
Com o processo de modernização do campo, as cidades tiveram um crescimento expressivo,
sem que houvesse um planejamento prévio. Neste contexto, surge a agricultura urbana e
periurbana, aqui representada pela horta comunitária, que têm contribuído para solucionar
alguns dos problemas relacionados a este crescimento. A horta comunitária pode ser um
espaço de produção de saúde por ter o potencial de promover encontros que visam à conexão
das pessoas não pelas patologias ou diagnósticos, mas o olhar para a própria história também
se revela um momento de saúde, também pode ser uma tecnologia social ao propiciar um
desenvolvimento coletivo através da articulação de conhecimentos e saberes voltados a
transformação social. O objetivo desta dissertação é sistematizar uma proposta de tecnologia
social voltada a produção de saúde baseada na horta comunitária. Para alcançar este objetivo
se fez necessária uma pesquisa qualitativa. Os procedimentos metodológicos foram divididos
em dois momentos. O primeiro teve por objetivo analisar a experiência de um projeto de horta
comunitária em relação a sua operacionalização e resultados, realizou-se uma análise
documental buscando dados a partir de categorias temáticas prévias: Contextualização da
idealização do projeto da horta comunitária; Estrutura metodológica da implantação e
Processos avaliativos dos resultados, dispondo de quatro Trabalhos de Conclusão de
Residência para esta coleta. Identificou-se através dessas categorias temáticas que a
metodologia de um projeto pode potencializar ou atenuar uma proposta de horta comunitária
como tecnologia social e o projeto analisado deveria ter utilizado uma metodologia
participativa para efetivação da transformação social. No segundo momento foram realizadas
entrevistas com três participantes do projeto de implantação da horta comunitária com o
objetivo de reconhecer a experiência dos sujeitos participantes do projeto de implantação da
horta comunitária e sua relação com a produção de saúde. O período da coleta de dados foi de
setembro de 2017 a março de 2018 envolvendo análise documental e entrevistas com os
participantes do projeto de implantação. Obteve-se como resultado que a horta foi fonte de
7
November 2018
Supervisor: Dr. Stella Maris Brum Lopes, PhD
Area of concentration: Family Health
Number of pages: 77
ABSTRACT
As modernization expanded into the countryside, the cities expanded rapidly, without any
proper planning. In this context, urban and peri-urban agriculture, in the form of community
gardens, appear to have contributed to solving some of the problems related to this growth.
The community garden can be a space for health production because it has the potential to
promote encounters that connect people, not in relation to diseases or diagnoses, but rather
using a look at the history of people themselves, revealing itself as a healthy moment. It can
also be a social technology, fostering collective development through the articulation of
knowledge and know-how aimed at social transformation. The aim of this dissertation is to
systematize a proposed social technology focused on community-based health production. For
this purpose, a qualitative research study was carried out. The methodological procedures
were divided into two phases; the first sought to analyze the experience of a community
garden project, in terms of its operationalization and results. For this, document analysis was
carried out, looking for data from previous thematic categories: The context in which the idea
of the community garden project emerged; the methodological structure of the
implementation, and the processes of evaluating the results. Four Internship Conclusion
papers were available for this data collection. Through these thematic categories, it was
identified that the methodology used in a project can promote or attenuate a community
garden proposal as a social technology, and that the project analyzed should have used a
participatory methodology to effect social transformation. In the second phase, interviews
were carried out with three participants of the project to implement the community vegetable
garden, seeking to gather information about the subjects’ experiences in this implementation,
and how it relates to health production. Data were collected from September 2017 to March
2018. The results of the research show that the garden has been a source of self-esteem, self-
realization, and valorization, and can be an instrument for effective social participation.
Through these two goals, the weaknesses and potentialities of the implementation project
9
were verified. It was seen that the "way of doing" can promote or attenuate a social
technology, and by the understanding that health production also occurs in the encounters, and
looking at their history, because to think of oneself brings to the forefront past experiences
that were relevant to it. We conclude that community gardening can be a social technology. It
is believed that the power of social technology is a way of developing, through listening, a
joint production of demands and an articulation of knowledge and actions, which favor social
transformation. As a product of this dissertation, a systematization based on community
gardening is proposed as a social technology that produces health and can be used by
professionals from all areas that are seeking to transform the societies where they work.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Triangulação dos dados coletados. 30
Figura 2: Processo de implantação da horta comunitária 34
Figura 3: Operacionalização da Oficina de plantas medicinais 35
Figura 4: Operacionalização da oficina de Agroecologia 35
Figura 5: Operacionalização da oficina de Aproveitamento Integral dos Alimentos 36
Figura 6: Operacionalização da oficina de Economia Solidária 36
Figura 7: Sistematização de uma tecnologia social para a produção de saúde 60
Figura 8: Desenho da sistematização da tecnologia social para a produção de saúde 62
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LISTA DE ABREVIATURAS
AU – Agricultura Urbana
AUP – Agricultura Urbana e Periurbana
CRAS – Centro de Referência a Assistência Social
DHAA – Direito Humano a Alimentação Adequada
NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da família
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
TCR – Trabalho de Conclusão de Residência
TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16
2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 16
2.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 16
3 REFERÊNCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 17
3.1 Agricultura urbana e hortas ................................................................................................ 17
3.2 Aspectos conceituais e legais das tecnologias sociais ........................................................ 20
3.3 Tecnologia social e produção de saúde .............................................................................. 22
4 PERCURSO DA PESQUISA ............................................................................................. 25
4.1 Coleta de dados ................................................................................................................... 25
4.2 Análise dos dados ............................................................................................................... 29
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 31
5.1 Análise da experiência de um projeto de implantação de horta comunitária quanto a sua
operacionalização e resultados ................................................................................................. 31
5.1.1 Contextualizações da idealização do projeto da horta comunitária ................................. 31
5.1.2 Estruturas metodológicas da implantação ....................................................................... 33
5.1.3 Processos avaliativos dos resultados da implantação ...................................................... 37
5.1.4 Reconhecendo sujeitos participantes da implantação de uma horta comunitária e a
relação de suas experiências com a produção de saúde............................................................ 40
5.1.4 Reconhecendo a própria história ..................................................................................... 52
5.2 Sistematizando uma tecnologia social para a produção de saúde, tendo como base a horta
comunitária ............................................................................................................................... 59
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 63
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 65
8 APÊNDICES ........................................................................................................................ 69
8.1 Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)............................... 69
9 ANEXOS .............................................................................................................................. 72
9.1 Anexo A: Parecer comitê de ética em pesquisa com seres humanos ................................. 72
13
1 INTRODUÇÃO
1
Entende-se como Dispositivo o que diz Foucault (2006), sendo um conjunto heterogêneo de
elementos que faz algo funcionar, desfecha processos e cria uma função estratégica. O
dispositivo deve ser visto como uma rede que é formada entre os elementos.
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2 OBJETIVOS
3 REFERÊNCIAL TEÓRICO
ambientes mais saudáveis devem ser criativas e atraentes, capazes de promover a participação
individual e coletiva por se relacionarem diretamente com as necessidades das próprias
comunidades. De acordo com Hurtado e Crespo (2001, p. 264).
como uma maneira de lidar com a velocidade da vida atual atualidade, onde se vive o tempo
acelerado e instável do cotidiano para uma atividade contínua, que traz segurança e noção de
tempo cíclico da natureza, resolvendo uma contradição contemporânea.
A AUP também pode ser considerada uma alternativa para melhorar o uso de espaços
urbanos, melhorando a limpeza destas áreas com impacto positivo na sanitização pública. De
acordo com Machado e Machado (2002), boa parte dos terrenos baldios, normalmente é
destinado ao acúmulo de lixo e entulho, com a limpeza dessas áreas, para uso de produção de
alimentos e plantas medicinais, traz melhoria ao ambiente local, diminuindo a proliferação de
algumas doenças, transmitidas por roedores e insetos, impactando positivamente na prevenção
de doenças. Ainda em relação ao meio ambiente, a AUP utiliza resíduos domiciliares como
materiais recicláveis, pneus e entulhos, que são utilizados na construção de alguns canteiros.
Utiliza ainda, resíduos orgânicos para a produção de composto orgânico para adubo. Têm
contribuído para o desenvolvimento da biodiversidade, proporcionando um melhor
aproveitamento dos espaços e um manejo adequado dos recursos do solo e da água (DIAS,
2000; MOUGEOT, 2000; ALMEIDA, 2004).
Mesmo sendo referida em diferentes programas e políticas relacionadas à saúde, a
maior parte dos estudos sobre a AUP enfatiza a dimensão de geração de renda e da produção
para o autoconsumo. No entanto, a complexidade do tema possibilita diferentes abordagens de
pesquisa, que vai além da produção de alimentos, o cultivo de plantas medicinais, pode ainda
agregar dimensões e significados associados à área da saúde, especialmente junto às políticas
públicas que têm uma abordagem de assistência integral.
Diante disso, a AUP pode ser considerada uma das possibilidades de amenizar alguns
dos tantos problemas das cidades, especialmente os relacionados à produção de saúde.
Tornando assim relevante desenvolver uma proposta de tecnologia social voltada a produção
de saúde baseada na horta comunitária.
Desta forma esta política está vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicação (MICTIC) O conceito de Tecnologia Social (TS) remete-se a uma proposta
inovadora de desenvolvimento, levando em consideração que ela seja construída com a
participação coletiva em todas as fases do processo, ou seja, desde a organização,
desenvolvimento e implementação, aliando saber popular, organização social e conhecimento
técnico-científico. Sua base é a soluções de problemas voltados a demandas de renda,
trabalho, educação, conhecimento, cultura, alimentação, saúde, habitação, recursos hídricos,
saneamento básico, energia, ambiente, igualdade de raça e gênero, dentre outras, que sejam
efetivas e reaplicáveis e que promovam a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida
das populações em situação de vulnerabilidade social. Neste sentido o MICTIC estabelece 04
dimensões da TS. A primeira dimensão diz respeito a conhecimento e ciência, uma TS deve
induzir ou gerar inovação nas comunidades, deve ser elaborada com organização e
sistematização com o ponto de partida nos problemas sociais. A segunda dimensão é a da
participação, cidadania e democracia, as TS devem adotar uma metodologia participativa nos
processos de trabalho, como resultado impulsiona a sua disseminação e reaplicação. A
terceira dimensão se refere a educação, enfatiza que a TS se desenvolve num diálogo entre
saberes populares e científicos; TS é apropriada pelas comunidades, que ganham autonomia.
E a última dimensão é a Relevância social, ou seja, TS é eficaz na solução de problemas
sociais; tem sustentabilidade ambiental e provoca a transformação social. (ITS BRASIL.
Caderno de Debate – Tecnologia Social no Brasil. São Paulo: ITS. 2004: 26) (DAGNINO,
2012), Para a sustentabilidade das TS, o MICTIC a partir do Instituto de Tecnologia social,
prevê em seu desenho o Sistema de Análises de Tecnologias Sociais (SATECS), uma
ferramenta metodológica on-line de diagnóstico que facilita atividades de análise,
acompanhamento, monitoramento e desenvolvimento das tecnologias sociais (TS), que visa
distinguir ou identificar se determinado projeto é uma TS. Para o SATECS são exemplos de
TS: soro caseiro, fitoterapia em zonas rurais, Cisterna de placas para região de estiagem,
Partes do corpo produzidas em gesso para ensino de cegos, Catavento para produção de
energia eólica feito de canos de PVC. O Instituto espera que essas TS tragam como resultados
novos produtos, dispositivos ou equipamentos, ou ainda novos processos ou procedimentos,
técnicas ou metodologias. Enfatiza ainda que a TS “não é um modelo pronto, é uma
metodologia em transformação, onde as pessoas que precisam das soluções são parte delas,
assumindo o processo da mudança”. As comunidades se apropriam das tecnologias
desenvolvidas e assumem o protagonismo dos processos (ITS BRASIL) Dagnino (2012),
coloca dois desafios das TS, o primeiro, porque se considera que a tecnologia convencional
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não é adequada para a inclusão social, pois sua principal característica é o crescente lucro
privado. Segundo, porque se percebe que as instituições públicas envolvidas com a geração de
conhecimento científico como as universidades, não parecem estar capacitadas para
desenvolver uma tecnologia capaz de viabilizar a inclusão e tornar as TS sustentáveis.
Entendo as dimensões do conceito de TS assumido pelo MICTIC e pelo que traz
Dagnino (2010) o desafio da sustentabilidade da experiência de implantação de uma horta
comunitária, descomplicaria no sentido que a HC pode resolver alguns problemas da
urbanização, como a alimentação, o meio ambiente e a geração de renda. No entanto, o
intuito é refletir se esse modelo de tecnologia social pode produzir saúde, pensando no modo
como foi e como será sistematizada a experiência de implantação de uma horta comunitária e
não apenas na resolução de problemas relacionados ao meio urbano. Não diminuindo a sua
importância, mas pode se supor que isso está posto e o desafio dessa dissertação é ir além,
pensar a sustentabilidade a partir do reconhecimento da experiência do outro, ou seja, na
produção de saúde.
Merhy (2007), traz que dos anos pós guerra até os tempos atuais, houve um alto
crescimento das indústrias de medicamentos e equipamentos para diagnóstico e terapias,
trazendo certo deslumbramento aos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde fazendo
com que o processo de trabalho em saúde seja operado centrado em tecnologias duras, isto é,
maquinas e conhecimentos especializados, no entanto, ele ainda refere que a resolutividade
dos problemas de saúde ficam ineficientes e dependentes de sinais e sintomas o que leva a
projetos terapêuticos reducionistas e parciais e consequentemente o custo com a saúde
aumenta de forma exacerbada sem a real necessidade do usuário . Esse modelo de produção
de saúde se desenvolve no final do século XIX, quando Pasteur desenvolve a “teoria do
germe” como causa biológica das doenças, assim as teorias anteriores, que explicam o
processo saúde-doença são desvalidas, e a causa biológica torna-se a única explicação para o
aparecimento de doenças (BARATA, 1985) apud MAEYAMA, CUTOLO, 2010). Desta
forma, as tecnologias duras tornaram-se fortes armas médicas, fortalecendo o modo de ver o
processo saúde-doença. Franco e Merhy (2007) classificam as tecnologias utilizadas em saúde
em três tipos: as tecnologias duras, que utilizam máquinas e instrumentos; as tecnologias leve-
duras, as que se faz através de conhecimento técnico estruturado; e as tecnologias leves, que
existem a partir da relação entre trabalhador e usuário.
23
4 PERCURSO DA PESQUISA
Segundo Meihy (2002) a entrevista em história oral compõe-se das seguintes etapas: -
Pré-entrevista que é a etapa de preparação do encontro em que ocorrerá a entrevista, ou seja, o
depoente deve conhecer o projeto, a sua finalidade, a importância da colaboração e que a
entrevista será gravada. - A entrevista propriamente dita, buscando antes de inicia-la, garantir
um clima de aconchego, confidência e respeito, e que nada será publicado sem autorização
prévia do colaborador. Deve-se ainda, manter um equilíbrio de tempo durante as entrevistas,
se necessário agendar outra sessão com horário e data estabelecidos previamente. É
fundamental estar munido de gravador testado e com bateria suficiente para o tempo da
entrevista. - Pós-entrevista, etapa que se segue à realização da ou das entrevistas, cartas ou
telefonemas de agradecimento devem ser enviados para continuidade do processo. Estabelecer
ainda um período para transcrição, revisão e conferência do texto escrito com o colaborador.
Nesta pesquisa, após dos textos transcritos agendou-se um momento com as
entrevistadas e se leu a história para que fossem aprovadas e assim utilizadas na presente
pesquisa. Para a entrevista aberta é necessária uma pergunta norteadora, sendo a desta
pesquisa a “pergunta de corte”, que perpassou todas as entrevistas foi: Conte-me um pouco da
sua história em relação ao cultivo de plantas. Ao final de cada entrevista, a mesma foi salva e
identificada por nome do colaborador. Na realização desta atividade a percepção que tive é
que para algumas foi prazeroso lembrar-se do passado. Todas se emocionaram, algumas
choraram, demonstraram alegria e um sentimento de saudade e de orgulho da sua história.
Após o término de cada entrevista, já com o gravador desligado era iniciada uma
conversa espontânea, e assim dar por encerrado a entrevista.
O tratamento das entrevistas foi realizado em três fases, segundo a proposta de Meihy
(2002):
a) Transcrição, fase onde as palavras ditas foram descritas em seu estado bruto,
perguntas e respostas foram mantidas, bem como erros, e repetições. Foi à mudança do
estágio de gravação oral para o código escrito. Esta fase foi feita logo, após o término de cada
entrevista, pois a lembrança do entrevistador sendo recente auxiliou em casos de
interferências e ruídos durante a gravação. A gravação foi ouvida várias vezes para apreender
o ritmo da narrativa.
b) Textualização para essa fase foram eliminadas as perguntas, apagados os sons e
ruídos para se ter um texto mais claro. Durante a elaboração desta fase escolhi o Tom Vital,
ou seja, uma frase que toou de epígrafe à leitura da entrevista, que funcionou como um farol a
guiar a recepção do trabalho. Assim o texto passou a ser de domínio do narrador. Foi a fase
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mais difícil de realizar, várias leituras e muitas idas e vindas no texto foram necessárias para
organizar o conteúdo da narrativa.
c) Transcrição, fase do produto, ou seja, o texto transcriado compromete se a ser um
texto recriado em sua plenitude, com a interferência do pesquisador. Entretanto, tudo
obedeceu a acertos combinados com o colaborador que, posteriormente, validou o produto
final.
Outro passo importante no uso da metodologia da história oral diz respeito à
Conferência que é o reconhecimento do texto procedido pela conferência e pela autorização
que determinam se o colaborador se identificou ou não com o resultado. Esta foi a grande
prova da qualidade do texto final. Neste estudo, todas as narrativas foram conferidas pelos
colaboradores.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os trabalhos de conclusão de residência serão citados abaixo como TO1, TO2, TO3 e
TO4. Como já citado no corpo desse texto, buscou-se identificar três grandes categorias
temáticas: Contextualizações da idealização do projeto da horta comunitária; Estrutura
metodológica da implantação e Processo avaliativo dos resultados e a partir desses temas
analisar a experiência de implantação da horta comunitária quanto a sua metodologia e
resultados.
2
NASF é uma equipe composta por profissionais de diferentes áreas, que atuam de maneira
integrada apoiando os profissionais das Equipes Saúde da Família e da Atenção Básica para
populações específicas, compartilhando práticas e saberes em saúde nos territórios sob
responsabilidade destas equipes. Têm por objetivo ampliar a abrangência e as ações da atenção básica,
assim como sua resolubilidade, contribuindo para a integralidade do cuidado, principalmente por meio
da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e de intervenção sobre
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alimentar e nutricional, que têm por objetivo ampliar e fortalecer os compromissos políticos
para a promoção da soberania alimentar, garantindo a todos o Direito Humano à Alimentação
Adequada (DHAA), assegurando a participação social e a gestão intersetorial, na Política e no
Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA, 2012).
problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto sanitários e ambientais dentro dos
territórios.
33
Na reunião citada acima foi apresentada a proposta de quatro oficinas para o processo
de implantação, sendo elas: Oficina de Plantas medicinais, Oficina de agroecologia, Oficina
de aproveitamento integral dos alimentos e Oficina de economia solidária e realizada a
aplicação de um questionário.
Pode-se observar que todos os assuntos e a forma de trabalhar estes assuntos foram
pré-definidos pelas profissionais-residentes a partir das demandas levantadas inicialmente.
Buscou-se na análise documental evidenciar a metodologia utilizada em cada oficina
do projeto de implantação. Estas serão descritas abaixo:
Neste recorte procurou trazer a categoria temática dos processos avaliativos dos
resultados da implantação. De acordo com a análise dos trabalhos de conclusão, a avaliação
das oficinas e seus resultados, foram avaliados de duas formas, três deles utilizaram a reflexão
do processo no final da oficina e utilizaram os relatos do grupo para a discussão no corpo do
trabalho, e um realizou a avaliação através de um instrumento de satisfação com escalas entre
bom, regular e ruim com uma pergunta descritiva aberta conforme descrito abaixo no quadro
1.
38
Como pode ser observar no quadro acima, mesmo que a metodologia utilizada para a
operacionalização da implantação da horta se aproximou de uma educação sanitária, as
“oficinas” puderam alcançar resultados que mostram o potencial do trabalho com hortas
comunitárias e que se desenvolvidas com maior participação dos indivíduos pode se alcançar
a transformação social e o caráter emancipatório tão desejado pelos profissionais de saúde.
Pode-se observar neste recorte que horta proporciona trocas interpessoais:
Libâneo (2007) também discute a horta como um espaço de trocas e pode possibilitar
a construção de um ambiente de aprendizagem, habilidades, valores e atitudes, sob os mais
diversos aspectos do conhecimento. Além disso, a experiência da implantação da horta trouxe
a questão de trazer memórias afetivas e da construção de novas redes de sociabilidade e
resgate de práticas antigas de produção.
Costa et al (2015) em seu artigo, hortas comunitárias como uma atividade promotora
de saúde: uma experiência em unidades básicas de saúde, também traz na sua discussão
impactos positivos na saúde mental dos envolvidos na pesquisa, a partir das atividades de
contato com a terra, os quais propiciam discussões sobre autocuidado, alimentação saudável e
o desestímulo ao uso excessivo de medicamentos.
A proposta aqui foi analisar a implantação da horta em relação a sua operacionalização
e resultados obtidos. Após este diálogo, a proposta é exercitar a reflexão de práticas
educativas realizadas pelos profissionais de saúde. A implantação de horta comunitária aqui
discutida veio de reflexões feitas pelas profissionais-residentes. No entanto, as práticas em
saúde devem sempre ser refletidas.
40
Tom Vital: “Eu tive que dar um tempo na minha vida profissional... então eu fiz uma
horta na minha casa... as crianças passavam lá, iam todos os dias e perguntavam: ah posso
pegar um moranguinho?”.
Em 2005 eu estava morando em Indaial, meus filhos eram bem pequenos, um tinha
dois e outro tinha três anos. Eu tive que dar um tempo na minha vida profissional, não estava
trabalhando porque eu não podia deixar o Fabio na creche por causa da bronquite. Então eu
fiz horta na minha casa, tinha um terreno bem grande na frente, plantei cenoura, couve,
brócolis, repolho e morango. Na época do morango as crianças que passavam, porque era
bem do lado da escola, saiam da escola passam lá, iam todos os dias e perguntavam: Ah
posso pegar moranguinho? E assim os meus filhos ajudavam também eu achava interessante,
porque toda manhã eu ia pra horta bem cedinho, ia lá tirava os matinhos. Cheguei a ligar
para a Epagri, eles me deram orientação, porque eu não queria passar veneno, daí teve
piolho na couve e no repolho, e ai a minha vizinha disse: Ah tem um veneno! Ai eu disse: não,
não quero passar veneno, aí eu liguei na Epagri, então eles me deram orientações de como
proceder.
O insumo também, só que não era um buraco, porque eu tinha muita arvore, naquela
casa, era uma casa de morar de aluguel, então com as folhas e tal, eu jogava tudo ali e
41
cobria com as folhas, isso também eu aprendi a fazer. Esse movimento de cuidar da horta pra
mim dá uma sensação muito boa, porque além de me dar disposição, que é disposição que eu
encontrava pra levantar e ir pra horta de manhã cedo, eu colhia todo dia, brócolis, porque eu
tinha, e era o que tinha em abundância. Então o fato de estar colhendo; quando eu ia visitar
minha Irmã, lá ia eu colher alguma coisa e levava da minha horta, às vezes era cenoura, ou
era repolho ou era couve, alguma coisa eu sempre levava né, então isso é gratificante assim,
quando tu tens alguma coisa pra oferecer, por mais simples que ela seja mais tu tens, que é
teu, que tu fez que tu produziu.
Fazer a horta naquele momento trouxe benefícios mais pra minha saúde mental,
porque na época foi muito difícil pra eu aceitar que eu não podia trabalhar né, fora assim,
que eu tinha que ficar em casa, cuidar de filho, cuidar de casa, então a horta foi minha
válvula de escape, porque eu não ficava só em função das rotinas da casa e assim, então
assim, em questão de saúde mental, foi o que me segurou naquele ano, foi o ano de 2005
todinho, daí 2006 a gente teve que mudar de casa e ai na outra casa não tinha o espaço, mais
ainda alguma coisa eu plantei lá, 2006 eu ainda plantei, e em 2007 eu comecei a trabalhar
meio período em uma ONG lá em Indaial.
Então em 2016 participei do projeto de implantação de uma horta comunitária no
CRAS, que pra mim foi maravilhoso participar do projeto, foi uma coisa assim, inovadora ali
pro CRAS. Eu me senti privilegiada enquanto coordenação pra estar a frente do projeto que
vocês trouxeram, uma ideia, uma proposta boa de tá fazendo inclusive a princípio nas casas,
cada um podia fazer na sua casa, no seu espaço né, isso ficava a cargo de quem quisesse,
mais de ter um espaço em comum onde a gente pudesse estar ali trabalhando junto e
executando a aquilo que vocês, a proposta de vocês, então o fato da gente ter disponibilizado
o espaço do CRAS eu achei assim que foi muito bom para as nossas famílias que estavam no
PAIF que a gente convidou pra participar. E com a ideia da produção de saúde, que vocês
trouxeram ali né, por conta das plantas medicinais, pra que serve né, de como cultivar, como
fazer, de como preparar o chá, de quanto em quanto tempo também, que isso sim é muito
importante pras famílias, muitas vezes tem coisas que é básico e você não precisa ir lá à
farmácia comprar um medicamento, se você tiver uma planta ali que pode ta fazendo o
mesmo efeito. E também tanto na ideia de estar gerando renda pra quem quisesse estar
fazendo depois em casa sua própria horta e vender alguma coisa ou mesmo que fosse pra
consumo que aí geraria economia né. Então assim, a ideia foi ótima, eu acho que a gente
conseguiu. Não atingimos aquilo que realmente queria, numa totalidade porque nossos
trabalhos com os grupos de famílias ali estavam sendo implantados né, então assim, sempre
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tem que ter uma contrapartida do CRAS pra que as famílias venham participar né. A ideia de
ser aos sábados também às vezes eles trabalham, ou sábado ta em casa quer estar fazendo
seus serviços da casa, quer estar descansando, enfim, mais quando a gente fez no horário do
meio da semana, a gente viu que daí deu mais público né, até porque daí a gente conseguia
atingir quem vinha, quem já tinha o habito de vir pros grupos né. Então assim, é pensando de
todo o processo, do início, de todas as oficinas foi maravilhosa, a ideia em si, foi
maravilhosa, e o resultado a gente colheu já, no final do ano né, algumas famílias foram lá,
quando iam lá a gente já entregava e levaram verduras, iam lá buscar as plantas pra fazer
chá né, alguns foram lá buscar. Eu deixei um projeto a partir do de vocês eu fiz um projeto de
ampliação da horta e deixei o projeto pronto, escrito lá, que aí então a gente iria buscar mais
terra ia fazer parceria com o horto também pra pegar plantinhas e se a gente não
conseguisse comprar através da secretaria a gente ia ta fazendo uma vaquinha ali pra
poder plantar né; fizemos um buraco lá no fundo, lá atrás do CRAS eu e o Antonio, e
começamos a colocar, fazer um insumo né, então tudo o resto de comida e tal a gente
colocava lá né, casca de ovo e tal. Falamos: vamos fazer um insumo porque ano que vem a
gente vai ampliar a horta, já tínhamos até o desenho da onde ia fazer ali, só que daí como eu
sai da coordenação, eu deixei com a nova coordenadora, olha esse aqui é projeto impresso,
mais está aqui também o do computador, vocês também podem modificar alguma coisa mais
saiu vários funcionários ficaram só dois. Acredito que talvez não conseguiram empolgar a
coordenação a ponto de dizer olha vamos por em pratica este projeto que vai beneficiar
nossa comunidade, acho que faltou isso ali. Meu sentimento de dor maior é por isso sabe, de
não ter conseguido dar continuidade. Porque daí a nova coordenação, não entendia da
assistência, ela veio da educação, ela era da educação infantil inclusive, então não tinha essa
ideia de comunidade, não tinha conhecimento do SUAS, ela teve que começar a aprender,
estudar primeiro e ai onde que falhou, não deu talvez, não teve empolgação. A própria
comunidade de repente não conseguiu chegar junto e dizer: olha: nós queremos dar
continuidade. O CRAS tinha outros problemas pra que ela eu solucionasse, que era o muro
que tinha caído lá trás e ai tava deixando o CRAS muito vulnerável, o teto que tinha sido todo
trocado final do ano, mais trocaram por telhas de péssima qualidade e furou de novo e já
estava vazando e chovendo dentro, então tinham vários outros problemas pra ela resolver e
isso não foi colocado como prioridade né.
No entanto quem participou, quando ia lá dizia assim: nossa que bom, ia lá olhava, dá
a gente já ia lá junto colhia o que dava pra colher e levavam, teve várias famílias que
levaram alface, que levaram repolho, quer dizer couve né, repolho não! Levavam as plantas
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medicinais, pegavam hortelã, e aquele outro pro estomago, boldo, a própria vizinhança vinha
ali.
Nós fizemos um encerramento no final de 2016, a ideia era dar continuidade, eles
estavam na expectativa da Continuidade no ano seguinte, da ampliação, a gente ia ampliar e
dar continuidade. Então eles ficaram nessa expectativa. Quanto as minhas expectativas com
o projeto era que a gente ia conseguisse uma participação maior dos usuários ali, ativos na
construção da horta e que cada um pudesse ter, porque assim, a ideia também era estar
mostrando: Ah porque onde eu moro não tem muito espaço! Então vamos fazer a horta
vertical com garrafa pet, ou com tubo de PVC, enfim, que a gente conseguisse com que as
famílias cada uma tivesse pelo menos na sua casa um temperinho, cebolinha, salsinha, que
eles pudessem ter assim: isso aqui eu que produzi, eu que fiz, isso é da minha horta, eu acho
que esses eram um dos objetivos que pensava com a criação da horta e com a continuidade
do projeto. De trazer pra população isso, mais proximidade e assim, a gente tinha pensado
em inclusive com o ultimo tema que foi economia solidaria né, de fazer trocas, então ficou a
sugestão, então em algum momento, não ia ser venda, mais a gente ia fazer trocas ali dentro
do CRAS, então isso era o que eu pensava que ia dar de benefício pra comunidade,
principalmente pras nossas famílias do PAIF que tem um plano de ação pra cada uma delas.
Hoje eu continuo plantando. Sou síndica no meu condomínio e eu consegui convencer,
assim, eu não dei a ideia de horta comunitária mais eu falei assim: vamos fazer um jardim?
Vamos dar uma melhoradinha no nosso jardim? Aí a gente pode plantar juntos com as flores
alguns alfaces, couve, algumas coisas, e eu fui, coloquei e eles gostaram da ideia, e teve um
que disse: eu tenho pneu lá no sitio, vou trazer ai fizemos tudo assim: dois pneus, um em cima
do outro, enchemos de terra e eu comprei a terra pronta enchemos ali e fomos plantando.
Então ali tem rúcula, alface, alface já terminou, já colhemos, tem cebolinha, salsinha, tem
pimenta, daí tem erva doce, arruda, tem alfavaca, tem várias coisinhas plantadas ali, além
das flores né que eu consegui dar uma melhorada. Toda noite eu vou lá e molho, se eu não
vou outra pessoa vai molhar, mais normalmente sou eu que rego as plantas né, isso me faz
bem, e na minha sacada também tem, eu tenho flores. Somos 16 famílias no condomínio,
então no dia que a gente fez a movimentação, que chegou a terra, teve várias pessoas que
colaboraram que ajudaram né, mais agora ficou mais ao meu encargo mesmo, as pessoas
vão e colhem a cebolinha, colhem a couve principalmente, que daí eu plantei vários pés de
couve que a gente vai tirando só as folhas e para o uso comum, e agora fui reeleita sindica
de novo, eu falei que só posso mais um ano, depois vai ter que ser outro. Acredito que plantar
mesmo que seja um temperinho já ajuda né, já é uma coisa que faz bem, bem pra saúde física,
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saúde mental. Então é isso, foi muito valido assim, a junção de vocês, farmácia, de nutrição
de saúde em fim. Obrigada.
Tom Vital: “Hoje foi um dos dias mais felizes da minha vida, ter que recordar pra ti
o começo da minha vida com o cultivo, com as plantas, é muito bom, e poder passar tudo que
eu sei, graças ao meu pai, minha mãe...vou carregar isso comigo pro resto da minha vida,
passar para os meus filhos, minhas netas...”.
A minha história com plantas? Meu Deus, nós vamos virar a noite aqui gente, a minha
história com as plantas... Meu Deus isso é a coisa mais fácil do mundo, que eu lembro,
quando eu comecei, a saber, que eu era gente, gente, gente, gente de verdade, eu tinha de seis
pra sete anos, foi à primeira vez que eu, a lembrança que eu tenho, entendeu? Como se eu
estivesse, eu estou falando contigo agora como se eu estivesse voltando aos meus seis, sete
anos de idade, foi quando eu fui a primeira vez pra roça com meu pai e com minha mãe que
são lavradores né, meu pai já é falecido mais minha mãe continua ainda hoje ativa, graças a
Deus, com um pouquinho de problemas de saúde mais ela ta lá firme e forte ainda. E eu fui
pela primeira vez nessa idade plantar uma roça de cana junto com meu pai. E o tempo foi
passando e dali eu não parei mais, toda vez que eles iam pra roça, que eles sustentavam a
gente através disso né, durante trinta e poucos anos, se eu não me engano, foi o tempo que
eles sustentaram a gente com isso. Era aqui mesmo, ali aonde vocês foram visitar até aonde
foi construída a ponte nova, aquilo ali tudo era aonde a gente plantava, cultivava, a gente ia
pra plantar tomate, a gente ia pra plantar batata doce, o pai levava a gente, muitos filhos,
eles levavam a gente. Eu estudava de manhã, quando fiz sete anos comecei estudar de manhã,
ai eu ia a tarde para roça e de manhã para escola, depois ao contrário, entendeu? Só que
nunca deixou de levar a gente e sempre, sempre colocando a mão na massa, sempre, desde
pequena. Eu me lembro muito bem de eu fazendo as covinhas sabe, pra plantar milho, pra
plantar feijão, eu vou me emocionar... Ai meu Deus, eu me lembro de tudo, eu lembro. Hoje a
gente assim, os filhos da gente tem fartura, as vezes eles reclamam, mais o nosso café da
tarde era: ele levava uma panela e lá já tinha tijolo, e ele fazia, montava lá com os tijolinhos,
a gente colocava água, a gente ia lá colhia a batata doce, lavava, cozinhava e aquele era o
nosso café da tarde, e é uma coisa assim que não tem explicação, porque hoje a gente passa
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tanta coisa difícil e agora fico lembrado, meu Deus como era bom aquele tempo, só que a
gente não pode voltar mais, ainda bem que tem a recordação. Esse era nosso café da tarde,
batata doce cozida, colhida ali na hora, sem agrotóxico, sem veneno, sem nada. A gente
também fazia o serviço de cortar um capim que tinha lá e jasmim, porque a gente tinha, o pai
tinha vaca, tinha sabe, tirava leite, fazia queijo, fazia tudo e meu, minha história é essa, eu
nasci ali com meus pais plantando e cultivando, entendeu? Cresci vendo meu pai tomando
chá de ervas ele tomava uma garrafa de dois litros de chá mais não tomava um comprimido,
entendeu? E cresci com isso, tanto ele quanto a mãe, os dois e pra mim assim, meu Deus eu
não tenho o que reclamar da minha infância sabe, é hoje eles falam muito sobre o trabalho
escravo de crianças, eu sei que isso é ilegal tudo, mais naquela época não tinha
acessibilidade que hoje os pais têm de colocar os filhos na creche, trabalhar entendeu? E
querendo ou não eu estava ali, perto dos meus pais e se isso serviu de alguma coisa porque
eu acabei aprendendo né, mais claro que eu não considero o que eu fazia um trabalho
escravo, de maneira nenhuma pra mim era super prazeroso. Eu fazia tudo direitinho, ia pra
escola, o pai era muito correto com essas coisas, primeiro ia pra escola, almoçava, se tinha
deveres pra fazer, fazia né, e depois ia pra roça, primeiro eram as coisas da escola, ele era
bem organizado, rigoroso, alemão né? veio pra cá colonizou isso aqui, quer dizer meu avô
colonizou meu avô Otto, e passou pros filhos, pros descendentes. Tanto que a rua aqui
chama: Otto Hoier meu avô, a ponte era pra ser o nome deles sabe, mais houve um problema
lá na câmara de vereadores, alguma coisa lá na assinatura do prefeito que não deu certo,
parece que eles falaram que a praça que vai sair ali na ponte, vai ser o nome dele. Meu Deus
é minha história de vida todinha, porque tu pensa ele sustentar os filhos todos, que não eram
poucos, hoje somos em oito porque um morreu, eram na verdade onze mais também
faleceram dois quando eram pequenos, então também nem cheguei a conhecer mais, tu pensa
ele sustentou os filhos dele tudo com isso, a nossa alimentação era isso, a nossa alimentação
era essa, era um cará cozido, era um taiá cozido com melado entendeu, a gente não tinha
essa coisa de frescura, se tinha carne tinha, bom se bem que também, ele criava né, igual
hoje a mãe continua, naquela época era a mesma coisa, a mãe deu continuidade só menos as
vacas que aí ficou muito trabalhoso, aí com a idade deles também não tinham mais
condições, aí tiveram que parar. E mais, falar de cultivar, plantar é a lembrança que eu
tenho de indo pra roça a primeira vez pra plantar uma roça de cana, porque meu pai também
vendia caldo de cana também sabe, vendia pro pessoal ele tinha uma coisinha de caldo de
cana lá na praia, ele tinha uma Kombi e também era a gente que raspava, preparava o limão
que a gente colhia ali, entendeu, meu Deus minha infância todinha eu fiquei trabalhando na
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roça e ajudando meu pai e minha mãe, e não é coisa de levar um filho porque não tem quem
cuide e não vou deixar em casa, não! Era prazeroso sabe, porque a gente ia aprender botar a
mão na massa mesmo sabe? Limpar canteiro, plantar beterraba, chegava uma época que o
tomate ficava um pouco mais alto e tinha que desbrotar, que é tirar o macho que se fala,
tinha que amarar pezinho por pezinho, e não era pouco não, olha que era hectares assim
sabe, e era muito bom. Eu era feliz, eu posso dizer que eu era muito feliz, se eu pudesse voltar
atrás assim, eu queria ter aquela vida de novo. Lógica que não né, a gente fica emocionada
porque passa alguns perrengues na vida, mais eu não tenho o que reclamar da minha
infância porque a minha infância foi cultivando com meu pai e com minha mãe.
Assim embora a gente ajudasse, a vontade do pai era que a gente estudasse, ele deu
todas as oportunidades pra todos os filhos mais nenhum teve interesse, a única que terminou
o ensino fundamental foi eu e ele chegou a pagar colégio pra mim, mais naquela época eu
não tinha cabeça, aí preferi namorar, casar e bom, não adianta né, e só que assim, se eu
pudesse voltar a atrás fazer tudo de novo eu faria diferente eu pegava toda a historia boa da
minha infância de plantar com meus pais de cultivar com eles, porque a gente não fazia só
isso. Eu, meu pai, minha mãe e meus irmãos quando chegava sexta feira a gente ia lá e colhia
o que a gente plantou, a gente colhia, levava pra casa, o pai enchia o tanque, a gente lava
tudo, deixava tudo limpinho, amarava o montinho de beterraba, cenoura, fazia os pacotinhos
com aquelas redinhas, não sei se usa ainda, colocava tudo ali dentro pesava bonitinho e
sábado de manhã eu e minha irmã saia vender de porta em porta, entendeu? De porta em
porta, muitas pessoas hoje se você for perguntar eles vão dizer eu comprei muito dela,
entendeu, então a gente ia de rua em rua, de porta em porta vender aquilo que a gente
ajudava o pai e mãe plantar. Hoje a mãe vende mais ela não sai vender, as pessoas vão até
ela. Além de ela ser aposentada a maioria das coisas que ela paga é com a venda do que ela
produz ali, e do que ela ganha, cebolinha verde, alface, aquelas coisas todas que ela tem. Eu
vendo pra ela também, lá na escola a professora veio perguntar pra mim, não sei como, não
sei se ela falou que estava com vontade de comer quiabo... eu disse minha mãe tem orgânico
pra vender, sem agrotóxico nenhum, ela respondeu: ah pelo amor de Deus traz pra mim? A
outra escutou e falou traz pra mim também, eu vendo pra ela também.
Houve um tempo muito bom quando o seu Antonio da Epagri. Ele reuniu o pessoal
aqui da região, que faz o reaproveitamento de espaço. Sabe essas raízes, taiá, cará, inhame?
Estava sendo deixadas muito de lado, os pequenos agricultores, tipo a mãe, estava deixando
muito de lado. Então ele reuniu esse pessoal e trouxe até na minha mãe pra mostrar como
que ela fazia, plantava de baixo de uma bananeira, perto de alguma coisa e segundo eles era
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reaproveitamento de espaço, acho que é isso o nome, com foco na raiz e no preparo de
receitas, tanto que na última vez que vieram fizemos um banquete lá na mãe, a gente
preparou todos os tipos de coisas, pão de fubá com batata doce, bolinho de cará, bolinho de
aipim, sabe tudo que tu imagina fazer com raízes, nós fizemos e tudo cultivado ali, colhido
ali, sem agrotóxico, sem nada.
A gente tinha prazer de receber ali, até hoje se tu fores ali, minha mãe vai mostrar
tudo e disser que faz tudo sozinha agora, é a vida dela. E assim, eu sou franca pra dizer pra
ti, se eu tivesse condições de um dia na minha vida, de morar em um lugar igual da minha
mãe, ou que seja um lugar que dessa pra cultivar assim, eu sairia daqui, tranquilamente.
Eu soube do projeto da horta através do CRAS, eu fazia acompanhamento no CRAS,
eu passa passava por um momento difícil, por uma depressão, até hoje ainda faço tratamento
né, mais foi bastante produtivo ter procurado eles, porque eles me ajudaram bastante, em
todos os sentidos, tanta como psicológicos, mentalmente, fisicamente né, e através deles em
consegui fazer parte do grupo da horta comunitária e das ervas medicinais. Além de me
fazer muito bem, porque eu estava um pouco afastada de pessoas, eu não estava querendo
muito contato com pessoas, eu queria ficar mais isolada, então pra mim foi ótimo. Eu aprendi
muitas coisas, principalmente no reaproveitamento. Se bem que eu sempre fui uma pessoa
econômica e sempre fui uma pessoa que não tolera desperdício, isso já é, acho que de mim
mesmo, talvez pela vida que eu levei também né, que não foi fácil, e coisas sobre ervas
medicinais, tem coisas que ficou bem marcado assim pra mim, por exemplo: saber diferenciar
a citronela do capim cidreira entende? Quando ela explicou ali a respeito de qual era mais
viável pra gente do quebra pedra entendeu? Aquilo ali ficou muito marcado porque olha
minha vida toda eu fui criada com minha mãe ali, tu sabe. E toda vida vi as pessoas vir
buscar, mais quando ela mostrou pra gente ali literalmente o rasteirinho que sai aquele
leitinho e que aquele ali é perigoso, que contem mais toxinas, que o mais recomendado era
aquele de pezinho, aquelas coisas ali ficou muito, até hoje quando alguém comenta a respeito
disso, ah eu queria quebra pedra pra fazer, eu já falo: oh! Toma cuidado que não pode ser
aquele rasteirinho ele é muito tóxico, tem muita toxina, o mais recomendado é o de pezinho,
então foi uma coisa que eu aprendi através do programa lá, e a gente coloca em prática no
dia-a-dia. O mais engraçado é que eu não gosto de chá, eu não gosto, o único chá que eu
tomo, se for pra eu beber é de hortelã, outro tipo de chá assim que me ofereçam eu não, não
vai. Eu não sei porque só de hortelã mesmo, que engraçado né? Estranho assim, e eu gosto
dessas coisas, eu leio sobre isso, eu pesquiso matérias na internet sobre ervas, acho
interessante a finalidade delas, isso me cativa muito, mais se for pra eu usar não usaria,
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engraçado né? O hortelã eu não descarto, o hortelã eu gosto muito. Eu acho interessante os
benefícios, as vezes eu queria me entender um pouco nisso, porque eu passo para as pessoas
a finalidade das ervas, mais eu pra mim, eu não me aproprio delas, entendeu? Eu sou mais
da parte assim: legumes, verduras, essas coisas me chamam mais atenção, comida. Tudo
aquilo que envolve comida, que envolve coisas saudáveis, não que as ervas não sejam mais
eu tenho assim a tendência a gostar mais da parte de alimentação mesmo. Mas eu acredito
nos benefícios, tanto que aquela muito conhecida sementinha que eu não sei se é o nome dela
cientifico mesmo sementinha, ou se ela tem outro nome, muitos vem a procura ali, essa
sementinha. Eu cheguei a embalar elas ali na mãe, a colher elas e embalar pra minha
cunhada mandar pra São Paulo. Uma pessoa que tava precisando que sofreu um acidente e
estava com difícil cicatrização, tanto nos ossos, quando na carne né? Mandamos por sedex,
porque além dela ser carinha, ali na mãe tem abundancia né e eu acredito tanto que passo
para as pessoas mais pra usar pra mim, já não. Mas eu já cheguei a fazer, infusão que dizem
né? Aquele que só vai trocando a água, a cada 24 horas troca a água, bebe e repõe e depois
toca novamente, é casca de maçã, alecrim e noz-moscada, eu já fiz e tomei por um bom
tempo, isso há uns dois anos atrás né, preparava e colocava na geladeira e bebia, depois
desinteressei totalmente mais é uma coisa que às vezes eu me questiono. Que eu queria
entender esse lado que eu acredito tanto e eu não uso pro meu benefício próprio, eu gosto, eu
leio, amo ver as matérias a respeito de ervas, de plantas, os benefícios que elas trazem, passo
para as pessoas mais pra mim não, eu não sei o que é, mais, acho que é de mim mesma.
Sobre as hortas se eu tivesse recursos financeiros eu investiria muito, porque como eu
te falei minha tendência é mais legumes e verduras, mais fazer o aproveitamento de tudo e eu
acharia assim, que até o município deveria investir mais nisso, é tanto em SEDINS, até tem
alguns que tem programa, tem uma professora que fez e incluiu as crianças nisso e era muito
legal a gente via eles lá mexendo na terra e de bota, muito bacana, e eu acho muito
interessante, que deveria ser levado adiante. Pra mim foi muito importante, me fez bem
trouxe vários benefícios como o conhecimento das plantas, o aproveitamento. E eu faço isso
lá no meu trabalho, são crianças do município e eu não tinha obrigação nenhuma mais eu
faço, eu reaproveito os alimentos sim, eu reaproveito, quando é suco de laranja com cenoura,
eu tenho que bater a cenoura e é descartado o bagaço da cenoura, eu reaproveito no arroz
entendeu? Eu coloco na água do arroz, já fica mais nutritivo, ah suco de couve né, com
laranja também, abacaxi, porque eles não tomam nada artificial, sabes né? Eu também
reaproveito pra fazer omelete, eu faço, eu to utilizando isso no meu dia-a-dia, eu pratico mais
isso lá porque eu passo a maioria do meu tempo lá, eu entro as 7 da manhã entendeu? Eu
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procuro usar o que eu aprendi nesse programa da horta mais o que eu já tinha uma
tendência, agora eu ponho em pratica aonde eu trabalho, no meu trabalho.
Primeiro foi mais por questão mesmo de estar perto de pessoas, de conhecer novas
pessoas e pelo aprendizado mesmo, porque eu sempre fui uma boa leitora e sempre me
interessei muito por debates e conversa e assim por diante, então eu achava que pra mim era
ótimo, porque eu estava passando por um momento difícil, então pra mim foi bem proveitoso
de ambas as partes, fez tanto bem pro meu lado emocional, quanto pra minha vida pessoal,
de estar colocando em pratica tudo aquilo que eu aprendi lá. E assim, eu posso passar um
pouco do que eu sei, então além de eu ter aprendido como eu falei pra ti no projeto, que eu
disse que eu não sabia do quebra pedra e tal, a diferença entre a citronela e o outro, lógico
se eu sentir o cheiro eu vou saber diferenciar, mais saber diferenciar a folha e lá na mãe tem
os dois. Então eu aprendi, mas também pude passar alguma coisa que eu sabia também né.
Então nesse sentido eu me senti valorizada né? Foi o que me deu força assim, que daí eu falei
e eles começaram a trabalhar em cima disso e viram que eu estava com gás, e eu falei pra
Camila preciso voltar a trabalhar, faz um ano e pouco que estou sem trabalho, preciso voltar
a trabalhar, eu quero focar nisso agora. E foi aonde ela soube dessa vaga e eu fui e fui
contratada e estou até hoje graças a Deus e já faz 1 ano e 3 meses. E meu chefe sempre diz
pra mim: Eu tenho 270 e poucas merendeiras, eu queria ter 270 e poucas de você. É bom, é
gratificante né, aquilo que eu faço eu faço com amor, mesmo porque eu não estou fazendo
pra qualquer um, estou fazendo para crianças. É como se fosse parte de mim, eu passo tudo
que eu sei, quando falam alguma coisa eu já fala, ah lá na minha mãe tem, pode deixar que
eu trago.
A minha história de vida não podia ser melhor, a pergunta mais fácil que tu poderia
me fez, porque não tem como tu esquecer, tu andar dentro de uma carroça com teu pai e com
tua mãe, tu trabalhar com eles ali, tu vê o fruto, eles colhendo aquilo ali, a gente vendendo
aquilo ali, dando dinheiro pro pai e pra mãe e ver a satisfação das pessoas, de um
recomendar pro outro e continua até hoje, mesmo com meu pai falecido, continua até hoje, é
muito gratificante. A única coisa que eu queria, eu sei que vais transcrever mesmo né, eu só
queria ter tomado decisões mais sabias na minha vida, mais como eu não posso mudar o
tempo, nem voltar atrás eu procuro lembrar das coisas boas que eu vivi, e aprender com as
erradas, pra não fazer de novo. Eu não sei se vais escrever isso ou vais editar, mais assim
essa, essa, hoje foi um dos dias mais felizes da minha vida, ter que recordar pra ti o começo
da história da minha vida com o cultivo, com as plantas, como eu comecei a lidar com isso,
meu Deus é muito, e poder passar que tudo o que eu sei é graças a meu pai, que foi meu
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grande herói e minha mãe que tenho até hoje graças a Deus, o que eu sei eu devo aos dois e
vou carregar isso comigo pro resto da vida, passar pros meus filhos, eu passo pra minhas
netas.
Às vezes eu olho pro meu canteirinho de cebola ali que meu cachorro acabou com ele,
ele acabou com tudo, ele fez um buraco. Eu tenho bastante pé de fruta, acerola, três tipos de
banana, nona, uns três tipos de laranja, goiaba, jabuticaba, limão, pitanga e amora, bastante
coisinha. Eu colhi bastante physalis agora, graças a minha mãe que passou a muda pra mim,
a geração não morreu ta ali ainda.
Larissa, assistente social responsável por algumas das famílias que participaram do
projeto da horta comunitária.
Tom vital: “O que falta mesmo é unir e a horta é uma forma muito boa de além de
melhorar a saúde da população, da comunidade eles acabam se unindo e trocando ideias,
porque aí vai surgir lideranças ali, naquele meio, sempre alguém acaba evoluindo esse lado
de líder né, e líder comunitário é sempre bem vindo!”.
Eu nunca plantei mais meus pais sim. Na minha infância era comum, muito comum
todo mundo ter horta, então o que não era comum era não ter horta, isso aí não era comum.
Então na minha casa tinha cenoura, tinha temperos, tinha de tudo um pouquinho, frutas
também. Na compra de mantimentos no supermercado, que naquela época eram mercearias
ali só se comprava o básico mesmo, arroz, o feijão, o macarrão, o açúcar, o sal. Não
precisava comparar frutas e nem verduras e nem legumes, isso aí quando alguém não tinha,
havia troca e assim todo mundo passava a ter de tudo um pouquinho. Meus pais trabalhavam
fora, eram operários de fabricas. Aí era só final de semana que se cuidava da horta, mais era
muito rápido, não tinha muita coisa pra fazer uns 15 minutos já estava tudo ok, era só não
deixar crescer o mato em volta, afofar o barro, tirar o capim né pra não dar problema.
O que ficou da reunião de encerramento do ano de 2016, é que todas estavam se
sentindo muito entusiasmadas né, em levar a questão da horta pra frente, porque eles
disseram que ali estavam se alimentando de forma mais adequada porque eram produtos sem
veneno e que um vizinho estava fazendo a troca com outro vizinho, por exemplo, se um tinha
aipim e o outro tivesse repolho ou coisa parecida havia a troca né, porque essas pessoas são
extremamente carentes né, e é difícil eles terem um pedaço de terra pra plantar, então o
pouquinho que tinham eles realmente se plantou, realizei visita domiciliar e pude constatar
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essa plantação né que alguns fizeram em casa. E teve troca de ideias né, e troca do saber, do
saber popular em relação a ervas, pois teve uma usuária que pontuou as principais plantas
medicinais pra dor de cabeça né, pra problemas estomacais, pra imunidade, pra aumentar a
imunidade no caso, então ela deu uma verdadeira aula ali pra todo mundo né. Teve uma que
eu acompanhava pela PAIF, que ficou muito entusiasmada, inclusive ela foi embora para o
Rio Grande do Sul pra trabalhar em uma plantação, mais ela tem um saber muito grande em
relação a ervas, meu Deus do céu, ela foi criada né, já foi passado do avô pros pais dela, dos
pais dela pra ela, é uma cultura familiar ali. Na época ela veio pra cá pra, ela disse pra fazer
tratamento de saúde porque aqui tinha médico, então naquela época a saúde estava melhor
do que hoje, estava muito melhor, daí ela começou a se tratar e conforme ela ia plantando e
colhendo produtos agrícolas sem o veneno a saúde dela foi melhorando também, ajudou a
melhorar né, e ajudou a família como um todo também, porque faz muita diferença né,
porque hoje a gente não tem acesso, meu Deus, a gente não tem acesso, tem esse pessoal que
diz que vende produto orgânico mais é tão difícil acreditar, deveria voltar a horta porque foi
muito bom. Eu acredito que ele foi muito bom principalmente em relação à saúde, a nossa
saúde como um todo, então poder consumir um alimento sem agrotóxico é um privilégio hoje
em dia, é um privilégio que só uma minoria tem que consegue atingir isso aí né, a maioria
não, então agora estão aparecendo muitos problemas relacionados aos agrotóxicos, então
quanto mais nós soubermos plantar sem agrotóxico melhor, melhor pra saúde como um todo.
Na época das oficinas da horta quem não tinha interesse começou a ficar interessado
né, porque tinha pessoas que achavam besteira né, mais aí começaram a fazer até hortas
verticais né porque ficaram muito interessados mesmo. Despertou a participação da
comunidade em relação ao foco que era a horta comunitária, eles começaram a ser proativos
porque muitas vezes eram eles que citavam ideias de como plantar e ensinavam pros outros
que não sabiam nada né, e assim eles se sentiram praticamente sujeitos de direitos né, com
muita pro atividade eles estavam fazendo, ninguém tava fazendo nada por eles, eles mesmo
né se apossaram das ideias né, e foram distribuindo essas ideias entre a comunidade. Eu
observava isso nas visitas domiciliares.
Acredito que seria interessante dar continuidade ao trabalho que se iniciou com essa
comunidade. Pois os primeiro que os primeiros habitantes que vieram pra esse bairro aqui,
porque aqui era tudo mato ta, foram os paulistas, e os paulistas não têm essa cultura da
horta, do verde, então onde eles podiam cimentar eles iam cimentando tudo, realmente né,
então muitas casas hoje em dia não tem um cantinho de terra pra plantar por causa disso.
Então horta vertical é uma ideia muito boa, mas também seria bom ter uma horta que a
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comunidade unida pudesse cuidar todos os dias, porque essa comunidade aqui expressa essa
necessidade. Eles falam assim: nós podemos ter uma horta com um terreno baldio, é só falar
com o proprietário né, aproveitar esse terreno pra plantar todo mundo ia ajudar, parece que
já estão fazendo uma, só nunca vi essa horta. Isso cultiva a união deles, a participação
comunitária referente a um assunto, como por exemplo, se eles estão unidos né, pensam daí
de constituir uma associação de moradores, porque daí vai fortalecer mais a comunidade né,
com uma associação de moradores atuante né, eles vão ter mais força perante o poder
público né pra solicitar melhorias pro bairro e aí vai né. O que falta mesmo é unir e a horta é
uma forma muito boa de além de melhorar a saúde da população, da comunidade eles
acabam se unindo e trovando ideias, porque aí vai surgir lideranças ali naquele meio, sempre
alguém acaba evoluindo esse lado de líder né, e líder comunitário é sempre bem-vindo.
“Hoje foi um dos dias mais felizes da minha vida, ter que recordar pra ti o começo da
minha vida com o cultivo, com as plantas, é muito bom”.
Foi enfatizado por meio das histórias de vida o significado da sua participação, como
fonte de autoestima, autorrealização, valorização e geração de renda e um dispositivo para
efetivação da participação popular.
Todas as entrevistadas trouxeram em suas falas que relacionaram a participação no
projeto de implantação da horta com a valorização:
Larissa: “Na época quem não tinha interesse começou a ficar interessado
né, porque tinha pessoas que achavam besteira né, mais aí começaram a
fazer até hortas verticais né porque ficaram muito interessados mesmo.
Despertou a participação da comunidade em relação ao foco que era a
horta comunitária, eles começaram a ser proativos porque muitas vezes
eram eles que citavam ideias de como plantar e ensinavam pros outros
que não sabiam nada né, e assim eles se sentiram praticamente sujeitos de
direitos né, com muita pro atividade eles estavam fazendo, ninguém tava
fazendo nada por eles, eles mesmo né se apossaram das ideias né, e
foram distribuindo essas ideias entre a comunidade”.
Larissa aponta que uma potencialidade de se trabalhar com a horta é por ela ser um
modo de fortalecer a participação social, através do favorecimento de espaços para que haja
discussões sobre as demandas dos usuários. Corroborando com esta fala, Ribeiro, Bógus e
Watanabe (2015), trazem a agricultura urbana como uma ferramenta promotora de saúde, pois
estimula o protagonismo social, a participação e resgata o sentimento de pertencer a um grupo
e estimula atividades coletivas.
porque aí vai, vai surgir lideranças ali naquele meio, sempre alguém
acaba evoluindo esse lado de líder né, e líder comunitário é sempre bem
vindo.”
eu fui e fui contratada e estou até hoje graças a Deus e já faz 1 ano e 3
meses”.
Larissa também trouxe uma fala onde evidenciava que uma usuária atendida por ela se
mudou para trabalhar com o cultivo de plantas: “Teve uma que eu acompanhava pela PAIF,
que ficou muito entusiasmada, inclusive ela foi embora para o Rio Grande do Sul pra
trabalhar em uma plantação, mais ela tem um saber muito grande em relação a ervas, meu
Deus do céu, ela foi criada né, já é, ali foi passado do avô pros pais dela, dos pais dela pra ela
é uma cultura familiar ali”. Deixando evidenciado que se a metodologia aplicada levar em
consideração a construção horizontal possivelmente será ainda mais efetiva podendo alcançar
a fala do Tom Vital escolhido para Larissa:
“O que falta mesmo é unir e a horta é uma forma muito boa de além de
melhorar a saúde da população, da comunidade eles acabam se unindo e
trocando ideias, porque aí vai surgir lideranças ali, naquele meio, sempre
alguém acaba evoluindo esse lado de líder né, e líder comunitário é sempre
bem-vindo!”.
5.2 Sistematizando uma tecnologia social para a produção de saúde, tendo como base a horta
comunitária
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscamos nesta dissertação o diálogo entre a teoria e a prática, a proposta foi exercitar
a reflexão das ações realizadas nos serviços de saúde, especificamente através da residência
multiprofissional, e por fim modificar estas práticas.
Foi realizada uma análise documental com o intuito de evidenciar o “modo” que foi
realizado o processo de implantação de uma horta comunitária e em seguida realizou-se
entrevistas com sujeitos que participaram do processo da implantação para reconhecer suas
experiências e a relação destas com a produção de saúde. Esse movimento foi imprescindível
para chegar ao objetivo geral dessa dissertação, pois entende-se que para sistematizar uma
proposta de tecnologia social para a produção de saúde com base na horta foi necessário
investigar a metodologia utilizada na implantação e os resultados desta. Reconhecendo os
sujeitos participantes com suas histórias e saberes.
Os resultados demonstraram que a idealização do projeto de implantação de uma horta
comunitária se deu a partir das vivências do NASF e da participação no COMSEA. A partir
dessas vivências elaboraram-se quatro oficinas para responder algumas demandas levantadas
pelas residentes. As oficinas foram: oficina de plantas medicinais, oficina de agroecologia,
oficina de aproveitamento integral dos alimentos e oficina de economia solidária. A
metodologia utilizada não previa a participação dos sujeitos. Quanto ao processo de avaliação
das oficinas, três delas foram avaliadas de modo reflexivo ao final de cada encontro e uma
delas utilizou-se de instrumento com escalas de satisfação, pergunta fechada e uma sugestão
dos participantes. Ao realizar as entrevistas com os sujeitos participantes do processo de
implantação verificou-se que o significado da participação se dá através de suas experiências
vividas no decorrer da vida e que o projeto da horta foi fonte de autoestima, autorrealização e
valorização e como um dispositivo para a efetivação da participação popular.
A partir dessa análise, observou-se que a proposta de implantação de horta
comunitária aqui discutida deve ser aprimorada com uma metodologia que prevê a
participação e o diálogo entre os usuários, profissionais de saúde e demais equipamentos
sociais do território, desde a demanda levantada. O desenvolvimento de uma tecnologia social
se dá por meio da escuta a produção conjunta de demandas, a articulação de conhecimentos e
fazeres, e que potencializem a transformação social, favorecendo a elevação da qualidade de
vida.
No entanto mesmo com a metodologia utilizada, a horta comunitária permitiu a
ressignificação do processo vivido a partir da visão das entrevistadas. A valorização do saber
64
7 REFERÊNCIAS
AQUINO, A.M; ASSIS, R. L. Agricultura orgânica em áreas urbanas e periurbanas com base
na agroecologia. Revista Ambiente & Sociedade, Campinas v. 10, n. 1, p. 137-150. jan./jun.
2007.
DAGNINO, R. P. Tecnologia social: ferramenta para construir outra sociedade. 2.ed. Rev.
ampl. p.71-112. Campinas, 2010.
DEMO, P. Participação é conquista: noções de política social participativa. 2 ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
LIBÂNEO, J. C. A escola com que sonhamos é aquela que assegura a todos a formação
cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã. In: COSTA, M. V. (Org.). A
escola tem futuro? 2ed. p. 11-22. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
MOREIRA, S. V. Análise documental como método e como técnica. In: DUARTE, Jorge;
BARROS, Antonio (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: p.
269-279, Atlas, 2005.
ONU - Organização das Nações Unidas. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais. Nova Iorque, 1992. Disponível em:
<direitoshumanos.usp.br/index.php/Sistema-Global.-Declarações-e-Tratados-Internacionais-
de-Proteção/pacto-internacional-dos-direitos-economicos-sociais-e-culturais-1966.html>.
Acesso em: 16 jul. 2018.
SEABRA JÚNIOR, S, et al. Projeto Comunidade Feliz: horta comunitária com idosos. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 50. Anais Guarapari: ABH, 2010.
SMIT, J; NASR, J. Urban agriculture for sustainable cities: using wastes and idle land and
water bodies of resource. Environment and Urbanization, v. 4, n. 2, p. 141-152, 1992.
THOMPSON, P. A voz do passado – História Oral. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
8 APÊNDICES
O senhor (a) está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma
pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte
do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento, com as folhas
rubricadas pelo pesquisador, e assinadas pelo mesmo, na última página. Este documento está
em duas páginas e em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em
caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma.
Título da pesquisa: HORTAS COMUNITÁRIAS: Uma tecnologia social para produção de
saúde
Nome do pesquisador responsável: Dra. Stella Maris Brum Lopes
E-mail: stella@univali.brTelefone: (47) 3341-7879
Nome do pesquisador participante: Taren Beatriz Ferreira Leite de Oliveira
E-mail: tarenleite@hotmail.com Telefone: (47) 99607-2558
Essa pesquisa tem como objetivo sistematizar uma proposta de tecnologia social
voltada a produção de saúde baseada na horta comunitária. Assim a sua participação consiste
em responder uma entrevista aberta com uma pergunta referente a sua experiência com o
cultivo de plantas. Não existem respostas certas ou erradas, apenas as respostas que você
considera como suficientes para responder às perguntas formuladas pela pesquisadora. As
respostas serão gravadas em áudio (gravador de voz) para posterior transcrição e análise. A
entrevista ocorrerá em local previamente acordado com você e que contenha condições físicas
adequadas para realização da coleta de dados, isto é, fechada com possibilidade mínima de
interferências, barulhos ou quebra de sigilo. Estima-se que a entrevista possa durar de 20 a 40
minutos. A pesquisadora responsável tratará suas respostas forma anônima e confidencial, em
nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Após a realização
da entrevista, o seu relato oral será transformado em texto escrito e será realizado um novo
contato para lhe mostrar o texto para sua aprovação ou não do texto.
Entre os riscos da presente pesquisa encontram-se como possibilidades a ocorrência de
constrangimentos ao expor seus pensamentos, sentimentos e opiniões; desconforto ao relatar
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Pág. 02 de 03.
algumas informações; a mobilização emocional ocasionada ao falar sobre o tema; a falta de
motivação para participar da pesquisa, além do tempo para a realização da mesma. Em caso
de necessidade de manejo de situações emocionais os participantes serão acolhidos pelos
pesquisadores, se preciso serão encaminhados pelos pesquisadores a profissionais que possam
dar o acompanhamento imediato, e contínuo se necessário. Contudo, apesar da consciência da
possibilidade destes riscos existirem, esta pesquisa buscará trabalhar de forma a evitar a sua
ocorrência bem como buscará não ferir a singularidade do participante, e sim, respeitá-lo em
todas as suas dimensões. Em caso de necessidades ou prejuízos, haverá garantia de
ressarcimento e indenização ao participante. Quanto ao risco de perda dos dados e quebra de
sigilo, as pesquisadoras adotarão como medidas de segurança que as informações sejam
sempre manipuladas e armazenadas em locais seguros e somente terão acesso aos dados a
pesquisadora e sua orientadora.
Esta pesquisa terá como benefício à possibilidade de sistematizar uma proposta de
tecnologia social, voltada à produção de saúde, pressupondo fortalecer um sistema de
produção mais justo e solidário. Pretende-se ainda, auxiliar o trabalho realizado por
profissionais de saúde, bem como, contribuir para conscientização sobre a necessidade de
aumento de políticas voltadas a minimizar os problemas do meio urbano. Para os participantes
o fato de relatar sua experiência poderá trazer como contribuição a reafirmação de suas
práticas fortalecendo a relação dos mesmos com a horta e o território no qual moram. Os
resultados obtidos na presente pesquisa, após a conclusão, serão divulgados por meio de
publicação de artigos em revistas científicas.
Os dados da pesquisa serão arquivados, em arquivo físico, por um período de 5 anos,
sob a guarda e responsabilidade dos pesquisadores, assim, você terá o direito à informação em
qualquer momento que desejar.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
do vale do Itajaí – UNIVALI, caso persistam dúvidas, sugestões e/ou denúncias após os
esclarecimentos do pesquisador o comitê está disponível para atender lhe.
CEP/UNIVALI
Rua Uruguai, n. 458 Centro Itajaí.
Bloco F6, andar térreo.
Horário de atendimento: Das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30
Telefone: 47- 33417738
E-mail: etica@univali.br
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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO
9 ANEXOS