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Brasileira de Sinais
LIBRAS
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
UDESC/UAB/CEAD
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
Centro de Educação a Distância
Língua
Brasileira de Sinais
LIBRAS
FLORIANÓPOLIS
UDESC/UAB/CEAD
1ª edição - Caderno Pedagógico
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
Secretário de Regulação e
Supervisão da Educação Superior | Jorge Rodrigo Araújo Messias
Diretor de Educação a
Distância da CAPES/MEC | João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Pró-Reitor de Extensão,
Cultura e Comunidade | Mayco Morais Nunes
Chefe de Departamento de
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Isabel Cristina da Cunha
Subchefe de Departamento de
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Vera Márcia Marques Santos
Língua
Brasileira de Sinais
LIBRAS
Caderno Pedagógico
1ª edição
Florianópolis
2013
Material Didático
Multi.Lab.EaD
Laboratório Multidisciplinar de Desenho e
Produção de Material Didático para a EaD
Coordenação
Carmen Maria Cipriani Pandini
Vicecoordenação
Lidnei Ventura
Projeto instrucional
Ana Cláudia Taú Caderno Pedagógico
Carla Peres Souza
Carmen Maria Cipriani Pandini
Professores autores
Daniela Viviani
Fabíola Sucupira Ferreira Sell (Org.)
Melina de la Barrera Ayres
Deonisio Schmitt
Roberta de Fátima Martins
Rose Clér Estivalete Beche
Projeto gráfico e capa
Design instrucional
Elisa Conceição da Silva Rosa
Daniela Viviani
Sabrina Bleicher
Professor parecerista
Idavania Maria de Souza Basso
Diagramação
Elisa Conceição da Silva Rosa
Sabrina Bleicher
Revisão de texto
Nilza Goes
Inclui Bibliografia
ISBN: 978-85-8331-002-0
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Programando os estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
CAPÍTULO 1
Conhecendo a Língua Brasileira de Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Seção 1 - Conceitos básicos: conhecendo a LIBRAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Seção 2 - Trajetória dos surdos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Seção 3 - Cultura da comunidade surda e Identidade Surda . . . . . . . . . . . . . 29
CAPÍTULO 2
Aspectos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Seção 1 - A LIBRAS e a língua portuguesa: encontros e desencontros. . . . 46
Seção 2 - A LIBRAS e a variação linguística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Seção 3 - Aspectos Estruturais: a fonologia, a morfologia, a sintaxe espacial
e a significação dos Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
CAPÍTULO 3
Língua Brasileira de Sinais no Processo Educacional: o Processo de
Ensino e de Aprendizagem e os Novos Agentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Seção 1 - Contribuições da linguística ao ensino da LIBRAS . . . . . . . . . . . . 82
Seção 2 - Novos Agentes na Educação de Surdos: o intérprete, o professor
de LIBRAS e o Professor bilíngue. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Conhecendo os professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Comentários das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Referências das figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Apresentação
Prezado(a) estudante,
Bons estudos!
Equipe UDESC\UAB\CEAD
Introdução
Nosso objetivo aqui não é o de ensinar LIBRAS, uma vez que, devido ao
seu status de língua, demandaria muito mais tempo para ser aprendida.
Nosso objetivo é que você tenha contato com os principais aspectos
relacionados à língua brasileira de sinais e sua importância para a
educação de surdos, bem como para a cultura, a história e a identidade
surda.
Um abraço!
Os autores
Programando
os estudos
Ementa
Geral
Específicos
Carga horária
36 horas/aula
12
Anote as datas importantes das atividades na disciplina, conforme
sua agenda de estudos:
DATA ATIVIDADE
Conteúdo da disciplina
Veja, a seguir, a organização didática da disciplina, distribuída em capítulos
os quais são subdivididos em seções, com seus respectivos objetivos de
aprendizagem. Leia-os com atenção, pois correspondem ao conteúdo
que deve ser apropriado por você e faz parte do seu processo formativo.
13
Capítulo 2 – Esse capítulo apresentará as diferenças gramaticais entre a
língua brasileira de sinais e a língua portuguesa, com foco
no estudo da caracterização das variações linguísticas, da
iconicidade e da arbitrariedade na LIBRAS. A partir disso,
você estudará os aspectos básicos relacionados à fonologia,
à morfologia, à sintaxe e à semântica da LIBRAS.
14
Conhecendo a Língua Brasileira de Sinais
1
O que você conhece sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)? Você já observou pessoas
surdas conversando? Será que a diferença está somente na língua falada ou gesticulada? Estamos
desafiando você a se aproximar de outra cultura, outra língua e nova forma de aprender.
Acreditamos que somente conhecendo poderemos respeitar e admirar as outras culturas.
Esperamos que você aceite o desafio e venha conosco!
Seções de estudo
Seção 1
Conceitos básicos: conhecendo a LIBRAS
Objetivos de aprendizagem
16
CAPÍTULO 1
A LIBRAS é a língua utilizada pela Comunidade Surda para se comunicar
em todos os espaços e situações. Possivelmente, ao longo da sua vida
profissional, você terá o contato com alunos surdos, e para conseguir
ensiná-los precisará conhecer sobre esse grupo minoritário e suas
especificidades tanto da língua quanto da sua Cultura.
17
Conceitos
Comunidade Surda Povo Surdo Mímica
Grupo de pessoas, surdas ou Grupo de sujeitos surdos que Movimentos da fisionomia que Pe
ouvintes, que compartilham os possuem em comum o imitam o que quer se fazer Tam
mesmos interesses e possuem reconhecimento da história, compreender, podendo também Pe
tradição, língua e cultura dos ser expressos por movimentos do pe
como referencia um local como corpo. Não são a Língua de Sinais.
surdos. Pessoas que constroem co
Associações de Surdos,
sua concepção de mundo, a pro
Federações, espaços partir da visão, e têm a Língua de
religiosos ou outros. Sinais como primeira língua.
Estudos Surdos pe
Campo de estudos que abordam exp
a surdez como diferença em os
Língua Portuguesa Linguística contraposição à perspectiva da ac
É a língua oficial do Brasil, de Ciência que estuda a estrutura das surdez como deficiência. Espaço
Portugal e de alguns países da línguas e busca explicar a natureza onde as pesquisas têm como Id
África. Para os surdos, a Língua da linguagem humana. Atualmente, foco as questões culturais e Ca
Portuguesa é a segunda língua a há muitos estudiosos dessa área históricas do Povo Surdo. ide
ser aprendida e é extremamente focando suas pesquisas na Língua pe
útil para auxiliar na comunicação de Sinais, reafirmando a sua sur
com os ouvintes e ter acesso às importância e especificidade. Educação bilíngue ap
informações e conhecimentos Educação bilíngue envolve, pelo sua
produzidos historicamente. Gestos menos, duas línguas no contexto pe
Movimento, principalmente da educacional. As diferentes formas de
Estudos culturais cabeça e dos braços, utilizados proporcionar uma educação bilíngue a
Campo teórico que pela Língua de Sinais e pelas uma criança em uma escola Di
investiga a cultura nas suas línguas orais. dependem de decisões Qu
diferentes concepções. político-pedagógicas. Ao optar-se em de
oferecer uma educação bilíngue, a Ne
Ouvintes Surdos de
escola está assumindo uma política
Pessoas que não possuem Pessoas que possuem déficit de
linguística em que duas línguas
limitações auditivas e utilizam auditivo e utilizam, dife
passarão a coexistir no espaço
prioritariamente as línguas orais, prioritariamente, a língua de sinais car
escolar, além disso, também será
tais como língua a portuguesa. tornando-se parte da qu
definido qual será a primeira língua e
Comunidade Surda. ele
qual será a segunda língua, bem
como as funções que cada língua irá ac
CENTRO DE INFORMAÇÕES representar no ambiente escolar.
(QUADROS; SCHMIEDT, 2006. p. 18)
TURÍSTICAS
Blá... blá... blá
blá... blá...
blá...
em LIBRAS
Intérprete
Identidade Profissional que objetiva facilitar a
Pedagogia da Diferença Conjunto de características que
comunicação entre duas línguas distintas,
identifica e individualiza uma
Também conhecida por por exemplo, em uma conferência onde
pessoa, tornando-a única.
Pedagogia Visual. Proposta há a presença de um palestrante
pedagógica que objetiva estrangeiro há a necessidade de um
contemplar as especificidades do Deficiência profissional intérprete para que o público
processo de aprendizagem das Perda ou anormalidade de uma possa compreender a palestra. Em
pessoas surdas abrangendo as estrutura (psicológica, fisiológica LIBRAS, encontramos esses profissionais
experiências visuais, forma como ou anatômica), que gera em diferentes espaços. O interprete pode
os surdos aprendem, valorizando incapacidade para o desempenho fazer uso de duas formas de
a cultura e a identidade surda. de atividades cotidianas dentro do interpretação: simultânea, quando o
padrão considerado normal para palestrante está falando em Português e
o ser humano. Tem como
Identidade Surda pressuposto as características
o intérprete traduz para a LIBRAS
Características que simultaneamente ou consecutiva. Nesse
biológicas que, historicamente, caso, o intérprete espera o palestrante
identificam os sujeitos como são excludentes e incapacitantes.
pertencentes ao grupo concluir seu raciocínio e depois faz a
Os surdos não se consideram interpretação para a LIBRAS.
surdo, evidenciando a deficientes, apesar do evidente
apropriação da sua cultura, déficit auditivo.
sua história e sua língua
pelo sujeito surdo. SignWriting/Escrita de Sinais
Tradutor
Sistema de escrita da língua de sinais
Profissional que realiza a
que objetiva facilitar a escrita para as
Diferença tradução do material escrito em
crianças surdas. Por ser um sistema
Qualidade que distingue um ser uma determinada língua para
de escrita visual, facilita a
de outro. Contrário de igualdade. outra língua. O ato da Tradução
compreensão pelas crianças surdas
Nessa perspectiva, não há grupo pode ser instantânea ou não,
que utilizam a LIBRAS. O sistema
de pessoas superior ou inferior, como por exemplo, uma
possui os Parâmetros da Língua de
deficiente ou “normal”, apenas dissertação em português para
Sinais: orientação, configuração de
diferente. Os surdos assim se ser traduzida para LIBRAS.
mãos, locação, ponto de articulação
caracterizam porque entendem e movimento. Hoje encontramos a
que a principal diferença entre Bilinguismo escrita de sinais em livros infantis e
eles e os ouvintes é a língua, não Aquisição de duas línguas, como, em alguns Dvd’s.
a condição biológica. por exemplo, o português e a
Língua de Sinais.
Blá...blá
blá...blá
CAPÍTULO 1
Seção 2
Trajetória dos surdos
Objetivo de aprendizagem
Nesta seção, você vai conhecer um pouco sobre a história dos surdos. O que
você sabe sobre a relação entre pessoas surdas, língua de sinais e oralismo?
Prepare-se para estudar as quatro principais fases históricas da educação
de surdos, os quais foram em algum momento da história excluídos das
escolas e da sociedade. É importante que você conheça a história real dessas
pessoas e os muitos problemas que enfrentaram, como por exemplo, a falta
de comunicação.
A seguir, você terá oportunidade de fazer uma breve viagem pelas Idades
Antiga, Média, Moderna e Contemporânea e conhecer a história das pessoas
surdas em cada uma delas.
20
CAPÍTULO 1
Idade Antiga
Na Idade Antiga (4000 a.C a 3500 a.C), os surdos eram adorados como deuses
no Egito. Porém, antes havia as leis judaicas, e os surdos eram castigados
por serem enviados pelos deuses (acreditava-se que eles se comunicavam
em segredo com os deuses). Sabendo que a história do povo surdo tem sido
elaborada “sempre sob o ponto de vista dos ouvintes”, como afirma Strobel
(2008, p. 42), pesquisadores buscam até agora evidências, por meio de
registros históricos, de que a presença do povo surdo é “tão antiga quanto a
humanidade”. Na idade antiga, havia um forte sentimento humanitário e de
respeito aos surdos. No entanto, os surdos não eram educados e, por isso,
considerados ignorantes e excluídos da sociedade.
Idade Média
Mal vistos pela Igreja, pois eram considerados incapazes de fazer confissão
de pecados, os surdos não podiam tomar comunhão e se casar. Só
podiam casar se recebessem autorização do Papa. As crianças surdas
eram consideradas diferentes das crianças ouvintes; sob essa perspectiva
da Igreja, elas possuíam alma mortal. O Bispo John Hagulstat começou a
educar os surdos, mas ainda assim eram rejeitados pela sociedade e também
considerados diferentes.
21
CAPÍTULO 1
A Bíblia dizia que os surdos não podiam casar com surdos e, sendo
proibidos também de votar e receber herança, não eram vistos como
pessoas (cidadãos). Os textos encontrados referentes a esse período relatam
principalmente curas milagrosas. A Lei na Idade Média, portanto, proibia o
surdo de receber herança e votar na sociedade.
Idade Moderna
Girolamo Cardano (1501-1576), seu filho, era surdo. Girolamo afirmava que
era um crime não instruir o surdo e por este motivo começou a utilizar a
escrita e a língua de sinais com os surdos. Pedro Ponce de Léon (1520-
1584) foi o primeiro Professor para surdos e estabeleceu a primeira Escola
22
CAPÍTULO 1
para Surdos. Melchor de Yebra (1526-1586) é autor do primeiro Livro de
Alfabeto Manual chamado “Refugium Infirmorum”, em 1579. Saboureaux
de Fontenay (1579) foi o inventor da nomenclatura “Dactilologia”.
Idade contemporânea
Thomas Hopkins Gallaudet (1787 – 1851), em 1814, viajou até Paris onde
aprendeu a língua de sinais; de lá trouxe o melhor aluno chamado Laurent
Clerc, e os dois fundaram nos EUA a primeira escola para surdos. Em 1830,
surgiu o oralismo e o treinamento de Leitura Orofacial, tendo sido criada a
primeira escola oralista para crianças até 10 anos nos EUA.
23
CAPÍTULO 1
Samuel Howe (1801-1876) era contra o casamento entre surdos, pois dizia
que era muito perigoso nascerem filhos surdos. Em 1867, ele fundou a Clark
School for the Deaf em Massachussets. A escola proibia todos os sinais e
estava estabelecido o oralismo nos EUA.
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CAPÍTULO 1
Laura Redden (1840-1923) ficou surda aos 10 anos, devido à meningite, e
em 1860, aos 19 anos, iniciou a carreira de jornalista, biógrafa e poetisa. Na
guerra civil, usou o pseudônimo de Howard Glyndon e foi a primeira mulher
surda no campo jornalístico e na literatura. Edward Miner Gallaudet (1837-
1917) foi pedagogo, e em 1864 fundou a primeira Universidade Nacional
para surdos em Washington (EUA), com método combinado (Língua de
Sinais e Oralismo).
No filme “Os filhos do Silêncio”, de 1986, pela primeira vez uma atriz surda
norte-americana, Marlee Beth Matlin, ganhou o globo de ouro e Oscar de
melhor atriz dramática nos EUA.
26
CAPÍTULO 1
A primeira conquista dos surdos catarinenses foi a escola Governador Celso Ramos,
primeiro espaço educacional para os surdos em Florianópolis, além do Círculo de
Surdos-Mudos de Santa Catarina, fundado pelo Senhor Francisco Lima Júnior
(Chiquito) então professor da Escola. A iniciativa de Chiquito fez com que Associações
de Surdos em várias regiões pudessem ser criadas.
27
CAPÍTULO 1
28
CAPÍTULO 1
Seção 3
Cultura da comunidade surda e Identidade Surda
Objetivos de aprendizagem
Afinal, o que torna a Cultura Surda diferente da Cultura ouvinte? Por que os
surdos têm uma cultura própria se convivem dentro da cultura ouvinte?
29
CAPÍTULO 1
30
CAPÍTULO 1
Sheppard (1974) afirma que a maior parte dos comportamentos observados
nas pessoas são apreendidos. As brincadeiras, a fala, os comportamentos
agressivos ou pacíficos são assimilados dependendo do meio em que elas
crescem. Tanto os adultos como as crianças aprendem com a convivência,
ao longo de toda a vida. Mudamos nossos comportamentos à medida que
convivemos com as outras pessoas. Nessa perspectiva, todas as pessoas
que convivem com as crianças influenciam na construção da identidade
delas, de forma consciente ou não. Tal premissa é reafirmada por Maheirie
(1992, p. 39), ao afirmar: “não temos a mínima possibilidade de estabelecer
um caminho que não se insinue num caminho alheio, que não encontre
um outro, que não se faça fazendo um outro, e sendo feito por ele.” Logo,
somos responsáveis pelas escolhas feitas e pelo quanto podemos influenciar
as outras pessoas também.
31
CAPÍTULO 1
A criança surda, mesmo nascida em uma família ouvinte e frequentando escolas em que a
maioria dos seus colegas são ouvintes, pode constituir-se como surda se lhe for propiciada a
convivência com a comunidade surda e suas manifestações culturais.
Tendo como pressuposto o que você estudou até aqui, vale ressaltar que
a cultura surda não é uma cópia da cultura ouvinte, ou seja, ela não se
originou da cultura ouvinte. Os surdos, ao longo de sua história de lutas e
resistências, desenvolveram espaços de criação e fortalecimento dos valores
culturais surdos.
1) Língua de Sinais
2) História Cultural
3) Literatura
4) Artes Surdas
5) Pedagogia dos Surdos
32
CAPÍTULO 1
Nesta disciplina, você verá um pouco sobre cada um destes aspectos, sendo
mais aprofundada a Língua de Sinais pela sua importância na difusão da
diferentes formas de expressão da Cultura Surda.
33
CAPÍTULO 1
34
CAPÍTULO 1
Alguns surdos também apreciam música, tendo definido sua preferência
de ritmo. Dançam acompanhando a vibração e a observação do ambiente.
Assim, podemos afirmar que não é a modalidade da língua que define se o
sujeito vive ou não no silêncio. Você concorda?
Certamente que não. O fato dos surdos sentirem-se mais à vontade com
a língua gestual está relacionado à característica visual dessa língua, que
exige dos surdos o que eles tem de potencial, diferente das línguas orais
que se choca nas limitações do déficit auditivo. Também, porque durante
muito tempo, eles foram submetidos a treinamentos orais repetitivos e
árduos em que a língua de sinais era proibida. É necessário reafirmar que,
para aquisição de qualquer língua, há um pressuposto de organização do
pensamento. Dessa forma, o surdo que tem a língua de sinais como primeira
língua, organiza seu pensamento com essa língua e, quando se dispõe a
aprender a língua oral, pode fazê-lo com maior facilidade.
35
CAPÍTULO 1
36
CAPÍTULO 1
9º Mito: O implante coclear permite ao surdo transformar-se
em ouvinte.
Cada país tem a sua própria língua de sinais, logo ela não é universal.
Especificamente no caso do Brasil, podemos observar diferentes “sotaques”
que diferenciam a língua dependendo do Estado em que é falada, logo
também não é única.
37
CAPÍTULO 1
38
CAPÍTULO 1
Mito 6: “As Línguas de Sinais, por serem organizadas
espacialmente, estariam representadas no hemisfério direito
do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo
processamento de informação espacial, enquanto que o
esquerdo, pela linguagem”.
Esses são apenas alguns mitos que envolvem a Cultura Surda. Acreditamos
que os estudos realizados, tendo os elementos dessa cultura como foco,
desmistificarão, com o passar do tempo, essas “certezas” implantadas pela
cultura dominante.
Síntese do capítulo
39
CAPÍTULO 1
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
40
CAPÍTULO 1
Atividades de aprendizagem
2) Faça uma reflexão crítica da citação abaixo, utilizando o que foi discutido
neste capítulo sobre a identidade surda.
41
CAPÍTULO 1
Aprenda mais...
Livro
Artigo
42
CAPÍTULO 1
Filmes
43
Aspectos linguísticos da LIBRAS
2
Nesse capítulo você terá oportunidade de conhecer as diferenças gramaticais entre a Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a Língua Portuguesa, com foco no estudo da caracterização
das variações linguísticas, da iconicidade e da arbitrariedade na LIBRAS. A partir disso,
você estudará os aspectos básicos relacionados à fonologia, à morfologia, à sintaxe e à
semântica da LIBRAS.
Seções de estudo
Seção 1
A LIBRAS e a Língua Portuguesa: encontros e
desencontros
Objetivos de aprendizagem
Sendo assim, sob o ponto de vista linguístico tanto línguas de sinais, que
são de natureza visuo-espacial, como línguas orais apresentam o mesmo
status de língua natural, uma vez que permitem a geração de um número
ilimitado de frases, formadas pelos sinais, com uma estrutura gramatical
própria, bem como a comunicação efetiva entre seus usuários.
46
CAPÍTULO 2
Pense agora, especificamente, no caso da LIBRAS e do português brasileiro.
É possível que as pessoas pensem que a gramática da LIBRAS apresenta
uma dependência com a gramática do português brasileiro. Isso não é
verdade, e inclusive é um dos mitos que você estudou no capítulo anterior,
segundo o qual as línguas de sinais são derivadas, subordinadas e inferiores
às línguas orais.
Por outro lado, enquanto a língua portuguesa, como língua oral, apresenta
a característica de ser linear, quanto à ordem sequencial linear de
apresentação dos fonemas e morfemas que constituem as palavras na fala,
a LIBRAS, como língua visuo-espacial, pode apresentar tanto a linearidade
como a simultaneidade na apresentação dos fonemas e morfemas que
constituem os sinais na sinalização.
47
CAPÍTULO 2
Isso significa que mesmo tendo acesso à LIBRAS como língua da comunidade
surda, o indivíduo surdo deve ter acesso também ao aprendizado da língua
portuguesa escrita, levando em conta o aprimoramento de seu letramento
e o convívio que deverá ter na nossa sociedade letrada.
48
CAPÍTULO 2
Sendo assim, é aí que a questão está posta, pois a
língua de sinais brasileira não apresenta nenhum sistema de
escrita consolidado.
SignWriting (SW)
Diferente do português, que se escreve da esquerda para a direita na horizontal, o
direcionamento do SW é vertical de cima para baixo. Desenvolvido por Valery Sutton na
década de 1970, constitui-se um sistema que permite a representação de qualquer língua de
sinais, e cada língua vai agregar símbolos de acordo com as características das línguas de
sinais específicas (STUMPF, 2008). Observe o exemplo de um texto escrito em SignWriting:
Para saber mais, você pode acessar o site oficial do SignWriting, do qual é possível baixar o programa
SignWriting, que permite escrever em língua de sinais. Disponível em: <www.signwriting.org>.
49
CAPÍTULO 2
U V μ(
U L L 1
V
sinal-nome (menina) conhecer tartaruga
T
У
Ф
U
#
T
б
V
sinal-nome (menina) ir junto mãe
V
V Ф
V
praia
Ф VФ V
U T
б
V
sinal-nome (menina) brincar areia ver
Ф ‘[ ] V μ( Ф [ ]‘
L
L
L 1
V
V
V
б
V
50
CAPÍTULO 2
Note que, quando falamos em Educação de Surdos, é preciso pensar que
esse sujeito deve ter acesso à língua de sinais como sua primeira língua e as
escritas que a representem, mas também precisa ter acesso ao português
escrito (e também falado) como segunda língua.
51
CAPÍTULO 2
Criança de 14 meses
A criança está na fase do balbucio
manual, em que se verifica a produção
de padrões de sinalização manual
semelhantes aos padrões observados
em bebês adquirindo línguas orais.
Criança de 24 meses
Começam a surgir as primeiras
combinações de sinais, seguindo assim
de maneira semelhante à aquisição de
línguas orais.
52
CAPÍTULO 2
Seção 2
A LIBRAS e a Variação Linguística
Objetivo de aprendizagem
A LIBRAS
53
CAPÍTULO 2
sinais Icônicos
CASA
sinais Arbitrários
PERGUNTAR
54
CAPÍTULO 2
Como as línguas humanas têm intrínseca a propriedade de serem arbitrárias,
mesmo sinais que apresentam uma motivação icônica, vão apresentar
variações arbitrárias nas mais variadas línguas. Por exemplo, o sinal BANANA
é semelhante em LIBRAS e Língua de Sinais Americana (ASL) quanto ao
ponto de articulação e ao movimento, mas variam quanto à configuração
da mão dominante. Em LIBRAS, a mão começa em pinça e abre e em ASL
a mão permanece em pinça, como estivesse descascando a banana. Já em
Língua de Sinais Francesa (LSF) o sinal é feito com as duas mãos de maneira
a imitar o formato de uma banana.
Por outro lado, o sinal de CACHORRO, por exemplo, é diferente nas três
línguas em relação aos três parâmetros fonológicos: configuração de mão,
ponto de articulação e movimento.
Tudo isso mostra que embora possa haver uma motivação icônica para a
constituição dos sinais em qualquer língua natural, essa motivação está
vinculada a fatores culturais que influenciam a leitura de mundo de cada
povo. Isso significa que a arbitrariedade gerada por essa condição sempre
estará em jogo, às vezes mais, às vezes menos.
Variação Linguística
Uma das características principais das línguas naturais é que elas variam. E
as línguas variam em muitos aspectos: variam de região para região, variam
de acordo com a idade, o sexo, e a posição social dos falantes, variam de
acordo com a situação sociocomunicativa e também variam historicamente.
55
CAPÍTULO 2
56
CAPÍTULO 2
Nome em ASL = NAME NOME
57
CAPÍTULO 2
»» Mandioca (SP)
»» Aipim (RJ)
»» Mexerica (SP), também no Nordeste
»» Vergamota (SC)
»» Bergamota (SC)
»» Tangerina (SC)
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CAPÍTULO 2
CERVEJA
A ((RJ) CERVEJA
CER
RVVEJA (MG)
FALTAR FALTAR
FALTAR
ÔNIBUS ÔNIBUS
62
CAPÍTULO 2
SONHAR SONHAR
Nem todos os usuários de uma língua falam do mesmo jeito, por isto,
todas as línguas naturais possuem variações linguísticas. A LIBRAS
também apresenta dialetos regionais, reforçando seu caráter de
língua natural. As variações na LIBRAS ocorrem de várias formas,
como alterações na configuração de mãos (forma que a mão assume
na realização do sinal) ou na localização espacial do sinal (local onde
o sinal é realizado), sem que seu sentido e significado sejam perdido
ou modificados. Também há sinais diferentes para representar um
mesmo referente, usando em diferentes regiões do país, às vezes do
mesmo estado. (BASSO e SCHMITT, 2007, p. 50 e 51).
63
CAPÍTULO 2
Seção 3
Aspectos Estruturais: a fonologia, a morfologia, a
sintaxe espacial e a significação dos sinais
Objetivo de aprendizagem
BRANCO
64
CAPÍTULO 2
Existem diferentes tabelas que representam as configurações de mão
na LIBRAS, como a apresentada abaixo, que representa 61 diferentes
configurações de mão:
65
CAPÍTULO 2
LARANJA APRENDER
1.3 Movimento
Deslocamento da mão no espaço na realização de um sinal. É um parâmetro
complexo, que pode envolver uma vasta rede de formas e direções, desde
os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movimentos do
mesmo sinal. O movimento que as mãos descrevem no espaço ou sobre
o corpo, pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou circulares, em várias
direções e posições. Portanto, para que nossa comunicação com o surdo seja
compreensível, é necessário observamos esse parâmetro, já que existem
diferenças mínimas entre os sinais que, se não forem respeitados, alteram o
sentido do que queremos sinalizar.
66
CAPÍTULO 2
ENCONTRAR
MACARRÃO
BRINCAR
67
CAPÍTULO 2
2. Parâmetros Secundários
ÁGUA
PAPEL
68
CAPÍTULO 2
Para CIMA e para BAIXO Para DENTRO e para FORA
MONTANHA
69
CAPÍTULO 2
MEDO ÁGUA
PESSOA
70
CAPÍTULO 2
4. Classificação dos Sinais
AMIGO
PAPEL
TRABALHAR
SEXO
71
CAPÍTULO 2
»» HOMEM^PEQUENO [menino]
»» MULHER^PEQUENO [menina]
HOMEM PEQUENO
Tradução: Menino
MULHER PEQUENA
Tradução: Menina
72
CAPÍTULO 2
É possível também combinar sinais para classificar grupos, a partir da
combinação do sinal VÁRIOS com o sinal do elemento prototípico do grupo
de se deseja classificar, como mostram os exemplos a seguir:
»» MAÇÃ^VÁRIOS [frutas}
»» LEÃO^VÁRIOS [animais]
»» ROUPA^VÁRIOS [vestuário]
»» COMER^VÁRIOS [alimentação]
MAÇÃ VÁRIOS
Tradução: Frutas
LEÃO VÁRIOS
Tradução: Animais
73
CAPÍTULO 2
ROUPA VÁRIOS
Tradução: Vestuário
COMER VÁRIOS
Alimentos
74
CAPÍTULO 2
Geralmente, os homônimos apresentam formas fonológicas idênticas, mas
podem pertencer a classes gramaticais diferentes, como no caso de “morro”
(verbo) e “morro” (substantivo) na língua portuguesa. No caso da LIBRAS,
sinais homônimos vão apresentar a mesma configuração de mão, o mesmo
ponto de articulação e o mesmo espaço, mas significados diferentes.
Em LIBRAS Em Português
75
CAPÍTULO 2
VER AVISAR
RESPONDER PERGUNTAR
76
AJUDAR
CAPÍTULO 2
Nesta seção, você estudou alguns aspectos linguísticos da LIBRAS,
importantes para que tenha uma base sobre o funciomanteo dessa língua.
Tais informações certamente o ajudarão a entender melhor as relações
entre LIBRAS e português, auxiliando em sua prática pedagógica com
alunos surdos.
Síntese do capítulo
»» A LIBRAS é reconhecida por lei como a língua da comunidade surda;
no entanto, ela não substitui o português escrito. Sendo assim, a
LIBRAS é considerada a língua materna dos surdos, enquanto o
português é aprendido como segunda língua.
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
77
CAPÍTULO 2
Atividades de aprendizagem
2) O sinal nas línguas de sinais são formados por parâmetros. Quais são esses
parâmetros? Explique cada um deles.
78
CAPÍTULO 2
Síntese do capítulo
Para relaxar e refletir sobre temas atuais, como educação de surdos, inclusão
e luta por direitos, assista aos filmes:
»» Por vários anos, Sandrine não sabia que era surda. Surda de nascença,
ela é filha de pais ouvintes. Chegou a frequentar a escola regular, e
lá se perguntava como os outros compreendiam o que a professora
estava tentando transmitir. Como uma pessoa surda descobre que
pessoas se comunicam através de sons, que o movimento dos
lábios que eles vêem produz palavras e comunicação?. Direção:
Igor Ochronowicz. Ano: 2009. País: França.
79
LIBRAS no processo educacional: o processo de ensino
e de aprendizagem e os novos agentes
3
Você conheceu, até então, elementos importantes da Cultura Surda e, mais
especificamente, da Língua Brasileira de Sinais e seus aspectos linguísticos. Agora,
vamos apresentar os novos personagens da proposta educacional pensada para o grupo
de surdos. Afinal, você já entendeu porque esse grupo minoritário necessita de uma
educação com características diferenciadas, não é mesmo? Então, vamos lá!
Seções de estudo
Seção 1
Contribuições da linguística ao ensino da LIBRAS
Objetivos de aprendizagem
Vamos iniciar o estudo dessa seção com uma breve explicação sobre as
principais metodologias utilizadas para a educação de surdos: o oralismo, a
comunicação total e o bilinguismo.
82
CAPÍTULO 3
se na “normalidade” exigida pela sociedade. As técnicas mais usadas nesse
método são o treinamento auditivo, o desenvolvimento da fala e a leitura
labial.
83
CAPÍTULO 3
84
CAPÍTULO 3
O processo mais consciente da aquisição da leitura e escrita, isto é,
a etapa mais meta-lingüística deste processo, é muito importante
para o aluno surdo. Falar sobre a língua por meio da própria língua
passa a ter uma representação social e cultural para a criança que
são elementos importantes do processo educacional. (QUADROS;
SCHMIEDT, 2006, p. 31).
Seção 2
Novos agentes na Educação de Surdos: o interprete, o
professor de LIBRAS e o professor bilíngue
Objetivos de aprendizagem
86
CAPÍTULO 3
A presença da LIBRAS no contexto educacional, impulsionada pelo
reconhecimento da diferença linguística do surdos, trouxe novos desafios
para a escola. A proposição de uma educação bilíngue apontou necessidades
peculiares, no que tange à presença de duas línguas oficiais a serem
ensinadas. No entanto, o que observamos na realidade educacional deixa
muito a desejar, pois a LIBRAS tem sido a língua utilizada como primeira
língua na perspectiva de “caminho” para a aquisição da língua portuguesa.
Stumpf (2009, p. 435) afirma:
87
CAPÍTULO 3
Veja um exemplo!
O aluno surdo é levado a observar determinado
objeto, o qual é nomeado em língua de sinais. O aluno pode
descrevê-lo, também em língua de sinais, demonstrando seu
entendimento da sua funcionalidade, características e razões
de existir. Logo após, é ensinado, em língua portuguesa escrita,
o nome do referido objeto e todas as explicações são feitas em
língua de sinais. Desta forma, o aluno aprende na sua língua
materna, LIBRAS e, posteriormente, em português escrito, a
segunda língua.
88
CAPÍTULO 3
domine uma pedagogia voltada para as experiências visuais, canal pelo
qual os surdos apreendem o mundo. Essa pedagogia é chamada pelos
pesquisadores de Pedagogia Visual ou da Diferença.
89
CAPÍTULO 3
90
CAPÍTULO 3
suas necessidades diferenciadas ligadas a novas metodologias e agentes no
espaço educacional.
Síntese do capítulo
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
91
CAPÍTULO 3
Atividades de aprendizagem
1) Escolha uma instituição na sua cidade que possui alunos surdos. Visite-a e
conheça a proposta pedagógica. Observe:
92
CAPÍTULO 3
93
CAPÍTULO 3
Aprenda mais...
Livro
Artigo
94
Considerações
finais
Aqui você foi conheceu um pouco da arte surda como expressão de uma
cultura rica e feita pela sensibilidade de homens e mulheres que possuem
história e orgulho das suas conquistas e vivências. Você aprendeu também
sobre aspectos linguísticos da LIBRAS e suas semelhantes e diferenças
com o português.
Autores
Deonisio Schmitt
Parecerista
Idavania Maria de Souza Basso
98
Comentários
das atividades
Capítulo 1
Comentário:
Ao construir essa linha do tempo, você terá oportunidade de organizar,
temporalmente, os principais acontecimentos da história dos surdos.
Certamente, você poderá recorrer a ela em outros momentos da sua
vida acadêmica, a fim de refletir sobre dados históricos relacionados
aos processos de inclusão desses sujeitos.
Comentário:
Nessa atividade, você refletirá sobre a constituição da identidade e os
diferentes elementos que nos fazem ser diferentes, surdos ou ouvintes,
e que nos tornam especiais porque únicos. Aproveite para refletir como
você concebe a sua própria identidade.
Capítulo 2
Comentário:
Assim como as línguas naturais, as línguas de sinais também apresentam
variação. Por exemplo, existem línguas de sinais diferentes de acordo
com as comunidades de surdos espalhadas pelo mundo. Existe a língua
americana de sinais, a língua francesa de sinais, a língua brasileira de
sinais, etc. As línguas de sinais podem apresentar também variações
dentro da própria língua. A LIBRAS apresenta dialetos regionais, sociais
e de faixa etária, que ocorrem de várias formas, como alterações na
configuração de mãos (forma que a mão assume na realização do sinal)
ou na localização espacial do sinal (local onde o sinal é realizado), mas
mantendo o sentido e significado do sinal que varia.
2. O sinal nas línguas de sinais são formados por parâmetros. Quais são
esses parâmetros? Explique cada um deles.
Comentário:
1. Parâmetros Principais: Configuração das Mãos, Ponto de
Articulação, Movimento.
2. Parâmetros Secundários:
2.4 Disposição das Mãos – A realização dos sinais na LIBRAS pode ser
feita com a mão dominante ou por ambas as mãos.
100
2.5 Orientação das Mãos – Direção da palma durante a execução do
sinal da LIBRAS, para baixo, para o lado, para a frente, entre outros.
Capítulo 3
Comentário:
Aqui não há uma única resposta a ser dada pelo acadêmico. O
importante da atividade é seu contato com a educação de surdos. É o
desafio para você! Bom estudo!
101
2. Caracterize o bilinguismo do sujeito surdo e indique quais as
consequências disso para a educação de surdos.
Comentário:
O bilinguismo do surdo é bimodal, pois apresenta línguas de
modalidades diferentes: o português é uma língua de modalidade
oral, enquanto a LIBRAS é de modalidade visuo-espacial. Além disso,
esse bilinguismo é social, pois envolve duas comunidades linguísticas
distintas. Ao ter consciência da condição bilíngue do surdo, o professor
de deve oportunizar a esse sujeito materiais didáticos que levem em
conta a faixa etária do educando, sua língua materna, que no caso
será a LIBRAS, e sua competência linguística tanto na LIBRAS como no
português. É preciso que o professor de alunos surdos saiba também
que a alfabetização de crianças surdas acontece de forma diferente da
alfabetização de crianças ouvintes, uma vez que o surdo não parte do
som para das palavras para auxiliar na compreensão da leitura e da
escrita. É preciso estar atento também para o fato de que a escrita do
surdo pode apresentar uma interlíngua: elementos da gramática da
LIBRAS e elementos da gramática do português.
102
Referências
ALKMIM, Tânia Maria. Sociolinguística Parte I. In: MUSSALIM, Fernanda;
BENTES, Anna C (org.). Introdução à Linguística: domínios e fronteiras.
São Paulo: Cortez, 2005, p. 21-43.
FREMAN, Roger D.; CARBIN, Clifton F.; BOESE, Robert J. Seu filho não
escuta? Um guia para todos que lidam com crianças surdas. Brasília:
MEC/SEESP, 1999.
104
PERLIN, Gládis. História dos Surdos. Caderno Pedagogia para Surdos.
UDESC – Florianópolis – SC, CEAD, 2002.
105
STROBEL, Karin. As Imagens do outro sobre a Cultura Surda.
Florianópolis, Ed. Da UFSC, 2008.
106
Referências
das figuras
Pág. 52 Pág. 52
Criança de 12 meses Criança de 24 meses
Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse. Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse.
phtml?f=download&id=1281127>. phtml?f=download&id=1428222>.
Acesso em: 12 nov. 2013. Acesso em: 12 nov. 2013.
Capítulo
CASA 2
As imagens do capítulo 02 que referem-se à demonstração da representação dos sinais em LIBRAS são do professor Doutor Deonisio Schmitt.
As fotografias foram feitas pela fotógrafa Daniela Viviani.
O tratamento e adequação para o caderno pedagógico foi realizado por Aline Bertolinni de Lauro.