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DOCUMENTO ORIENTATIVO PARA REDE ESTADUAL DE MATO GROSSO

DO SUL

AVALIAÇÃO FORMATIVA
CAMINHOS PRÁTICOS PARA OS PROCESSOS AVALIATIVOS

1. Introdução

Olá querido (a) professor (a) da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do
Sul, diante dos desafios educacionais que todos estamos vivenciando e vencendo
diariamente, gostaríamos inicialmente de agradecer pelo comprometimento e
dedicação em prol a toda comunidade escolar. Nosso muito obrigado!
Este documento visa nortear as ações pedagógicas dos docentes,
especificamente os que atuam nos componentes curriculares Projeto de Vida,
Pesquisa e Autoria nos anos iniciais e finais do ensino fundamental e Língua
Inglesa nos anos iniciais do ensino fundamental. Desse modo, surge a
necessidade de elucidá-los sobre a ação e intervenção em seus processos de
avaliação, já que os componentes supracitados não terão notas lançadas no
sistema, todavia serão avaliados a partir dos critérios de aprovação igual ou
superior a 75% (setenta e cinco por cento) de frequência no total de horas letivas
computadas ao final de cada ano.
Em um processo dialógico entre o estudante e professor (a), cabe enfatizar a
importância dos princípios de uma avaliação, que em linhas gerais, visa gerar o
desenvolvimento da aprendizagem de todos, por meio de uma construção, em que
se faz possível e necessário identificar as dificuldades e potencialidades em comum
e buscar possibilidades, marcada por múltiplos processos, de um conhecimento
compartilhado sobre o percurso do estudante, sempre na perspectiva de ampliar os
horizontes, ressaltando que, o registro da avaliação não se dá apenas por
representação numérica, sabendo-se que o hábito de se atribuir notas e lançar no
sistema é comum e obrigatório a determinados componentes curriculares a fim de
mensurar o desempenho do estudante durante um período - a matematização dos
processos avaliativos.
Como discorre Oliveira e Pacheco:

Nenhuma discussão curricular pode negligenciar o fato de que aquilo


que se propõe e que se desenvolve nas salas de aula dará origem a
um processo de avaliação. Ou seja, a avaliação é parte integrante
do currículo, na medida em que a ele se incorpora como uma das
etapas do processo pedagógico (Oliveira e Pacheco, 2003. p.119).

Assim, a avaliação se dá de forma constante e programada, de acordo com


critérios de avaliação pré-estabelecidos.
A partir dessas considerações, aplica-se ao professor(a) para esse contexto,
gerir aulas atraentes, criativas, de escuta empática para com os educandos,
promover métodos diferenciados e de colaboração entre pares, múltiplas
estratégias, para que de forma interativa, num processo de inclusão, o docente
mediador instile o educando a vontade de aprender, a curiosidade, e dar um
significado para tal. Assim, proporcione um ambiente de aprendizagem acolhedor,
na qual o discente participa do processo de avaliação, autoavaliação e avanços por
meio do feedback (devolutivas mútuas entre professor e estudante) e se vê
participante do processo e compreende e ajuda nas tomadas de decisões.
Vale ressaltar que não atribuir nota numérica, não significa que o estudante
não seja avaliado, que a qualidade da aprendizagem não seja considerada, bem
como que o progresso do estudante não seja identificado. Para tanto, sugere-se ao
professor(a) abrir-se ao novo, adequando-se aos desafios deste século, para que o
estudante desenvolva habilidades e competências cruciais de autoconhecimento,
para assim, se autoavaliar, olhar para si, para o outro e para o mundo com mais
criticidade e autonomia.
Com efeito, esclarece-se que a avaliação orienta a práxis educativa, pois é
por meio dessa prática que o professor conduz o processo de ensino e
aprendizagem do estudante, bem como, promove indicativos ao professor(a) para o
replanejamento, reflexões e ações interventivas.
2. A avaliação formativa

Na perspectiva de uma formação integral do educando, previsto na Base


Nacional Comum Curricular e no Currículo de Referência de Mato Grosso do Sul, o
processo de avaliação permite considerar as diferentes dimensões que se precisa
atingir para uma formação global, isso posto, Esteban traz considerações:

Avaliar o aluno deixa de significar fazer um julgamento sobre a sua


aprendizagem, para servir como momento capaz de revelar o que o
aluno já sabe os caminhos que percorreu para alcançar o
conhecimento demonstrado, seu processo de construção do
conhecimento, o que o aluno não sabe e o caminho que deve
percorrer para vir, a saber, o que é potencialmente revelado em seu
processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para
a superação, sempre transitória, do não saber, possa ocorrer.
(ESTEBAN, 2003, p.19)

Em outras palavras, a avaliação processual ou formativa revela-se


necessária para ampliar possibilidades de orientação para o conhecimento se
consolidar, bem como o agir no gestar.
Para melhor elucidar a avaliação formativa, vamos pensar na seguinte
metáfora: imagine que alguém fará uma viagem, com o destino para a cidade de
São Paulo e o tempo estimado para chegar é de 12 horas. Espera-se que o
“condutor/motorista” não aguarde passar às 12 horas de viagem estimadas, para,
assim, verificar se de fato chegou ao destino como pretendia. No caso, tal condutor
terá indícios e percepções durante a viagem, se está percorrendo o trajeto
corretamente ou não, conforme o mapa e plano estabelecido. Caso, havendo
necessidade, ao perceber uma rota incorreta, imediatamente o “condutor” irá refletir
e (re)planejar sua rota para chegar ao destino desejado com exatidão.
Pois bem, da mesma forma, o professor (a), planeja suas aulas para conduzir
os seus alunos ao destino da aprendizagem, deixando claro seus objetivos e
resultados esperados. Contudo, é necessário ao docente, estar atento e observar o
caminho de forma contínua, para que juntamente com os estudantes, reflitam sobre
o processo de ensino e aprendizagem pré-estabelecidos para aquela aula, ação
e/ou projeto.
Nesse caminho, sugere-se refletir por algumas perguntas norteadoras,
servindo como “bússola nessa viagem educacional”: O que eu quero avaliar?
Estamos entendendo e desenvolvendo as habilidades e competências propostas?
Quais dúvidas pontuais meus estudantes estão tendo sobre as intervenções
necessárias para se chegar aos objetivos antes propostos? Quais instrumentos
avaliativos e/ou situações pedagógicas posso utilizar para melhor avaliá-los de
forma processual e democrática, promovendo possibilidades de autoavaliação e
aprendizagem.
Conclui-se nessa singela metáfora, que não se pode esperar um bimestre,
um trimestre ou um ano para verificar se houve aprendizagem por parte dos
estudantes conforme esperávamos. Sendo assim, destaca-se a importância de
acompanhar e auxiliar os nossos estudantes de forma gradativa, contínua e
processual durante todo o percurso proposto.
Assim como a Lei Educação Nacional - LDB, apresenta a avaliação com o
objetivo de diagnosticar o desempenho e de promover novos conhecimentos,
embasada no ato de ensinar, integrada na ação de formação, o Currículo de
Referência de MS destaca “A avaliação objetiva a melhoria permanente da
aprendizagem, portanto deve ser coerente com os mais diversos modos de
aprender” (CR/MS - pág 53). Desse modo, o papel da avaliação é ser bússola do
caminhar do educando para a aprendizagem esperada, ações como observar
dados, analisar dados e tomar decisões são os princípios que norteiam a avaliação
formativa.

3. Avaliações e registros

Sendo a avaliação um componente indispensável e indissociável da prática


pedagógica, o registro deve ser contínuo, processual e formativo. Com efeito, suas
múltiplas funções se consubstanciam na orientação e regulação do processo de
aprendizagem significativa. Dessa forma, o professor de posse de seu
planejamento, poderá estabelecer critérios específicos para avaliação, conforme
objetivos a serem alcançados, durante o transcorrer das aulas, e registrá-los, além
de acompanhar o desenrolar da aprendizagem e/ou agir, caso haja necessidade,
com as intervenções que se fizerem necessárias.
A avaliação deve acontecer durante o desenvolvimento das atividades de
registros, que poderão ter por base: participação e envolvimento nas aulas,
realização das atividades, pesquisas e o desenvolvimento dos estudantes nas
diferentes habilidades exploradas. Isso permitirá ao professor identificar se eles
aderiram aos temas propostos, assim como se os objetivos, por meio das atividades
aplicadas e seus métodos, geraram resultados pretendidos durante o caminho.
A partir desses registros o professor (a) também tem a oportunidade de
refletir sobre seu trabalho, ao desenvolver ações de melhoria contínua no
planejamento e no decorrer das aulas.
Evidencia-se a importância de construir uma “cultura de autoavaliação”,
fomentando nos estudantes a importância deles participarem ativamente do
processo de construção da aprendizagem, como agentes autônomos e
protagonistas, se apropriando da responsabilidade de se perceber, se conhecer e se
autoavaliar diariamente.

4. Sugestões de instrumentos avaliativos

a. Diário de bordo

Queridos (as) professores (as), que alegria partilhar com vocês o diário de
bordo, essa ferramenta crucial e relevante para acompanhar e auxiliar seus
estudantes durante a construção e desenvolvimento do saber. O diário de bordo
torna-se um instrumento avaliativo essencial e possível na realidade desses
componentes. Ou seja, os educandos podem confeccionar e construir seu diário de
bordo do seu "jeitinho'', com sua “cara”, sendo orientados por você professor (a).
Com apoio desse instrumento pedagógico, eles podem registrar os principais
fatos, pesquisas, sentimentos, atividades, conceitos, descobertas, indagações,
resultados, suas respectivas análises, autoavaliações e reflexões. Tudo isso por
meio da escrita, desenhos, pinturas, poesias, colagens, fotos etc. Tal hábito de
registros coopera para o desenvolvimento da criatividade, reduz o estresse, melhora
a capacidade de comunicação, organização, foco e potencializa a melhoria do
processo de aprendizagem das competências socioemocionais.
Nesse caminho, o professor também pode produzir o diário de bordo da
turma para anotações sobre o desenvolvimento de cada estudante, de forma mais
sucinta, a partir de uma visão crítica e ética, ao passo que, ao final de cada etapa,
estudantes e professor (a) possam analisar, comparar e avaliar seus registros. Essa
estratégia metodológica pode ser compartilhada com demais professores da turma,
com a coordenação pedagógica, em momentos de reunião e conselho de classe a
fim de valorizar o crescimento e desenvolvimento de cada estudante e também levar
ao envolvimento da equipe escolar.

ATENÇÃO!!!
Professor (a), sugere-se que você tenha o seu PRÓPRIO DIÁRIO DE BORDO.
Nele você poderá registrar sua trajetória, observações pessoais, suas conquistas
em sala de aula, frustrações, desafios, situações marcantes, planejamentos
exitosos ou não etc. Essa prática pedagógica além de servir como
exemplo/referência ao seu aluno, te auxiliará como um instrumento de
autoconhecimento e autoavaliação no seu processo de ensino e aprendizagem.

Como utilizar o diário de bordo no dia a dia

O diário de bordo busca assumir justamente o que o nome propõe: um diário


para o estudante. Diante disso, ele deve utilizar o diário sempre que necessário,
para registrar os pontos importantes de uma atividade, ainda mais, o seu
aprendizado a partir da livre expressividade, por meio de desenhos, poemas,
músicas, imagens ou textos. É importante esclarecer que o diário de bordo não se
refere a um simples caderno de atividades do componente, mas um registro
pessoal, da identidade e da significação do desenvolvimento das atividades de
Projeto de Vida, Pesquisa e Autoria e Língua Inglesa. À vista disso, orienta-se
que o estudante tenha um caderno específico para tal ação ou um espaço em seu
caderno especificamente para o Diário de Bordo. Como dito acima, ele é um
instrumento fundamental na avaliação formativa, tanto para o professor,
quanto para o estudante.

Professor(a), vamos à prática?


Seguem abaixo algumas sugestões práticas de como auxiliar os seus
estudantes a iniciar a construção do seu diário de bordo.
Essa escrita pode ser direcionada para uma ou mais aulas específicas
planejada pelo docente ou as anotações podem ser realizadas no diário, durante as
aulas, por motivações próprias, sobre algo interessante e que precisa ser anotado,
seja uma frase, uma palavra que marcou aquele dia, um aprendizado para gerir
suas emoções, uma dica para melhor se desenvolver nos estudos e tantas outras
anotações pertinentes que direcione o discente ao desenvolvimento intencional de
habilidades previstas.
Explore e abuse da sua criatividade e mãos à obra!

b. Rubricas
Outra possibilidade de avaliação são as rubricas, que favorecem o
fornecimento de informações em diversas dimensões, servindo como um dos
instrumentos avaliativos que permitem auxiliar estudantes e professores no
processo de planejamento e definição de metas, quantificando resultados por
pontuações e/ou graduações, tais como: excelente, muito bom, bom, regular, fraco
etc.
A rubrica pode ser construída da forma que mais se adequar ao componente
e a seus objetivos. Nos componentes supracitados, podem ser aplicadas, por
exemplo, no início do desenvolvimento de uma habilidade, conteúdo, pesquisa, ação
e/ou projeto, durante e ao término, dessa forma, servindo como um “diagnóstico”
para a avaliação processual.
Abaixo, segue um exemplo:

CATEGORIA
COMPETÊNCIA
S E VALORES

NÃO PARCIALMENTE SUFICIENTE PLENAMENTE


DESENVOLVIDO DESENVOLVIDO DESENVOLVIDO RESOLVIDO

FOCO

RESPONSABI
LIDADE

EMPATIA

SOLIDARIEDA
DE

GRATIDÃO
Ao término de um ciclo, ou seja, após o desenvolvimento e a conclusão de
uma ação ou atividade, sugere-se também ao professor, produzir uma culminância
com os estudantes, para que sejam apresentadas, por meio de vídeos, imagens,
portfólios, teatros etc., as competências e habilidades que desenvolveram referente
ao componente em questão. Esse fechamento deve evidenciar a produção dos
estudantes, ao passo que favorece a ele a reflexão sobre o seu protagonismo e
autoria.
Para além das observações, registros e rubricas trabalhados nas aulas, o
professor (a) pode incentivar na equipe o sentimento de compromisso com a
formação integral dos estudantes e a valorização dos avanços percebidos, ainda
que em processo inicial ou de forma tímida.

c. Registros
Outra possibilidade, querido (a) professor (a), é desenvolver um
INSTRUMENTO DE REGISTRO DA APRENDIZAGEM do seu componente
curricular específico. Abaixo, segue um exemplo do componente Projeto de Vida do
2º Ano do do Ensino Fundamental do instrumento desenvolvido bimestralmente
(podendo ser adaptado para uma aula, ação e/ou projeto em um período mais
curto), podendo ser alterado e modificado para os componentes Pesquisa e
Autoria e Língua Inglesa, de acordo com a etapa e ano escolar de seus estudantes
e os objetivos de aprendizagens estabelecidas por você professor (a).

2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - 2021

INSTRUMENTO DE REGISTRO DA APRENDIZAGEM – PROJETO DE VIDA¹

ESCOLA:____________________________________________________MUNICÍPIO:___________________
ESTUDANTE:______________________________________________________TURMA: ________________

PROFESSORA (A): ____________________________________________________

LEGENDA: [ C ] Consolidou; [ I ] Intermediário; [C.A.] Com Auxílio; [ N.P.] Não Previsto.


PROJETO DE VIDA BIMESTRES

1º 2º 3º 4º

Demonstra curiosidade e gosto em aprender.

Utiliza a imaginação e criatividade nas brincadeiras e aprende com os erros.

Manifesta interesse artístico na capacidade de apreciar e valorizar a arte e a beleza.

Realiza atividades orais e artísticas, em desenhos, dramatizações, expressão


musical, utilizando múltiplas linguagens.

Demonstra autoconfiança nas suas atitudes e no relacionamento com os pares.

Reconhece, nomeia e identifica os próprios sentimentos e emoções com facilidade.

Expressa de forma clara seu pensamento e sentimento.

Demonstra sentimento de pertencimento e valorização da comunidade em que está


inserido.

Enfrenta e reage com maturidade mediante conflitos e frustrações do dia a dia.

Dialoga com os colegas em busca da resolução das atividades propostas.

Explica, com auxílio de apresentação impressa ou digital, os conhecimentos


adquiridos.

Apresenta crescimento pessoal e descobertas sobre si.

Participa de rodas de conversas e diálogos coletivos.

Demonstra perspectivas positivas sobre o futuro.


5. Conclusão

Por fim, é necessário salientar que esses componentes devem apoiar o


desenvolvimento de competências, habilidades e valores essenciais a serem
mobilizados na trajetória de vida dos estudantes. Assim sendo, temas, atividades e
técnicas devem ser trabalhadas como recurso para a sua formação integral.
Há outros instrumentos avaliativos que podem ser inseridos e explorados a
de modo a mensurar o desenvolvimento da aprendizagem do estudante, tais como a
autoavaliação, exposição oral ou mini-seminário, trabalho em grupo, fichas de
observação, mapa conceitual, portfólios e conselho de classe.
À vista disso, essa variedade de sugestão deve estar pautada nos critérios
devidamente pré-estabelecidos e intencionalmente objetivados. Assim sendo, um
processo coerente de práticas que intercala objetivos, habilidades a serem
desenvolvidas, métodos, recurso, avaliação, ou seja, ação pedagógica de forma
articulada com o objetivo de superar rituais desvinculados e permitir o avanço da
aprendizagem e provocar reflexões acerca das escolhas adequadas dos
instrumentos, sua aplicação e devolução dos resultados.
Assim, cabe ao professor gestar essas questões e se couber agir com ações
interventivas para incluir e acompanhar o estudante.

6. Referências bibliográficas

ESTEBAN, M. T. (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de


Janeiro: DP&A, 2003.

OLIVEIRA & PACHECO, D. C. (2003): Avaliação e Currículo no cotidiano escolar. In


ESTEBAN, M. T. Escola, currículo e avaliação. São Paulo: Cortez.

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