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VALDIR ALVES CARVALHO

Musicoterapia e Neurociências

A musicoterapia é uma ciência recente, porém, é utilizada desde a


antiguidade de diversas maneiras como medida preventiva, paliativa e, às
vezes, até como terapêutica. A musicoterapia, que no decorrer dos últimos
anos vem se apresentando como um campo de pesquisa altamente promissor
para a área da saúde, em suas inúmeras teorias, tem orientado práticas com
resultados promissores no tratamento de patologias que afetam a capacidade
física, cognitiva ou subjetiva das pessoas, como é o caso de alguns distúrbios
neurodegenerativos, como por exemplo, a doença de Parkinson. Trata-se de
uma terapia alternativa não verbal, que possibilita o aumento da autoestima de
um indivíduo, além de promover interações em grupo, auxiliar no tratamento de
doenças, proporcionando melhor qualidade de vida. Estes benefícios ocorrem
através da influência da música, dos sons, movimentos, manuseio de
instrumentos musicais, entre outros. A musicoterapia pode ser ativa, quando o
próprio paciente utiliza algum instrumento; ou passiva, quando o terapeuta
utiliza-se da música para realizar o tratamento.

Investigar a ação da música no cérebro e efeitos que repercutem


na prática diferencial da Musicoterapia é base para pesquisas na Neurociência,
que nas últimas décadas, o seu avanço tem possibilitado uma maior
compreensão sobre a relação entre música e sistema nervoso.

Neurociência é a área que se ocupa em estudar o sistema


nervoso, visando desvendar seu funcionamento, estrutura, desenvolvimento e
eventuais alterações que sofra. Portanto, o objeto de estudo dessa ciência é
complexo, sendo constituído por três elementos: o cérebro, a medula espinhal
e os nervos periféricos. Ele é responsável por coordenar todas as atividades do
nosso corpo, e é de extrema importância para o seu funcionamento como um
todo, tanto nas atividades voluntárias, quanto nas involuntárias. Ela Voltada
para musicoterapia é um conjunto de atividades cognitivas e motoras
envolvidas no processamento da música. São mecanismos pelos quais o
cérebro se organiza para coordenar todas as operações mentais envolvidas
com a música. O cérebro todo é ativado quando se ouve música e mesmo que
alguma região dele esteja comprometida, com a plasticidade cerebral, o efeito
da música continua sendo o mesmo. Ultimamente tem havido muitos estudos
sobre neuroplasticidade -  a forma que o cérebro religa-se para ir ao redor das
partes danificadas - e como ela é reforçada com a experiência da música.

De um modo geral, o lado direito do cérebro é que controla a


melodia, as notas, o padrão acústico, as sensações e a unidade da música. O
lado esquerdo é quem controla o ritmo; mas isso, dizendo de um modo até que
grotesco, pois a música é capaz de ativar todas as partes de cérebro. Técnicas
como imagem por ressonância magnética (IRM) têm possibilitado, por exemplo,
a verificação de diferentes volumes de estruturas cerebrais específicas como o
corpo caloso, córtex motor e cerebelo quando se compara músicos de alto
desempenho e não músicos. A partir disso, aspectos relacionados à
dominância cerebral na função dos hemisférios cerebrais, o hemisfério
esquerdo contém as habilidades verbais, enquanto as não verbais dependem
do hemisfério cerebral direito. A neurociência mostra que o cérebro de um
praticante de música em longo prazo, como em músicos profissionais, funciona
de uma forma diferente do cérebro de um não músico. O primeiro apresenta
maior capacidade de aprendizado, atenção, concentração, controle emocional
e normalmente são indivíduos bem humorados. No desenvolvimento de suas
atividades, como executar uma peça musical, eles usam os dois lados do
cérebro ao mesmo tempo devido ao desenvolvimento das habilidades musicais
localizadas em ambos os hemisférios indicando mudanças positivamente
mensuráveis.

Apesar do grande crescimento do número de pesquisas em


neurociência da música, ainda há muitas questões a serem respondidas. A
possível utilização da música no tratamento de distúrbios neurológicos é uma
questão que, apesar de apresentar bons indicativos, ainda necessita de maior
exploração para que se possa chegar a propostas concretas de tratamentos.

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