Efeito sobre as ações executivas Por força da última alteração ao CIRE
levada a cabo pela Lei nº 16/2012, de 20 de abril, foram aditados ao artº 88º, o nº 3 e o nº 4. As ações executivas e as diligências executivas ou as providências requeridas pelos credores da insolvência que atinjam os bens da massa insolvente são suspensão após a declaração de insolvência e obstam à instauração ou prosseguimento de qualquer ação executiva intentada pelos credores da insolvência 358. Exceção feita aos casos em que haja outros executados, sendo que a execução prossegue unicamente contra estes 359. Neste caso é apenas extraído, e remetido para apensação, translado do processo relativo ao insolvente 360. se As ações executivas suspensas nos termos do nº 1 do artº 88º do CIRE, extinguem361, quanto ao executado insolvente, logo que o processo de insolvência seja encerrado nos termos previstos nas alíneas a) e d) do nº 1 do artº 230º do CIRE 362. 355 Como conclui SILVA, Fátima Reis – Efeitos processuais da declaração de insolvência. In I Congresso de Direito da Insolvência. Coimbra: Edições Almedina. (mar. 2013). p. 266. 356 Nos termos do nº 2 do artº 87º do CIRE. 357 Segundo a doutrina, veja-se FERNANDES, Luís A. Carvalho, LABAREDA, João - Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, Anotado. 2013. Ob. Cit. p. 455, nota 4, e também, LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes – Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas anotado. Ob. Cit. p. 123, anotação ao artº 87º. 358 Nos termos do nº 1 do artº 88º do CIRE. 359 Cfr. nº 1 in fine do artº 88º do CIRE. 360 Nos termos do nº 2 do artº 88º do CIRE. 361 Cfr. preceitua o novo nº 3 do artº 88º do CIRE. 362 Neste sentido, EPIFÂNIO, Maria do Rosário. Ob. Cit. p. 159, nota de rodapé 495, salienta que “em consequência, as ações executivas passam a conhecer duas fases na pendência da ação de insolvência: numa primeira fase ficam suspensas quanto ao executado insolvente; numa segunda fase, quando se preencha a alínea a) do nº 1 do artº 230º, as ações extinguem-se quanto ao executado insolvente. E se, após o rateio final, e na hipótese de todos os credores sobre a insolvência verem os seus créditos integralmente satisfeitos, o saldo remanescente for entregue ao devedor nos termos do artº 184º, nº 1? Fará sentido nesta hipótese a extinção da 122 363: A jurisprudência tem entendido de acordo com a letra da lei do novo nº 3 do artº 88º, veja-se o acórdão do TRC “I – A declaração de insolvência do Executado determina a suspensão da instância das execuções contra este pendentes e não a extinção destas por inutilidade superveniente. II – Tal entendimento, que sempre correspondeu à interpretação sistematicamente mais adequada do artigo 88º do CIRE, tornou-se indiscutível com a introdução nesta disposição do nº 3 pela Lei nº 16/2012, de 20 de Abril”. Porém, a competência para a comunicação aos agentes de execução da extinção das ações executivas pendentes é do administrador da insolvência, que terá de comunicar por escrito, de preferência por meios eletrónicos, ou ao tribunal quando as diligências de execução sejam promovidas por oficial de justiça, a ocorrência da extinção 364. Após a declaração de insolvência e durante os três meses seguintes, não podem ser propostas execuções para pagamento de dívidas da massa insolvente 365. Exceciona-se as execuções por dívidas de natureza tributária 366. Contempla-se nesta norma a situação das dívidas da massa insolvente de natureza tributária, afastando este regime especial do regime geral da suspensão das ações executivas para cobrança dos créditos sobre a insolvência. Em relação às restantes dívidas da massa insolvente, a proibição de interposição de novas ações é limitada ao prazo de três meses após a declaração de insolvência. Passado este prazo podem ser instauradas novas execuções por dívidas, que correm por apenso ao processo de insolvência 367. instância executiva relativamente a um credor cujo crédito não foi contemplado na sentença de verificação e graduação de créditos (pois não foi reclamado no processo de insolvência?” 363 ACÓRDÃO do Tribunal da Relação de Coimbra, 25 de março de 2014. – Relator: Juiz Desembargador Teles Pereira [Em linha]. [Consultado em 12 abr. 2014]. Disponível em: http://www.dgsi.pt 364 Cfr. o nº 4 do artº 88º do CIRE. 365 Nos termos do nº 1 do artº 89º do CIRE. 366 De acordo com o disposto no nº 2 in fine do artº 89º do CIRE. 367 Cfr. LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes – Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas anotado. Ob. Cit. p. 124, anotação ao artº 89º. 123 6.3. Efeitos sobre os créditos Um outro efeito que advém da prolação da sentença de declaração de insolvência são os efeitos sobre os créditos, que o CIRE regula nos artºs 90º a 101º. De acordo com o artº 90º do CIRE, durante a pendência do processo de insolvência, os credores da insolvência apenas poderão exercer os seus direitos segundo as regras estabelecidas no CIRE, isto é, os credores só poderão ver os seus créditos satisfeitos no âmbito do processo de insolvência, processo em que deverão ser reclamados. 6.3.1.Vencimento imediato de dívidas 368. Dispõe o nº 1 do artº 91º do CIRE que, a declaração de insolvência determina o vencimento de todas as obrigações do insolvente, não subordinadas a uma condição suspensiva 6.3.2. Créditos sob condição resolutiva Tratando-se de uma obrigação, ou um crédito, sujeito a condição resolutiva são tratados como incondicionados até ao momento em que a condição se preencha, se a condição se preencher, os pagamentos recebidos, devem ser restituídos 369. Estes créditos sendo tratados como incondicionados ven