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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP

Estudo de impacto Ambiental – EIA

7. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

Segundo a norma NBR-8419, “aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos


consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar
danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais,
método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à
menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma
camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou em intervalos menores,
caso necessário”.
O empreendimento em questão está associado à última etapa dentre as operações
de gerenciamento de resíduos – segregação na fonte, acondicionamento, coleta,
transporte, tratamento e disposição final. Desta forma, a definição de seus elementos de
projeto envolve uma avaliação integrada às outras etapas do gerenciamento, que
incluem a implantação ou incremento de programas de coleta seletiva, com vistas à
reciclagem à compostagem da fração orgânica dos resíduos, à incineração ou outras
formas de tratamento de resíduos.
O aterro sanitário a ser implantado em São Carlos, deverá atender aos requisitos
básicos de desempenho que condicionaram o projeto elaborado, com uma vida útil
mínima de 22 anos para o atendimento da demanda municipal (inicialmente, em torno
de 160 toneladas/dia, estimadas para o final do ano de 2010, podendo alcançar algo em
torno de 320 toneladas/dia em sua fase de encerramento, próximo ao ano de 2032).
Para atender à demanda, nesse período, o aterro sanitário proposto será
implantado em uma área de 565.685,33 m2, com uma área exclusiva para a disposição
de resíduos projetada em 219.234,48 m2. A área, em questão, já foi decretada de
utilizada pública - Decreto nº 415/2008 da Prefeitura Municipal de São Carlos que
consta do Anexo A.

7.1. LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E ACESSOS

A área, destinada ao novo aterro sanitário de São Carlos está situada a oeste da
malha urbana do município, com acesso dado pela rodovia Luiz Augusto de Oliveira,
SP - 215, próximo às divisas com os municípios de Ribeirão Bonito e Ibaté.
Esta área ocupa a borda leste Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos
da Bacia Tietê/Jacaré (UGHRI-13) nas Coordenadas Geodésicas: Lat. 22° 02’ 47,32” S

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e Long. 42° 00’ 7,13” e as Coordenadas U.T.M N – 7.558.956,3659 m e


L – 190.528,0691 m, referenciadas pelo Datum do Córrego Alegre – 1924, Meridiano
45 WGr, fuso 23.
A localização do empreendimento é apresentada em carta topográfica oficial do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), escala 1:50.000, presente no
Anexo C.
A Figura 7.1 apresenta a imagem da área do futuro aterro sanitário de São
Carlos, com suas principais vias de acesso e detalhes da área de entorno do
empreendimento.

ÁREA DO FUTURO
ATERRO SANITÁRIO

KM - 162

RODOVIA SP SÃO CARLOS


BONITO - 215 - 13 KM
RIBEIRÃO

Figura 7.1 – Localização da área do futuro aterro sanitário de São Carlos

7.2. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O empreendimento é detalhado em diversos desenhos e informações


construtivas de projeto, com seus componentes e os sistemas de proteção ambiental.

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7.2.1 PROJETO DO EMPREENDIMENTO

Os desenhos das pranchas PG – 01 a 21, no Anexo C mostram em detalhes o


projeto do empreendimento e suas particularidades.

Tabela 7.1 - Descrição dos objetivos e conteúdos das Pranchas de desenho elaboradas para o
aterro sanitário de São Carlos/SP.

Prancha Objetivo Conteúdo


Apresentar o Croqui geral do Localização geográfica do aterro sanitário, área e
PG – 01
empreendimento levantamento planialtimetrico da gleba e confrontantes.
Apresentar o sistema de águas Sistema de drenagem pluvial, localização das lagoas de
PG – 02
pluviais contenção e detalhes construtivos.
Apresentação dos patamares de Planta baixa geral de todos os patamares de resíduos e
PG – 03
resíduos e corte longitudinal. corte longitudinal (A-A)
Apresentação das células de Planta baixa geral de todas as células de escavação e corte
PG – 04
escavação e corte longitudinal. longitudinal (A-A).
Apresentação dos patamares de
Planta baixa geral de todos os patamares de resíduos, corte
PG – 05 resíduos, corte transversal e
transversal (B-B) e fachada norte.
fachada.
Sistema de coleta e escoamento de chorume, coleta dos
Apresentar o sistema de
gases, caixas de contenção de chorume, detalhes
PG – 06 drenagem de líquidos
construtivos da estação de bombeamento e rosa dos
percolados e de gás.
ventos.
Apresentar da planta da
Detalhes de locação dos prédios e áreas que compõe a
PG – 07 administração e do futuro pátio
administração e o futuro pátio de compostagem.
de compostagem
Módulos de escavação da célula de corte, fases de
Apresentar as fases do 1º operação do 1º patamar, detalhes da drenagem do chorume
PG - 08
patamar e cortes longitudinais da célula de corte e do patamar de
resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de
Apresentar as fases do 2º operação do 2º patamar, detalhes da drenagem do chorume
PG – 09
patamar e cortes longitudinais da célula de corte e do patamar de
resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de
Apresentar as fases do 3º operação do 3º patamar, detalhes da drenagem do chorume
PG – 10
patamar e cortes longitudinais da célula de corte e do patamar de
resíduo.

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Tabela 7.1. Continuação

Prancha Objetivo Conteúdo

Módulos de escavação da célula de corte, fases de operação


Apresentar as fases do 4º
PG – 11 do 4º patamar, detalhes da drenagem do chorume e cortes
patamar
longitudinais da célula de corte e do patamar de resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de operação
Apresentar as fases do 5º
PG – 12 do 5º patamar, detalhes da drenagem do chorume e cortes
patamar
longitudinais da célula de corte e do patamar de resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de operação
Apresentar as fases do 6º
PG – 13 do 6º patamar, detalhes da drenagem do chorume e cortes
patamar
longitudinais da célula de corte e do patamar de resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de operação
Apresentar as fases do 7º
PG – 14 do 7º patamar, detalhes da drenagem do chorume e cortes
patamar
longitudinais da célula de corte e do patamar de resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de operação
Apresentar as fases do 8º
PG – 15 do 8º patamar, detalhes da drenagem do chorume e cortes
patamar
longitudinais da célula de corte e do patamar de resíduo.
Módulos de escavação da célula de corte, fases de operação
Apresentar as fases do 9º
PG – 16 do 9º patamar, detalhes da drenagem do chorume e cortes
patamar
longitudinais da célula de corte e do patamar de resíduo.
Planta baixa geral do maciço com as linhas equipotenciais
Apresentar os pontos de de fluxo, locação e coordenadas UTM dos pontos de
PG – 17 monitoramento de água monitoramento de água subterrânea e superficial, rosa dos
subterrânea e superficial. ventos e informações da localização cartográfica do aterro
sanitário.
Apresentar sistema de
Detalhes construtivos das caixas de contenção e de
PG – 18 drenagem de chorume e
passagem de chorume, dreno do chorume e coletor de gases.
coletores de gases.
Apresentar sistema de Detalhes construtivos da lagoa de contenção de águas
PG – 19
drenagem de águas pluviais. pluviais, dissipador de energia e caixas de passagem.
Apresentar projeto executivo
de locação dos pontos para Planta baixa geral com os eixos de locação e implantação da
PG – 20
implantação do aterro área do aterro e do maciço.
sanitário.
Apresentar projeto executivo
de locação dos pontos para Planta baixa geral com os eixos de locação e implantação
PG – 21
implantação das células de das áreas de cada célula de corte.
corte.

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7.2.2 COMPONENTES DO EMPREENDIMENTO

Alinhado aos modelos modernos e eficientes de gestão e gerenciamento de


resíduos sólidos, o empreendimento é dotado de componentes como a área de
disposição de resíduos sólidos domiciliares, infraestrutura de apoio e sistemas
auxiliares.

7.2.2.1 Área de disposição de Resíduos Sólidos Domiciliares

A área de disposição de resíduos sólidos domiciliares, com dimensão prevista de


219.234,48 m2 será implantada em terreno com extensão total de 565.685,33 m2, a qual
abrigará além da área de disposição, sistemas de proteção ambiental e apoio (lagoas de
contenção de líquidos percolados, lagoas de contenção e drenagem de águas pluviais,
depósito de solo e materiais de construção, acessos internos e infraestrura. Os detalhes
construtivos e técnicos destes componentes podem ser verificados nos desenhos das
pranchas PG – 01 a 21, presente no Anexo C.

7.2.2.2 Infraestrutura de Apoio Prevista no Projeto

O projeto do aterro sanitário de São Carlos será dotado de infraestrutura de


apoio, visando dar suporte e garantir o bom desenvolvimento de toda atividade
administrativa e operacional do aterro. O empreendimento contará com uma infraestrura
com os seguintes componentes:

• Sistema de abastecimento de água próprio, por meio de um poço freático com


vazão de pelo menos 20 m3/h e a instalação de um reservatório elevado, com
capacidade para 30 m3;

• Posto de transformação de energia elétrica com capacidade para pelo menos


300 kVA, além de toda a malha de iluminação interna da área do
empreendimento;

• Recepção, constituída de uma guarita que abrigará a portaria, seguida de uma


sala de pesagem dos resíduos, dotadas de sanitários. A sala de pesagem será
equipada, em sua área externa, com uma balança rodoviária eletrônica
automatizada com capacidade para 60 ton.;

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• Sistema de arruamento será construído no local, de preferência com pistas


duplas, pavimentadas, nas vias principais internas que darão acesso interno ao
aterro, separadas por canteiro central com guias rebaixadas e gramadas que
servirão como áreas de infiltração de águas pluviais. Os estacionamentos
também deverão ser pavimentados com piso permeável e dotados de
estruturas drenantes para auxiliar na infiltração. Os canteiros centrais,
rotatórias e estacionamentos serão arborizados e ajardinados;

• Prédio administrativo, que será dotado de sala de recepção, sala de gerência,


salas de técnicos e de demais funcionários administrativos, sala de reunião,
sanitários e copa;

• Auditório com infraestrutura completa para realização de palestras e cursos,


visando atender visitantes e possibilitar o aperfeiçoamento das atividades
desenvolvidas no aterro sanitário por meio de treinamentos;

• Prédio de apoio operacional, dotado de almoxarifado, vestiários e sanitários,


abrigo coberto para a guarda de máquinas, oficina mecânica, borracharia e
garagem para veículos utilizados na operação do aterro, estrutura para a
lavagem de veículos e máquinas, com dimensões e equipamentos adequados
para essa atividade;

• Refeitório e um quiosque coberto;

• Depósito devidamente preparado para a recepção e armazenamento


temporário de resíduos de serviços de saúde, dotada de equipamentos para a
coleta e cloração das águas de lavagem do local;

• A área do futuro aterro sanitário de São Carlos deverá, recepcionar, alguns


resíduos especiais como pneus inservíveis, entregues diretamente na
administração do aterro ou frutos de descargas clandestinas. Portanto, o aterro
sanitário disporá de um galpão para abrigar esses pneus, até que sejam
enviados para a reciclagem, conforme já descrito anteriormente.

• Galpões cobertos, para a estocagem de materiais de uso diário na operação do


aterro (areia, britas etc.), deverão integrar a infraestrutura do aterro, além, de
outros equipamentos que se fizerem necessários, em função do grau de
atividades relacionadas com o tratamento e deposição final dos resíduos.

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É importante esclarecer que, no Brasil ainda é comum o desleixo com as


instalações de apoio relacionadas aos resíduos, confundindo a parte de aparência e odor
desagradável (“o lixo”) com o todo (acessos, instalações, arruamento interno etc.),
cultura que precisa urgentemente ser mudada. Portanto, além da eficiência, a parte
estética das instalações e demais dependências da área do aterro receberão a devida
atenção, tão necessária nos tempos atuais.

7.2.2.3 Sistemas Auxiliares (Isolamento da Área e Cinturão Verde)

Toda a área que abrigará o aterro sanitário deverá ser cercada para definir,
principalmente, seus limites físicos e impedir o acesso de animais domésticos e pessoas
estranhas à área de operação. Essa cerca será confeccionada em tela de # 20 mm para
reter materiais leves, carreados pela ação do vento e fixada em estacas de concreto pré-
moldado, tipo alambrado, envolvido por um sistema de “cinturão vegetal” com Sansão
do Campo (Mimosa caesalpineafolia), plantados com espaçamento de 50 cm entre as
mudas, seguido, por pelo menos, duas fileiras desencontradas de vegetação de maior
porte como Eucalyptus citriodora, com espaçamento de 2,0 m. Esse sistema de
“cinturão vegetal” visa reter poeiras, formadas durante a operação do aterro, bem como
reduzir o impacto visual e a propagação de odores e ruídos nas áreas vizinhas ao aterro.

7.2.2.4 Balanço Volumétrico do corte e material de cobertura

A operação de um aterro sanitário envolve uma significativa movimentação de


terra, seja pelas atividades de corte do solo natural, para construção das células
sanitárias, visando abrigar as células de resíduos, os sistemas de drenagem de líquidos
percolados e de águas pluviais e os coletores de gases, seja pela necessidade de material
(solo) de cobertura dos resíduos, em cada patamar. Para minimização de impactos
ambientais e redução de custos, o volume de solo gerado pelo corte do terreno natural
deve ser suficiente para a cobertura dos patamares de resíduos.
O preparo da área que abrigará o aterro sanitário vai gerar um volume de solo da
ordem de 525.077 m3, compreendendo as escavações das células de corte (1º a 9º) e das
lagoas de contenção dos líquidos percolados (2 lagoas) e de contenção de águas pluviais
(8 lagoas), conforme pode ser observado na Tabela 7.2. Todo volume de solo escavado
será movimentado até a área de armazenamento de solo, localizadas ao lado das células

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de corte. As pranchas PG – 03, 04, 05 e 11, do Anexo C, apresentam os detalhes


técnicos das escavações previstas.

Tabela 7.2 – Volume de solo escavado, previsto para a implantação do aterro sanitário

Célula Sanitária Volume (m3)

I 43.844

II 53.985

III 57.813

IV 53.642

V 65.883

VI 64.882

VII 61.639

VIII 54.318

IX 55.571

Lagoas (contenção e Drenagem) 13.500

Total 525.077

Para atender as necessidades de material (solo), para a cobertura diária das


células sanitárias e final dos patamares, o volume de solo foi estimado aplicando-se um
percentual de 15% do volume projetado bruto de cada patamar, representando, assim,
um volume total de 520.670 m3, conforme pode ser observado na Tabela 7.3,
considerando os volumes de material (solo) de cobertura do patamar e da manta de
PEAD, para cada célula sanitária.
O balanço volumétrico de solo, entre corte e cobertura, apresenta saldo de
aproximadamente 4.400 m3, indicando que não será necessária a busca e caracterização
de áreas de empréstimos.

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Tabela 7.3 – Volume projetado (bruto e útil) dos patamares de resíduos e o volume do material
de cobertura.

Material (Solo) de Cobertura


Patamar de Volume do Patamar (m3)
(m3)
Resíduo
Projetado Bruto Projetado Útil1 Patamar Manta PEBD
I 102.302 86.957 15.345 1.531
II 195.321 166.023 29.298 1.001
III 250.279 212.738 37.542 1.288
IV 342.055 290.747 51.308 2.855
V 404.865 344.135 60.730 3.471
VI 503.085 427.622 75.463 3.974
VII 522.280 443.938 78.342 4.283
VIII 508.987 432.639 76.348 4.363
IX 462.816 393.394 69.422 4.107
Total 3.291.991 2.798.192 493.799 26.871
1
Volume calculado considerando 15% de material de cobertura

7.2.2.5 Vida útil do aterro sanitário

Para a determinação da vida útil do aterro sanitário é importante, inicialmente, o


conhecimento da taxa de geração de resíduos sólidos domiciliares. Desta forma optou-
se em tomar por base o aumento da taxa de geração de resíduos ocorridos nos últimos 4
anos.
A aplicação do período de 2004 a 2007 para o cálculo da taxa de geração de
resíduos se justifica pelo fato de apresentar condições econômicas, geração “per capita”
e taxa de crescimento elevada, compatível, portanto para a projeção da geração de
resíduos domiciliares.
Segundo dados da Fundação SEADE, a taxa de crescimento populacional no
município de São Carlos, entre os anos de 2000 a 2006, perfaz uma média anual de
1,99% a.a.
Por outro lado, é importante salientar que a taxa de crescimento utilizada
engloba, de maneira indireta, o aumento da geração de resíduos per capita e o
crescimento populacional do município.

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Para a projeção das quantidades não foi considerada a redução decorrente do


avanço do programa de coleta seletiva para os próximos anos, gerando valores a favor
da segurança da vida útil.
Os Quadros 7.1 e 7.2 mostram, respectivamente, a quantidade de resíduos
dispostos no aterro sanitário e o aumento da geração de resíduos sólidos domiciliares
em anos consecutivos, no período de 2004 a 2007. Os valores incluem a coleta regular e
a coleta particular de resíduos domiciliares.

Quadro 7.1 – Quantidade mensal, em toneladas, de resíduos domiciliares dispostos no aterro sanitário, no
período de 2004 a 2007.

Mês 2004 2005 2006 2007


Janeiro 4.383,53 4.571,45 4.793,99 5.178,02
Fevereiro 3.812,20 3.917,72 4.158,80 4.302,78
Março 4.141,39 4.214,75 4.604,47 4.537,63
Abril 3.862,43 3.970,63 4.086,85 4.137,01
Maio 3.793,97 3.963,71 4.334,26 4.271,52
Junho 3.901,33 3.812,62 4.049,65 4.135,13
Julho 3.937,89 3.779,71 4.066,35 4.170,98
Agosto 3.916,28 4.066,42 4.301,68 4.211,66
Setembro 3.889,57 3.929,89 4.114,54 4.108,99
Outubro 3.800,44 4.170,64 4.363,85 4.442,55
Novembro 3.913,14 4.170,81 4.408,21 4.343,39
Dezembro 4.465,93 4.711,77 5.106,53 4.718,98

TOTAL 47.818,10 49.280,12 52.389,18 52.558,64

Média 3.984,84 4.106,68 4.365,77 4.379,89


Obs.: Valores em toneladas
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia

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Quadro 7.2 – Variação da disposição de resíduos domiciliares no aterro sanitário, no período de


2004 a 2007.
Variação da geração de Variação da geração de Variação da geração de
Mês resíduos resíduos de 2005/2006 resíduos de 2006/2007
de 2004/2005 (%) (%) (%)
Janeiro 4,29 4,87 8,01
Fevereiro 2,77 6,15 3,46
Março 1,77 9,25 0,99
Abril 2,80 2,93 1,01
Maio 4,47 9,35 0,99
Junho -2,27 6,22 1,02
Julho -4,02 7,58 1,03
Agosto 3,83 5,79 0,98
Setembro 1,04 4,70 1,00
Outubro 9,74 4,63 1,02
Novembro 6,58 5,69 0,99
Dezembro 5,50 8,38 0,92
Média anual 3,06 6,31 1,78
Média no
3,72
período
Obs.: Valores negativos representam uma redução dos resíduos dispostos no aterro sanitário
Fonte: Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia

Com base nos dados dos Quadros 1 e 2, pode-se observar uma significativa
variação nas quantidades mensais, que refletem no aumento anual de 3,06% de 2004
para 2005, 6,31% de 2005 para 2006 e 1,78% de 2006 para 2007. Assim, pode-se
aventar uma tendência da redução da taxa de disposição de resíduos nos anos
subseqüentes, como ocorreu de 2006 para 2007, provavelmente devido ao avanço do
programa de coleta seletiva. Porém, para a estimativa das quantidades dispostas nos
próximos 20 anos, utilizou-se a média das 3 taxas, ou seja 3,72% ao ano. Deve-se
destacar que o crescimento populacional para o período foi de 2%, demonstrando que a
aplicação da taxa de variação anual engloba não apenas o crescimento populacional,
mas também inclui o aumento da geração per capita de resíduos.
A tabela 7.4, a seguir, apresenta a projeção das quantidades de resíduos
domiciliares que serão dispostas anualmente no novo aterro sanitário e o volume
necessário, considerando uma taxa de compactação de 0,7 t/m³.

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Tabela 7.4 – Estimativa da massa de resíduos a ser disposta no aterro, por ano.

Quantidade Estimada de Resíduos Dispostos no Aterro


P(anos)
t/dia t/ano m3/ano Volume Acumulado (m3)
1 161 58.645 83.779 83.779
2 167 60.827 86.895 170.674
3 173 63.089 90.128 260.802
4 179 65.436 93.481 354.282
5 186 67.871 96.958 451.240
6 193 70.395 100.565 551.805
7 200 73.014 104.306 656.111
8 207 75.730 108.186 764.297
9 215 78.547 112.211 876.507
10 223 81.469 116.385 992.892
11 232 84.500 120.714 1.113.607
12 240 87.643 125.205 1.238.811
13 249 90.904 129.862 1.368.674
14 258 94.285 134.693 1.503.367
15 268 97.793 139.704 1.643.071
16 278 101.431 144.901 1.787.972
17 288 105.204 150.291 1.938.263
18 299 109.117 155.882 2.094.146
19 310 113.177 161.681 2.255.826
20 322 117.387 167.695 2.423.522
21 334 121.754 173.934 2.597.456
22 346 126.283 180.404 2.777.860
Notas:
1. O Ano 1 refere-se a 2010
2. A taxa de crescimento é de 3,72%, conforme o item 7.2.2.5

A massa total prevista de resíduos sólidos domiciliares é de 1.944.502 t,


equivalente a 2.777.860 m3, conforme mostrou a Tabela 7.4, a ser disposta no aterro
sanitário ao longo de 22 anos. Nessa Tabela, pode ser verificada a previsão de massa de
resíduos a ser disposta no aterro a cada ano.
A vida útil de cada patamar de resíduo é apresentada na Tabela 7.5.

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Tabela 7.5 Estimativa da vida útil de cada patamar de resíduos domiciliares

Patamar de
Vida Útil
Resíduo
Dia Ano

I 373 1,04

II 676 1,88

II 803 2,23

IV 1.002 2,78

V 1.065 2,96

VI 1.180 3,28

VII 1.180 3,28

VIII 960 2,67

IX 743 2,06

Total 7.981 22

7.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DOS RESÍDUOS

7.3.1. FONTES GERADORAS DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

Os resíduos sólidos a serem dispostos no aterro sanitário são, em sua maioria, de


origem domiciliar de diferentes padrões sócio-econômicos e culturais, fatores estes que
influenciam as características quali-quantitativas dos resíduos sólidos gerados.
Cabe mencionar que uma parcela destes resíduos pode ser considerada perigosa,
conforme a norma ABNT NBR 10.004/2004 e que, portanto, devem ser coletados e
destinados segundo a legislação específica.
Outros resíduos são destinados ao aterro desde que atendam às exigências
municipais quanto à forma de acondicionamento e a quantidade máxima de resíduos.
Estes resíduos são de origem comercial (até 100 L); da construção civil (até 50 L) e
especiais, tais como restos de móveis, colchões, pneus, dentre outros.
Neste último item, convém acrescentar que a PMSC firmou em 2007 um
convênio com a ANIP – Associação Nacional de Importadores de Pneus – para que esta

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

entidade colete e destine adequadamente os pneumáticos gerados no município. São


coletados aproximadamente 15 t pneus/mês diminuindo os casos de disposição irregular
e, conseqüentemente, contribuindo para o baixo número de casos de dengue.
O aterro sanitário também recebe os resíduos da atividade de varrição, capinação
e poda e de coletas especiais, como feiras livres e mercado municipal.

7.3.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES


DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP

Sabendo-se que a caracterização física dos resíduos é a primeira e mais


importante etapa para qualquer trabalho referente ao gerenciamento de resíduos sólidos,
apresentam-se na Tabela 7.6 os resultados da última caracterização física realizada com
os resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos.

Tabela 7.6 - Caracterização física dos resíduos sólidos domiciliares do


município de São Carlos/SP em porcentagem em peso.

Componente Porcentagem em peso (%)

Matéria Orgânica 58,8%

Papel e papelão 6,4%

Tetra Pak 0,9%

Vidro 1,6%

Plástico mole 6,2%

Plástico duro 2,8%

Alumínio e metal 1,6%

Rejeitos 21,6%

Fonte: FRESCA (2007).

A partir desta tabela pode-se inferir que:

• Cerca de 80% dos resíduos sólidos encaminhados para o aterro sanitário de


São Carlos são passíveis de reaproveitamento, seja via reciclagem (20%) ou
compostagem (60%);

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

• A grande porcentagem de rejeitos presentes na composição gravimétrica


deve-se, principalmente, pela presença de fraldas, borrachas, madeira, panos e
tecidos;
• O plástico mole é constituído, em sua maioria, pelas “sacolas de
supermercado” que são utilizadas para armazenar os resíduos e,
posteriormente, dispor para a coleta;
• Com relação ao alumínio e metal observa-se uma baixa representatividade na
quantidade global, devido principalmente ao mercado existente para este tipo
de resíduo. Desta forma, estes resíduos são desviados do aterro sanitário tanto
pela coleta seletiva existente no município quanto pela ação dos catadores
autônomos.

7.3.3. PANORAMA ATUAL DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


DOMICILIARES NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS

O município de São Carlos gera atualmente uma média de 160 t/d de resíduos
sólidos domiciliares, conforme dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Serviços
Públicos.
Em 2008, o município gerou 58.448,49 toneladas de resíduos sólidos
domiciliares, desse total, 22.262,35 toneladas foram dispostas no aterro atual e o volume
restante, 36.186,14 toneladas, foi encaminhado a um aterro particular, o aterro sanitário
de Guatapará (CGR). O transbordo para Guatapará foi necessário, pois o aterro
encontrava-se com sua capacidade máxima esgotada e a nova célula, hoje em operação,
encontrava-se em fase de construção.
Os períodos de pico da geração de resíduos ocorrem nos meses de janeiro e
dezembro, a exemplo das demais cidades brasileiras, em decorrência das festividades da
época. Durante a semana, os dias mais críticos são as segundas e terças-feiras, em
função dos finais de semana e da ausência do serviço de coleta aos domingos (PMSC,
2007).
As Tabelas 7.7 e 7.8, mostradas a seguir, apresentam a geração de resíduos
sólidos no município de São Carlos, nos anos de 2008 e 2009, respectivamente.

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Aterro sanitário para disposição final de resíduos sólidos domiciliares do município de São Carlos/SP
Estudo de impacto Ambiental – EIA

Tabela 7.7 - Geração e destinação final de resíduos sólidos do município de São Carlos no ano
de 2008.

Mês / 2008 Quantidade (t)


Operação do Transbordo p/
Residencial Particular
Aterro Guatapará
Janeiro 4834,00 229,92 0,00 5683,98
Fevereiro 4529,22 222,77 0,00 4881,44
Março 4586,40 291,92 0,00 4885,22
Abril 4507,49 276,22 0,00 4965,60
Maio 4335,62 220,16 0,00 4657,46
Junho 4082,69 255,57 0,00 4284,33
Julho 4257,62 213,67 0,00 4323,37
Agosto 4247,19 400,38 2148,69 2504,74
Setembro 4387,05 389,13 4776,18 0,00
Outubro 4599,46 389,03 4988,49 0,00
Novembro 4331,09 288,90 4619,99 0,00
Dezembro 5316,83 412,00 5729,00 0,00

TOTAL 54014,66 3589,67 22262,35 36186,14

Tabela 7.8 - Geração e destinação final de resíduos sólidos do município de São Carlos no ano
de 2009 (até o mês de maio).
Quantidade (t)
Mês / 2009 Operação do Transbordo p/
Residencial Particular
Aterro Guatapará
Janeiro 4993,50 617,94 5611,44 -

Fevereiro 4593,24 563,58 5156,82 -

Março 4902,01 633,61 5535,62 -

Abril 4522,35 792,27 5314,62 -

Maio 4445,07 574,05 5019,12 -


TOTAL 23456,17 3181,45 26637,62 -

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