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GESTÃO DA

INFORMAÇÃO
Módulo

2 GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador Geral de Produção Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Rosana Aparecida Carvalho (Conteudista, 2020).
Thaís de Oliveira Alcantara (Coordenadora, 2020)
Adriana Callaça Gadioli dos Santos (Coordenadora Web, 2021).
Líria Rezende (Revisora de texto, 2021).
Fabrícia Kelly Alves Ramos da Silva (Designer Instrucional e Implementação Articulate, 2021).
Rafael Cunha Matos (Audiovisual, 2021).
Sanny Caroline Saraiva (Direção de arte, produção gráfica e diagramação, 2021).
Guilherme Teles da Mota (Implementação Moodle, 2021).

Curso produzido em Brasília 2021


Desenvolvimento do curso realizado por meio de parceria entre Enap e Funape.

Enap, 2021.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário

Unidade 1: Indicadores de desempenho educacional........................ 5

Unidade 2: Construção e utilização de índices e indicadores


educacionais................................................................................... 12

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Olá!

Desejamos boas-vindas ao módulo 2 do curso Gestão da Informação. É um prazer ter você


como participante e auxiliar na construção do seu conhecimento acerca desse tema.

Neste módulo abordaremos os seguintes tópicos:

• Indicadores de desempenho educacional.


• Construção e utilização de índices e indicadores educacionais.

Desejamos um excelente estudo!

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2
Módulo

GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Unidade 1: Indicadores de desempenho educacional


Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de refletir sobre a importância da informação como
ferramenta de gestão, reconhecendo alguns dos principais indicadores de desempenho
educacional.

Vamos refletir sobre a importância da informação como ferramenta de gestão, conhecendo


alguns dos principais indicadores de desempenho educacional?

As novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) têm assumido papel importante na


gestão escolar. Para que possamos gerir qualquer instituição, é imprescindível conhecê-la bem,
saber o que está acontecendo no seu ambiente interno e externo, captar os dados disponíveis,
analisando-os e processando-os, a fim de que possamos tomar decisões assertivas de acordo
com os objetivos e metas estabelecidos.

Isso nos dará agilidade para responder às demandas sociais constantes e para agir mais
coerentemente, de acordo com as informações disponíveis e, sobretudo, com os indicadores
educacionais, que, ao serem processados pelo gestor e/ou equipe gestora, oferecem novos
conhecimentos, auxiliando e ampliando as possibilidades de ações estratégicas para se alcançar
uma educação de qualidade para todos.

E você, gestor? Utiliza informações e indicadores para planejar e melhorar o desempenho da sua
escola? Vamos nos aprofundar um pouquinho mais sobre os indicadores educacionais, pois eles
podem realmente ser um diferencial no sucesso da sua instituição!

Os indicadores educacionais norteiam as ações educativas, na medida em que atribuem valor


à qualidade do ensino, atendo-se não somente ao desempenho dos alunos, mas também ao
contexto econômico e social em que as escolas estão inseridas.

Os indicadores educacionais são ferramentas de gestão que quantificam o desempenho da


instituição tanto na área pedagógica quanto na área administrativa. Com eles, o gestor e sua
equipe têm acesso a dados e evidências que permitem a construção de um planejamento
estratégico, uma vez que tais indicadores avaliam a qualidade, a produtividade e a
capacidade dos serviços oferecidos pela instituição, atribuindo um valor estatístico à
qualidade do ensino.

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Como os indicadores
educacionais podem auxiliar
minha atuação como gestor?

Os indicadores educacionais da instituição


podem avaliar diversas variáveis:

Índice de aprovação dos estudantes

Nível de evasão escolar

Média de notas da instituição

Número de horas docentes

Formação dos docentes

Fonte: adaptada de FNDE (2012).

Estes e tantos outros indicadores estão disponíveis para que possamos utilizá-los, no intuito
de aprimorar a qualidade dos serviços prestados pela instituição à comunidade escolar e
principalmente ao estudante, com um ensino que promova aprendizagens efetivas. Por meio da
observação e análise dos indicadores de desempenho, é possível repensar as práticas pedagógicas
cotidianas e estabelecer metas claras de desempenho a serem atingidas.

A seguir, iremos conhecer alguns dos mais importantes indicadores da educação básica: o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Censo Escolar e o Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb). Vamos lá?

1.1 Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb

O QUE É?
O Ideb, criado em 2007, é um índice calculado com base nos dados sobre aprovação escolar (taxas
de aprovação, reprovação e abandono) obtidos no Censo Escolar e nas médias de desempenho
dos estudantes apuradas no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Ele reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a


qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. A combinação
entre esses dois aspectos tem o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um sistema de ensino
retiver seus alunos para obter resultados de melhor qualidade no Saeb, o fator fluxo será alterado,
indicando a necessidade de melhoria do sistema. Se, ao contrário, apressar a aprovação do aluno sem
qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a necessidade de melhoria do sistema.

O índice varia de 0 a 10. Segundo o Inep, a meta estabelecida para 2022 é que o Ideb nacional
alcance a média 6 – valor que corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável
ao dos países desenvolvidos.

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COMO ELE PODE AJUDAR NA ATUAÇÃO DO GESTOR?
Ao apresentar resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, o Índice permite que o gestor
diagnostique o desempenho de sua escola e trace metas de qualidade educacional para evoluir.
Permite que se faça uma profunda análise junto com toda a equipe escolar, questionando, por
exemplo: quais problemas os alunos vêm enfrentando? Quais variáveis levaram os estudantes
a não conseguirem alcançar os objetivos propostos? Qual o processo de aprendizagem
desenvolvido pela escola? Houve evasão escolar? Por quais motivos? Quais medidas a escola
vai propor, juntamente com todos os seus profissionais, para sanar os problemas detectados em
curto, médio e longo prazos?

É necessária uma comparação com resultados anteriores para saber se a escola vem evoluindo,
ou seja, se está no caminho certo. Caso isso não esteja ocorrendo, é importante alterar a dinâmica
da escola para alcançar os objetivos propostos em cada etapa, buscando analisar todos os dados
que esse indicador nos disponibiliza para detectar os problemas e intervir assertivamente.

COMO ACESSAR?
Quer saber o Ideb de sua escola? Acesse o Portal do Inep e confira.

1.2 Censo Escolar

O QUE É?
Considerado um indicador de desempenho educacional, o Censo Escolar é um levantamento
de dados estatísticos educacionais de âmbito nacional realizado todos os anos pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Ele é realizado com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de Educação e com a
participação de todas as escolas públicas e privadas do país.

Trata-se do principal instrumento de informações da educação básica, que abrange as diferentes


etapas e modalidades: ensino regular (educação infantil, ensinos fundamental e médio),
educação especial, educação de jovens e adultos (EJA) e educação profissional (cursos técnicos,
de formação inicial continuada e de qualificação profissional).

O Censo Escolar colhe informações que podem ser divididas em quatro eixos:

1. Escola (dados acerca da infraestrutura do local, tais como tipos de sala de aula, condições
dos banheiros, acessibilidade, recursos multimídia etc.);
2. Turmas (escolarização, horários, disciplinas etc.);
3. Alunos (cadastro dos estudantes, informando aspectos como nome, sexo, cor, cidade de
nascimento, se é portador de deficiência, se utiliza transporte escolar etc.);
4. Profissionais (cadastro dos profissionais da escola – professores, monitores, técnicos –,
informando sexo, idade, cor, grau de escolaridade etc.).

Essa coleta tem caráter declaratório e é realizada por meio do Educacenso, uma plataforma on-
line na qual o representante da instituição escolar cadastrado no portal pode inserir os dados
referentes aos eixos supracitados.

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Além de ser o sistema de coleta, o portal Educacenso é também o meio de consulta dos dados
levantados. Tal sistema possui funcionalidades que permitem, por exemplo, a geração de relatórios
que sistematizam os dados inseridos, facilitando a visualização e a análise das informações pelo
gestor escolar.

É importante enfatizar que os dados declarados pelas unidades escolares devem ter como base os
registros administrativos e acadêmicos de cada escola (ficha de matrícula, diário de classe, livro
de frequência, histórico escolar, sistemas eletrônicos de acompanhamento, diário do professor,
regimento escolar, projeto político-pedagógico, documentos de modulação de professores e de
enturmação, entre outros). Essa exigência é fundamental para a garantia da fidedignidade dos
dados declarados.

COMO ELE PODE AJUDAR NA ATUAÇÃO DO GESTOR?


As informações coletadas pelo Educacenso são utilizadas para o cálculo do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da escola, o qual serve como indicador de referência
para o cumprimento das metas do Plano Nacional da Educação (PNE), do Ministério da Educação.

Além disso, os dados do Censo Escolar são fundamentais para que possamos fazer um diagnóstico
da real situação educacional do país, do nosso estado, do município e da nossa escola. São
referências para a formulação de políticas públicas e a execução de programas educacionais,
incluindo transferências de recursos públicos como alimentação e transporte escolar, Programa
Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), além de distribuição de livros,
implantação de bibliotecas, instalação de energia elétrica, entre outros.

O Censo Escolar possibilita, ainda, que o gestor tenha conhecimento sobre quantos alunos cada
escola e cada turma possuem, refletindo se há vagas disponíveis para mais alunos ou se há
uma má distribuição delas nas escolas; onde está o maior número de reprovação, infrequência
e abandono; qual escola e turma estão com baixo rendimento escolar etc. Assim, é possível
intervir pontualmente, juntamente com sua equipe.

Outro ponto importante é saber como anda a infraestrutura de cada escola e aonde devemos
priorizar o investimento dos recursos recebidos. Esse indicador nos dá um quadro real de nossa
rede para que possamos acompanhar a qualidade do ensino ofertado. É preciso que o gestor se
atente também ao número de alunos por professor/educador e às evasões ocorridas durante o
ano – o que interfere diretamente nos recursos recebidos, além da qualidade educacional.

Para saber mais informações sobre o Censo Escolar, acesse o Portal do Inep.

COMO ACESSAR?
As informações sobre o Censo Escolar podem ser acessadas pelo Portal do Educacenso.

O Inep disponibilizou uma série de vídeos, em seu canal do YouTube, que apresentam o passo a
passo de acesso ao sistema Educacenso, incluindo orientações sobre a solicitação de cadastro, a
inserção de informações, a pesquisa de dados etc. Não deixe de conferir!

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1.3 Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb

O QUE É?
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um dos indicadores de desempenho
educacional. Trata-se de um conjunto de avaliações externas em larga escala que permite ao
Inep realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e dos fatores que podem interferir
no desempenho do estudante. Por meio de testes e questionários, o Saeb reflete os níveis de
aprendizagem demonstrados pelos estudantes avaliados e explica esses resultados com base em
uma série de informações contextuais.

O Saeb é realizado desde 1990 e já passou por diversas reestruturações. A última delas, realizada
em 2019 com o intuito de adequá-lo às disposições da Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
determina que a avaliação contemple a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino
Médio. Além disso, o novo modelo do Saeb extinguiu as siglas Aneb (Avaliação Nacional da
Educação Básica), Anresc (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar) e ANA (Avaliação Nacional
da Alfabetização), de modo que todas essas avaliações passaram a ser identificadas pelo nome
“Saeb”, acompanhado das etapas, áreas de conhecimento e dos tipos de instrumentos envolvidos.

Com a implantação do Novo Saeb, passou-se a exigir o cadastro de um representante legal da


instituição escolar para se ter acesso aos dados apurados. Mesmo quem já tinha cadastro deve
realizar um novo acessando o seguinte endereço eletrônico: http://saeb.inep.gov.br/saeb/.

Quer saber mais sobre o histórico das reestruturações do Saeb? Confira a linha do tempo a
seguir:

Fonte: Portal Inep: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb/historico).

Mudança no público-alvo:
4ª e 8ª séries do EF e 3ª série
do EM.
Realizado nas escolas públi- Surge o Índice de
cas e nas par�culares de Desenvolvimento da
forma amostral. O Saeb passa a fazer Educação Básica (Ideb),
Disciplinas avaliadas: Língua testes somente de que em seu cálculo u�liza
Portuguesa, Matemá�ca, Língua Portuguesa e os dados apurados no
Ciências Naturais, Física, O Saeb passa a
Matemá�ca, excluindo Saeb em combinação com
Química e Biologia. abranger, além do 5º e
as demais disciplinas. os dados do Censo Escolar. 9º anos do EF, a 3ª série
do EM.

1990 1997 1999 2001 2005 2007 2013 2017 2019

O público-alvo passa a NOVO SAEB


CRIAÇÃO DO SAEB Foram adicionados REESTRUTURAÇÃO Adequado à BNCC.
ser 5º e 9º anos do EF.
Público-alvo: 1ª, 3ª, 5ª e 7ª testes de Geografia e O Saeb passa a ser Fim das siglas ANA,
A Avaliação Nacional da
séries do EF. História na avaliação. composto por duas Aneb e Anresc.
Alfabe�zação (ANA)
Realizado de forma amostral avaliações: Avaliação Avalia de maneira amos-
passa a compor o Saeb.
nas escolas públicas. Nacional da Educação tral a Educação Infan�l,
Disciplinas avaliadas: Língua Básica (Aneb) e Avaliação 2º e 9º anos do EF; e de
Portuguesa, Matemá�ca, Nacional do Rendimento forma censitária, 5º e 9º
Ciências Naturais e Redação. Escolar (Anresc), mais anos do EF e 3ª série do
conhecida como Prova EM.
Brasil.

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COMO ELE PODE AJUDAR NA ATUAÇÃO DO GESTOR?
O Saeb permite que as escolas e as redes municipais e estaduais de ensino avaliem a qualidade
da educação oferecida aos estudantes. O resultado da avaliação é um indicativo da qualidade
do ensino brasileiro e oferece subsídios para elaboração, monitoramento e aprimoramento
de políticas educacionais com base em evidências. Além disso, as médias de desempenho dos
estudantes apuradas no Saeb são fundamentais para o cálculo do Ideb.

É importante que a equipe gestora disponibilize e discuta com sua equipe escolar o resultado
de todas as avaliações externas para analisar com clareza as informações obtidas e, com base
nessas reflexões, preparar um plano de intervenção para a escola. Somente com uma leitura
minuciosa dos dados, a realização de um diagnóstico da situação e a elaboração de um plano de
ação será possível obter melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem.

O resultado por si só não traz benefício se o gestor não fizer dele uma ferramenta para impulsionar
a qualidade de sua escola. Devem ser feitas reflexões do tipo: onde atingimos os melhores
resultados? O que fizemos que permitiu esse avanço? Quais mudanças devemos fazer para
melhorar aqueles pontos nos quais não avançamos? É necessário dar mais atenção à formação
dos professores? Qual formação seria necessária? Quais estratégias usar com aquele grupo de
alunos com dificuldade e/ou defasagem de aprendizagem?

As reflexões, discussões e ações propostas devem envolver os docentes de todas as etapas,


considerando-se que a educação é um processo e que o resultado de uma etapa está diretamente
ligado às anteriores, assegurando, assim, que todos os profissionais se corresponsabilizem pelo
processo de aprendizagem de todos os estudantes.

O Inep constantemente pode realizar mudanças no Sistema de Avaliação da Educação Básica


(Saeb). Fique atento ao site oficial para se inteirar das novidades!

COMO ACESSAR?
Para consultar os resultados do Saeb, consulte o Portal do Inep.

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Referências

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep. Censo
Escolar. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/censo-escolar. Acesso em: 24 maio 2020.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep. Consulta ao
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Disponível em: http: //ideb.inep.gov.br. Acesso
em: 24 maio 2020.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional da Educação - PNE e dá
outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 26 jun. 2014. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 08 de
abril de 2021.
BRASIL. Resolução CNE / CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017. Institui e orienta a implantação da Base
Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e anteriores no
âmbito da Educação Básica. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, 22 dez. 2017. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79631-
rcp002-17-pdf&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 08 de abril de
2021.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - Inep. Saeb.
Disponível em: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb. Acesso em: 24 maio 2020.
IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança eateza incer.
7. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

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Unidade 2: Construção e utilização de índices e indicadores
educacionais
Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o papel do gestor na promoção e
evolução dos índices e indicadores educacionais.

2.1 Importância da construção de indicadores para a Educação Infantil e anos iniciais do


Ensino Fundamental

Hoje, os pequenos nativos digitais que habitam nossas escolas são crianças extremamente
curiosas, inquietas, vivendo em ambientes repletos de informações e tecnologias diversas. Por
mais diferentes que sejam as classes sociais a que pertencem, não podemos negar que a maioria
deles tem acesso, desde muito cedo, a televisores, celulares e computadores. Em casa ou na
escola, o mundo tecnológico nos invade, fazendo com que nosso olhar de gestor/educador
transcenda aquela visão tradicionalista segundo a qual as crianças nada sabem ou não estão
prontas o suficiente para aprender.

Nosso papel é justamente aproveitar esse novo contexto para fazê-las pequenos pesquisadores,
envolvendo-as em projetos, sequências didáticas e novas experiências em que elas sejam
protagonistas do saber e nas quais nós, gestores/educadores, saibamos exatamente qual
objetivo de desenvolvimento e aprendizagem estamos alcançando com o trabalho realizado
(intencionalidade pedagógica).

Considerando esse cenário, convido você a escutar o podcast a seguir e refletir sobre a
necessidade de indicadores de desempenho na etapa de Educação Infantil e anos iniciais do
Ensino Fundamental.

https://cdn.evg.gov.br/cursos/402_EVG/podcast/podcast01_audio01.mp3

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe a seguinte estrutura para a educação infantil:

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Na primeira etapa da Educação Básica, e de
Educação infantil acordo com os eixos estruturantes da
Educação infantil (interações e brincadeiras),
devem ser assegurados
seis direitos de aprendizagem Conviver
Brincar
e desenvolvimento, para que Participar
Direitos de aprendizagem as crianças tenham condições Explorar
e desenvolvimento de aprender e se desenvolver. Expressar
Conhecer-se

Campos de experiência
Considerando os direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco
campos de experiências, nos quais as
crinças podem aprender e se desenvolver.
- O eu, o outro e o nós
- Corpo, gestos e movimentos
- Traços, sons, cores e formas
- Escuta, fala, pensamento e imaginação
- Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações

Crianças bem Crianças


Bebês pequenas pequenas Em cada campo de
(0 -1a6m) experiências, são
(1a7m -3a11m) (4a -5a11m)
definidos objetivos de
aprendizagem e
Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento desenvolvimento
organizados em três
grupo por faixa etária.
Fonte: BNCC, p. 25, 2018.

A BNCC traz, portanto, cinco campos de experiência nos quais a criança pode aprender
a se desenvolver na educação infantil. No entanto, é importante lembrar que eles são
intercomplementares e devem ser trabalhados de forma conjunta, buscando-se a formação
integral da criança e tendo como eixos estruturantes as interações e brincadeiras.

Em cada campo, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para cada faixa
etária, os quais podem e devem ser utilizados pela escola como indicadores da qualidade de
ensino. Ressalta-se, porém, que tais aprendizagens não devem ser tomadas como pré-requisitos
para a entrada do aluno no Ensino Fundamental, mas sim como forma de dar continuidade ao
seu percurso educativo.

Gestor, procure conhecer todos os campos de experiência e os objetivos de aprendizagem e


desenvolvimento da Educação Infantil. Eles podem ser encontrados na BNCC e no Currículo
Referência do seu estado. É a partir deles que iremos construir indicadores educacionais
para nossas escolas e utilizá-los para monitorar o processo de aprendizagem, fazendo as
intervenções pedagógicas necessárias ao sucesso escolar de todos os estudantes.

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Nessa perspectiva, a Política Nacional de Alfabetização (PNA), lançada pelo MEC, demonstrou
com base em evidências científicas que muitas das habilidades fundamentais para o processo de
alfabetização começam a ser desenvolvidas na Educação Infantil.

Você sabia que quando as crianças ouvem histórias lidas ou contadas pela
família ou pela escola, cantam músicas diversas, recitam parlendas, elas se
familiarizam com materiais impressos (livros, revistas e jornais) e reconhecem
algumas das letras, seus nomes e sons? Elas são capazes, ainda, de representá-
las por escrito, identificando sinais gráficos ao seu redor, entre outras atividades
de maior ou menor complexidade. Todas essas experiências e conhecimentos
sobre a leitura e escrita devem ser trabalhadas no cotidiano da pré-escola
de forma lúdica e interativa, respeitando os tempos de aprendizagem e as
particularidades de cada criança.

Evidencia-se, assim, a importância de se construir indicadores desde a pré-escola para que, ao final
do 2º ano do Ensino Fundamental, a criança possa ter concluído seu processo de alfabetização,
abrindo-se um mundo de possibilidades para aquisição de novos saberes. Infelizmente, quando
isso não ocorre, toda sua trajetória de vida e, principalmente, sua trajetória escolar ficam
comprometidas. Frustram-se o estudante, o gestor e a escola que não conseguiu cumprir seu
principal papel: o aprendizado e sucesso escolar do todos os estudantes.

Ao se verificar o sucesso do aluno por meio dos indicadores, também estará constatado o sucesso
da escola – e, dessa forma, nós, gestores, saberemos que estamos realizando um trabalho de
excelência!

2.2 Agindo com base em evidências

De acordo com evidências explicitadas na Política Nacional de Alfabetização, a aprendizagem da


leitura e da escrita, diferentemente da fala, não ocorre espontaneamente.

É necessário, portanto, que a alfabetização seja feita de forma explícita e sistemática, baseando-
se em seis componentes essenciais:

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conhecimento consciente
das menores unidades ensino explícito e organizado
fonológicas da fala e das relações entre os grafemas capacidade de ler com
habilidade de manipulá- da linguagem escrita e os precisão, velocidade
las intencionalmente. fonemas da linguagem falada. e prosódia.

Consciência Instrução fônica Fluência em


fonêmica sistemática leitura oral

Componentes essenciais
da alfabetização

Desenvolvimento Compreensão Produção


de vocabulário de textos de escrita

capacidade de conhecer capacidade de extrair os habilidade de escrever


palavras novas e utilizá-las significados, identificar palavras e produzir textos.
em contextos diferentes. as mensagens implícitas
e explícitas nos textos. É
o propósito da leitura.

Para saber mais sobre a Política Nacional de Alfabetização, acesse o Portal do


MEC.

Tendo em vista essa disposição elencada na PNA, juntamente com as informações trazidas pelos
indicadores de desempenho da escola (Ideb, Saeb, entre outros) e o currículo alinhado à Base
Nacional Comum Curricular, podemos antecipar o sucesso de nossa escola no Ideb, buscando
alfabetizar todas as crianças ao final do 2º ano!

Esse sucesso está relacionado a diferentes e simultâneas estratégias que devem levar em conta
a sua realidade escolar. Veja algumas delas abaixo!

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PPP Avaliações
Avaliações
internas
externas

Diagnósticos

Formação Trabalho
continuada Currículo em equipe

PPP
Elaborar um Projeto político-pedagógico (PPP) da escola, baseado em metas reais de curto,
médio e longo prazos.

Diagnósticos
Realizar diagnósticos contínuos para avaliar os erros e propor intervenções pedagógicas que
atuem nos pontos críticos da aprendizagem.

Avaliações externas
- Usar os resultados das avaliações externas (Saeb) para estabelecer políticas de melhoria em
nossas escolas;
- Utilizar as matrizes de referência das avaliações externas (Saeb) como subsídios para criar os
próprios indicadores de desempenho escolar;
- Podemos, por exemplo, verificar as matrizes de referência do Saeb (Sistema de Avaliação da
Educação Básica) e da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização) como suporte.

Avaliações internas
- Aplicar, sistematicamente, avaliações internas (elaboradas pela própria escola);
- Montar planilhas e painéis com os dados nelas obtidos, a fim de acompanhar o desenvolvimento
de cada aluno/turma e o desempenho dos profissionais que atuam na escola.

Formação continuada
Oferecer formações continuadas e suporte para os professores a fim de sanar as defasagens
verificadas nas avaliações.

Currículo
Alinhar os currículos, conteúdos e metodologias utilizados em salas de aula com as habilidades e
competências esperadas para cada etapa/ano de escolaridade.

Trabalho em equipe
De posse dessas informações, é necessário que todos os profissionais da escola – gestores,
educadores/professores, equipe pedagógica – se apropriem dos resultados de desempenho
da escola/turmas/alunos. E que seja realizada uma reflexão profunda sobre as dinâmicas de
funcionamento da escola, revisitando o projeto político-pedagógico (PPP), o currículo praticado
e as metodologias utilizadas, no intuito de efetivamente promover a aprendizagem e o sucesso
escolar de todos os estudantes!

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Referências

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Saeb: matrizes e
escalas. Brasília, 2019. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb/matrizes-
e-escalas. Acesso em: 24 maio 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA - Política Nacional de
Alfabetização. Brasília: MEC, Sealf, 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/images/
banners/caderno_pna_final.pdf. Acesso em: 24 maio 2020.
BRASIL. Resolução CNE / CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017 . Institui e orienta a implantação da Base
Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e anteriores no
âmbito da Educação Básica. Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, 22 dez. 2017. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79631-
rcp002-17-pdf&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 08 de abril de
2021.
PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants. Disponível em: https://www.marcprensky.
com/writing/Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part1.pdf.
Acesso em: 7 mar. 2016
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

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