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DANIELA CANAAN BARROS LIMA

FERNANDA DE BARROS PAIXÃO


JULIANA FERREIRA BEMFEITO ALBUQUERQUE
LILIANE VICTOR DOS SANTOS
NAYARA CRISTINA DE FARIA CUNHA

INDISCIPLINA OU HIPERATIVIDADE? DIAGNÓSTICOS EQUIVOCADOS

UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

Belo Horizonte
2010
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DANIELA CANAAN BARROS LIMA


FERNANDA DE BARROS PAIXÃO
JULIANA FERREIRA BEMFEITO ALBUQUERQUE
LILIANE VICTOR DOS SANTOS
NAYARA CRISTINA DE FARIA CUNHA

INDISCIPLINA OU HIPERATIVIDADE? DIAGNÓSTICOS EQUIVOCADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNIVERSIDADE


FUMEC, como requisito parcial para a obtenção do certificado de
Especialização em Pós Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia.

UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

Belo Horizonte
2010
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Monografia INDISCIPLINA OU HIPERATIVIDADE? DIAGNÓSTICOS EQUIVOCADOS,


apresentada ao Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Psicopedagogia, da Universidade
FUMEC, de autoria de Daniela Canaan Barros Lima, Fernanda de Barros Paixão, Juliana
Ferreira Bemfeito Albuquerque, Liliane Victor dos Santos, Nayara Cristina de Faria Cunha,
aprovada pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:

Márcia Moreira Veiga


Professora Orientadora

Alana Andrade
Professora Examinadora

XXX
Professor Examinador

Simone Grace de Paula


Professora Coordenadora do Curso de Pós-Graduação

Belo Horizonte, 2.010.


4

Dedicamos este trabalho às nossas famílias, parceiras constantes para


o alcance de nossos sucessos pessoais e profissionais. A toda equipe
profissional da FUMEC – FCH pelo empenho, atenção e dedicação à
formação de seus alunos. A todos os envolvidos no processo
educacional, para que nunca desanimem de sua árdua tarefa de
aprender, ensinar e formar cidadãos e para que estejam sempre em
processo de formação, de pesquisa, de ação e de produção de
conhecimento em busca de uma educação de qualidade.
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AGRADECIMENTOS

À direção, professores e alunos das escolas nas quais desenvolvemos


nossa pesquisa; seremos muito gratas pela oportunidade de conhecer
tão de perto a realidade sobre a indisciplina escolar e sobre o contexto
do “aluno hiperativo”.
E por fim, agradecemos a todas as pessoas que contribuíram para a
execução deste trabalho.
Nosso muito obrigada.
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“Os pais e os professores lutam pelo mesmo sonho:


Tornar seus filhos e alunos felizes, saudáveis e sábios.
Mas jamais estiveram tão perdidos na árdua tarefa de educar (...).
Educar é acreditar na vida e ter esperança no futuro (...)
Educar é semear com sabedoria e colher com paciência.”
(AUGUSTO CURY)
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RESUMO

A indisciplina tem sido um grande desafio para a educação, no contexto social vigente.
Suas manifestações às vezes são tão exageradas que os professores se vêem diante de um
dilema: o aluno “terror dos professores” é indisciplinado, sem limites, ou é hiperativo e/ou
portador de déficit de atenção? Este trabalho de conclusão de curso vem justamente abordar
este assunto, uma vez que esta problemática tornou-se muito mais comum no ambiente
escolar do que se possa imaginar. O professor, diante da indisciplina exacerbada do aluno,
muitas vezes numa atitude de desespero, convoca a família para procurar ajuda especializada,
na esperança de que suas suspeitas sejam reais. Por estas constatações, abordar os efeitos
destes “diagnósticos” dos professores, bem como definir, analisar e identificar as
características da indisciplina e sua semelhança com transtornos hiperativos são as
preocupações principais deste trabalho de pesquisa que, além da investigação teórica acerca
do assunto, também contou com a investigação de campo, através de um questionário o pré-
conceito existente acerca da indisciplina, intitulando-a como hiperatividade, e por fim, no
último capítulo, apresentar os resultados dos questionários aplicados aos professores, cuja
intenção é a de mostrar o pensar e agir dos educadores das escolas que abriram as portas para
este estudo.
Palavras-chave: Professor – Indisciplina – Hiperatividade.
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ABSTRACT

The indiscipline one has been great challenge for the education, without effective
social context. Its manifestations to the exaggerated times are very that the professors if eyes
ahead of a quandary: the pupil “terror of the professors” indisciplinated is, without limits, or is
carrying hiperactive and/or of deficit of attention? This work of conclusion of course exactly
comes to approach this subject, a time that this problematic one became much more common
not pertaining to school environment of what if it can imaginary. The professor, ahead of the
very indiscipline of the pupil, many times in an attitude of desperation, convokes a family to
look to paragraph specialized aid, in the hope of that the their suspicion are reals..
Constatations for these, effect to approach of these “disgnostic professors” of, definition of as
well, to analyze and to identify as and characteristics of the indiscipline with its similarity
upheavals are hiperactives as main concerns of this work of research, that beyond the
theoretical inquiry concerning the subject, also counted on an inquiry of field, one through an
applied questionnaire professors about the first-conception on the indiscipline, call it like
hiperactividade, and finally, in the last chapter, to present resulted of the questionnaires the
professors applied to, whose it is an intention to show the “to think” and “to act” of the
educators of the schools they had opened that as doors n this study.
Word-key: Teacher - Indiscipline - Hiperactividade.
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Formação acadêmica dos professores abordados.............................................. 24


Tabela 2: Tempo de atuação como educador.................................................................... 25
Tabela 3: Modalidade de ensino na qual o educador atua................................................ 26
Tabela 4: Características observadas em alunos com indisciplina................................... 26
Tabela 5: Como se diferenciar um aluno indisciplinado de um aluno hiperativo ou
portador de déficit de atenção........................................................................................... 28
Tabela 6: Recursos utilizados para promover o processo ensino aprendizagem com
alunos indisciplinados....................................................................................................... 28
Tabela 7: Como a família pode estar presente dentro do ambiente escolar, para que se
aconteça a extinção da indisciplina e para a promoção de uma aprendizagem
significativa e prazerosa................................................................................................... 29
Tabela 8: Expectativas do professor quanto a um diagnóstico médico ou psicológico
para aluno com queixa de indisciplina.............................................................................. 30
Tabela 9: O que muda na atuação do professor mediante a medicalização de um aluno. 31
Tabela 10: Expectativas de professor e família diante da confirmação ou negação de
um diagnóstico de hiperatividade..................................................................................... 31
Tabela 11: Conseqüências da confirmação ou negação de um diagnóstico de
hiperatividade para o aluno............................................................................................... 33

SUMÁRIO
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ARTICULAÇÃO TEÓRICA

INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 11
I – INDISCIPLINA: o quadro real....................................................................................... 13
II – O PRÉ-CONCEITO: motivo da confusão..................................................................... 18

III – HIPERATIVIDADE: critérios diagnósticos................................................................ 23

METODOLOGIA

Métodos e Recursos.............................................................................................................. 24

RESULTADOS

A REALIDADE DOS FATOS: apresentação de resultados dos questionários aplicados

a professores da Educação Infantil....................................................................................... 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 38

APÊNDICE: Modelo de Questionário aplicado aos professores......................................... 39

ARTICULAÇÃO TEÓRICA

INTRODUÇÃO

Diante da tarefa do professor de não apenas ensinar, mas mediar a formação do aluno,
no tocante à constituição dos valores do indivíduo e de seu caráter, é que se observa que
alguns equívocos ocorrem dentro e fora da sala de sala, no que se refere à observação das
características pessoais e do processo de aprendizagem de cada aluno.
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É assim quando o assunto é indisciplina no ambiente escolar. Nesse caso, o professor


se depara com um aluno geralmente desmotivado e trazendo consigo diversas características:
conversas paralelas, apatia, agressividade, falta de interesse e total prazer em “atrapalhar” a
concentração de colegas dentro da sala de aula e na execução de atividades propostas pelo
professor. Destaca-se que a participação da família é fundamental para que a criança se
desenvolva como pessoa e como aluno. Isso deve ser motivo de preocupação por parte do
educador que deve elaborar estratégias que precisam ser bem definidas a fim de aproximar as
famílias do ambiente escolar. Poder-se-ia acrescentar a especial contribuição destas no
trabalho de minimizar a indisciplina em sala de aula, já que é na família que se gestam os
valores que irão nortear a construção da personalidade do indivíduo.
A indisciplina é o grande problema da educação e gera muita polêmica no ambiente
escolar. Este motivo talvez seja o responsável pelo fato de que a indisciplina é tida como uma
“doença” e, por vezes, é diagnosticada pelo professor na escola, que através de extensos
relatórios pedagógicos, propõe à família que busque ajuda especializada para a “cura da
doença”. Assim, diante de atos repetidos de indisciplina e de várias tentativas sem sucesso
frente ao “aluno problema”, o professor, auxiliado pela direção e especialistas da escola,
talvez bem certos do que estejam fazendo, propõe que o aluno seja encaminhado a um centro
de ensino especializado, uma vez que todos os seus sintomas indisciplinares, para estes
profissionais, denotam hiperatividade ou transtorno do déficit de atenção e, portanto, a escola
comum não tem recursos para atendê-lo.
Não raro, estes diagnósticos circulam entre instituições escolares e consultórios
médicos, especialmente, quando se percebe que o relacionamento professor e aluno
indisciplinado esteja desgastado. A indisciplina escolar, neste contexto, tem causas diversas e
geralmente a resolução do conflito é difícil de ser alcançada. Assim, os impactos que a
indisciplina causa dentro do ambiente escolar, a ponto de levar professores a relatar e julgar o
aluno, sem respaldo científico, como hiperativo ou portador de déficit de atenção, são o
resultado imediato da manifestação da indisciplina, que nada mais é que uma forma
exacerbada do aluno de se mostrar para o mundo, de pedir atenção, com intenção de ser
ouvido.
Para alguns alunos, a rebeldia conhecida na escola como indisciplina, é sua forma
subjetiva de expressão. Assim, procurar-se-á, neste Trabalho de Conclusão de Curso,
compreender a importância de um olhar diferenciado dos professores para com os alunos
portadores de TDAH e alunos com comportamento indisciplinado, analisar as conseqüências
de comportamentos indisciplinados na aprendizagem e na auto-estima desses alunos,
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caracterizar a diferenciação entre indisciplina e TDAH, abordar os efeitos dos recorrentes


“diagnósticos pedagógicos” dos professores quanto à indisciplina no ambiente escolar,
conhecer, se possível, o comportamento dos alunos TDAH e dos alunos indisciplinados no
ambiente escolar, familiar e social, estudar as literaturas e contribuições de pesquisadores
sobre o assunto e as possíveis formas de lidar com o TDAH e com a Indisciplina.
Na apresentação deste estudo, busca-se minimizar a confusão entre os termos
indisciplina e hiperatividade, que, muitas vezes são tidos como a mesma coisa. Caberá aqui
relacionar as aproximações e diferenciações a partir dos problemas com os quais os
professores se deparam no ambiente escolar ao lidar com alunos indisciplinados e alunos
hiperativos, buscando diferenciá-los e utilizando estratégias para atuar com cada um. Apesar
do assunto abordado neste estudo apontar uma confusão no diagnóstico de indisciplina e
hiperatividade, o que se pretendeu realmente foi reafirmar que os professores e a escola
atualmente, têm levantado a problematização da “doença” para justificar comportamentos sem
limites, como uma forma de resolver os conflitos na sala de aula de forma imediatista,
gerando a confusão de associação entre hiperatividade e indisciplina.
Assim, considera-se importante abordar, num primeiro momento, a Indisciplina,
depois a presença do “pré-conceito” quanto a esta indisciplina e, sucessivamente, a
caracterização diagnóstica da Hiperatividade como fundamentação teórica do trabalho. Por
fim, faz-se a união da sustentação teórica junto à análise de dados colhidos através de um
questionário aplicado a professores da Educação Infantil da rede de ensino do município de
Patos de Minas – MG.

I – INDISCIPLINA: o quadro real

Na escola, os reflexos da relação familiar são bastante passíveis de serem observados,


uma vez que, segundo Curto (1998, p. 68), é “na escola que o comportamento e a
personalidade formados a partir da família são vistos, onde as primeiras aprendizagens são
apresentadas e a formação social é traçada”. Partindo deste pressuposto, pode-se ter a certeza
de que também os limites disciplinares e morais são adquiridos concomitantemente no contato
com mãe, pai, escola e sociedade. É por esta razão que se acredita ser tão importante o
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convívio familiar, onde o estabelecimento de limites precisa ser bem assimilado. No entanto,
no ambiente escolar, o quadro real tem sido de crianças com um nível de indisciplina e falta
de limites muito exacerbados. No trabalho dentro de sala de aula, percebe-se o quanto os pais
foram inseguros ou omissos em estabelecer disciplina e respeito, pois o indivíduo que vem
para a escola, ainda criança, desafia e provoca negativamente todo o ambiente, conforme
alguns relatos de professores.
Esta falta de limites, presente de forma muito acentuada nos contextos das famílias,
desencadeia em um grande problema para Educação: a indisciplina. Assim, afirma Outeiral
(1994, p. 94): “a indisciplina é o sinônimo de falta de obediência às normas e falta de respeito
à moral e à ética, acarretando problemas de identificação, de dificuldade de diálogo e de
desvio de conduta”. É no trabalho em sala de aula que se observam cenas de indisciplina e de
questionamento às regras da escola, os quais causam grande impacto no grupo. Neste ponto, a
instituição escolar enfrenta enormes dificuldades quanto ao estabelecimento de normas, pois o
aluno indisciplinado, geralmente, nega-se ao diálogo respeitoso e à integração moral junto à
escola, que é o espaço onde se recria e se ensina a vida em sociedade.
Sabe-se, também, que o papel da família na educação e na aprendizagem formal dos
filhos é primariamente fundamental, pois a criança leva para a escola valores já estabelecidos
por sua família e pela comunidade à qual ela pertença. Outeiral (1994, p. 94) ilustra esta
afirmativa quando discorre que “a relação do aluno com a escola é afetada pela significação
que os pais dão a esta”. A partir de então, acreditamos que nem sempre o aluno indisciplinado
age conforme aquilo que é pregado pela família. Às vezes, a criança, dentro do contexto
familiar, é ignorada ou pouco valorizada e, na tentativa de se fazer presente, procura chamar a
atenção para si de alguma forma. Se, no ambiente familiar, a criança está acostumada a
chamar a atenção para se fazer presente, também na escola ela poderá agir da mesma forma,
buscando conquistar seu espaço no grupo, chamando para si a atenção de quem a rodeia, e
este “chamar a atenção”, em alguns momentos, associa-se a ir contra as regras estabelecidas
para a boa ordem e a boa conduta.
Piaget (1996, p.56) discorre sobre o fato de que “a indisciplina é tema e problema
recorrentes nas escolas e para a qual há muito se buscam soluções”. Poder-se-ia acrescentar a
este pensamento que, também há muito, muitas famílias não vêm fazendo o seu dever de casa:
ensinar limites aos filhos, educá-los com carinho e atenção e os entregar à escola prontos para
serem ensinados, não sendo necessário, ainda, serem educados. Neste sentido, acredita-se que
a escola deveria estar encarregada de ensinar e não exercer o papel de educar, que é
primariamente da família.
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Nesta inversão de papéis – onde a escola se vê diante da necessidade de educar o


aluno, o professor é tido como um agente fundamental diante da relação escola e aluno, uma
vez que é ele – professor (nesse trabalho, referente de forma geral a professores e
professoras), o responsável por elaborar formas assertivas, o menos massificantes possível,
para lidar com os conflitos provenientes da dificuldade de alguns alunos em seguir regras no
processo educativo e nas interações sociais dentro e fora da sala de aula. A partir de então, a
indisciplina assume uma perspectiva bastante negativa, transformando-se em preocupação
permanente de toda a comunidade escolar, pois, em alguns casos, costuma desencadear em
situações de preconceito, discriminação, exclusão, negligência, violência, com
desdobramentos para o aluno, o professor, a escola e a família.
A resolução dos problemas da indisciplina nas escolas requer a criação de momentos
que estimulem a aquisição de funções cognitivas, e nisso o psicopedagogo pode contribuir,
uma vez que encarar a indisciplina de frente é acima de tudo reconhecer na indisciplina que a
prática escolar não está condizente com as necessidades reais do aluno, não o está
interessando, e, a partir desse ponto, é bom que a escola reveja como pode se reorganizar e
desenvolver o seu trabalho de maneira mais eficiente.

Um dos papéis da escola é exigir o máximo possível do aluno e, ao mesmo tempo,


distingui-lo com maior respeito possível. No entanto, exigir o máximo, não significa
exigir o que está além de suas possibilidades. Tais exigências não podem ser
grosseiras e nem estigmatizantes. (CURTO, 1998, p. 63)

Não se pode rotular o aluno de indisciplinado, de hiperativo, de qualquer coisa que


seja; antes, é recomendável ler suas atitudes, nas entrelinhas, para somente depois de detectar
seus problemas e criar estratégias para lidar com ele e fornece-lhe oportunidades de
aprendizagem e adequação social. Rosemberg e Franco (1996) mencionam que as conhecidas
relações entre autoridade e hierarquia, em que são inseridos os alunos nas instituições
escolares, alcançam, muitas vezes, níveis altíssimos de intolerância por parte de alguns
alunos, e assim, estes são taxados de indisciplinados. Além disso, muitas vezes não há
nenhum recurso que o professor utilize que facilite o interesse pela aprendizagem ou que faça
com que sejam mudadas as suas atitudes. Isso aponta para a necessidade de se pensar novos
modos de lidar com o problema da indisciplina, pensando na riqueza da dimensão humana,
em todas as possibilidades que se pode ter de tocar e transformar os indivíduos. O
psicopedagogo é um profissional que pode colaborar para envolver toda a comunidade escolar
nesse processo de construção e transformação dos alunos.
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Tem-se observado uma tendência entre os profissionais da escola em nomear ou


“diagnosticar” a indisciplina de alunos. Contudo, é preciso lembrar que há intercorrências
advindas dessa situação que podem prejudicar o aluno e seu processo de aprendizagem de
socialização. Quanto a isso, Rosenberg (1986) alerta que “normalmente a criança
indisciplinada está tentando dizer algo para o professor. É preciso saber ouvir e compreender
a mensagem que se esconde por traz do comportamento manifesto como indisciplina”.
Este pensamento reforça a perspectiva apresentada por FRANÇA (1991), que discute:

Quando o aluno se comunica, mesmo que tumultue a sala de aula, não


necessariamente é um comportamento negativo, pois é na sala de aula o lugar onde
vai experimentar os valores e crenças de que é feita a sua cultura. Se ele perder o
espaço público, perderá também o contato com os outros e um certo senso ético: o
ato indisciplinado é, enfim, uma força que precisa ser trabalhada a fim de explicar a
que veio. (FRANÇA, 1991, p. 147).

A origem da indisciplina pode ter o foco em casa ou na escola, mas, na escola,


acredita-se que a explicação deve-se ao fato de ser esse o primeiro ambiente fora de casa com
o qual a criança gradativamente se socializa, onde gradativamente ganha espaço de atuação
em grupo e define seus comportamentos conforme a educação recebida pela família e também
conforme a adequação da relação professor/aluno e da relação ensino e aprendizagem. Assim,
se em casa é permitido ter atitudes agressivas, de enfrentamento ou sem limites, na escola,
essas ações tendem a se repetir e fica mais difícil ao professor assumir o papel de mediador.
Se a postura da família diante da indisciplina na escola é passiva ou permissiva, as
dificuldades são maiores e tendem a se agravar a cada ano do processo de escolarização.
Freeman (1982) esclarece alguns dos aspectos presentes neste processo quando afirma:

A expansão da democracia está superando os tipos mais rígidos de escolaridade, de


modo que as crianças estão ficando menos limitadas por regras e pelo temor de
punição, e mostram-se capazes de construir sua própria educação ativamente, dentro
da situação escolar. (FREEMAN, 1982, p. 67).

Os alunos estão cada vez mais independentes, e, muitas vezes, mais “indisciplinados”
ou sem limites. Assim, esta indisciplina e falta de limites torna-se um problema para
professores e pais, impedindo o andamento esperado do processo ensino-aprendizagem.
Infelizmente, a autonomia dada aos alunos como agentes da própria aprendizagem, para
alguns, é confundida com liberdade total, criando comportamentos bastante afastados das
regras e normas sociais de convivência. Em situações adversas, os professores passam a
rotular o aluno como indisciplinado, gerando preconceitos e outros desgastes graves no
processo educativo. Nesse sentido, quando nem mesmo punições criteriosas ou não (privações
impróprias, com atuações repetitivas, estereotipadas, reproduções de técnicas executadas sem
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reflexão, portanto, sem a possibilidade de algum resultado de construção diante de tal


conduta), a postura a partir de então é encaminhar este aluno a um profissional de saúde, que
possa confirmar as hipóteses de hiperatividade. Sendo a hiperatividade uma doença, retira-se
do professor, da escola e até da família a responsabilidade de intervenção e reeducação do
aluno e se espera, então, que o profissional (muitas vezes, uma junta de profissionais: médico,
psicólogo, pedagogo, e demais especificidades do desenvolvimento biopsicossocial) possa
indicar a “cura”. Isso, de forma alguma é benéfico para o aluno, embora uma avaliação seja
sempre importante para orientação, mas, provavelmente não eximirá a escola e a família de se
esforçarem mais ao aturem em seus papéis diante do aluno.
Outra questão relevante de ser ressaltada é a postura de oferecer oportunidades para
que os alunos experimentem a responsabilidade na relação direta. Do contrário, eles se tornam
beneficiários dependentes percebendo erroneamente que a única maneira de chegar a fazer
parte e ter importância em seus grupos é manipulando pessoas e situações a seu favor. É
importante pensar que, muitas vezes, alunos se mostram indisciplinados, inquietos e rebeldes
em sala de aula por algum motivo desencadeado pela desordem emocional adjacente as suas
vivências. Nesse sentido, Drouet (2004), afirma que estes alunos...

... gastarão sua inteligência e energia para a manipulação e a rebeldia, não


desenvolvendo as percepções e as habilidades necessárias para se manter pessoas
capazes. É essencial que o professor tenha essa visão diante da indisciplina, para não
agir com preconceito e tornar a situação mais problemática do que realmente se
apresenta. (DROUET, 2004, p. 115)

A abordagem feita por este autor demonstra que a indisciplina pode ser considerada
também como um pedido de socorro do aluno para o professor. Assim, o envolvimento do
professor com sua prática e com os alunos é de extrema relevância para a readequação do
aluno com dificuldades comportamentais. Ao invés de adoecer o aluno, chamando-o
“hiperativo”, é mais humano (embora muito mais difícil) trata-lo como um sujeito que requer
atenção e compreensão diante de suas necessidades. talvez nem seja o professor que vai
ajudá-lo, mas, ao dar atenção, poderá compreender, de forma bem mais respeitosa sua
situação, pensando em possibilidades de outros profissionais poderem também colaborar com
esse aluno.
Nesse sentido, fica clara a importância de, primeiro os responsáveis e depois os
professores, reconhecerem que podem e precisam assumir seus papéis na formação de seus
filhos e alunos, e saber que não é uma tarefa fácil. O respeito às diferenças é que formará a
autonomia e o resgate da segurança para um bom desenvolvimento enquanto ser social. O
professor precisa se colocar como mediador em sala de aula e em todo o ambiente escolar e é
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ele quem deverá dar o primeiro passo como suporte diante da necessidade de tornar seu aluno
um ser autônomo e com adequada conduta moral internalizada.
Acerca disso, Piaget (1996, p. 34), diz que “a formação do juízo moral na criança é um
processo em que a criança internaliza um conjunto de regras ao qual deve respeito,
desenvolvendo sua moralidade e seu senso de coletividade, de convivência, de costumes”. Há
que se levar em conta a trajetória de um aluno dito indisciplinado ou conhecido na escola
como “hiperativo”. Quando se pensa em um aluno, especialmente aquele que foge aos
padrões, é preciso lembrar que ele tem uma história de vida única e tem também um histórico
escolar que pode possibilitar compreender seu desenvolvimento enquanto aprendiz. Deve-se
tomar cuidado para que a indisciplina ou a hiperatividade não se tornem preconceitos
causando problemas para o aluno, para a escola e por conseqüência para a família.
Essa discussão visa polemizar os papéis da família, da escola e professor diante da
presença de alunos que não se enquadram no perfil de comportamento socialmente adequado.
Família, escola e professores precisam estar prontos e juntos para se capacitarem na árdua
tarefa de educar os alunos com comportamentos indisciplinados e alunos com hiperatividade.
Para isso é preciso, antes de tudo saber as sutis diferenças e semelhanças entre um e outro,
para depois saber lidar e criar formas de educar cada aluno em sua individualidade, evitando
sempre ações preconceituosas ou rotuladoras, mas, ao contrário, agindo com respeito e ética
na formação de seres sociais adaptados ao convívio humano.

II - O PRÉ-CONCEITO: motivo da confusão

Observando-se uma criança agitada na sala de aula da Educação Infantil, não deve ser
nada fácil saber se ela é ou não portadora de hiperatividade ou apenas apresenta dificuldade
em controlar seus comportamentos. Isto porque a criança, neste nível de desenvolvimento e
nesta fase de escolarização, apresenta conduta marcada pela inquietude, pela curiosidade, pelo
desejo de exploração e conhecimento, e, às vezes, pela falta de atenção diante de tantos
estímulos perceptíveis no mundo.
Então, algumas crianças passam a serem vistas como indisciplinadas, a princípio, e
esta indisciplina pode chegar a ser tão perturbadora que o professor que lida com ela vê-se
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aterrorizado e, muitas vezes, não consegue transpor as barreiras criadas por esses
comportamentos indisciplinados podendo afetar as relações professor-aluno e aluno-aluno.
Uma vez desafiado, o professor que lê e ouve falar sobre assuntos que envolvem
indisciplina, hiperatividade e déficit de atenção, temas comuns no ambiente escolar, e diante
de um aluno que o desafia e apresenta as “características” desses transtornos, apóia-se nesses
conceitos para relatar aos pais e aos colegas de trabalho que o aluno, diante de seu grave
quadro de indisciplina, pode ser um portador de hiperatividade. Contudo,

A hiperatividade e déficit de atenção é um problema mais comumente visto em


crianças e se baseia nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e
hiperatividade (pessoa muito ativa, por vezes agitada, bem além do comum). Tais
aspectos são normalmente encontrados em pessoas sem o problema, mas para haver
o diagnóstico desse transtorno a falta de atenção e a hiperatividade devem interferir
significativamente na vida e no desenvolvimento normais da criança ou do adulto.
(KOCH & ROSA, 2009, p. 101)

Koch & Rosa (2009), ao afirmarem que os sintomas de hiperatividade e déficit de


atenção podem interferir significativamente na vida e no desenvolvimento da criança, também
mencionam que hiperatividade e déficit de atenção podem ser normalmente observados em
crianças na idade escolar, já que nessa etapa de convivência social diária, e possível descrever
alguns sintomas característicos. Sabe-se também, que, com o passar dos anos e a maturação
mental, estes sintomas tendem a diminuir, ficando clara a linha tênue em que se constrói um
diagnóstico de hiperatividade. Isso deixa notável o cuidado que se deve ter com os alunos que
apresentam comportamentos típicos de transtornos: podem não caracterizar uma doença, mas
características próprias do desenvolvimento mental e social. A crença na doença muitas vezes
também é reforçada pela família, que já ouviu ou já lhe disseram sobre a hiperatividade. Esta
atitude favorece, como afirma Gentile (2000, p. 31), a criação uma postura que prioriza a
atenção especializada, envolvendo diversos profissionais de áreas afins para confirmar o
diagnóstico já previsto de hiperatividade. Assim, o aluno já é avaliado sob a pré-noção de uma
doença, podendo apenas estar apresentando alguma dificuldade de aprendizagem ou desajuste
na socialização.
Os termos indisciplinado e hiperativo têm sido usados indistintamente para se referir
aos alunos que apresentam alguns sintomas comuns ao transtorno de hiperatividade, tanto é
que há confusão e preconceito quanto a estes quadros. Assim, é importante ter clareza de que:

Uma pessoa pode apresentar o transtorno de hiperatividade quando a maioria dos


seguintes sintomas tornam-se uma ocorrência constante em sua vida:
 Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;
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 Com freqüência abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações nas
quais se espera que permaneça sentado;
 Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é
inapropriado (a pessoa deixa nos outros uma sensação de constante inquietação);
 Com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em
atividades de lazer;
 Está frequentemente a mil ou muitas vezes age como se estivesse a “todo vapor”;
 Frequentemente fala em demasia. (KOCH & ROSA, 2009, p.21)

Realmente é um desafio reconhecer se uma criança com idade entre 4 e 6 anos, por
exemplo, com comportamento mais agitado, apresenta ou não um quadro de hiperatividade.
No entanto, é necessário muita cautela para que “diagnósticos” prévios da percepção dos
professores não sejam determinantes no “adoecimento” de um aluno, uma vez que uma
criança indisciplinada também se remexe na cadeira, não permanece sentada, corre muito, não
se prende por muito tempo em alguma atividade ou brincadeira. Ora, se está saudável, uma
criança fala muito, é curiosa, inquieta, pois é assim que descobrem o mundo. Pensando nisso,
é importante que o professor observe o nível de freqüência dessas ocorrências e os motivos
porque são praticadas pela criança, comunique-se frequentemente com a família, oferecendo
apoio, sem criar alarde ou confusões exageradas, apenas com o objetivo de colaborar com o
desenvolvimento da criança.
Além dessas observações, há que se voltar a atenção para outros comportamentos,
como as respostas precipitadas, a dificuldade de aguardar a vez, a interrupção e o
intrometimento em assuntos de outros. Essas características, segundo Koch & Rosa (2009),
são também características de indisciplina. Por esta razão, há que se ter cautela em
diagnosticar qualquer sintoma apresentado pelas crianças, - se são questões fisiológicas, ou
seja, uma doença com sintomas comportamentais, ou se é a não aprendizagem básica das
regras de convívio. Assim, conforme alerta Benczik (2002):

O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde capacitado, geralmente


neurologista, pediatra ou psiquiatra. O diagnóstico pode ser auxiliado por alguns
testes psicológicos ou neuropsicológicos, principalmente em casos duvidosos, como
em adultos, mas mesmo em crianças, para o acompanhamento adequado do
tratamento. (BENCZIK, 2002, p. 18)

Quando uma criança é portadora de hiperatividade ou transtorno de déficit de atenção,


é importante se fazer um tratamento, isto para que o seu desenvolvimento e a aprendizagem
escolar não fiquem prejudicados. O tratamento também pode minimizar conseqüências mais
graves no futuro.
O tratamento envolve o uso de medicação, geralmente algum psico-estimulante
específico para o sistema nervoso central, uso de alguns antidepressivos ou outras
medicações. Deve haver um acompanhamento do progresso da terapia, através da
20

família e da escola. Além do tratamento medicamentoso, uma psicoterapia deve ser


mantida, na maioria dos casos, pela necessidade de atenção à criança (ou adulto)
devido à mudança de comportamento que deve ocorrer com a melhora dos sintomas,
por causa do aconselhamento que se deve fazer aos pais e para tratamento de
qualquer problema específico do desenvolvimento que possa estar associado.
(BENCZIK, 2002, p. 63)

A criança que realmente precisa de tratamento é aquela portadora de um diagnóstico


dado por especialistas (neurologista, pediatra ou psiquiatra) que podem evidenciar a
ocorrência do transtorno, ou a presença de alguns sintomas comuns e têm a capacidade de
indicar o tratamento adequado. Ao professor compete o papel de educador, acompanhando,
compreendendo o aluno e lhe oferecendo suporte para sua formação e desenvolvimento.
No entanto, diante de uma sala repleta de alunos, em um ambiente relativamente
pequeno, não parece fácil lidar com o “bagunceiro da turma”, o “terror dos professores”.
Contudo, o professor é peça fundamental para a educação de toda criança, precisando de
muito preparo e valorização para poder desempenhar seu trabalho. É importante ressaltar que
a constatação do diagnóstico de hiperatividade, com provável indicação medicamentosa, leva
ao controle do comportamento do aluno, contudo, os casos de hiperatividade são mínimos, de
forma que a medicação, vista como solução imediata do problema, não é indicada para a
maioria dos casos.
Assim, como nem sempre se consegue chamar a atenção do aluno para as atividades
propostas e diante do desinteresse e da presença de sintomas comuns à hiperatividade, o
professor, normalmente, chama a família à escola, para juntos conseguirem trabalhar a
aprendizagem da criança. Quando o caso é de fato um transtorno, a inquietação, as
dificuldades e ansiedade da criança tendem a ter solução com a medicação. Então, o trabalho
com esta criança, dentro e fora de sala de aula, precisa ser mais significativo, uma vez que
educar alunos com hiperatividade ou apenas comportamentos com indisciplina ou falta de
limites é uma prática que persistirá por longos anos no ambiente escolar, especialmente pelas
transformações contínuas por que passa a sociedade. É preciso que os educadores estejam
sempre atentos para a individualidade de seus alunos, buscando sua aprendizagem curricular,
mas, em especial, seu desenvolvimento e formação social, o que se acredita estar além do
sucesso escolar.
Hallowell (1999) ressalta que o professor precisa saber reconhecer em seus alunos o
tipo de comportamento que apresentam, e conforme não tenham formação específica para
fazê-lo, podem encaminhá-los para os profissionais especializados.
21

O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social


da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender.
Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças
podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As crianças hiperativas
estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas.
São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e
necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas, são propensas a se
machucar e a quebrar e danificar coisas. (HALLOWELL, 1999, p. 29).

Ao se tratar de uma criança hiperativa, a preocupação é ajudá-la a se desenvolver da


melhor forma, ser cada vez mais independente, em casa, na escola, com amigos e colegas.
Sendo a indisciplina uma das dificuldades mais comuns enfrentadas por professores, é certo
que o professor, em sua prática docente, tente envolver todos os alunos de maneira prazerosa
e eficaz para a aprendizagem, traçar novas técnicas para a prática docente, compreender o
aluno e buscar uma estratégia para se chegar até ele, até sua aprendizagem e seu prazer em
aprender, em participar, em contribuir com a construção do conhecimento escolar.
Cury (2008, p.) afirma que “os professores fascinantes resolvem os conflitos em sala
de aula”. Este hábito contribui para desenvolver nos alunos a capacidade de resolver
problemas, superar a ansiedade, resolução de crises interpessoais, socialização, capacidade de
liderança positiva, auto-estima.
A dedicação profissional, a sensibilidade, o ensino dos traços de caráter são temas
fundamentais para o trabalho do professor em sala de aula. Diante de alunos resistentes, o
professor precisa lembrar que as “crianças excessivamente inquietas, agitadas, com tendência
à agressividade, que se destacam do grupo pela dificuldade de aceitar e cumprir as normas, às
vezes, não conseguindo produzir o esperado para sua idade, representam um desafio constante
para suas famílias e a escola” (BENCZICK, 2002, p. 19). Não é o fato de saber diferenciar
hiperativos de indisciplinados que será base para educar determinados alunos. Diversas
considerações precisam ser feitas, em todos os ambientes em que a criança vive, por todos os
responsáveis por sua educação e formação, sempre buscando seu desenvolvimento e evitando
a rotulação de comportamentos que acaba por discriminar. É muito importante que família e
escola se unam nesse processo de desenvolvimento, tendo claro que:

Certa dose de teimosia é normal em toda criança e faz parte do processo evolutivo
infantil. Porém, quando teimar, enfrentar e desafiar tornam-se hábito persistente e
exacerbado no cotidiano da criança, acompanhado de atitudes agressivas, isso sugere
um distúrbio-sinal de que alguma coisa não está funcionando bem na sua relação
com os pais, com ela mesma e com o mundo, e as causas devem ser buscadas.
(BENCZIK, 2002, p. 39)

É importante verificar se este estado de agressividade instala-se de forma permanente


ou temporária e se a criança apresenta também em casa, dificuldades de relacionamento, de
22

comunicação e de expressão de sentimentos. É fundamental refletir e também observar o


clima familiar, o que é exigido da criança e quais as suas atitudes diante das exigências.

Muitas vezes o comportamento da criança pode ser confundido ou interpretado, por


adultos desavisados, como teimosia. No entanto, esse é o modo dela expressar sua
curiosidade, sua ânsia por experimentar sensações e situações novas (desafios), não
conseguindo conter sua ansiedade. Vale considerar que cada criança reage de acordo
com sua personalidade. (BENCZIK, 2002, p. 64)

Pelo exposto, não existe uma resposta pronta, uma solução rápida, uma receita mágica
que se ajuste a todos os casos e a todas as crianças, uma vez que a indisciplina é apenas um
sintoma que esconde (ou mostra) um problema. O professor primeiro tem que descobrir o seu
significado, aquilo que a criança manifesta através do sintoma, para depois sair em busca da
abertura de um canal de comunicação que lhe permita lidar e apoiar a criança. Pode parecer
simplista, mas acredita-se que se a educação estivesse um pouco mais humanizada os
problemas decorrentes de discriminação e rótulos dentro das salas de aula seriam bem menos
expressivos. Então, é fundamental que a humanização na educação aconteça, é muito
importante conhecer a criança, sua realidade sócio-familiar, percebê-la como um ser único e
ouvi-la, com um olhar e uma escuta afetiva.

II - HIPERATIVIDADE: critérios diagnósticos


23

METODOLOGIA
Métodos e Recursos

Para unir as reflexões teóricas à realidade prática, pensando nas relações professor-
aluno, escola-aluno, escola-família, história da vida escolar, no âmbito da diferenciação entre
indisciplina e hiperatividade, este estudo contou com a participação de seis professores que
trabalham com crianças na Educação Infantil, nas redes estadual, municipal e particular de
ensino, no município de Patos de Minas – MG. Esses professores responderam a um
questionário (com perguntas fechadas e abertas) elaborado para este fim e cujas respostas
24

ajudam na compreensão dessas diversas questões levantadas, e, assim, na elaboração de


propostas sobre atitudes adequadas no direcionamento do trabalho com crianças que
apresentam alguma forma de comportamento inadaptado. Vale ressaltar que os professores
não precisaram se identificar nominalmente e puderam responder às perguntas sem a presença
das pesquisadoras.
Para atingir os objetivos propostos no estudo: conhecer e compreender as temáticas
adjacentes à confusão e à diferenciação entre indisciplina e hiperatividade; efetivaram-se dois
momentos de investigação. O primeiro momento, composto pela pesquisa teórica apresentada
através de levantamento e seleção de reflexões contidas em livros, revistas e meios
eletrônicos, embasando as questões que tratam da indisciplina, a hiperatividade, o transtorno
de déficit de atenção, a atuação de professores e a participação da família no ambiente escolar
e fora dele. No segundo momento, realizou-se a pesquisa de campo e, para o seu
desenvolvimento, foi utilizado um questionário, que aborda informações a partir da
combinação de questões abertas favorecendo a opinião com mais profundidade sobre o tema
proposto. Para responder a este questionário, foram contatados apenas professores que atuam
na Educação Infantil, isto porque a intenção do trabalho era observar a presença da
indisciplina e os falsos diagnósticos de hiperatividade/déficit de atenção, justamente quando
as crianças estão começando seu processo de escolarização, haja vista que se evita fechar
diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, antes dos 7 (sete) anos de idade, já que as
crianças estão em pleno desenvolvimento. A análise dos dados coletados foi desenvolvida
através uma análise de conteúdo das respostas apresentadas, tabelando e analisando o
conteúdo das reflexões dos professores participantes, permeando a teoria estudada.

RESULTADOS
A REALIDADE DOS FATOS: apresentação de resultados dos questionários aplicados a
professores da Educação Infantil

Os resultados da pesquisa de campo seguem-se conforme cada pergunta do


questionário (vide anexo), de forma que se discute e se reflete sobre cada aspecto levantado
conforme se tenha de anteparo a teoria já mencionada. Assim, a primeira pergunta abordou a
formação acadêmica dos professores participantes e é ilustrada na Tabela 1:
25

Tabela 1: Formação acadêmica dos professores abordados


Formação acadêmica Professores %
Licenciatura Plena em Pedagogia 03 50,1
Pós-Graduação em Educação Especial 02 33,3
Pós-Graduação em Língua Portuguesa 01 16,6
TOTAL 06 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Dos professores abordados, 50,1% cursaram Pedagogia, não tendo realizado pós-
graduação; 33,3% têm pós-graduação em Educação Especial e 16,6% têm pós-graduação em
Língua Portuguesa. Neste quesito, os entrevistados demonstraram, no mínimo, serem
professores com formação profissional mínima ou já com direcionamento para determinada
área de interesse. Cury (2008, p. 24), ilustra que “bons professores possuem metodologia,
professores fascinantes possuem sensibilidade. (...) Bons professores são didáticos,
professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração de seus
alunos”. Certamente, um professor experiente terá menos problemas com alunos
indisciplinados, pois terão mais recursos para atuarem com os alunos, assim, o professor
fascinante abolirá a supremacia da didática em prol da construção de um espaço para alunos
mais participativos e mais sábios.
A realidade vivenciada pelos professores nas escolas públicas e privadas é desafiadora,
conforme se vê nos noticiários com frequência; contudo, os alunos que apresentam problemas
nas escolas, são, antes, seres em processo de formação que vivenciam problemas estruturais
na família e na sociedade da qual fazem parte, ou melhor, dela são excluídos, de uma ou
várias formas. E é por isso que os professores precisam ser “fascinantes”, pois, além da falta
de valorização profissional, sem remuneração digna e capacitação continuada, precisam ser
fortes e amáveis o suficiente para tratar e educar seus alunos que clamam por atenção, já que
muitas vezes não a recebem da família e muito menos da sociedade. O professor fascinante é
de acordo com Cury (2008, p. 24) aquele “que acolhe a diferença, a revolta, a agressividade e
ensina e educação, o respeito e a dignidade”.
A partir da segunda pergunta do questionário pretendeu-se conhecer o tempo de
atuação como educador ou professor a fim de interpretar essa informação. Ilustra-se esse item
na Tabela 2:
26

Tabela 2: Tempo de atuação como educador


Tempo de atuação Professores %
27 anos 01 16,6
18 anos 01 16,6
15 anos 03 50,1
12 anos 01 16,6
TOTAL 06 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Cury (2008), diz que “no passado o conhecimento dobrava em dois ou três séculos. Na
contemporaneidade, o conhecimento dobra a cada cinco anos”. Nesta amostra de educadores
com, no mínimo 12 anos de prática, quanto conhecimento se desfruta através destes
educadores, quando 50,1% deles têm 15 anos de atuação como professor, 16,6% tem 27 anos,
outros 16,6% com 18 anos e 16,6%, com 12 anos de atuação na arte de ensinar. Acredita-se
que a experiência profissional, apesar do desgaste, promove transformações no ambiente
escolar e na formação dos alunos. Assim, os professores, a cada ano de trabalho, a cada
dificuldade vivenciada com alunos, podem usar e ensinar seus conhecimentos buscando a
qualidade de vida dos alunos e introduzindo idéias e ideais de conquistas futuras para suas
vidas.
Para conhecer um pouco mais sobre os agentes educativos abordados na pesquisa, a
terceira pergunta do questionário indaga sobre a modalidade de ensino na qual cada professor
atua.

Tabela 3: Modalidade de ensino na qual o educador atua


Modalidade de Ensino Professores %
Educação Infantil 05 83,3
Educação Infantil e Ensino Fundamental 01 16,7
TOTAL 06 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Propositalmente, os professores abordados atuam na Educação Infantil, sendo que um


professor também atua no Ensino Fundamental. Esta abordagem proposital deve-se ao fato de
que, durante todo o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, centrou-se sobre a
27

problemática indisciplinar e os equívocos em diagnosticar a hiperatividade/déficit de atenção,


justamente em crianças que iniciam o processo de escolarização, isto conforme o abordado ao
longo deste estudo.
A partir da quarta questão, as perguntas da entrevista se direcionam mais diretamente
aos questionamentos mencionados ao longo da construção deste trabalho de conclusão de
curso. Assim, foram averiguadas as opiniões dos professores acerca da indisciplina, da
hiperatividade, dos diagnósticos e a atuação da família diante de problemas apresentados por
seus filhos na escola. A Tabela 4 expressa um dos itens que foram analisados a partir de uma
das perguntas do questionário:

Tabela 4: Características observadas em alunos com indisciplina


Características observadas Respostas %
Tentam chamar a atenção o tempo todo 06 18,75
Batem nos colegas 06 18,75
Falam sem pensar e se intrometem na conversa dos outros 05 15,625
Gritam muito 05 15,625
Desrespeitam regras da sala de aula e das brincadeiras 04 12,5
Não acatam normas construídas em sala de aula 04 12,5
Beliscam os colegas 02 6,25
TOTAL 32 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

De fato, as características observadas em um aluno com indisciplina são marcantes e a


totalidade de respostas está relacionada a questões de socialização. Assim, foram computadas
para esta questão as considerações dos professores entrevistados a respeito de alunos que
apresentam comportamentos indisciplinados, conforme resultados apresentados na Tabela 4 e
cuja escala foi criada através da análise de conteúdo das respostas dadas pelos professores à
pergunta referente.
Observa-se que as características relacionadas pelos professores para os alunos
indisciplinados têm muito em comum com as características de hiperatividade relacionadas no
Capítulo II deste estudo. Percebe-se que a presença desses comportamentos relatados pelos
professores participantes, dentro da sala de aula, pode desencadear problemas imensos no
processo educativo, deixando os professores confusos e perdidos diante de tal situação.
Também se questiona, a partir da análise das respostas, qual seria a postura dos pais diante
28

destes comportamentos dos filhos dentro de casa, e se aqueles seriam repetição de atitudes
comuns e não banidas em casa.
Observando a recorrente aproximação de sentidos entre indisciplina e hiperatividade
no ambiente escolar e entre as famílias, a quinta questão tentou investigar como o professor
diferencia a indisciplina e a hiperatividade quanto a alguns de seus alunos no ambiente
escolar. O resultado é o que se vê na Tabela 5:

Tabela 5: Como diferenciar um aluno indisciplinado de um aluno hiperativo ou portador de


déficit de atenção
Respostas Número %
O aluno indisciplinado consegue terminar tarefas, o 06 42,85
hiperativo não consegue.

O aluno hiperativo tem muita dificuldade na escrita e no 05 35,73


desenho, o indisciplinado nem sempre.

Na verdade, somente se diferencia um aluno do outro após 02 14,28


conversar com os pais ou responsáveis.

O aluno hiperativo dificilmente se socializa, já o 01 7,14


indisciplinado sempre consegue construir amizades.

TOTAL 14 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Gentile (2000) defende, em seu artigo para a Revista Nova Escola, que “os professores
devem ter conhecimento do conflito indisciplina X hiperatividade e aprender a discriminar
entre os dois tipos de problema” (p.30). Sendo assim, o que se verificou entre os professores
investigados é que definem parâmetros de diferenciação muito vagos e relativos, e talvez, por
esta razão, tenha sido comum que se utilizem de “diagnósticos” não especializados acerca da
hiperatividade como forma de justificar algumas posturas e se eximir de maiores
responsabilidades. Assim, constatou-se que 42,85% dos professores entrevistados dizem
diferenciar o aluno indisciplinado do hiperativo justamente pelo fato de que o aluno
indisciplinado consegue terminar tarefas, já o hiperativo não consegue; o aluno hiperativo tem
muita dificuldade na escrita e no desenho, o indisciplinado nem sempre; isto para 35,73% dos
entrevistados. Além disso, 14,28% dos professores mencionaram que, na verdade, somente
fazem a diferenciação quando conversam com os pais ou responsáveis sobre as dificuldades
apresentadas pelo aluno e finalmente, 7,14% alegam que o aluno hiperativo dificilmente se
socializa, enquanto o indisciplinado sempre consegue construir amizades.
29

A partir dessa diferenciação foi proposto aos professores que apontassem recursos
utilizados para a promoção do processo ensino-aprendizagem junto aos alunos com as queixas
comportamentais apresentadas a partir das perguntas 4 e 5, de forma que se pôde construir a
Tabela 6 para verificação dos dados levantados:

Tabela 6: Recursos utilizados para promover o processo ensino-aprendizagem com alunos


indisciplinados
Recursos Respostas %
Tenta manter-se mais calma 04 26,6
Procura ser mais tolerante dentro dos limites 03 20,0
Elogia quando as atividades são realizadas 03 20,0
Separa alunos perturbadores dos demais 02 13,3
Solicita ajuda na execução de atividades e brincadeiras 02 13,3
Canaliza atividades para estes alunos 01 6,8
TOTAL 15 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Os professores, notadamente nessa investigação, concentram em si as atitudes a serem


tomadas diante de situações de conflito com relação aos alunos indisciplinados. Tanto é
verdade que a maioria dos recursos elencados é de ação deles próprios: tentam se manter mais
calmos, mais tolerantes, elogiam, separam os alunos indisciplinados dos demais, solicitam
ajuda, canalizam atividades, ou seja, cada recurso, com maior ou menor frequência, é
utilizado almejando a aprendizagem. Contudo, essa postura acaba por tirar desses alunos a
responsabilidade e a possibilidade de modificar seus comportamentos. Os professores
precisam sempre criar estratégias que garantam a internalização adequada de regras de
convivência, minimizando a ocorrência de situações conflituosas.
E qual seria, então, o papel da família neste processo de aprendizagem, junto à escola
e aos professores, diante das parcelas de responsabilidade pela educação desse aluno? Nesse
sentido, a sétima questão do roteiro de perguntas buscou investigar essa participação familiar
na vida do aluno. Ilustrado o resultado pela Tabela 7, verifica-se:

Tabela 7: Como a família pode estar presente dentro do ambiente escolar, para que ocorra a
extinção ou minimização da indisciplina e para a promoção de uma aprendizagem
significativa e prazerosa
Presença da família no ambiente escolar Respostas %
30

Estar atentos às atividades e ao comportamento do filho 06 40,0


Participar das reuniões e eventos promovidos pela escola 06 40,0
Promover encontros entre as famílias através de palestras e 03 20,0
festas de confraternização
TOTAL 15 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Para a criança, a participação da família em todos os campos de sua vida é importante.


Na avaliação dos professores entrevistados, 40,0% das respostas mencionam que a família
deve estar atenta às atividades e ao comportamento do filho, outros 40,0% das respostas
trazem que a família deve participar de reuniões e eventos promovidos pela escola e mais
20,0% das respostas mencionam que a família precisa participar de palestras e festas de
confraternização na escola. Para esses professores, essas posturas são de responsabilidade da
família para com o processo educativo da criança, porque é fundamental às crianças, como
seres em processo de formação e desenvolvimento, sentir a presença física e afetiva dos
pais/responsáveis, especialmente na fase de escolarização, em que se dá a descoberta do
mundo através das palavras, da leitura, da escrita, do contato com o outro e com as diferenças.
Cury (2008), mais uma vez, ilustra o que se deveria entender por participação familiar
na vida dos filhos:
Bons pais atendem, dentro das suas condições, os desejos de seus filhos. Fazem
festas de aniversário, compram tênis, roupas, produtos eletrônicos, proporcionam
viagens. Pais brilhantes dão algo incomparavelmente mais valioso aos filhos. Algo
que todo o dinheiro do mundo não pode comprar: o seu ser, a sua história, as suas
experiências, as suas lágrimas, o seu tempo. (CURY, 2008, p. 16)

Não se trata apenas de comparecer a reuniões e eventos escolares, nem de preencher


um vazio com coisas materiais. O que se espera da família é a doação de tempo e amor, da
participação interessada e colaborativa na educação escolar de seus filhos.
De acordo com Franco (1996), quando a família é ausente, até mesmo em atividades
corriqueiras como uma reunião na escola de seu filho, como se observa quanto aos pais dos
alunos com mais dificuldades de comportamento, muitos professores diante do desafio de
ensinar, ou melhor, educar o aluno, vêem-se obrigados a sugerir hipóteses diagnósticas de
“salvamento”, às vezes, com ações desesperadas, como a procura de outra instituição que dê
conta daquele aluno.
A indisciplina tem chegado a graus tão severos que o professor, conforme os
resultados da pesquisa mostram, acredita estar lidando com um aluno hiperativo, que precisa
31

de medicação e acompanhamento continuado e, assim, sugere à família que procure ajuda


especializada, já que as técnicas pedagógicas não mais instigam o interesse do aluno para as
atividades propostas, nem contêm seus comportamentos. A Tabela 8 vem apresentar as
considerações acima:

Tabela 8: Expectativas do professor quanto a um diagnóstico médico ou psicológico para o


aluno com queixa de indisciplina
Expectativas do professor Respostas %
A expectativa é de “solução” para a indisciplina 05 83,3

A expectativa é que, através do diagnóstico de um


especialista, a família se envolva mais com a escola e na 01 16,7
aprendizagem do filho

TOTAL 06 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Na realidade, as expectativas dos professores basicamente estão centradas na solução


para a indisciplina, uma vez que, quando um professor convoca a família para levar uma
criança à presença de especialistas é quando (quase) tudo o que estava ao seu alcance já fora
esgotado, sem sucesso. Confirmar as hipóteses suspeitadas, para o professor – conforme o que
se nota através das respostas tabeladas, é como se proteger de uma ameaça iminente, em que
se sabe que será atingido; é, de fato, um alívio, especialmente quando o diagnóstico já se
apresenta com o receituário de medicamentos, os quais estão sendo corriqueiramente usados
na comunicação de médicos, pais e professores, ressaltam-se Ritalina, Imipramina, dentre
outras medicações.
Pensando nisso, questionou-se o que mudaria na atuação do professor mediante a
medicalização de um aluno, para que se pudesse analisar, do ponto de vista pedagógico e
psicossocial, sem entrar nos méritos médicos e nas consequências a longo prazo do uso
continuado de medicação por crianças, a necessidade da medicação a partir do diagnóstico de
hiperatividade e/ou déficit de atenção. Nota-se que a resposta foi unânime, sendo ilustrada
pela Tabela 9:

Tabela 9: O que muda na atuação do professor mediante a medicalização de um aluno


Mudança de atuação mediante a medicalização Resposta %
06 100,0
Quanto à medicalização, com certeza, se teria mais atenção
32

ao aluno, às suas dificuldades e às suas reações a partir de


então.
06 100,0
TOTAL
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Para os professores entrevistados, ao ser medicada, a criança hiperativa deixará de ser


indisciplinada, uma vez que todos os entrevistados alegaram que teriam mais atenção com o
aluno, às suas dificuldades e reações a partir da medicação. E, assim, como se esperava, a
partir das experiências no ambiente escolar e do discurso dos educadores, o que fica claro é
que a ação medicamentosa tem sido, cada vez mais, considerada fundamental, deixando de
lado a arcaica e sublime ação do amor, do afeto, da construção do conhecimento, do tempo
disponível. Não seconsidera que esta estratégia do amor, do olhar o aluno mais de perto e de
forma mais sensível possa substituir a terapia e a medicação, mas certamente tornaria a
adoção medicamentosa mais cautelosa. Uma situação complexa não se resolve num instante,
de forma imediata, é preciso tempo, investigação, desejo em acompanhar, em ensinar, mas,
parece ser o que tem faltado às pessoas, nesse caso à família e a alguns professores.
Assim, também se investigou as expectativas do professor diante da confirmação ou
negação do diagnóstico já apontado anteriormente no ambiente escolar, na tentativa de
entender o que este sente diante do problema. A partir da Tabela 10, é possível observar o
esboço das respostas e tirar algumas conclusões:

Tabela 10: Expectativas do professor diante da confirmação ou negação de um diagnóstico de


hiperatividade
Expectativas Respostas %
Melhoria no comportamento escolar (confirmação do 05 38,46
diagnóstico*)

Espera de maior apoio familiar em todas as atividades do 04 30,76


aluno

Através de atividades específicas, propiciar uma 03 23,09


aprendizagem mais significativa ao aluno (confirmação do
diagnóstico*)

Se ocorrer negação no diagnóstico, buscar novas técnicas 01 7,69


pedagógicas que visem à aprendizagem do aluno e a um
melhor comportamento em sala de aula

TOTAL 13 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores na localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.
33

Esta questão pareceu ser um tanto complicada, uma vez que as respostas apuradas,
com exceção de uma, apontam apenas expectativas quanto à confirmação de diagnóstico.
Entende-se, então, que, ao encaminhar um aluno para avaliação especializada a fim de
confirmação ou negação de diagnóstico, os professores, em geral, têm a expectativa de que o
seu “diagnóstico prévio” seja confirmado pelo especialista. Assim, 38,46% apontam como
expectativa a melhoria no comportamento escolar; 30,76% esperam maior apoio familiar nas
atividades do aluno; 23,09% esperam propiciar a aprendizagem mais significativa ao aluno
utilizando atividades específicas. Ocorrendo negação da suspeita pedagógica do diagnóstico,
7,69% acreditam que, se buscarem novas técnicas pedagógicas, conseguirão atingir o aluno
para buscar a aprendizagem e a melhoria no comportamento em sala de aula.
Na realidade, antes mesmo de contemplar a indisciplina de um aluno, os professores
precisam buscar esgotar todas as técnicas e recursos possíveis para a aprendizagem. Não se
questionam as enormes dificuldades de todos os tipos enfrentadas pelos professores dentro de
uma sala de aula, mas um diagnóstico não pode ser usado para produzir ou perpetuar atitudes
rotuladoras e preconceituosas com crianças que apresentam problemas de comportamento. O
alarde sobre o diagnóstico de uma doença no ambiente escolar causa prejuízos internalizados
pela criança por toda sua vida, com sentimentos negativos de inferioridade, insegurança,
impotência. O que se quer demonstrar é a necessidade de não banalização da doença, do uso
excessivo de remédios, é também propor o não uso de atitudes preconceituosas e
discriminatórias no ambiente escolar. Esse estudo quer mostrar que a melhor estratégia para
“curar” a indisciplina e a hiperatividade, é amor, afeto, atenção à criança. Os
acompanhamentos psicoterapêuticos mostram que, em terapia, uma criança, tanto hiperativa
quanto indisciplinada, responde satisfatoriamente a testes e atividades de raciocínio, atenção,
percepção, com comportamentos bastante ajustados quanto à compreensão e internalização de
regras e limites. Contudo, nota-se extrema carência afetiva, nota-se que a criança não está
acostumada a receber atenção, a ter alguém disponível para ouvi-la, para brincar. Essa é,
portanto, a estratégia, e é preciso recriar sua fórmula nos corações dos professores e dos
responsáveis pelas crianças.
O que se observou nas respostas dos professores quanto às conseqüências da
confirmação ou negação do suspeito diagnóstico, foi a abordagem do que é essencialmente
pedagógico, ou seja, mais uma vez, os professores não se aprofundaram na questão, não
mencionaram o papel da escola como formadora de pessoas, uma vez que a família tem
delegado essa função para a escola com muita freqüência. Esse distanciamento do aspecto
34

afetivo e emocional para a formação da criança diante de um diagnóstico apresenta-se na


Tabela 11:

Tabela 11: Conseqüências da confirmação ou negação de um diagnóstico de hiperatividade


para o aluno
Conseqüências da confirmação ou negação do diagnóstico Respostas %
Envolvimento de todas as pessoas que convivem com a 05 25,0
criança em benefício do tratamento
Promoção de uma avaliação freqüente e imediata 05 25,0
Material didático adequado às habilidades do aluno 04 20,0
Elaboração de tarefas variadas e interessantes para o aluno 03 15,0
Supervisão dos horários de recreio e atividades extraclasses 03 15,0
do aluno
TOTAL 20 100,0
Fonte: Questionário aplicado a professores da localidade de Patos de Minas – MG, setembro/2.009.

Quanto a esta questão, Cury (2008) auxilia a compreensão do que se vê na Tabela 11:

As técnicas não envolverão mudanças no ambiente físico e no material didático


adotado, mas no ambiente social e psíquico dos alunos e dos professores. A
aplicação de técnicas na escola depende do material humano: do treinamento dos
professores e da mudança da cultura educacional. Elas objetivam a educação da
emoção, a educação da auto-estima, o desenvolvimento da solidariedade, da
tolerância, da segurança, do raciocínio esquemático, da capacidade de gerenciar os
pensamentos nos focos de tensão, da habilidade de trabalhar perdas e frustrações.
(CURY, 2008, p. 86)

As conseqüências apresentadas pelos educadores colaboradores através do


questionário aplicado são: envolvimento de todas as pessoas que convivem com a criança em
benefício do tratamento (25%); promoção de uma avaliação freqüente e imediata (25%); uso
de material didático adequado às habilidades do aluno (20%); elaboração de tarefas variadas e
interessantes para o aluno (15%) e supervisão dos horários de recreio e atividades extraclasse
do aluno (15%). Essas conseqüências apontadas retratam o que de fato poderia ocorrer antes
mesmo de se diagnosticar a origem da indisciplina do aluno. Seria melhor mesmo promover a
formação de alunos solidários, tolerantes, capazes de gerenciar suas próprias atitudes.
Conforme já se mencionou, os professores parecem querer se afastar do problema,
consciente ou inconscientemente, e, ao fazê-lo, acabam por tirar da criança mais uma vez,
caso a família já lhe tenha negado, a oportunidade de ser compreendida, ensinada, educada.
Concordando com Cury (2008) e com as idéias em forma de conto de Alves (2005, p. 44),
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“não é o espaço físico e técnico da sala ou as estratégias de ensino que precisam ser
mudadas”, é claro que isso também pode colaborar, mas, “o que precisa ser primeiro
modificado é formação pedagógica e emocional dos professores para que estejam preparados
para lidar com todo tipo de diferenças, conseguindo os maiores benefícios possíveis para a
criança, tornando-a igual competente e segura diante de qualquer situação de sua vida”.
Alves (2005, p. 44) alega ainda que “os professores já são heróis diante de todas as
adversidades do contexto escolar e entrarão para a história de vida de crianças e suas famílias
e para a história da educação como personalidades totalmente realizadas”. Infelizmente,
alguns poucos profissionais tem essa disponibilidade em se envolverem pessoal e
emocionalmente com o processo educativo e de formação de seres auto-suficientes. Assim, o
que se observa nessa pesquisa teórico-prática, é que precisa haver uma capacitação continuada
de professores e educadores e um processo de educação das famílias para que as crianças
tenham instituições de apoio centradas e preparadas para acompanhada de forma sistemática e
competente o desenvolvimento de cada criança, seja qual for a sua dificuldade, respeitando as
individualidades e as diferenças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho de conclusão de curso, espera-se contribuir para que os professores
reflitam sobre o desafio de construir o processo de ensino e aprendizagem com alunos
indisciplinados, hiperativos, desatentos, com dificuldades de aprendizagem, ou seja, ensinar a
e na diferença. Afinal, é através dos desafios que se aprende: é pelo novo, pelo desconhecido,
pelo instigador que se despertam os recursos para a criação de estratégias de superação de
adversidades. Um aluno hiperativo e um aluno indisciplinado, ambos devem ser tratados
como seres humanos, em processo de formação e, como em todo processo, é preciso lembrar
que há recuos, avanços, declives e aclives para a construção da individualidade.
Muitas vezes, a indisciplina apresenta características que se assemelham a transtornos
como hiperatividade e déficit de atenção, embora, já se saiba, a incidência de TDAH seja de
5%, devendo ser diagnosticada a partir dos sete anos. No entanto, todo cuidado é pouco para
se evitar de rotular um aluno. O importante é ter em mente que comportamentos desajustados
podem ser, em geral, um pedido de ajuda, um grito por atenção. Antes de qualquer atitude
preconceituosa, é preciso buscar estratégias de envolvimento e de incentivo. Ao professor, é
imprescindível ensinar com emoção, valorizar a auto-estima, evitar a discriminação, promover
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a solidariedade, buscar soluções para conflitos dentro e fora da sala de aula, trabalhar perdas e
frustrações e sabiamente interpretar conflitos e atitudes.
Nota-se que muito do processo educativo está delegado à responsabilidade dos
professores, afinal, as famílias, muitas vezes, estão inertes e alheias aos desafios da educação
de seus filhos. Também sob a responsabilidade dos professores, além de tudo o que se falou
neste estudo, está sendo colocada a necessidade de se educar a emoção, ensinar o amor, a
alegria de aprender, o fascínio de viver a vida.
Nas escolas onde se desenvolveu a pesquisa de campo, foi possível constatar que o
professor prepara um relatório, descreve todas as “peripécias da criança”, talvez na tentativa
de expressar sua aflição, e sugere à família que busque ajuda especializada, uma vez que, em
decorrência de tudo aquilo que está ali descrito, precisa de ajuda para esta criança. Nota-se
também, portanto, o desconforto, o desespero e o despreparo de muitos professores, sem lhes
culpar, ao contrário, na tentativa de fomentar a idéia de que é preciso haver preparo da
sociedade, através das políticas públicas, para aceitar e conviver com as diferenças,
colaborando para o progresso e qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, a escola assume
um papel fundamental, necessitando que seus profissionais estejam prontos para acompanhar
cada dificuldade de um aluno em prol de seu desenvolvimento.
Dentro de um universo de alunos, lidar com a indisciplina não é fácil, é um desafio
contínuo, mas, seguir um atalho e associá-la a transtornos ou doenças, conforme se discutiu
no corpo deste trabalho, gera uma situação mais complexa ainda, uma vez que o caminho a
seguir, mesmo que longo e tortuoso, é direcionar a prática pedagógica para a formação de
pessoas autenticamente preparadas para atuar no mundo de forma crítica e socializada. O
papel do professor é fundamental, não para diagnosticar uma doença, mas para atuar com os
alunos, em suas diversidades, observando sim seus comportamentos e direcionando
possibilidades de atenção a esses alunos, mas nunca rotulando ou enquadrando o aluno em um
perfil que possa comprometer seu desenvolvimento biopsicossocial.
Ora, medicar o aluno para que ele se torne mais tranqüilo, termine atividades, não
perturbe a aula, não incomode o colega, não bata, não belisque, não fale alto, não se intrometa
em assuntos que não lhe dizem respeito, lhe tira sua condição natural de ser criança. A
medicalização pode amenizar muitos comportamentos, contudo, não se sabe ainda quais os
efeitos desse uso ao longo da vida. Além disso, pode acontecer de, em alguns casos, como
tem se tornado corriqueiro o uso de termos associados a “hiperativo”; crianças serem
medicadas sem real necessidade, ao invés de serem tratadas pela técnica natural da atenção,
do apoio, da compreensão, já que a criança passa a ser como as outras, mas, seus sentimentos
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e comportamentos de auto-expressão ficam reprimidos. E, mais uma vez, ressalta-se, um


diagnóstico, um tratamento, um medicamento, não podem servir para massificar as crianças.
O papel da escola não pode ser esse, ao contrário, a escola e os educadores precisam aprender
a trabalhar com as diferenças, com as dificuldades, com as mazelas que as crianças já trazem
de seu contexto sociofamiliar. É preciso aceitar e acolher cada pedido de ajuda apresentado
por um gesto agressivo, um comportamento agitado, pois, ao negá-los, a criança perde mais
uma referência de suporte, apresentando-se indefesa e sozinha, e, portanto, cada vez mais,
agirá assim, por autodefesa.
Espera-se que os educadores e a escola construam uma maneira de pensar esse
problema recorrente, e, diante de casos de indisciplina e de hiperatividade diagnosticada,
busquem sem cessar a família, para juntas criarem estratégias para atender essas crianças em
suas necessidades. Na verdade, as estratégias já estão há muito criadas, é preciso reinventá-las
e utilizá-las em todos os momentos no processo de desenvolvimento da criança: essas
estratégias são a aceitação, o respeito, a compreensão, a atenção, o amor; afinal uma criança
só expressa o que vive e aprende.
Que os responsáveis e educadores reencontrem o caminho da educação,
compreendendo o complexo mundo do qual é formada cada criança. O objetivo da escola,
mesmo que a sociedade exija, não deve ser criar máquinas de pensar e trabalhar, mas
indivíduos autônomos com sensibilidade para aprender e se relacionar com o mundo.
Pensando assim, de forma menos enfática e imediatista, pode-se ver a indisciplina e a
hiperatividade como um desafio para que o educador e os colegas de sala possam contribuir
para desenvolverem suas capacidades de tolerância às diferenças, companheirismo, ensinar e
aprender com o outro, criar soluções em grupo para conflitos, organizar pensamentos e
sentimentos, de perdoar, controlar emoções, socializar, dentre outras.
Ainda é possível acreditar no poder dos olhos. Mesmo na era da comunicação, o
entendimento entre as pessoas não evolui, por este motivo é importante que no ambiente
escolar possa se aprender a se comunicar através do olhar. Acredita-se sim na posição
romântica de Cury, a educação também como a saúde pública, precisa urgentemente ser
“humanizada”. Que em casa e na escola as crianças possam se sentir acolhidas e
compreendidas por um olhar afetivo, um olhar educativo, um olhar humano, pois, crianças
educadas assim, poderão construir uma sociedade futura mais harmoniosa.
A discussão desse tema é polêmica e deve observar a estrutura da sociedade, os tipos
de relações interpessoais vigentes, a permissividade da família e dos professores diante de
comportamentos inadaptados, a diversidade de constituições (e reconstituições) familiares, o
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distanciamento emocional nas relações, as formas de educação vivenciadas por crianças,


adolescentes e jovens na família e na escola, a ditadura educacional arcaica, a necessidade de
renovação do processo educativo, para que o problema não fique centrado somente no aluno,
desconsiderando todo o contexto no qual ele foi gerado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALVES, R. A alegria de ensinar. Campinas: Papirus, 2005.

BENCZIK, E. B. P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: atualização


diagnóstica e terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

CURTO, P. M. A escola e a indisciplina. Porto (Portugal): Porto, 1998.

CURY, A. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

DROUET, R. C. R. Fundamentos da educação pré-escolar. São Paulo: Ática, 2004.

FRANÇA, O. AQUINO, J. G. (org.) Indisciplina na escola – alternativas teóricas e práticas.


São Paulo: Summus, 1991.

FRANCO, L. A. C. A disciplina na escola. São Paulo: Ande, 1996.

FREEMAN, J. Dentro e fora da escola – uma introdução à psicologia aplicada em educação.


Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982.

GENTILE, P. Indisciplinado ou hiperativo. Nova Escola. São Paulo: Abril, p. 30, maio de
2.000.
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HALLOWELL, E. Tendência à distração. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

KOCH, A. S. ROSA, D. D. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Disponível


em http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?420, acessado em 10/09/2009.

PIAGET, J. Biologia e conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2ª edicão, 1996.

OUTEIRAL, J. O. Adolescer: estudos sobre a adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas,


1994.

ROSENBERG, L. apud FRANCO, L. A. C. A disciplina na escola. São Paulo: Ande, 1996.

APÊNDICE 1

Questionário para os Professores Colaboradores

UNIVERSIDADE FUMEC – Faculdade de Ciências Humanas


Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Psicopedagogia
Pesquisadoras: Daniela Canaan Barros Lima, Fernanda de Barros Paixão, Juliana Ferreira
Bemfeito Albuquerque, Liliane Victor dos Santos, Nayara Cristina de Faria Cunha.

Prezado(a) educador(a), este questionário é parte integrante do Trabalho Científico


“Indisciplina ou Hiperatividade? Diagnósticos Equivocados” e o objetivo é confrontar a teoria
estudada e a realidade sobre o diagnóstico de indisciplina, no ambiente escolar. Sua
colaboração é de fundamental importância, não sendo necessária a sua identificação.
Obrigado.
1. Formação acadêmica: ___________________________________________________
2. Tempo de atuação como educador: _________________________________________
3. Modalidade de ensino na qual atua: ( ) Educação Infantil
( ) Ensino Fundamental
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( ) Ensino Médio
( ) Ensino Superior

4. A indisciplina é tida como um dos grandes problemas da educação, atualmente. Que


características são observadas por você em um aluno com indisciplina?
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________________________________________________________________________

5. Segundo a teoria estudada, os educadores enfrentam desafios significativos na arte de


ensinar devido à indisciplina de muitos alunos. Além da indisciplina há ainda a ocorrência
de hiperatividade e de transtorno de déficit de atenção. Como educador (a), como você
diferencia um aluno indisciplinado de um hiperativo ou portador de déficit de atenção?
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1. Que recursos você, como educador(a), utiliza para promover o processo de ensino
aprendizagem com alunos indisciplinados, dentro e fora de sua sala de aula?
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2. A família e a escola precisam, dentro do ambiente escolar, ser equipe, ambas com os
mesmos princípios e critérios. Para você educador(a), como a família pode estar
presente dentro do ambiente escolar, para que aconteça, de fato, a extinção ou
minimização da indisciplina e consequentemente a promoção de uma aprendizagem
mais significativa e prazerosa?
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3. Qual a sua expectativa, como professor, quanto a um diagnóstico médico ou


psicológico para um aluno com queixa de indisciplina? O que muda na atuação do
professor mediante a medicalização de um aluno?
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4. Quais as expectativas, tanto do educador como da família, diante a confirmação ou


negação de um diagnóstico de hiperatividade? E quais as conseqüências desta
confirmação ou negação para o aluno a curto, médio ou longo prazo?
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