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Delegado Federal

Direito Civil
Christiano Cassettari
Data: 05/02/2014
Aula 01

RESUMO

SUMÁRIO

1. Responsabilidade Civil
1.1.Conceito

2. Elementos / Pressupostos da Responsabilidade Civil

3. Ação ou omissão do Agente

4. Abuso de direto

5. Dolo ou culpa

6. Dano

6.1. Espécies de dano

Indicação Bibliográfica:

Elementos de Direito Civil, Editora Saraiva, 2ª Edição, Professor Christiano Cassetari.

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1. Responsabilidade Civil

1.1. Conceito

É a obrigação imposta a uma pessoa de ressarcir os danos causados a outrem por ato próprio ou de terceiros.
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Anotador(a): Jéssica Minichillo
Complexo Educacional Damásio de Jesus

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Artigo 927, CC.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.

Há o direito de regresso: quem paga por algo que é responsabilidade de terceiro.

A responsabilidade civil pode ensejar uma ação: indenização, vem de in (sem) dene (dano).

Prazo para propor ação indenizatória: artigo 206, §3º, V, CC: 3 anos, o prazo é prescricional, porque a ação
indenizatória tem cunho condenatório.

Art. 206. Prescreve:

§ 1o Em um ano:

I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de


víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou
dos alimentos;

II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a


deste contra aquele, contado o prazo:

a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade


civil, da data em que é citado para responder à ação de
indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da
data que a este indeniza, com a anuência do segurador;

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador


da pretensão;

III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça,


serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção
de emolumentos, custas e honorários;

IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens


que entraram para a formação do capital de sociedade
anônima, contado da publicação da ata da assembléia que
aprovar o laudo;
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V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios
ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da
publicação da ata de encerramento da liquidação da
sociedade.

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações


alimentares, a partir da data em que se vencerem.

§ 3o Em três anos:

I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou


rústicos;

II - a pretensão para receber prestações vencidas de


rendas temporárias ou vitalícias;

III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer


prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores
de um ano, com capitalização ou sem ela;

IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem


causa;

V - a pretensão de reparação civil;

VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos


recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi
deliberada a distribuição;

VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas


por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:

a) para os fundadores, da publicação dos atos


constitutivos da sociedade anônima;

b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação,


aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a
violação tenha sido praticada, ou da reunião ou
assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;

c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral


posterior à violação;

VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de


crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as
disposições de lei especial;

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IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do
terceiro prejudicado, no caso de seguro de
responsabilidade civil obrigatório.

§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a


contar da data da aprovação das contas.

§ 5o Em cinco anos:

I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes


de instrumento público ou particular;

II - a pretensão dos profissionais liberais em geral,


procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus
honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da
cessação dos respectivos contratos ou mandato;

III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que


despendeu em juízo.

2. Elementos / Pressupostos da Responsabilidade Civil

Artigo 186, CC – traz o conceito de ato ilícito que é a base da responsabilidade civil.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

A. Ação ou omissão do agente

Está relacionada a uma conduta que pode ser comissiva (ação) ou omissiva (omissão).

B. Dolo ou culpa
C. Dano
D. Nexo Causal

A responsabilidade civil é dividida em:

- subjetiva: exige a culpa

- objetiva: independe de culpa

Quantos são os pressupostos de responsabilidade subjetiva?

São 4, os acima estudados.

A responsabilidade objetiva dispensa o dolo ou a culpa, dessa forma possui apenas 3 pressupostos:
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1. Ação ou omissão do Agente

Deve haver um ato ilícito para o dever de indenizar.

Existe responsabilidade civil por ato lícito?

Artigo 188, CC, traz exemplos de atos lícitos.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício


regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão


a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo


somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo.

Artigo 929, CC:

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso


do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo,
assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que
sofreram.

Existe responsabilidade civil por ato lícito.

Artigo 930, CC, complementa tal entendimento:

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo


ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do
dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.

Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele


em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).

Existem dois tipos de ilícitos:

- civil

- penal

Na responsabilidade penal, a tentativa é punida. Já na responsabilidade civil não será.


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Na responsabilidade penal a pena é privativa de liberdade ou restritiva de direito e na responsabilidade civil a
pena é pecuniária.

No direito penal as penas são aplicadas de acordo com o tipo de crime, se é doloso ou culposo. O artigo 944,
caput, CC insere o Princípio da Reparação Integral – a indenização mede-se pela extensão do dano, no CC o
dolo não agrava o valor da indenização.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção


entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, eqüitativamente, a indenização

No direito penal a imperícia é relevante, no direito civil a imperícia é irrelevante.

O ilícito civil pode ser:

- contratual: decorre do descumprimento de uma obrigação prevista em contrato, é o chamado


inadimplemento. Artigo 339, CC.

Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não


poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de
acordo com os outros devedores e fiadores.

- extracontratual: não exige uma relação contratual prévia, aparece quando causar dano a alguém sem ter com
esse relação contratual, dá vida à responsabilidade extracontratual também chamada de aquiliana. Artigo 927,
CC.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida
pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem.

4. Abuso de direto

Gera responsabilidade civil.

Artigo 187, CC.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
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O titular do direito ao exercê-lo excede os limites e quem comete ato ilícito deve indenizar.

Ato ilícito é a conduta dolosa ou culposa que gera dano a outrem, deve ser titular do direito para praticar tal
ato. É um exercício regular de direito (praticar um ato com abuso de direito).

Tem origem no ato emulativo: ato emulativo é um ato vazio sem utilidade alguma, feito no intuito de
prejudicar terceiros.

Artigo 1228, §2º, CC.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e


dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em


consonância com as suas finalidades econômicas e sociais
e de modo que sejam preservados, de conformidade com
o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário


qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados
pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de


desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou
interesse social, bem como no de requisição, em caso de
perigo público iminente.

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o


imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse
ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de
considerável número de pessoas, e estas nela houverem
realizado, em conjunto ou separadamente, obras e
serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.

§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a


justa indenização devida ao proprietário; pago o preço,
valerá a sentença como título para o registro do imóvel
em nome dos possuidores.

Outro exemplo de abuso de direito: artigo 42, CDC – cobrança abusiva.

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor


inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.
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Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.

Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de


débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o
nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço
correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009)

5. Dolo ou Culpa

A culpa latu sensu se subdivide em dolo e culpa estrito sensu.

O dolo é a conduta voluntária em que o agente deseja produzir certo resultado.

A culpa em sentido estrito significa descuido que tem como modalidade: negligência, imprudência e imperícia.

O artigo 944, parágrafo único diz que o juiz pode reduzir a indenização se existir desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre


a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.

Exemplo: uma pessoa fumante joga a bituca de cigarro no chão que cai no posto de gasolina, entra no tanque
de uma Ferrari que explode, será gigante o valor do dano, mas de acordo com o artigo 944, parágrafo único,
permite que seja pago valor inferior ao dano que o dono da Ferrari sofreu.

Graus de Culpa

1- Culpa lata ou grave: cometida de tal modo que até o mais medíocre dos homens teria evitado. A culpa
grave ao dolo se equipara.

2- Culpa leve ou ligeira: cometida de tal modo que o dano seria evitado com atenção normal ordinária.

3- Culpa levíssima: o dano só poderia ser evitado com atenção extraordinária, deveria haver uma cautela
fora do padrão normal.

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6. Dano

6.1. Espécies de dano:

1- Dano material: gera um prejuízo financeiro, patrimonial, econômico. De acordo com o artigo 402, CC
poderá se manifestar de duas formas:

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em


lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além
do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente
deixou de lucrar.
1.1. Dano emergente: perda efetiva
1.2. Lucro cessante: o que se deixou de ganhar

Pessoa jurídica pode sofrer lucro cessante?

Sim.

Pode ocorrer também quando há lesão física a alguém ou quando acarreta a morte.

Até quando são devidos os lucros cessantes?

Artigo 949, CC – em caso se lesão ou ofensa à saúde gera lucro cessante que deverá ser paga até o fim da
convalecência.

Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o


ofensor indenizará o ofendido das despesas do
tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da
convalescença, além de algum outro prejuízo que o
ofendido prove haver sofrido.

Se gerar a incapacidade permanente do trabalho ou invalidez, o lucro cessante será devido até a morte, ou
seja, será vitalício.

Em caso de óbito, artigo 948, CC , II – a família terá direito à indenização. Como será calculada a base de
cálculo em caso de homicídio: além do salário leva-se em consideração as verbas certas (13, férias, FGTS).
Jurisprudência predominante do STJ afirma que deve-se do valor calculado 2/3 ser pago.

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste,


sem excluir outras reparações:

I - no pagamento das despesas com o tratamento da


vítima, seu funeral e o luto da família;

II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto


os devia, levando-se em conta a duração provável da vida
da vítima.

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Se a pessoa falecida é menor a família tem direito a receber indenização por lucro cessante?

Súmula 491, STF. O menor não precisa ter feito atividade laborativa, mas a base de calculo será de um salario
mínimo, e as vezes 2/3 desse valor. A indenização nesse caso não será eterna, normalmente é paga até os 25
anos por ser a idade que ele sairia de casa, não será extinta, mas os 2/3 serão reduzidos à metade.

STF Súmula nº 491 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5931; DJ de 11/12/1969, p. 5947; DJ de


12/12/1969, p. 5995.
Indenização - Acidente - Morte de Filho Menor - Trabalho Remunerado
É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho
remunerado.

Até quando é devido os lucros cessantes em caso de morte?

Até a expectativa de vida da pessoa.

2. Dano moral

Classifica-se em:

- próprio: causa dor, angústia, sofrimento, amargura.

- impróprio: violação de direitos da personalidade (honra, nome, imagem etc).

Ambos subclassificam-se em:

- objetivo / in reipsa: dano moral presumido, é exceção. Ocorre quando a jurisprudência determinar.

Exemplos: pais que demandam perda dos filhos, extravio de bagagem, inclusão devida nos cadastros de
restrição ao crédito, súmula 388 STJ que menciona a simples devolução indevida de cheque.

- indireto / in ricochete: atinge terceiros

- estético: gera um afeamento permanente do corpo humano, torna-o mais feio de forma permanente.

Súmulas 37 e 387, STJ – tripla cumulação de danos num mesmo fato.

Sumula 227, STJ – a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

STJ Súmula nº 37 - 12/03/1992 - DJ 17.03.1992


Indenizações - Danos - Material e Moral - Mesmo Fato – Cumulação
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.

STJ Súmula nº 387 - 26/08/2009 - DJe 01/09/2009


Licitude - Cumulação - Indenizações de Dano Estético e Dano Moral
É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.

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STJ Súmula nº 227 - 08/09/1999 - DJ 20.10.1999
Pessoa Jurídica - Dano Moral
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

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