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Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 2 de 8
Superior Tribunal de Justiça
a igualdade de modelo de pagamento e de valor de contribuição, admitindo-se a
diferenciação por faixa etária se for contratada para todos, cabendo ao inativo o custeio
integral, cujo valor pode ser obtido com a soma de sua cota-parte com a parcela que,
quanto aos ativos, é proporcionalmente suportada pelo empregador.
c) O ex-empregado aposentado, preenchidos os requisitos do art. 31 da Lei
nº 9.656/1998, não tem direito adquirido de se manter no mesmo plano privado de
assistência à saúde vigente na época da aposentadoria, podendo haver a substituição da
operadora e a alteração do modelo de prestação de serviços, da forma de custeio e dos
respectivos valores, desde que mantida a paridade com o modelo dos trabalhadores
ativos e facultada a portabilidade de carências."
Vencida, em parte, apenas em relação à parte final da tese, "e facultada a
portabilidade de carências", a Sra. Ministra Nancy Andrighi. Os Srs. Ministros Ricardo
Villas Bôas Cueva, Marco Buzzi, Marco Aurélio Bellizze, Nancy Andrighi, Luis Felipe
Salomão, Raul Araújo e Paulo de Tarso Sanseverino votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Isabel Gallotti.
Consignados pedidos de preferência pelo amicus curiae UNIMED DO
BRASIL CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS, representado
pelo Dr. JOSÉ CLÁUDIO RIBEIRO OLIVEIRA, e pelo amicus curiae FEDERAÇÃO
NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, representado pela Dra. ALICE BERNARDO
VORONOFF DE MEDEIROS.
Brasília-DF, 09 de dezembro de 2020 (Data do Julgamento)
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.816.482 - SP (2019/0144247-0)
RELATÓRIO
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Plano Pleno pelo prazo mínimo de 10 anos, de modo que não há como determinar
a manutenção de sua condição de beneficiário por tempo indeterminado; bem
como foi violado o artigo 4º, inciso XI, da Lei 9.961/2000, ao não se reconhecer a
competência da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, e a eficácia das
normas editadas por esse órgão federal, notadamente, a Resolução CONSU
21/1999 e a Resolução ANS 279. Consequentemente, malferiu-se o artigo 31 da
Lei 9.656/98 ao determinar que o Recorrido fosse mantido no mesmo plano de
assistência à saúde dos ativos. (e-STJ fls. 588/589.)
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que não há disparidade alguma entre esses planos" (e-STJ fl. 599). Ademais, "por inexistir
vedação legal, a Agência Reguladora complementou o alcance dos artigos 30 e 31 com a
edição da Resolução CONSU nº 21/99, por meio da qual regulamentou estes artigos,
EXIGINDO que, caso inativos e ativos fossem mantidos no mesmo plano, houvesse acordo
formal entre a empregadora e os empregados ativos ou seus representantes legalmente
constituídos (art. 1º, § 1º)" (e-STJ fl. 599). Ainda a respeito da regulação pela ANS, anota:
De forma taxativa consta na mencionada norma que "no caso de manutenção de
planos separados para ativos e inativos, e ambos os planos forem contratados
com operadoras, é obrigatório que a empresa empregadora firme contratos
coletivos empresariais para os ativos e inativos, em nome dos empregados e
ex-empregados, respectivamente, para ambos os planos, com uma única
operadora, devendo, também o plano de inativos, abrigar o universo de
aposentados." (art. 2º, § 2º).
Se não bastasse, a Resolução seguinte da ANS que tratou do tema (Resolução
279 da ANS, que também regulamentou os artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/1998,
revogando a CONSU 21/99) permitiu que a empregadora criasse planos separados
para empregados e ex-empregados (artigo 13, inciso II). (e-STJ fl. 599.)
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fls. 1.063/1.1.108 (e-STJ), apresentou o seguinte resumo conclusivo:
(i) o art. 31 da LPS prevê um mecanismo atípico de perpetuação do vínculo jurídico
decorrente do contrato de trabalho, mesmo em momento posterior à sua extinção.
(ii) É condição para o exercício desse direito a assunção pelo aposentado do
pagamento integral do plano de saúde.
(iii) Dadas as complexidades do mercado de saúde suplementar e as diferentes
modalidades de custeio dos planos de saúde nele comercializados (pré e
pós-pagamento; enquadramento por faixa etária e preço único), a definição do que
seja "pagamento integral" não é obvia nem automática. Ao contrário, tal como
explicado, nem sempre é possível se chegar a esse valor pela soma aritmética da
parcela do empregador com a contribuição com a qual arcava o empregado. Até
porque, sendo a modalidade de custeio a de pós-pagamento, sequer se poderá
falar em parcela fixa subsidiada pela estipulante.
(iv) Coube à ANS, no exercício de suas competências legais e se valendo de sua
expertise técnica, regulamentar a previsão do art. 31 da LPS (e, na mesma toada,
do art. 30 da Lei) para viabilizar a implementação do custeio integral do plano pelo
inativo, sem perder de vista o equilíbrio sistêmico setorial.
(v) Consoante a RN 279, a solução encontrada pela Agência foi instituir um regime
jurídico lastreado no enquadramento em faixas etárias dirigido àqueles que
voluntariamente optarem pela manutenção como beneficiários, nas mesmas
condições assistenciais.
(vi) A formação de preços escalonada não é ilegal. Na verdade, trata-se de
metodologia já chancelada por este e. STJ, aferida com base em cálculo atuarial
voltado a equalizar os elevados custos da população idosa com o custo mais baixo
do grupo segurado mais jovem, não se revelando, per se, abusivo.
(vii) Conforme o § 2º do art. 15 do RN, os preços por faixa etária são
disponibilizados com antecedência aos empregados ativos, para que tomem
conhecimento das condições futuras de manutenção assistencial, garantindo-lhes
elevado grau de previsibilidade.
(viii) Ao se sujeitar ao pagamento integral, é esperado que o preço pago pelo
inativo seja mais elevado do que aquele pago até então, diante do término da
subvenção ofertada pelo ex-empregador. A esse respeito, vale lembrar que este e.
STJ já sedimentou o entendimento de que não há direito adquirido a regime de
custeio dos planos de saúde.
(ix) Por fim, tal como explicitado acima, a passagem do empregado para a
inatividade importa no reenquadramento (legítimo) do regime de seu custeio, nos
termos da Lei nº 9.656/98 e da RN 279. Não se trata, portanto, de mero "reajuste",
o que poderia induzir, equivocadamente, à conclusão da prática de abusividade
nesses casos. (e-STJ fls. 1.085/1.086.)
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.816.482 - SP (2019/0144247-0)
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.816.482 - SP (2019/0144247-0)
VOTO
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nesse último período o SABESPREV – plano pleno – o qual cobria assistência
para ele, e seu dependente, senhora INÁCIA PATRIOTA DE FREITAS sendo certo
que o valor da última contribuição por parte do Autor, enquanto ainda era
empregada foi no valor de R$ 63,81 (Sessenta e Três Reais e Oitenta e Um
Centavos) para todos os seus beneficiários, conforme recibo de pagamento
juntado.
O Autor, após sua demissão não recebeu o benefício de manter a si, e seus
dependentes no plano de saúde, e mesmo assim manifestou por escrito de sua
vontade de permanecer com o plano pelo período encartado por lei, nas mesmas
condições de uso quando empregada e no mesmo plano, pagando o valor por lei
permitido. (em anexo o pedido de manutenção).
Após a intervenção desse escritório, no departamento de Recursos Humanos das
Requeridas, pelo telegrama enviado que consta em anexo, os mesmos entraram
em contato com os funcionários que mandaram os mesmos assinar um termo de
ciência para opção aos planos de assistência à saúde da SABESPREV, mas com
data retroativa, ou seja, na data da demissão em 11/02/2015, ocorre que o Autor
ao ver o documento com data estranha à relação de sua dispensa realizou um
adendo no documento demonstrando que o mesmo fora assinado somente em
12/03/2015, documento esse em anexo, conferido e recebido por Eliane Gonçalves
Alves, empregada da empresa responsável pelo RH.
Tal benefício faz parte integrante do acordo de convenção coletiva, conforme
documento juntado em sua "cláusula 2.9".
Em total abuso do bom senso as Rés convocaram os ex. Funcionários para ofertar
a eles que se entendesse com a Ré SABESPREV, que possuía essa diversas
formas de reenquadramento no convênio médico, ofertando aos funcionários um
plano de adesão, aonde que além de pagar um valor mensal pela manutenção do
convênio, ainda estava sujeito ao pagamento das consultas médicas e exames,
por um percentual reduzido do valor particular.
Por questões obvias o Autor não aderiu tal prerrogativa, tendo em vista que seu
plano de saúde junto as Rés, quando funcionário era de cobertura total, pagando
apenas R$ 31,90 (Trinta e Um Reais e Noventa Centavos), por pessoa.
Destacamos que a empresa Saned está ofertando para o Autor não o retorno em
seu plano de saúde, pagando sua cota parte mais a do Autor, mas sim é venda de
novo convênio, como podemos verificar em anexo, qualquer pessoa, sendo
funcionário ou não das Rés, podem aderir ao plano ofertado.
Um ponto a ser informado que mesmo se o Autor entre nesse novo plano vendido,
terá as carências de uma nova contratação, mais um ponto que demonstra que as
Rés não estão aplicando a Lei 9565/98, o que só faz o Autor em apelo buscar seu
direito em juízo. (e-STJ fls. 2/3.)
Mais adiante, afirmou na inicial "que o valor pago pelo plano do autor era de
R$ 31,90 (Trinta e Um Reais e Noventa Centavos), sendo que a empresa paga 70% do
plano, estamos falando que o valor devido pelo Autor somando a parte da empresa que é
de R$ 74,40 (Setenta e Quatro Reais e Quarenta Centavos), deve o autor arcar com a
somatória de R$ 106,30 (Cento e Seis Reais e Trinta Centavos)" (e-STJ fl. 5). Com
fundamento nos arts. 9º, 30 e 31 da Lei n. 9.656/1998, requereu:
c) Condenação da Ré na obrigação de manterem o convênio médico do Autor e de
seus dependentes, a fim de que o mesmo pague mensalmente a importância
correspondente à soma dos valores pagos por ele e pela empregadora à época em
que se encontrava ativo na empresa ou, alternativamente, que Vossa Excelência,
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realize revisão dos valores apresentados pelo Plano de Saúde, a fim de diminuir o
valor imposto ao Autor, considerando a onerosidade excessiva das tabelas
ofertadas;
d) Que os reajustes da mensalidade ocorram nos termos do artigo 9º da Lei
9656/98, como qualquer outra operadora de saúde; (e-STJ fl. 10.)
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BÔAS CUEVA, esta SEGUNDA SEÇÃO aprovou a seguinte tese: "Nos planos de saúde
coletivos custeados exclusivamente pelo empregador não há direito de permanência do
ex-empregado aposentado ou demitido sem justa causa como beneficiário, salvo
disposição contrária expressa prevista em contrato ou em acordo/convenção coletiva
tampouco se enquadrando como salário indireto."
No presente caso, diversamente do que ocorreu nos mencionados recursos
repetitivos, o ex-empregado, atualmente aposentado, também custeava o plano de saúde,
cabendo definir, conforme precisamente destacado pelo em. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, Presidente da Comissão Gestora de Precedentes, "quais condições
assistenciais e de custeio do plano de saúde devem ser mantidas a beneficiários inativos,
nos termos do art. 31 da Lei n. 9.656/1998". Essas condições dizem respeito, no meu
entendimento, (i) ao tempo de permanência no plano, se por prazo determinado ou
indeterminado, (ii) aos direitos assistenciais a que terá direito ao ex-empregado e seus
dependentes, (iii) aos encargos financeiros que serão suportados pelo ex-empregado.
Tais pontos devem ser enfrentados a seguir, antes de decidir o caso
concreto, cabendo destacar que a norma legislativa que disciplina – em relação ao
empregado que se aposenta – a permanência no plano de saúde do ex-empregado é o
art. 31 da Lei n. 9.656/1998, combinado com o art. 1º, inciso I e § 1º, e com os §§ 2º a 6º
do art. 30 do mesmo diploma, que estabelecem:
Art. 1º. Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito
privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento
da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-se, para fins de
aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições:
I – Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou
cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós estabelecido, por prazo
indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à
saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de
saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada
ou referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser
paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante
reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor;
[...]
§ 1º Está subordinada às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde
Suplementar – ANS qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que
apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência
médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferencie de
atividade exclusividade financeira, tais como:
a) custeio de despesa;
b) oferecimento de rede credenciada ou referenciada;
c) reembolso de despesas;
d) mecanismos de regulação;
e) qualquer restrição contratual, técnica ou operacional para a cobertura de
procedimentos solicitados por prestador escolhido pelo consumidor; e
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f) vinculação de cobertura financeira à aplicação de conceitos ou critérios
médico-assistenciais.
[...]
Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o §
1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no caso de
rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o
direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas condições de
cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho,
desde que assuma o seu pagamento integral.
[...]
§ 2º A manutenção de que trata este artigo é extensiva, obrigatoriamente, a todo o
grupo familiar inscrito quando da vigência do contrato de trabalho.
§ 3º Em caso de morte do titular, o direito de permanência é assegurado aos
dependentes cobertos pelo plano ou seguro privado coletivo de assistência à
saúde, nos termos do disposto neste artigo.
§ 4º O direito assegurado neste artigo não exclui vantagens obtidas pelos
empregados decorrentes de negociações coletivas de trabalho.
§ 5º A condição prevista no caput deste artigo deixará de existir quando da
admissão do consumidor titular em novo emprego.
§ 6º Nos planos coletivos custeados integralmente pela empresa, não é
considerada contribuição a co-participação do consumidor, única e
exclusivamente, em procedimentos, como fator de moderação, na utilização dos
serviços de assistência médica ou hospitalar.
Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam o inciso I
e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, pelo
prazo mínimo de dez anos, é assegurado o direito de manutenção como
beneficiário, nas mesmas condições de cobertura assistencial de que
gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o
seu pagamento integral.
§ 1º Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de assistência à
saúde por período inferior ao estabelecido no caput é assegurado o direito
de manutenção como beneficiário, à razão de um ano para cada ano de
contribuição, desde que assuma o pagamento integral do mesmo.
§ 2º Para gozo do direito assegurado neste artigo, observar-se-ão as
mesmas condições estabelecidas nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º do art. 30.
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determinado, calculado proporcionalmente "à razão de um ano para cada ano de
contribuição".
Aplica-se o caput do mencionado art. 31, por sua vez, quando realizadas
contribuições por período igual ou superior a 10 (dez) anos, não havendo delimitação do
prazo de permanência. Com isso, o ex-empregado continuará vinculado ao plano por
prazo indeterminado.
Destaco que o dispositivo faz menção ao período de contribuição a
produtos de assistência médica, hospitalar e odontológica oferecidos pelo ex-empregador
genericamente, em plano privado de assistência à saúde inespecífico. Tal contribuição
não diz respeito a uma operadora determinada nem a uma precisa modalidade de
prestação de serviço e de custeio, que podem ser substituídas sempre que necessário à
existência e à viabilidade do plano assistencial mantido no âmbito do respectivo
ex-empregador.
Com isso, mudanças de operadora do plano de saúde, de modelo de
prestação de serviço, de forma de custeio e de valores de contribuição não interferem
como marcos interruptivos na contagem do prazo de 10 (dez) anos, necessário à
aquisição pelo ex-empregado aposentado do direito de permanecer no plano por tempo
indeterminado. Não for assim, impossível será ao empregado alcançar o decênio legal.
Sabidamente, no decorrer de uma década são necessários ajustes para a manutenção do
equilíbrio de um plano assistencial à saúde, sobretudo diante das vicissitudes do cenário
econômico.
A propósito, a Resolução Normativa n. 279, de 24/11/2011, da Agência
Nacional de Saúde Suplementar – ANS, adota essa mesma orientação no que se refere à
mudança de operadora pelo empregador, assim dispondo no art. 23, caput:
Art. 23. No caso de oferecimento de plano privado de assistência à saúde pelo
empregador mediante a contratação sucessiva de mais de uma operadora, serão
considerados, para fins de aplicação dos direitos previstos no art. 30 e 31 da Lei nº
9.656, de 1998, os períodos de contribuição do ex-empregado demitido ou
exonerado sem justa causa ou aposentado decorrentes da contratação do
empregador com as várias operadoras.
Essa matéria, embora não tenha sido objeto de tese aprovada pela
SEGUNDA SEÇÃO nos julgamentos do REsp n. 1.680.318/SP e do REsp n. 1.708.104/SP,
processados como repetitivos, foi assim enfrentada no voto do eminente Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, proferido nos respectivos embargos de declaração,
rejeitados:
Com efeito, a matéria afetada como repetitiva apenas abrangeu os casos em que
os planos de saúde coletivos eram custeados exclusivamente pelo empregador, de
modo que as hipóteses em que o empregado contribuiu em algum momento
durante a vigência do contrato de trabalho não foram abordadas, exceto a situação
retratada na Súmula Normativa nº 8/ANS.
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De qualquer maneira, os aludidos casos estão regulamentados nos arts. 6º, § 2º,
23 e 24 da RN ANS nº 279/2011, a seguir transcritos:
"Art. 6º Para fins dos direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº
9.656, de 1998, e observado o disposto no inciso I do artigo 2º desta
Resolução, também considera-se contribuição o pagamento de valor fixo,
conforme periodicidade contratada, assumido pelo empregado que foi
incluído em outro plano privado de assistência à saúde oferecido pelo
empregador em substituição ao originalmente disponibilizado sem a sua
participação financeira.
§ 1º Os direitos previstos nos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998,
não se aplicam na hipótese de planos privados de assistência à saúde
com característica de preço pós-estabelecido na modalidade de custo
operacional, uma vez que a participação do empregado se dá apenas no
pagamento de co-participação ou franquia em procedimentos, como fator
de moderação, na utilização dos serviços de assistência médica ou
odontológica.
§ 2º Ainda que o pagamento de contribuição não esteja ocorrendo
no momento da demissão, exoneração sem justa causa ou
aposentadoria, é assegurado ao empregado os direitos previstos nos
artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998, na proporção do período ou
da soma dos períodos de sua efetiva contribuição para o plano
privado de assistência à saúde." (grifou-se)
Nesse contexto, é oportuno que a questão tratada neste item seja objeto de
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tese jurídica a ser votada por esta SEÇÃO.
A tese que proponho, nessa parte, com as sugestões apresentadas pelo
eminente Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, é a seguinte: Eventuais mudanças
de operadora, de modelo de prestação de serviço, de forma de custeio e de
valores de contribuição não implicam interrupção da contagem do prazo de 10
(dez) anos previsto no art. 31 da Lei n. 9.656/1998, devendo haver a soma dos
períodos contributivos para fins de cálculo da manutenção proporcional ou
indeterminada do trabalhador aposentado no plano coletivo empresarial.
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transcurso do prazo mínimo de um decênio, passam a ter o direito de gozar do benefício
legal e permanecer no plano como se ativo fosse.
E é exatamente por força desse mutualismo que não há comprometimento
da viabilidade econômico-financeira do plano. Isso porque o equilíbrio é alcançado, nos
termos da formatação legal, por meio do saldo positivo (superávit) que resulta do
pagamento feito pelos trabalhadores da ativa, a despeito da menor utilização dos serviços
do plano. Em contrapartida, os inativos demandam mais os serviços de saúde, todavia
desembolsando um pagamento proporcionalmente inferior, com possível déficit.
Sob esse enfoque, destaco a possibilidade de adoção, para todos, de
tabela de contribuição por faixa etária. Em tal forma de custeio, ativo e inativo com a
mesma idade recolherão mensalmente igual valor de contribuição, sendo devido pelo
aposentado, também, custear a importância subsidiada pelo ex-empregador aos
empregados ainda na atividade. Eventuais abusividades em cláusulas de reajustes de
mensalidades por mudança de faixa etária poderão ser questionadas judicialmente nos
termos do que foi decidido por esta SEGUNDA SEÇÃO no julgamento do REsp n.
1.568.244/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe 19/12/2016, sob o rito
do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015.
Existe, ainda, a possibilidade de o empregador, por ausência de vedação
legal, subsidiar os inativos, conforme prevê o parágrafo único do art. 20 da RN n.
279/2011 – ANS, com o seguinte teor:
Art. 20. O plano privado de assistência à saúde exclusivo para ex-empregados
demitidos ou exonerados sem justa causa e aposentados será financiado
integralmente pelos beneficiários.
Parágrafo único. É permitido ao empregador subsidiar o plano de que trata o caput
ou promover a participação dos empregados ativos no seu financiamento, devendo
o valor correspondente ser explicitado aos beneficiários.
Art. 18. O plano privado de assistência à saúde de que trata o artigo anterior
deverá ser oferecido e mantido na mesma segmentação e cobertura, rede
assistencial, padrão de acomodação em internação, área geográfica de
abrangência e fator moderador, se houver, do plano privado de assistência à saúde
contratado para os empregados ativos.
Parágrafo único. É facultada ao empregador a contratação de um outro plano
privado de assistência à saúde na mesma segmentação com rede assistencial,
padrão de acomodação e área geográfica de abrangência diferenciadas daquelas
mencionadas no caput como opção mais acessível a ser oferecida juntamente com
o plano privado de assistência à saúde de que trata o caput para escolha do
ex-empregado demitido ou exonerado sem juta causa ou aposentado.
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inativos" (cf. e-STJ fl. 310 dos respectivos autos).
Revela-se oportuno, ainda, indicar precedente da QUARTA TURMA que,
embora não afirme expressamente ser vedado inserir os inativos em plano de saúde
diverso dos ativos, deixou claro que não se poderia distinguir os valores de contribuição.
Eis a ementa do respectivo acórdão:
RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE COLETIVO. APOSENTADORIA DO
BENEFICIÁRIO. MANUTENÇÃO DAS MESMAS CONDIÇÕES DE ASSISTÊNCIA
MÉDICA E VALORES DE CONTRIBUIÇÃO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 31 DA
LEI 9.656/98. RECURSO PROVIDO.
[...]
2. A melhor interpretação a ser dada ao caput do art. 31 da Lei 9.656/98, ainda que
com a nova redação dada pela Medida Provisória 1.801/99, é no sentido de que
deve ser assegurada ao aposentado a manutenção no plano de saúde coletivo,
com as mesmas condições de assistência médica e de valores de contribuição,
desde que assuma o pagamento integral desta, a qual poderá variar conforme as
alterações promovidas no plano paradigma, sempre em paridade com o que a
ex-empregadora tiver que custear.
3. Recurso especial provido. (REsp n. 531.370/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
DJe 6/9/2012.)
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apenas e tão-somente, quanto ao aspecto subjetivo, ou seja, a obrigação
de pagamento da contribuição passa a ser do beneficiário em
substituição da ex-empregadora.
É de se ver que o legislador, pela referida norma, assegurou o direito à
manutenção da cobertura assistencial 'nas mesmas condições' - ou seja,
sem alteração das prestações devidas pelas partes, no que se refere à
natureza e a valores - e, quanto ao pagamento, determinou apenas e
tão-somente a atribuir ao aposentado a obrigação pelo pagamento da
contribuição, sem, contudo, nada dispor sobre a alteração de valores de
contribuição.
(...)
É de ver que a interpretação da ré, no sentido de que os termos 'nas
mesmas condições de cobertura assistencial' limitam o benefício do
referido art. 31 à manutenção apenas e tão-somente dos serviços de
assistência médica do contrato coletivo, sem não abranger a preservação
dos mesmos valores pagos, afronta os princípios de interpretação supra
apontados, porquanto, friso, (a) quanto ao direito de manutenção das
mesmas condições de cobertura assistencial existentes na vigência do
contrato de trabalho o legislador regulou o todo e não apenas a parte
relativa a prestação de serviços, e (b) quanto ao pagamento, o legislador
não estabeleceu qualquer distinção a respeito de valores a serem pagos,
somente atribuiu ao aposentado a obrigação de pagar a mensalidade em
substituição da ex-empregadora." (fls. 152/153)
Com essas considerações, tem-se que a melhor interpretação a ser dada ao caput
do art. 31 da Lei 9.656/98, ainda que com a nova redação dada pela Medida
Provisória 1.801/99, é no sentido de que deve ser assegurada ao aposentado a
manutenção no plano de saúde coletivo, com as mesmas condições de
assistência médica e de valores de contribuição, desde que assuma o pagamento
integral desta.
Entender em sentido diverso ensejaria o esvaziamento da norma, na medida em
que retiraria do aposentado o benefício nela ínsito de ser mantido no plano de
saúde coletivo, pois bastaria à operadora do plano de saúde ou seguradora
promover forte majoração na prestação do seguro para forçar o segurado a se
retirar do grupo. Dessa maneira, o aposentado acabaria migrando para outra
operadora que lhe oferecesse plano individual mais favorável e com menor custo.
A regra dos arts. 30 e 31 da mencionada Lei teve como objetivo corrigir grave
injustiça praticada contra o consumidor contribuinte de plano privado coletivo de
saúde, o qual, após anos de contribuição, via-se compelido a contratar novo plano,
quando, muitas vezes, já se encontrava idoso, tendo que se submeter, inclusive, a
novos prazos de carência e a preços muito elevados. Por isso, essa norma
assegura ao beneficiário, em caso de aposentadoria, sua permanência no mesmo
plano coletivo de que era parte anteriormente, apenas tendo que pagar
integralmente o preço devido à operadora do plano de saúde.
Essa é a exegese que mais se adequa à parte final do dispositivo legal que
determina seja assumido pelo aposentado o pagamento integral da contribuição,
sem mencionar nenhuma alteração no preço. Determinou-se apenas que o
montante anteriormente custeado pelo ex-empregador (parcial ou integral) seja
arcado, em sua totalidade, pelo próprio aposentado-beneficiário.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 34 de 8
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TURMAS, sobretudo diante da impossibilidade de instituir valores de contribuição diversos,
não se admite a constituição de um plano de saúde para os ativos e outro para os inativos
que se enquadrem na hipótese prevista pelo art. 31 da Lei n. 9.656/1998. O
ex-empregado aposentado, portanto, tem direito de permanecer nas mesmas condições
de cobertura assistencial gozadas pelos ativos, incluindo nessa paridade os modelos e os
valores de contribuição, competindo-lhe o recolhimento correspondente à parcela
custeada pelo empregador no caso dos ativos.
A tese que proponho, nessa parte, com as sugestões apresentadas pelo
eminente Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, é a seguinte: O art. 31 da lei n.
9.656/1998 impõe que ativos e inativos sejam inseridos em plano de saúde
coletivo único, contendo as mesmas condições de cobertura assistencial e de
prestação de serviço, o que inclui, para todo o universo de beneficiários, a
igualdade de modelo de pagamento e de valor de contribuição, admitindo-se a
diferenciação por faixa etária se for contratada para todos, cabendo ao inativo o
custeio integral, cujo valor pode ser obtido com a soma de sua cota-parte com a
parcela que, quanto aos ativos, é proporcionalmente suportada pelo
empregador.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 35 de 8
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graves, de urgência e de emergência, além de outras exceções que venham a ser
reconhecidas. Sobre o tema, cito, por exemplo:
AGRAVO INTERNO. PLANO DE SAÚDE COLETIVO EMPRESARIAL. 30 OU
MAIS USUÁRIOS. RESILIÇÃO UNILATERAL. POSSIBILIDADE. ART. 13, § 2º, DA
LEI N. 9.656/1998. NÃO INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO DOS ÍNDICES DE REAJUSTE
ESTABELECIDOS PELA ANS PARA PLANOS INDIVIDUAIS E FAMILIARES, A
PLANO DE SAÚDE COLETIVO, INDEPENDENTEMENTE DA QUANTIDADE DE
USUÁRIOS. INVIABILIDADE. DIFERENÇAS NA PRECIFICAÇÃO.
ENTENDIMENTO PACIFICADO NAS DUAS TURMAS DE DIREITO PRIVADO.
1. Com relação às duas espécies de contratação coletiva - empresarial ou por
adesão -, a Resolução Normativa n. 195, de 14.7.2009, da Diretoria Colegiada da
Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, com base na atribuição que lhe
foi conferida pelo art. 4º, II e X, da Lei n. 9.961/2000, regulamentou as
características dessas espécies de contratos privados de assistência à saúde
vigentes no país. Consoante o art. 17 dessa Resolução, os contratos de planos
privados de assistência à saúde coletivos por adesão ou empresariais somente
poderão ser rescindidos imotivadamente (resilição) após a vigência do período de
doze meses e mediante prévia notificação da outra parte com antecedência
mínima de sessenta dias (REsp 1346495/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 11/06/2019, DJe 02/08/2019).
2. Por ocasião do recente julgamento do REsp 1.776.047/SP, a Quarta Turma, na
mesma linha do entendimento pacificado no âmbito da Terceira Turma, pacificou
que a regulamentação dos planos coletivos empresariais (Lei n° 9.656/98, art. 16,
VII) distingue aqueles com menos de trinta usuários, impondo sejam agrupados
com a finalidade de diluição do risco de operação e apuração do cálculo do
percentual de reajuste a ser aplicado em cada um deles (Resoluçoes 195/2009 e
309/2012 da ANS)" (REsp 1776047/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 23/04/2019, DJe 25/04/2019).
3. Nesses tipos de contrato - com menos de 30 usuários -, em vista da
vulnerabilidade da empresa estipulante, dotada de escasso poder de barganha, não
se admite a simples resilição unilateral pela operadora de plano de saúde, havendo
necessidade de motivação idônea. Contudo, os contratos coletivos de plano de
saúde com menos de 30 (trinta) beneficiários não podem ser transmudados em
plano familiar, que não possui a figura do estipulante e cuja contratação é
individual. A precificação entre eles é diversa, não podendo ser desnaturarada a
contratação (REsp 1553013/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 13/03/2018, DJe 20/03/2018).
4. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp n. 1.428.427/SP, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe 26/11/2019.)
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 36 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Concluo asseverando que a conjugação das teses referidas nos itens II e III
acima, decorrentes de uma interpretação sistemática dos dispositivos da Lei n.
9.656/1998, permite que o aposentado seja incluído no mesmo plano dos ativos e que
tenha direitos e obrigações como se estivesse na atividade, sendo esse, a meu ver, o
objetivo da lei, considerada a necessidade de viabilizar o plano de saúde coletivo
empresarial.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 42 de 8
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Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 44 de 8
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É como voto.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 45 de 8
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.816.482 - SP (2019/0144247-0)
RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA
RECORRENTE : FUNDACAO SABESP DE SEGURIDADE SOCIAL-SABESPREV
ADVOGADO : ANTONIO MARCIO BOTELHO - SP394172
RECORRIDO : ADALBERTO FLORENCIO DE FREITAS
ADVOGADOS : RICARDO ANTÔNIO RODRIGUES ANDRADE - SP183474
FERNANDA CRISTINE CAPATO - SP285404
INTERES. : FEDERACAO NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADOS : GUSTAVO BINENBOJM - DF058607
ALICE BERNARDO VORONOFF DE MEDEIROS - DF058608
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICA E DIR. DO CONSUMIDOR -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : SIMONE MARIA SILVA MAGALHÃES - DF024194
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR - "AMICUS CURIAE"
PROCURADOR : DANIEL JUNQUEIRA DE SOUZA TOSTES
INTERES. : UNIDAS - UNIAO NACIONAL DAS INSTITUICOES DE AUTOGESTAO EM
SAUDE - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : JOSE LUIZ TORO DA SILVA - SP076996
VANIA DE ARAUJO LIMA TORO DA SILVA - SP181164
INTERES. : FUNDAÇÃO SÃO FRANCISCO XAVIER - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : CANDIDO RANGEL DINAMARCO - SP091537
BRUNO VASCONCELOS CARRILHO LOPES - SP206587
OSWALDO DAGUANO JÚNIOR - SP296878
CAROLINE DAL POZ EZEQUIEL - SP329960
INTERES. : INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADA : CAROLINA CARDOSO FRANCISCO MOUTINHO - RJ116999
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : WLADIMIR CORRADI COELHO - DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADO : CHRISTIAN TARIK PRINTES E OUTRO(S) - SP316680
VOTO-VISTA
Após, pedi vista antecipada dos autos para melhor exame das teses
repetitivas formuladas, bem como para tecer algumas considerações acerca das
consequências práticas e jurídicas que poderão advir do precedente qualificado a ser
firmado, consoante dispõem os arts. 20 e 21 da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (LINDB).
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 48 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Quanto ao primeiro tópico, relativo ao requisito temporal, propôs, em seu voto,
a seguinte tese: "Eventuais mudanças de operadora do plano de saúde, de modelo de
prestação de serviço, de forma de custeio e de valores de contribuição não implicam interrupção
da contagem do prazo de 10 (dez) anos previsto no art. 31 da Lei n. 9.656/1998."
"Art. 31. Ao aposentado que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o
§ 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, pelo prazo
mínimo de dez anos, é assegurado o direito de manutenção como beneficiário,
nas mesmas condições de cobertura assistencial de que gozava quando da
vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.
§ 1º Ao aposentado que contribuir para planos coletivos de assistência à
saúde por período inferior ao estabelecido no caput é assegurado o direito de
manutenção como beneficiário, à razão de um ano para cada ano de
contribuição, desde que assuma o pagamento integral do mesmo." (grifou-se)
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 49 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Eventuais mudanças de operadora, de modelo de prestação de
serviço, de forma de custeio e de valores de contribuição não implicam
interrupção da contagem do prazo de 10 (dez) anos previsto no art. 31 da Lei nº
9.656/1998, devendo haver a soma dos períodos contributivos para fins
de cálculo da manutenção proporcional ou indeterminada do trabalhador
aposentado no plano coletivo empresarial.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 50 de 8
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grupos etários adotados pela ANS. Já no tipo por preço único, a mensalidade suportada pelo
beneficiário é calculada a partir da média das idades da população (ativa) assistida, havendo
patrocínio do empregador quanto ao ônus financeiro excedente.
"(...)
91. Sob essa ótica, eventual distorção do sentido da
integralidade previsto na lei trará efeitos prejudiciais não apenas aos
inativos, mas também aos empregados ativos. Isso ocorrerá, por exemplo,
caso a empregadora deixe de oferecer o benefício de saúde ou de
subsidiá-lo, ou se vier a aumentar a parcela de contribuição a cargo de seus
funcionários, 'empurrada' pelo incremento crescente dos custos. Aliás,
mesmo que a empresa passe a arcar com a totalidade dos custos de saúde
haverá prejuízo, pois a ausência do rateio afastará a possibilidade de
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 51 de 8
Superior Tribunal de Justiça
manutenção do plano pelo empregado ao se aposentar.
92. Atenta aos possíveis efeitos sistêmicos que podem decorrer
da má interpretação e aplicação do art. 31 da LPS, a ANS destaca os dois
cenários acima mencionados em sua manifestação (e-STJ Fl.1067):
(...)
108. Nesse sentido, determinar judicialmente que as operadoras
arquem com tais custos significaria comprometer a higidez e sustentabilidade de
todo o sistema de saúde suplementar – mesmo porque elas são estranhas à
relação jurídica mantida entre a estipulante e o beneficiário. De sua vez,
qualquer tentativa de impor às estipulantes este custo exponencial, passível
de comprometer a própria atividade empresarial, terá como consequência o
esvaziamento do direito que o art. 31 da LPS pretendeu assegurar aos
inativos. Isso porque, diante do risco de ter que seguir arcando com os
custos de plano de saúde para os inativos, são dois os cenários possíveis: (i)
as estipulantes deixarão de oferecer plano de saúde para seus funcionários,
sempre que não houver vinculação patronal nesse sentido; ou (ii) farão uso
de outros modelos de custeio que não caracterizem a contributividade, como
a coparticipação – hipótese em que os aposentados não poderão usufruir do
benefício previsto no art. 31 da LPS, dado que não será atendido o requisito
legal da contribuição.
109. Ou seja, em qualquer dos cenários, os maiores
prejudicados serão os empregados – ativos e inativos.
110. A lógica da RN 279, repita-se, é preservar o equilíbrio
econômico do setor enquanto promove o direito de acesso à saúde privada
da população beneficiária, dado não ser linear a aplicação do art. 31 da LPS
diante dos diferentes mecanismos de custeio disponíveis no setor. Para isso,
a solução encontrada foi determinar que o aposentado assuma esse
pagamento referenciado, sempre, pelas tabelas de faixa etária. Portanto,
caso este e. STJ pretenda superar o regramento editado pela ANS para os
casos não evidentes de subsunção da expressão 'pagamento integral'
contido na LPS, que o faça tendo em vista todas as nuances acima
esposadas. Aliás, a substituição do regulador por este e. Tribunal deverá sopesar
os múltiplos interesses em jogo, ponderando a saúde do sistema com a promoção
dos direitos dos beneficiários, mas também enfrentando objetivamente a forma de
se implementar o pagamento integral em cada regime de custeio à luz de suas
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 52 de 8
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particularidades. Isso tudo sob pena de que o sistema entre em colapso" (fls.
1.100/1.106 e-STJ).
"(...)
O ex-empregado aposentado, preenchidos os requisitos do art. 31
da Lei n. 9.656/1998, não tem direito adquirido de se manter por prazo
indeterminado no mesmo plano privado de assistência à saúde vigente na época
da aposentadoria, podendo-se substituir a operadora, o modelo de prestação de
serviços, a forma de custeio e os respectivos valores, atendida a paridade com os
ativos."
A propósito, vale transcrever o art. 8º, III e IV, e § 1º, da RN/ANS nº 438/2018:
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 54 de 8
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Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 55 de 8
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RECURSO ESPECIAL Nº 1.816.482 - SP (2019/0144247-0)
RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA
RECORRENTE : FUNDACAO SABESP DE SEGURIDADE SOCIAL-SABESPREV
ADVOGADO : ANTONIO MARCIO BOTELHO - SP394172
RECORRIDO : ADALBERTO FLORENCIO DE FREITAS
ADVOGADOS : RICARDO ANTÔNIO RODRIGUES ANDRADE - SP183474
FERNANDA CRISTINE CAPATO - SP285404
INTERES. : FEDERACAO NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADOS : GUSTAVO BINENBOJM - DF058607
ALICE BERNARDO VORONOFF DE MEDEIROS - DF058608
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICA E DIR. DO CONSUMIDOR -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : SIMONE MARIA SILVA MAGALHÃES - DF024194
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR - "AMICUS CURIAE"
PROCURADOR : DANIEL JUNQUEIRA DE SOUZA TOSTES
INTERES. : UNIDAS - UNIAO NACIONAL DAS INSTITUICOES DE AUTOGESTAO EM
SAUDE - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : JOSE LUIZ TORO DA SILVA - SP076996
VANIA DE ARAUJO LIMA TORO DA SILVA - SP181164
INTERES. : FUNDAÇÃO SÃO FRANCISCO XAVIER - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : CANDIDO RANGEL DINAMARCO - SP091537
BRUNO VASCONCELOS CARRILHO LOPES - SP206587
OSWALDO DAGUANO JÚNIOR - SP296878
CAROLINE DAL POZ EZEQUIEL - SP329960
INTERES. : INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADA : CAROLINA CARDOSO FRANCISCO MOUTINHO - RJ116999
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : WLADIMIR CORRADI COELHO - DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - "AMICUS
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ADVOGADO : CHRISTIAN TARIK PRINTES E OUTRO(S) - SP316680
VOTO-VOGAL
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 57 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Sustenta, em síntese, que é fato incontroverso que “Adalberto
Florêncio e sua dependente não contribuíram para o PLANO PLENO pelo prazo
mínimo de 10 anos exigidos pelo artigo 31 da Lei 9.656/98, pois permaneceram
como seus beneficiários apenas entre os anos de 2014 e 2015” (fl. 592, e-STJ),
razão pela qual “o presente caso seria de aplicação do artigo 30, §1°, da Lei
9.656/98, e não aplicação de seu artigo 31” (fl. 593, e-STJ).
Afirma que “a Lei 9.656/98 não prevê a soma das contribuições de
produtos diferentes, até porque são oferecidos por operadoras distintas,
decorrente do vínculo de trabalho com a SANED e não com a SABESP” e que “os
planos de saúde oferecidos pela SABESPREV são exclusivos para os empregados da
SABESP e seus próprios, não sendo possível, para fins de aplicação dos artigos 30 e
31 da Lei 9.656/98, considerar o período de contribuição da época em que o
Recorrido laborou exclusivamente para a SANED” (fl. 594, e-STJ).
Alega que “as mesmas condições de cobertura assistencial se referem
ao conteúdo da assistência à saúde prestada e não ao critério de composição do
valor integral”; que “a Lei 9.656/98 em nenhum dos seus artigos veda a criação de
planos distintos para empregados e ex-empregados”; que “o v. acórdão não se
atentou ao fato de existir um plano destinado exclusivamente aos inativos que é
totalmente idêntico ao dos ativos (Plano 279), não havendo embasamento legal
algum para alegar que a Resolução da ANS desfavorece aos ditames previstos em
Lei”; e que “a Resolução seguinte da ANS que tratou do tema (Resolução 279 da
ANS, que também regulamentou os artigos 30 e 31 da Lei n°9.656/1998,
revogando a CONSU 21/99) permitiu que a empregadora criasse planos separados
para empregados e ex-empregados (artigo 13, inciso II)” (fls. 596 e 598-599, e-STJ).
Assevera que “não aceitar a regulamentação apresentada pela ANS
significa direta afronta ao dispositivo de lei que define sua competência” (fl. 604,
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 58 de 8
Superior Tribunal de Justiça
e-STJ).
Juízo de admissibilidade: o especial foi admitido pelo TJ/SP.
Decisão: em 29/10/2019, a Segunda Seção, por maioria, afetou o
recurso especial para julgamento pelo rito dos recursos repetitivos, delimitando a
seguinte controvérsia: Definir quais condições assistenciais e de custeio do plano
de saúde devem ser mantidas a beneficiários inativos, nos termos do art. 31 da Lei
n. 9.656/1998.
Voto do Relator: na sessão de 25/11/2020, o e. Relator, Ministro
Antônio Carlos Ferreira, propôs as seguintes teses: (I) “eventuais mudanças de
operadora do plano de saúde, de modelo de prestação de serviço, de forma de
custeio e de valores de contribuição não implicam interrupção da contagem do
prazo de 10 (dez) anos previsto no art. 31 da Lei n. 9.656/1998”; (II) “o art. 31 da
Lei n. 9.656/1998 impõe que ativos e inativos sejam inseridos em um único plano
de saúde, com as mesmas condições de cobertura assistencial, aí incluída a
paridade nos modelos de prestação de serviço, na forma de custeio e nos valores
de contribuição, cabendo ao inativo recolher, também, a parcela que, quanto aos
ativos, é custeada pelo empregador”; (III) “o ex-empregado aposentado,
preenchidos os requisitos do art. 31 da Lei n. 9.656/1998, não tem direito
adquirido de se manter por prazo indeterminado no mesmo plano privado de
assistência à saúde vigente na época da aposentadoria, podendo-se substituir a
operadora, o modelo de prestação de serviços, a forma de custeio e os respectivos
valores, atendida a paridade com os ativos”.
Com esses fundamentos, ao julgar a hipótese dos autos, Sua
Excelência negou provimento ao recurso especial.
Na sessão de 09/12/2020, o i. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva
apresentou voto-vista, acompanhando o e. Relator, mas sugerindo alterações na
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 59 de 8
Superior Tribunal de Justiça
redação das teses.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 60 de 8
Superior Tribunal de Justiça
voto.
E, assim como Sua Excelência, adiro à sugestão feita na sessão pelo e.
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva para que a primeira tese seja redigida nestes
termos: “Eventuais mudanças de operadora, de modelo de prestação de serviço,
de forma de custeio e de valores de contribuição não implicam interrupção da
contagem do prazo de 10 (dez) anos previsto no art. 31 da Lei no 9.656/1998,
devendo haver a soma dos períodos contributivos para fins de cálculo da
manutenção proporcional ou indeterminada do trabalhador aposentado no plano
coletivo empresarial”.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 61 de 8
Superior Tribunal de Justiça
oportuno fazer alguns comentários, em reforço à fundamentação tecida por Sua
Excelência.
A Lei 9.961/2000, que instituiu a ANS como órgão de regulação,
normatização, controle e fiscalização das atividades que garantem a assistência
suplementar à saúde, prevê, dentre as suas atribuições, a de “estabelecer critérios,
responsabilidades, obrigações e normas de procedimento para garantia dos
direitos assegurados nos arts. 30 e 31 da Lei nº 9.656, de 1998” (art. 4º, XI).
No exercício desse poder normativo conferido às agências reguladoras
pelo legislador, pontua Maria Sylvia Zanella di Pietro:
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 62 de 8
Superior Tribunal de Justiça
2.095/RS (Relator(a): Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/10/2019, DJe de
26/11/2019), que “o poder normativo atribuído às agências reguladoras
deve ser exercitado em conformidade com a ordem constitucional e
legal de regência”, consoante se infere deste trecho do voto condutor do
acórdão:
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 63 de 8
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técnicos, os comandos previstos na Carta Magna e na
legislação infraconstitucional acerca do subsistema
regulado'.
2 A norma regulatória deve se compatibilizar com a
ordem legal, integrar a espécie normativa primária,
adaptando e especificando o seu conteúdo, e não
substituí-la ao inovar na criação de direitos e obrigações.
Seu domínio próprio é o do preenchimento dos
espaços normativos deixados em aberto pela legislação, e
não o da criação de novos espaços.
Hierarquicamente subordinado à lei, o poder
normativo atribuído às agências reguladoras não lhes
faculta inovar ab o v o na ordem jurídica, mormente para
“impor restrições à liberdade, igualdade e propriedade ou
determinar alteração do estado das pessoas'
3. Vale ressaltar, ainda, que, sendo uma das justificativas
centrais para a emergência da regulação setorial por agências
independentes o elevado grau de segurança jurídica exigido pela
complexidade das relações sociais no mundo contemporâneo,
admitir alto grau de discricionariedade do agente regulador
ou baixa vinculação da regulação aos limites impostos pela
lei contraria a sua própria finalidade institucional,
passando, as agências reguladoras, de agentes
estabilizadores a fatores de instabilidade jurídica” (ADI 4093,
Relatora a Ministra Rosa Weber, Dje. 29.4.2014).
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 66 de 8
Superior Tribunal de Justiça
afirmar a relevância pública atribuída aos serviços de saúde pelo texto
constitucional, dada a importância social da atividade exercida pelas operadoras de
planos de saúde ao contribuírem, ainda que em caráter suplementar, para a
concretização do direito à saúde garantido a todos pelo constituinte (arts. 196, 197
e 199 da CF/1988). Nessa toada, afirmou o e. Ministro Marco Aurélio, no voto
condutor da ADI 1.931/DF (Pleno, julgada em 07/02/2018, DJe de 08/06/2018)
que “a promoção da saúde, mesmo na esfera privada, não se vincula às premissas
do lucro” e que “a atuação no lucrativo mercado de planos de saúde não pode
ocorrer à revelia da importância desse serviço social, reconhecida no artigo 197 do
Texto Maior”, verbis:
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eficiência a esse mercado; e, de outro, que tais atividades deveriam ser
desenvolvidas de acordo com decisões e regulamentações editadas por um
órgão estatal responsável por autorizar, regulamentar e fiscalizar o exercício
dessas atividades, de modo a permitir que a competição se desse de forma
saudável e em benefício da sociedade como um todo.
(...)
Como já se ressaltou, a ANS não pode ser vista como um
órgão de defesa do consumidor, nem integrante do Sistema Nacional
de Defesa do Consumidor-SNDC, o que não quer dizer que o
consumidor não seja beneficiário final de suas ações, pois é a partir
da busca pelo equilíbrio das relações e forças existentes no mercado
que se poderá trazer maiores benefícios ao cidadão-consumidor,
inclusive de forma coletiva e abrangente.
(...)
Na busca desse equilíbrio, a defesa do consumidor é perseguida,
mas com foco no mercado, diferentemente dos órgãos próprios, integrantes do
SNDC, que buscam essencialmente a satisfação do consumidor.
Insista-se, porém, que a diferença de foco entre os
órgãos eminentemente consumeristas e a ANS não lhe retira sua
função de instrumento, sem dúvida nenhuma, de proteção do
consumidor e, ainda, conta com a disponibilização de canais de acesso para
que o fornecedor faça suas consultas ou reclamações sobre o setor de saúde
suplementar. (Planos de saúde: a ótica da proteção do consumidor. 4ª ed. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. p. 48 e 80-81)
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 68 de 8
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comentarem o art. 31 da Lei 9.656/1998, afirmam que a regra “tem como fundo o
veto de recusar a filiação em razão da idade” e concluem:
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 69 de 8
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Em verdade, conhecendo a realidade do alto custo dos planos de
saúde individuais e familiares, sabidamente inacessível para uma esmagadora
parcela da população brasileira, não há como negar que os arts. 13, II, 17, 18 e 19
da Resolução ANS 279/2011 acabam por chancelar o “descarte” do idoso –
mencionado por Maury Ângelo Bottesini e Mauro Conti Machado –, na medida em
que concedem ao ex-empregador o aval para oferecer ao aposentado um serviço
mais caro, justamente quando ele tem menor condição financeira para assumi-lo,
forçando-o, em muitas das vezes, a resilir o contrato. Isso sem falar que, por força
da solidariedade intergeracional, o aposentado contribuiu por anos, quando mais
novo, para suportar parte dos custos gerados pelos mais velhos, na legítima
expectativa de que, quando mais velho fosse, outros contribuíssem para suportar
os seus próprios custos com assistência à saúde, expectativa essa que se frustra,
injustamente, quando se vê impossibilitado de continuar pagando pelo serviço.
Tal cenário revela que os arts. 13, II, 17, 18 e 19 da Resolução ANS
279/2011 estabelecem alternativa que é financeiramente conveniente apenas
para o estipulante e para a operadora, considerando o maior grau de risco de
doenças e outros agravos à saúde do beneficiário de idade mais avançada.
Por todo o exposto, se infere que a ANS, ao facultar ao ex-empregador
a escolha pela contratação de um plano de saúde exclusivo para os ex-empregados
aposentados, com condições de reajuste, preço, faixa etária diferenciadas daquelas
verificadas no plano privado de assistência à saúde contratado para os empregados
ativos, extrapola os limites do seu poder normativo, desrespeita a finalidade
protetiva da norma que regulamenta e o pacto intergeracional em que se fundam
os planos privados de assistência à saúde, ofendendo, por conseguinte, o princípio
da legalidade.
Não por outra razão, no julgamento do REsp 1.713.619/SP (julgado em
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 70 de 8
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16/10/2018, DJe 12/11/2018), de minha relatoria, a Terceira Turma afirmou que
“o art. 31 da Lei 9.656/98, regulamentado pela Resolução Normativa 279/2011 da
ANS, não alude a possibilidade de um contrato de plano de saúde destinado aos
empregados ativos e outro destinado aos empregados inativos” e “não faz
distinção entre 'preço' para empregados ativos e empregados inativos”, tendo,
afinal, concluído que “o 'pagamento integral' da redação do art. 31 da Lei 9.656/98
deve corresponder ao valor da contribuição do ex-empregado, enquanto vigente
seu contrato de trabalho, e da parte antes subsidiada por sua ex-empregadora,
pelos preços praticados aos funcionários em atividade, acrescido dos reajustes
legais”.
Com esses acréscimos, adiro, assim como Sua Excelência, à sugestão
proposta na sessão pelo i. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, com o aditamento
feito, na mesma ocasião, pelo e. Relator, para que a segunda tese seja redigida
nestes termos: “O art. 31 da Lei nº 9.656/1998 impõe que ativos e inativos sejam
inseridos em plano de saúde coletivo único, contendo as mesmas condições de
cobertura assistencial e de prestação de serviço, o que inclui, para todo o universo
de beneficiários, a igualdade de modelo de pagamento e de valor de contribuição,
admitindo-se a diferenciação por faixa etária se for contratada para todos, cabendo
ao inativo o custeio integral, cujo valor pode ser obtido com a soma de sua
cota-parte com a parcela que, quanto aos ativos, é proporcionalmente suportada
pelo empregador”.
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Quanto a essa questão, acompanho, sem acréscimos, os fundamentos
do e. Relator, porquanto consolidam o entendimento vigente em ambas as Turmas
de Direito Privado desta Corte sobre a paridade entre ativos e inativos, consoante
se verifica, inclusive, dos diversos julgados mencionados por Sua Excelência.
No que tange à tese, Sua Excelência aderiu, integralmente, à sugestão
trazida na sessão pelo e. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, assim redigida: “O
ex-empregado aposentado, preenchidos os requisitos do art. 31 da Lei nº
9.656/1998, naÞo tem direito adquirido de se manter no mesmo plano privado de
assistência à saúde vigente na época da aposentadoria, podendo haver a
substituição da operadora e a alteração do modelo de prestação de serviços, da
forma de custeio e dos respectivos valores, desde que mantida a paridade com o
modelo dos trabalhadores ativos e facultada a portabilidade de carências.
Quanto a essa redação, faço ressalva apenas com relação à referência
feita à portabilidade no enunciado da tese, por entender que, a despeito de se
tratar de relevante garantia nas situações em que há a extinção do vínculo de
beneficiário, como bem salientou o i. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva na
fundamentação do voto-vista, a delimitação da controvérsia restringe-se às
condições assistenciais e de custeio para a manutenção do aposentado no plano
de saúde, nos termos do art. 31 da Lei n. 9.656/1998.
Por isso, sugiro a seguinte redação para a terceira tese: “O
ex-empregado aposentado, preenchidos os requisitos do art. 31 da Lei no
9.656/1998, não tem direito adquirido de se manter no mesmo plano privado de
assistência à saúde vigente na época da aposentadoria, podendo haver a
substituição da operadora e a alteração do modelo de prestação de serviços, da
forma de custeio e dos respectivos valores, desde que mantida a paridade com o
modelo dos trabalhadores ativos”.
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Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 73 de 8
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teses propostas, sugerindo apenas a alteração na redação da terceira tese, e, no
particular, para negar provimento ao recurso especial.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. SADY D´ASSUMPÇÃO TORRES FILHO
Secretária
Bela. ANA ELISA DE ALMEIDA KIRJNER
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FUNDACAO SABESP DE SEGURIDADE SOCIAL-SABESPREV
ADVOGADO : ANTONIO MARCIO BOTELHO - SP394172
RECORRIDO : ADALBERTO FLORENCIO DE FREITAS
ADVOGADOS : RICARDO ANTÔNIO RODRIGUES ANDRADE - SP183474
FERNANDA CRISTINE CAPATO - SP285404
INTERES. : FEDERACAO NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADOS : GUSTAVO BINENBOJM - DF058607
ALICE BERNARDO VORONOFF DE MEDEIROS - DF058608
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICA E DIR. DO CONSUMIDOR -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : SIMONE MARIA SILVA MAGALHÃES - DF024194
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR - "AMICUS CURIAE"
PROCURADOR : DANIEL JUNQUEIRA DE SOUZA TOSTES
INTERES. : UNIDAS - UNIAO NACIONAL DAS INSTITUICOES DE AUTOGESTAO EM
SAUDE - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : JOSE LUIZ TORO DA SILVA - SP076996
VANIA DE ARAUJO LIMA TORO DA SILVA - SP181164
INTERES. : FUNDAÇÃO SÃO FRANCISCO XAVIER - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : CANDIDO RANGEL DINAMARCO - SP091537
BRUNO VASCONCELOS CARRILHO LOPES - SP206587
OSWALDO DAGUANO JÚNIOR - SP296878
CAROLINE DAL POZ EZEQUIEL - SP329960
INTERES. : INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADA : CAROLINA CARDOSO FRANCISCO MOUTINHO - RJ116999
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : WLADIMIR CORRADI COELHO - DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
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INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADO : CHRISTIAN TARIK PRINTES E OUTRO(S) - SP316680
SUSTENTAÇÃO ORAL
Sustentaram oralmente pelos Amicus Curiae, a seguir:
FUNDAÇÃO SÃO FRANCISCO XAVIER, o Dr. OSWALDO DAGUANO JÚNIOR;
UNIMED, o Dr. José Cláudio Ribeiro Oliveira;
IDEC, o Dr. Walter José Faiad de Moura;
FEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, a Dra. ALICE BERNARDO
VORONOFF;
INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE SUPLEMENTAR, o Dr. GUILHERME VALDETARO
MATHIAS; e
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, a Dra. MARIA ROSA GUIMARAES
LOULA.
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto do Sr. Ministro Relator negando provimento ao recurso especial e fixando
teses repetitivas, pediu VISTA o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.
Aguardam os Srs. Ministros Marco Buzzi, Marco Aurélio Bellizze, Nancy Andrighi, Luis
Felipe Salomão, Raul Araújo e Paulo de Tarso Sanseverino.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Isabel Gallotti.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 76 de 8
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MAURÍCIO VIEIRA BRACKS
Secretária
Bela. ANA ELISA DE ALMEIDA KIRJNER
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FUNDACAO SABESP DE SEGURIDADE SOCIAL-SABESPREV
ADVOGADO : ANTONIO MARCIO BOTELHO - SP394172
RECORRIDO : ADALBERTO FLORENCIO DE FREITAS
ADVOGADOS : RICARDO ANTÔNIO RODRIGUES ANDRADE - SP183474
FERNANDA CRISTINE CAPATO - SP285404
INTERES. : FEDERACAO NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADOS : GUSTAVO BINENBOJM - DF058607
ALICE BERNARDO VORONOFF DE MEDEIROS - DF058608
INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE POLITICA E DIR. DO CONSUMIDOR -
"AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : SIMONE MARIA SILVA MAGALHÃES - DF024194
INTERES. : AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR - "AMICUS CURIAE"
PROCURADOR : DANIEL JUNQUEIRA DE SOUZA TOSTES
INTERES. : UNIDAS - UNIAO NACIONAL DAS INSTITUICOES DE AUTOGESTAO EM
SAUDE - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : JOSE LUIZ TORO DA SILVA - SP076996
VANIA DE ARAUJO LIMA TORO DA SILVA - SP181164
INTERES. : FUNDAÇÃO SÃO FRANCISCO XAVIER - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADOS : CANDIDO RANGEL DINAMARCO - SP091537
BRUNO VASCONCELOS CARRILHO LOPES - SP206587
OSWALDO DAGUANO JÚNIOR - SP296878
CAROLINE DAL POZ EZEQUIEL - SP329960
INTERES. : INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAUDE SUPLEMENTAR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADA : CAROLINA CARDOSO FRANCISCO MOUTINHO - RJ116999
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : WLADIMIR CORRADI COELHO - DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 77 de 8
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INTERES. : INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - "AMICUS
CURIAE"
ADVOGADO : CHRISTIAN TARIK PRINTES E OUTRO(S) - SP316680
SUSTENTAÇÃO ORAL
Consignados pedidos de preferência pelo amicus curiae UNIMED DO BRASIL CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS, representado pelo Dr. JOSÉ CLÁUDIO
RIBEIRO OLIVEIRA, e pelo amicus curiae FEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
SUPLEMENTAR, representado pela Dra. ALICE BERNARDO VORONOFF DE MEDEIROS.
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Villas Bôas Cueva
acompanhando o Sr. Ministro Relator e propondo revisão das teses repetitivas, a Segunda Seção,
por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator.
Para os fins repetitivos, foram fixadas as seguintes teses:
"a) Eventuais mudanças de operadora, de modelo de prestação de serviço, de forma de
custeio e de valores de contribuição não implicam interrupção da contagem do prazo de 10 (dez)
anos previsto no art. 31 da Lei nº 9.656/1998, devendo haver a soma dos períodos contributivos
para fins de cálculo da manutenção proporcional ou indeterminada do trabalhador aposentado no
plano coletivo empresarial.
b) O art. 31 da Lei nº 9.656/1998 impõe que ativos e inativos sejam inseridos em plano
de saúde coletivo único, contendo as mesmas condições de cobertura assistencial e de prestação
de serviço, o que inclui, para todo o universo de beneficiários, a igualdade de modelo de
pagamento e de valor de contribuição, admitindo-se a diferenciação por faixa etária se for
contratada para todos, cabendo ao inativo o custeio integral, cujo valor pode ser obtido com a
soma de sua cota-parte com a parcela que, quanto aos ativos, é proporcionalmente suportada pelo
empregador.
c) O ex-empregado aposentado, preenchidos os requisitos do art. 31 da Lei nº
9.656/1998, não tem direito adquirido de se manter no mesmo plano privado de assistência à saúde
vigente na época da aposentadoria, podendo haver a substituição da operadora e a alteração do
modelo de prestação de serviços, da forma de custeio e dos respectivos valores, desde que
mantida a paridade com o modelo dos trabalhadores ativos e facultada a portabilidade de
carências."
Vencida, em parte, apenas em relação à parte final da tese, "e facultada a portabilidade de
carências", a Sra. Ministra Nancy Andrighi.
Os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Buzzi, Marco Aurélio Bellizze,
Nancy Andrighi, Luis Felipe Salomão, Raul Araújo e Paulo de Tarso Sanseverino votaram com o
Sr. Ministro Relator.
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Moura Ribeiro.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Isabel Gallotti.
Documento: 1996523 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 01/02/2021 Página 78 de 8