Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
o 15 — 20 de Janeiro de 2006
2 — O presente decreto-lei transpõe para a ordem ros de Portugal, nos termos definidos no título VIII do
jurídica nacional a Directiva n.o 2003/41/CE, do Par- presente decreto-lei.
lamento Europeu e do Conselho, de 3 de Junho, relativa 2 — No exercício das suas funções de supervisão, o
às actividades e à supervisão das instituições de rea- Instituto de Seguros de Portugal emite as normas regu-
lização de planos de pensões profissionais. lamentares necessárias ao regular funcionamento do sec-
tor dos fundos de pensões e procede à fiscalização do
seu cumprimento.
Artigo 2.o
Definições Artigo 5.o
Para os efeitos deste decreto-lei, considera-se: Autonomia e regime dos fundos de pensões que financiam
planos de benefícios de saúde
a) «Plano de pensões» o programa que define as
condições em que se constitui o direito ao rece- 1 — Os planos de benefícios de saúde só podem ser
bimento de uma pensão a título de reforma por financiados através de fundos de pensões fechados e
invalidez, por velhice ou ainda em caso de sobre- de adesões colectivas a fundos de pensões abertos.
vivência ou de qualquer outra contingência equi- 2 — Ao fundo de pensões que financie planos de
parável, de acordo com as disposições do pre- benefícios de saúde é aplicável, com as devidas adap-
sente diploma; tações, o fixado no presente decreto-lei para os fundos
b) «Plano de benefícios de saúde» o programa esta- de pensões fechados e para as adesões colectivas a fun-
belecido por uma pessoa colectiva que define dos de pensões abertos, bem como para os planos de
as condições em que se constitui o direito ao pensões de benefício definido ou mistos, sem prejuízo
pagamento ou reembolso de despesas de saúde do previsto nos números seguintes.
da responsabilidade da pessoa colectiva decor-
3 — As responsabilidades inerentes aos planos de
rentes da alteração involuntária do estado de
benefícios de saúde são calculadas e financiadas de
saúde do beneficiário do plano e havidas após
a data da reforma por velhice ou invalidez, forma autónoma em relação às responsabilidades dos
sobrevivência, pré-reforma ou reforma ante- planos de pensões, sendo objecto de certificação actua-
cipada; rial distinta.
c) «Fundo de pensões» o património autónomo 4 — Se o património de um fundo de pensões que
exclusivamente afecto à realização de um ou financie simultaneamente planos de pensões e planos
mais planos de pensões e ou planos de benefícios de benefícios de saúde for gerido de forma conjunta,
de saúde; deve existir uma clara identificação da quota-parte do
d) «Associado» a pessoa colectiva cujos planos de património afecto a cada plano.
pensões ou de benefícios de saúde são objecto 5 — Os fundos de pensões que financiem planos de
de financiamento por um fundo de pensões; benefícios de saúde podem celebrar contratos de seguro
e) «Participante» a pessoa singular em função de com empresas de seguros para a garantia do pagamento
cujas circunstâncias pessoais e profissionais se ou do reembolso das despesas de saúde previstas no
definem os direitos consignados no plano de plano.
pensões ou no plano de benefícios de saúde, 6 — Em caso de extinção da quota-parte do fundo
independentemente de contribuir ou não para de pensões afecta ao financiamento de planos de bene-
o seu financiamento; fícios de saúde, e na impossibilidade de aquisição de
f) «Contribuinte» a pessoa singular que contribui contratos de seguro ou de transferência para outro fundo
para o fundo ou a pessoa colectiva que efectua de pensões ou adesão colectiva, a entidade gestora asse-
contribuições em nome e a favor do parti- gura a gestão do plano até à liquidação do respectivo
cipante; património.
g) «Beneficiário» a pessoa singular com direito aos 7 — Em excepção à autonomia fixada no n.o 3, a devo-
benefícios estabelecidos no plano de pensões lução prevista no artigo 81.o está sujeita:
ou no plano de benefícios de saúde, tenha ou
não sido participante; a) Relativamente a um fundo de pensões fechado
h) «Aderente» a pessoa singular ou colectiva que ou a uma adesão colectiva a um fundo de pen-
adere a um fundo de pensões aberto. sões aberto, à verificação do cumprimento das
regras desse artigo pelo fundo de pensões finan-
ciador de planos de benefícios de saúde do
Artigo 3.o mesmo associado;
Gestão e depósito dos fundos de pensões b) Relativamente a um fundo de pensões finan-
ciador de planos de benefícios de saúde, à veri-
Os fundos de pensões são geridos por uma ou várias ficação do cumprimento das regras desse artigo
entidades gestoras, e os valores a eles adstritos são depo- pelo fundo de pensões fechado do mesmo asso-
sitados em um ou mais depositários, de acordo com ciado ou pela adesão colectiva a um fundo de
as disposições do presente decreto-lei. pensões aberto pelo mesmo associado.
No caso de fundos que financiam planos mistos ou 1 — Os fundos de pensões podem revestir a forma
de contribuição definida, é obrigatória a existência de de fundos fechados ou abertos:
contas individuais para cada participante, na parte cor- a) Considera-se que um fundo de pensões é
respondente às contribuições definidas, salvo em situa- fechado quando disser respeito apenas a um
ções excepcionais, fundamentadas nas características do associado ou, existindo vários associados,
plano e aceites pelo Instituto de Seguros de Portugal. quando existir um vínculo de natureza empre-
sarial, associativo, profissional ou social entre
os mesmos e seja necessário o assentimento des-
TÍTULO III tes para a inclusão de novos associados no
fundo;
Fundos de pensões b) Considera-se que um fundo de pensões é aberto
quando não se exigir a existência de qualquer
CAPÍTULO I vínculo entre os diferentes aderentes ao fundo,
dependendo a adesão ao fundo unicamente de
Disposições gerais aceitação pela entidade gestora.
1 — A entidade gestora, no exercício das suas funções, 1 — As entidades gestoras não podem transferir glo-
age de modo independente e no exclusivo interesse dos bal ou parcialmente para terceiros os poderes que lhes
associados, participantes e beneficiários. são conferidos por lei, sem prejuízo da possibilidade
2 — A entidade gestora deve exercer as funções que de recorrerem a serviços de terceiros que se mostrem
lhe competem segundo critérios de elevada diligência convenientes para o exercício da sua actividade, desig-
e competência profissional, bem como actuar de forma nadamente os de prestação de conselhos especializados
célere e eficaz na colaboração com as demais estruturas sobre aspectos actuariais e de investimentos e, ainda,
de governação dos fundos de pensões e na prestação de execução, sob a sua orientação e responsabilidade,
da informação exigida nos termos da lei. dos actos e operações que lhes competem.
2 — Sem prejuízo da manutenção da sua responsa-
bilidade para com os fundos de pensões, associados,
Artigo 35.o participantes e beneficiários, as entidades gestoras
Conflito de interesses podem mandatar a gestão de parte ou da totalidade
dos activos de um fundo de pensões a instituições de
1 — A entidade gestora deve evitar as situações de crédito, empresas de investimento, sociedades gestoras
conflito de interesses com o fundo, devendo dar pre- de fundos de investimento mobiliário, empresas de
valência aos interesses deste em relação seja aos seus seguro «Vida», desde que legalmente autorizadas a gerir
próprios interesses ou de empresas com as quais se activos na União Europeia e ou nos países membros
encontre em relação de domínio ou de grupo seja aos da OCDE, e a sociedades gestoras de fundos de pensões.
interesses dos titulares dos seus órgãos sociais, bem 3 — A prestação de serviços referida nos números
como assegurar a transparência do processamento da anteriores deve ser formalizada através de contrato
situação. escrito celebrado entre a entidade gestora e o prestador
2 — A entidade gestora, assim como os titulares dos de serviços e respeitar as seguintes condições:
seus órgãos sociais e as empresas com as quais se encon-
tre em relação de domínio ou de grupo, não pode com- a) Manutenção da responsabilidade da entidade
prar ou vender para si elementos dos activos dos fundos gestora pelo cumprimento das disposições que
por si geridos, directamente ou por interposta pessoa. regem a actividade de gestão de fundos de
3 — É vedado aos órgãos de administração e aos tra- pensões;
balhadores da entidade gestora que exerçam funções b) Detenção pelos prestadores de serviços das qua-
de decisão e execução de investimentos exercer quais- lificações e capacidades necessárias ao desem-
quer funções noutra entidade gestora de fundos de pen- penho das funções subcontratadas;
sões, salvo se pertencentes ao mesmo grupo económico. c) Dever de controlo do desempenho das funções
4 — Sempre que sejam emitidas ordens de compra subcontratadas pela entidade gestora, através,
de activos conjuntas para vários fundos de pensões, a designadamente, do poder de esta emitir ins-
entidade gestora efectua a distribuição dos custos de truções adicionais e de resolver o contrato sem-
forma proporcional aos activos adquiridos para cada pre que tal for do interesse dos associados, par-
fundo de pensões. ticipantes e beneficiários;
d) Cumprimento do enquadramento legal e regu-
lamentar a que a actividade de gestão de fundos
Artigo 36.o de pensões está sujeita, do exercício da gestão
Actos vedados ou condicionados no exclusivo interesse dos associados, partici-
pantes e beneficiários e da inexistência de pre-
1 — À entidade gestora é especialmente vedado, juízo para a eficácia da supervisão.
quando actue por conta própria:
a) Adquirir acções próprias; 4 — Deve ser remetido ao Instituto de Seguros de
b) Conceder crédito, com excepção de crédito Portugal um exemplar do contrato previsto no número
hipotecário, aos seus trabalhadores. anterior sempre que solicitado, redigido em português
ou devidamente traduzido e legalizado.
2 — À entidade gestora é especialmente vedado,
quando actue como gestora do fundo de pensões: SECÇÃO II
a) Contrair empréstimos, excepto com fins de liqui-
Condições de acesso e exercício das sociedades gestoras
dez, ou oferecer a terceiros os activos dos fundos
de pensões para garantia, qualquer que seja a
Artigo 38.o
forma jurídica a assumir por essa garantia,
excepto no âmbito de contratos de reporte ou Constituição, objecto, participações sociais e órgãos sociais
de empréstimo, ou outros, com o objectivo de
1 — As sociedades gestoras de fundos de pensões
uma gestão eficaz de carteira, nos termos a defi-
devem constituir-se sob a forma de sociedades anónimas
nir por norma regulamentar do Instituto de
e satisfazer os seguintes requisitos:
Seguros de Portugal;
b) Adquirir acções próprias; a) Ter a sede social, e a principal e efectiva da
c) Conceder crédito, salvo se se tratar de crédito administração, em Portugal;
hipotecário ou de crédito aos participantes nos b) Ter um capital social de, pelo menos, E 1 000 000,
termos previstos no contrato constitutivo do realizado na data da constituição e integral-
fundo. mente representado por acções nominativas;
468 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006
devem ser depositados numa ou várias instituições de respectivas entidades gestoras e por mediadores de segu-
crédito autorizadas à recepção de depósitos ou outros ros registados no Instituto de Seguros de Portugal no
fundos reembolsáveis ou em empresas de investimento âmbito do ramo «Vida».
autorizadas à custódia de instrumentos financeiros por 2 — À actividade de mediação de fundos de pensões
conta de clientes, desde que estabelecidas na União aplica-se, com as devidas adaptações, o regime constante
Europeia. da legislação que regula as condições de acesso e de
exercício da actividade de mediação de seguros,
Artigo 49.o podendo o Instituto de Seguros de Portugal definir, por
norma regulamentar, regras complementares às previs-
Funções e deveres dos depositários tas nesse acto legislativo, tendo em atenção a natureza
específica dos fundos de pensões.
1 — Aos depositários compete:
a) Receber em depósito ou inscrever em registo Artigo 53.o
os títulos e documentos representativos dos
Comissão de acompanhamento do plano de pensões
valores que integram os fundos;
b) Manter actualizada a relação cronológica de 1 — O cumprimento do plano de pensões e a gestão
todas as operações realizadas e estabelecer, tri- do respectivo fundo de pensões, no caso de fundos de
mestralmente, um inventário discriminado dos pensões fechados e de adesões colectivas aos fundos
valores que lhe estejam confiados. de pensões abertos que abranjam mais de 100 parti-
cipantes, beneficiários ou ambos, são verificados por
2 — Os depositários podem ainda, nomeadamente, uma comissão de acompanhamento do plano de pen-
ser encarregados de: sões, adiante designada por comissão de acompanha-
a) Realizar operações de compra e venda de títulos mento.
e exercer direitos de subscrição e de opção; 2 — A comissão de acompanhamento é constituída
por representantes do associado e dos participantes e
b) Efectuar a cobrança dos rendimentos produzi-
beneficiários, devendo estes últimos ter assegurada uma
dos pelos valores dos fundos e colaborar com representação não inferior a um terço dos membros
a entidade gestora na realização de operações da comissão.
sobre aqueles bens; 3 — Os representantes dos participantes e beneficiá-
c) Proceder aos pagamentos das pensões aos bene- rios são designados pela comissão de trabalhadores ou,
ficiários, conforme as instruções da entidade caso esta não exista, por eleição organizada para o efeito
gestora. entre aqueles, pela entidade gestora ou pelo associado,
nos termos fixados no contrato de gestão do fundo de
3 — Os depositários estão sujeitos aos deveres e proi- pensões fechado ou no contrato de adesão colectiva ao
bições previstos nos n.os 1 e 2 do artigo 35.o, com as fundo de pensões aberto.
devidas adaptações, devendo efectuar apenas as ope- 4 — Caso a comissão de trabalhadores, depois de
rações solicitadas pelas entidades gestoras de fundos devidamente instada para o efeito pela entidade gestora,
de pensões conformes às disposições legais e regu- não designe, no prazo máximo de 20 dias, os repre-
lamentares. sentantes em causa, é aplicável a parte final do número
Artigo 50.o anterior.
5 — As funções da comissão de acompanhamento
Formalização das relações entre as entidades gestoras
e os depositários são, designadamente, as seguintes:
1 — O regime das relações estabelecidas entre as enti- a) Verificar a observância das disposições aplicá-
veis ao plano de pensões e à gestão do respectivo
dades gestoras e os depositários, inclusivamente no
fundo de pensões, nomeadamente em matéria
tocante às comissões a cobrar por estes últimos, deve de implementação da política de investimento
constar de contrato escrito. e de financiamento das responsabilidades, bem
2 — Deve ser remetido ao Instituto de Seguros de como o cumprimento, pela entidade gestora e
Portugal um exemplar dos contratos referidos no pelo associado, dos deveres de informação aos
número anterior, bem como das suas posteriores alte- participantes e beneficiários;
rações. b) Pronunciar-se sobre propostas de transferência
Artigo 51.o da gestão e de outras alterações relevantes aos
Subcontratação
contratos constitutivo e de gestão de fundos de
pensões fechados ou ao contrato de adesão
A guarda dos valores do fundo de pensões pode ser colectiva aos fundos de pensões abertos, bem
confiada pelo depositário a um terceiro, sem que, con- como sobre a extinção do fundo de pensões ou
tudo, esse facto afecte a responsabilidade do depositário de uma quota-parte do mesmo e, ainda, sobre
perante a entidade gestora, sendo aplicável o disposto pedidos de devolução ao associado de excessos
nos n.os 3 e 4 do artigo 37.o, com as devidas adaptações. de financiamento;
c) Formular propostas sobre as matérias referidas
na alínea anterior ou outras, sempre que o con-
CAPÍTULO III sidere oportuno;
d) Pronunciar-se sobre as nomeações do actuário
Outras entidades responsável pelo plano de pensões e, nos fundos
de pensões fechados, do revisor oficial de con-
Artigo 52.o tas, propostos pela entidade gestora;
Entidades comercializadoras
e) Exercer as demais funções que lhe sejam atri-
buídas no contrato de gestão do fundo de pen-
1 — As unidades de participação dos fundos de pen- sões fechado ou no contrato de adesão colectiva
sões abertos apenas podem ser comercializadas pelas ao fundo de pensões aberto.
N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 471
3 — Em caso de alteração das regras do plano de 2 — A entidade gestora faculta aos participantes de
pensões e, nos planos contributivos, em caso de aumento adesões individuais a fundos de pensões abertos, a seu
das comissões e de alteração substancial da política de pedido, todas as informações adequadas à efectiva com-
investimento, bem como quando haja transferência da preensão do contrato de adesão individual ao fundo
gestão do fundo de pensões ou da adesão colectiva, de pensões, bem como do respectivo regulamento de
a entidade gestora informa os participantes dessas alte- gestão.
rações no prazo máximo de 45 dias a contar das mesmas. 3 — Sem prejuízo do disposto no n.o 4 do artigo 24.o,
4 — A entidade gestora envia anualmente aos con- a entidade gestora informa anualmente os participantes
tribuintes e, mediante pedido, aos demais participantes de adesões individuais a fundos de pensões abertos
de fundos de pensões fechados e de adesões colectivas sobre:
a fundos de pensões abertos informação sobre:
a) A evolução e situação actual da conta individual
a) A situação actual dos direitos em formação dos do participante;
participantes, considerando o tipo de plano; b) A taxa de rendibilidade anual do fundo;
b) A situação financeira do fundo, rendibilidade c) A forma e local onde o relatório e contas anuais
obtida e eventuais situações de subfinancia- referente ao fundo de pensões se encontra
mento; disponível;
c) A forma e local onde o relatório e contas anuais d) As alterações relevantes ao quadro normativo
referente ao fundo de pensões está disponível; aplicável e ao regulamento de gestão, bem como
d) As alterações relevantes ao quadro normativo as alterações relativas à identificação e contactos
aplicável e aos documentos referidos na alí- do provedor.
nea c) do n.o 1 do artigo anterior.
4 — Aos deveres de informação previstos no número
5 — Mediante acordo prévio entre o associado e a anterior podem acrescer, caso se revelem necessários
entidade gestora, pode estipular-se, no contrato de ges- a uma melhor e efectiva compreensão das características
tão do fundo de pensões ou no contrato de adesão colec- do fundo e do contrato de adesão celebrado, deveres
tiva, que as obrigações de informação previstas neste específicos de informação, a fixar, bem como a respectiva
artigo sejam cumpridas pelo associado ou pela comissão periodicidade, por norma do Instituto de Seguros de
de acompanhamento, sem prejuízo da manutenção da Portugal.
responsabilidade da entidade gestora pelo seu cum-
primento.
Artigo 62.o CAPÍTULO III
Informação aos beneficiários Demais informação e publicidade
1 — Preenchidas as condições em que são devidos
os benefícios, a entidade gestora informa adequada- Artigo 64.o
mente os beneficiários de fundos de pensões fechados Normas de contabilidade e demais informação
e de adesões colectivas a fundos de pensões abertos
sobre os benefícios a que têm direito e correspondentes 1 — A entidade gestora deve elaborar um relatório
opções em matéria de pagamento, designadamente as e contas anuais para cada fundo de pensões, reportado
referidas no artigo 8.o, de acordo com o definido no a 31 de Dezembro de cada exercício, devendo o mesmo
respectivo plano de pensões. ser apresentado ao Instituto de Seguros de Portugal.
2 — A entidade gestora informa os beneficiários que 2 — As sociedades gestoras de fundos de pensões
recebam a pensão directamente do fundo das alterações devem apresentar anualmente ao Instituto de Seguros
relevantes ocorridas no plano de pensões, bem como de Portugal, em relação ao conjunto de toda a actividade
da transferência da gestão do fundo ou da adesão colec- exercida no ano imediatamente anterior, o relatório de
tiva, no prazo máximo de 30 dias a contar das mesmas. gestão, o balanço, a demonstração de resultados e os
3 — A entidade gestora faculta aos beneficiários refe- demais documentos de prestação de contas, certificados
ridos no número anterior, a seu pedido, a política de por um revisor oficial de contas, aplicando-se, com as
investimento do fundo, bem como o relatório e contas devidas adaptações, para este efeito, o disposto no
anuais referentes ao fundo de pensões. artigo 105.o do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril,
sem prejuízo do disposto no presente artigo.
3 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal,
SECÇÃO II
sem prejuízo das atribuições da Comissão de Norma-
Adesões individuais a fundos abertos lização Contabilística, estabelecer, por norma regula-
mentar, as regras de contabilidade aplicáveis aos fundos
Artigo 63.o de pensões e às sociedades gestoras, bem como definir
Informação aos participantes
os elementos que as entidades gestoras devem obriga-
toriamente publicar.
1 — Tendo em vista uma melhor compreensão, pelos 4 — Os relatórios e contas e demais elementos de
contribuintes, das características do fundo, dos riscos informação elaborados pelas entidades gestoras de fun-
financeiros inerentes à adesão e do regime fiscal apli- dos de pensões devem reflectir de forma verdadeira e
cável, o Instituto de Seguros de Portugal pode exigir apropriada o activo, as responsabilidades e a situação
que, previamente à celebração do contrato de adesão financeira, seja do fundo, seja da sociedade gestora,
individual, a informação relevante constante do regu- devendo o respectivo conteúdo ser coerente, global e
lamento de gestão e do contrato de adesão seja dis- apresentado de forma imparcial.
ponibilizada através de um prospecto informativo, cujo 5 — Os relatórios e contas referentes aos fundos de
conteúdo e suporte são fixados por norma regulamentar. pensões abertos e às sociedades gestoras são disponi-
474 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006
bilizados ao público de forma contínua e por meio que f) Os encargos despendidos na compra, venda e
possibilite o acesso fácil e gratuito à informação, nos gestão dos activos do fundo;
termos a definir por norma regulamentar do Instituto g) Os encargos sociais previstos no n.o 4 do
de Seguros de Portugal. artigo 6.o;
h) A devolução aos associados do excesso de patri-
Artigo 65.o mónio do fundo nos casos em que tal seja
permitido;
Publicidade i) As despesas com a transferência de direitos de
participantes ou de associados entre fundos;
1 — A publicidade efectuada pelas entidades gestoras j) Outras despesas, desde que relacionadas com
está sujeita à lei geral, sem prejuízo do que for fixado o fundo e previstas no contrato ou regulamento
em norma regulamentar do Instituto de Seguros de Por- de gestão.
tugal, tendo em atenção a protecção dos interesses dos
contribuintes, participantes e beneficiários.
2 — É proibida a publicidade que quantifique resul- Artigo 68.o
tados futuros baseados em estimativas da entidade ges- Liquidez
tora, salvo se contiver em realce, relativamente a todos
os outros caracteres tipográficos, a indicação de que As entidades gestoras devem garantir que os fundos
se trata de uma simulação. de pensões dispõem em cada momento dos meios líqui-
3 — Nos documentos destinados ao público e nos dos necessários para efectuar o pagamento pontual das
suportes publicitários relativos a fundos de pensões aber- pensões e capitais de remição aos beneficiários ou o
tos deve indicar-se, claramente, que o valor das unidades pagamento de prémios de seguros destinados à satis-
de participação detidas varia de acordo com a evolução fação das garantias previstas no plano de pensões
do valor dos activos que constituem o património do estabelecido.
fundo de pensões, especificando ainda se existe a garan- Artigo 69.o
tia de pagamento de um rendimento mínimo. Composição dos activos
caso de fundos que apenas admitam adesões colectivas, internos adequados à experiência de cada fundo de pen-
em que é calculado com periodicidade mínima mensal. sões, nos termos que, para o efeito, sejam definidos
2 — O valor de cada unidade de participação deter- por norma regulamentar do Instituto de Seguros de
mina-se dividindo o valor líquido global do fundo pelo Portugal.
número de unidades de participação em circulação.
3 — O valor líquido global do fundo é o valor dos Artigo 75.o
activos que o integram, valorizados de acordo com as Plano técnico-actuarial
disposições legais, líquido do valor das eventuais res-
ponsabilidades já vencidas e não pagas. 1 — No caso de planos de pensões de benefício defi-
nido ou mistos deve ser elaborado um plano técnico-
-actuarial que sirva de base para o cálculo das contri-
Artigo 72.o buições a fazer pelos associados e contribuintes, tendo
Política de investimento em atenção os benefícios a financiar e os participantes
e beneficiários abrangidos, nos termos a definir por
1 — A entidade gestora formula por escrito, de norma regulamentar do Instituto de Seguros de Por-
acordo com o disposto em norma regulamentar do Ins- tugal.
tituto de Seguros de Portugal, a política de investimento 2 — O plano técnico-actuarial deve ser revisto, pelo
de cada fundo de pensões, especificando os princípios menos, trienalmente e remetido ao Instituto de Seguros
aplicáveis em matéria de definição, implementação e de Portugal sempre que revisto.
controlo da mesma.
2 — A política de investimento deve ser revista, pelo
menos, trienalmente, sem prejuízo da necessária revisão Artigo 76.o
sempre que ocorram eventuais alterações significativas Princípios de cálculo das responsabilidades
nos mercados financeiros que afectem a política de
investimento. Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, o cálculo
3 — A regulamentação prevista no n.o 1 deve prever, das responsabilidades a financiar nos planos de pensões
pelo menos, que a política de investimento identifique de benefício definido ou mistos é efectuado com base
os métodos de avaliação do risco de investimento, as nos seguintes princípios:
técnicas aplicáveis à gestão do risco e a estratégia seguida a) Métodos actuariais reconhecidos que assegurem
em matéria de afectação de activos, atendendo à natu- que o montante do fundo seja adequado aos
reza e duração das responsabilidades relativas a pensões. compromissos assumidos no plano de pensões
e às contribuições previstas;
Artigo 73.o b) Pressupostos de avaliação prudentes, nomeada-
mente, taxas de juro e tabelas de mortalidade
Adequação entre os activos e as responsabilidades e de invalidez prudentes e adequadas que con-
1 — A entidade gestora deve assegurar que os activos tenham, caso se justifique, uma margem razoá-
que integram o património de cada fundo de pensões vel para variações desfavoráveis;
são adequados às responsabilidades decorrentes do c) Método e pressupostos de cálculo consistentes
plano de pensões, devendo para o efeito ter em conta, entre exercícios financeiros, salvo alterações
nomeadamente: jurídicas, demográficas ou económicas subjacen-
tes relevantes.
a) A natureza dos benefícios previstos;
b) O horizonte temporal das responsabilidades;
c) A política de investimento estabelecida e os ris- Artigo 77.o
cos a que os activos financeiros estão sujeitos; Montante mínimo de solvência
d) O nível de financiamento das responsabilidades.
Os pressupostos e os métodos a utilizar no cálculo
2 — Para aferir da adequação prevista no número do valor actual das responsabilidades nos planos de
anterior, a entidade gestora deve utilizar os métodos benefício definido ou mistos não podem conduzir a que
ou técnicas que considerar mais consentâneos com o o valor do fundo de pensões fechado ou da adesão colec-
objectivo de garantir, com elevado nível de razoabili- tiva seja inferior ao montante mínimo de solvência cal-
dade, que oscilações desfavoráveis no valor do culado de acordo com as regras estabelecidas por norma
património não põem em causa o pagamento das res- regulamentar do Instituto de Seguros de Portugal.
ponsabilidades assumidas, especialmente as relativas a
pensões em pagamento. Artigo 78.o
Insuficiência de financiamento do plano de pensões
CAPÍTULO II 1 — Se o associado não proceder ao pagamento das
Responsabilidades e solvência contribuições necessárias ao cumprimento do montante
mínimo exigido pelo normativo em vigor, cabe à enti-
Artigo 74.o dade gestora, sem prejuízo do dever de comunicar a
situação à comissão de acompanhamento e do estabe-
Regime de solvência
lecido nos números seguintes, tomar a iniciativa de pro-
1 — O regime de solvência dos fundos de pensões por ao associado a regularização da situação.
deve reflectir os riscos incorridos e basear-se em critérios 2 — Se, no prazo de um ano a contar da data de
quantitativos e em aspectos qualitativos adequados à verificação da situação de insuficiência referida no
especificidade de cada plano e fundo de pensões. número anterior, não for estabelecido um adequado
2 — O regime pode prever a existência de diferentes plano de financiamento que tenha em conta a situação
níveis de controlo da solvência e conjugar métodos específica do fundo, nomeadamente o seu perfil de risco
estandardizados com abordagens baseadas em modelos e o perfil etário dos participantes e beneficiários, e que
476 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006
seja aceite pelo Instituto de Seguros de Portugal, deve percentagem mínima de financiamento, nos termos que
a entidade gestora proceder à extinção do fundo ou para o efeito sejam estabelecidos em norma regulamen-
da adesão colectiva. tar do Instituto de Seguros de Portugal.
3 — O plano de financiamento previsto no número 2 — A devolução ao associado do montante em
anterior deve ser comunicado à comissão de acompa- excesso está sujeita a aprovação prévia do Instituto de
nhamento previamente à sua aprovação pelo Instituto Seguros de Portugal, requerida conjuntamente, de forma
de Seguros de Portugal, o qual define, caso a caso, as fundamentada, pela entidade gestora e pelo associado,
condições e periodicidade com que a entidade gestora devendo o requerimento ser acompanhado de um rela-
lhe dá conhecimento, bem como à comissão de acom- tório do actuário responsável do plano de pensões
panhamento, do cumprimento do plano, procedendo-se envolvido.
à extinção do fundo de pensões ou da adesão colectiva 3 — Na decisão, o Instituto de Seguros de Portugal
em caso de incumprimento do plano. atende às circunstâncias concretas que em cada caso
4 — No prazo de 15 dias a contar da data de veri- originaram o excesso de financiamento, tendo em con-
ficação de uma situação de insuficiência de financia- sideração o interesse dos participantes e beneficiários,
mento do valor actual das pensões em pagamento, a e não autoriza a devolução, quando tiver resultado,
entidade gestora deve avisar o associado para efectuar directa ou indirectamente, de uma mudança nos pres-
as contribuições que se mostrem necessárias no prazo supostos ou métodos de cálculo do valor actual das res-
de 180 dias seguintes àquela comunicação e dar conhe- ponsabilidades, de uma alteração do plano de pensões
cimento da mesma ao Instituto de Seguros de Portugal ou de uma redução drástica do número de participantes
e à comissão de acompanhamento, devendo proceder em planos de pensões sem direitos adquiridos.
à extinção do fundo ou da adesão colectiva, se as con-
tribuições não forem efectuadas.
5 — Sempre que da aplicação dos prazos estabele- TÍTULO VII
cidos nos n.os 2 e 4 possa resultar prejuízo para os par-
ticipantes e beneficiários, o Instituto de Seguros de Por- Serviços transfronteiriços de gestão de planos
tugal pode aceitar uma dilatação daqueles prazos, até de pensões profissionais
ao máximo de três e de um ano, respectivamente,
mediante pedido devidamente fundamentado apresen- CAPÍTULO I
tado pela entidade gestora e pelo associado.
Disposições gerais
Artigo 79.o Artigo 82.o
Pagamento de novas pensões Definições
A entidade gestora só pode iniciar o pagamento de Para os efeitos do previsto no presente título, con-
novas pensões nos termos do plano se o montante do sidera-se:
fundo exceder ou igualar o valor actual das pensões
em pagamento e das novas pensões devidas, calculado a) «Estado membro» qualquer Estado que seja
de acordo com os pressupostos fixados pelo normativo membro da União Europeia, bem como os Esta-
em vigor para a determinação do montante mínimo de dos que são partes contratantes em acordos de
solvência, excepto se já existir um plano de financia- associação com a União Europeia, regularmente
mento aprovado pelo Instituto de Seguros de Portugal. ratificados ou aprovados pelo Estado Português,
nos precisos termos desses acordos;
Artigo 80.o b) «Estado membro de acolhimento» o Estado
membro cuja legislação social e laboral é a apli-
Indisponibilidade dos activos cável ao plano de pensões profissional;
Sem prejuízo do fixado nos artigos 78.o e 79.o, quando c) «Estado membro de origem» o Estado membro
ocorra uma situação, actual ou previsível, de insuficiên- ao abrigo de cuja legislação a instituição de rea-
cia de financiamento do valor das responsabilidades do lização de planos de pensões profissionais se
fundo de pensões, o Instituto de Seguros de Portugal constituiu e exerce a sua actividade;
pode, caso necessário ou adequado à salvaguarda dos d) «Plano de pensões profissional» um acordo ou
interesses dos participantes ou beneficiários, e isolada contrato no qual se definem as prestações de
ou cumulativamente com outras medidas, restringir ou reforma concedidas no contexto de uma acti-
proibir a livre utilização dos activos do fundo, sendo vidade profissional e as respectivas condições
aplicável, com as devidas adaptações, o previsto no de concessão, estabelecido:
artigo 114.o do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril. i) Entre a(s) entidade(s) patronal(ais) e
o(s) trabalhador(es) por conta de outrem
Artigo 81.o ou entre os respectivos representan-
tes; ou
Excesso de financiamento
ii) Com trabalhadores por conta própria,
1 — Se se verificar que, durante cinco anos conse- segundo a legislação do Estado membro
cutivos e por razões estruturais, o valor da quota-parte de acolhimento;
do fundo de pensões, correspondente ao financiamento
de um plano de pensões de benefício definido ou, na e) «Instituição de realização de planos de pensões
parte aplicável aos planos de benefício definido, ao profissionais» uma instituição, independente-
financiamento de um plano de pensões misto, excede mente da sua forma jurídica, que funcione em
anualmente uma percentagem do valor actual das res- regime de capitalização, distinta de qualquer
ponsabilidades totais, o montante do excesso pode ser entidade promotora ou de um ramo de acti-
devolvido ao associado, desde que se mantenha uma vidade, e que tenha por objecto assegurar pres-
N.o 15 — 20 de Janeiro de 2006 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 477
no caso, pode tomar as medidas adequadas para prevenir planos de pensões profissionais quer das regras e pro-
ou sancionar novas irregularidades, incluindo, na cedimentos de informação aplicáveis à gestão de planos
medida do estritamente necessário, a proibição de a de pensões nacionais, deve delas dar conhecimento à
entidade gestora gerir o plano de pensões em causa. autoridade competente do Estado membro de origem,
podendo sugerir a aplicação das medidas que considere
Artigo 88.o necessárias para pôr cobro às irregularidades detectadas.
3 — Se, não obstante o previsto no número anterior,
Cobertura das responsabilidades o incumprimento das disposições sociais e laborais
1 — A gestão de um plano de pensões profissional nacionais em matéria de planos de pensões profissionais
noutro Estado membro implica que seja assegurada a persistir, o Instituto de Seguros de Portugal pode, após
cobertura integral e a todo o momento das responsa- informar a autoridade competente do Estado membro
bilidades respectivas, podendo o Instituto de Seguros de origem, tomar medidas adequadas para prevenir ou
de Portugal, nomeadamente a pedido da autoridade sancionar novas irregularidades, incluindo, na medida
competente do Estado membro de acolhimento, exigir, do estritamente necessário, a proibição da gestão do
para esse efeito, a autonomização dos activos e res- plano de pensões profissional em causa pela instituição
ponsabilidades adstritos ao cumprimento do plano de de realização de planos de pensões profissionais.
pensões.
2 — Se, nomeadamente na sequência da autonomi- Artigo 91.o
zação prevista no número anterior, se verificar que o
fundo, relativamente ao plano de pensões do outro Autonomização
Estado membro, não assegura a cobertura integral e O Instituto de Seguros de Portugal pode solicitar à
a todo o momento das responsabilidades respectivas, autoridade competente do Estado membro de origem
são aplicáveis ao fundo as medidas de saneamento pre- a autonomização dos activos e responsabilidades da ins-
vistas no presente diploma, com excepção da possibi- tituição de realização de planos de pensões profissionais
lidade de apresentação de um plano de financiamento. relativos à gestão do plano de pensões nacional, para
3 — O Instituto de Seguros de Portugal comunica à efeitos da verificação, seja da cobertura integral e a
autoridade competente do Estado membro de acolhi- todo o momento das responsabilidades respectivas, de
mento a aplicação de qualquer medida tomada nos ter- acordo com o mínimo de solvência estabelecido nos ter-
mos do número anterior. mos do presente decreto-lei, seja do cumprimento das
4 — Caso a situação de subfinanciamento não seja regras de investimento referidas no n.o 1 do artigo 86.o
resolvida, o Instituto de Seguros de Portugal revoga a
autorização concedida para a gestão do plano de pensões
profissional. TÍTULO VIII
CAPÍTULO III
Supervisão
5 — O Instituto de Seguros de Portugal é ainda a solvência das sociedades gestoras de fundos de pensões,
autoridade competente para o exercício da supervisão o Instituto de Seguros de Portugal, caso necessário ou
das sociedades gestoras de participações sociais que adequado à salvaguarda dos interesses dos participantes
detenham participações em sociedades gestoras de fun- ou beneficiários, pode, isolada ou cumulativamente:
dos de pensões, nos termos previstos no artigo 157.o-B a) Restringir ou proibir a livre utilização dos acti-
do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril. vos da sociedade gestora, sendo aplicável, com
6 — Ao Instituto de Seguros de Portugal é conferida as devidas adaptações, o previsto no artigo 114.o
legitimidade processual para requerer judicialmente a do Decreto-Lei n.o 94-B/98, de 17 de Abril;
declaração de nulidade ou anulação dos negócios nulos b) Designar gestores provisórios da sociedade ges-
ou anuláveis celebrados pelas entidades gestoras com tora, nos termos, com as devidas adaptações,
prejuízo dos participantes e ou beneficiários dos fundos do previsto no artigo 117.o do Decreto-Lei
de pensões. n.o 94-B/98, de 17 de Abril.
Artigo 93.o
Poderes de supervisão 2 — Para além das medidas referidas no número ante-
rior, e isolada ou cumulativamente com qualquer dessas
1 — No exercício das funções de supervisão referidas medidas, o Instituto de Seguros de Portugal pode,
no artigo anterior, o Instituto de Seguros de Portugal nomeadamente nos casos em que a gestão do fundo
dispõe de poderes e meios para: ou fundos de pensões não ofereça garantias de acti-
a) Verificar a conformidade técnica, financeira e vidade prudente, e tendo em vista a protecção dos inte-
resses dos participantes ou beneficiários e a salvaguarda
legal da actividade dos fundos de pensões e das
das condições normais do funcionamento do mercado,
respectivas entidades gestoras sob sua super-
determinar, no prazo que fixar e no respeito pelo prin-
visão;
cípio da proporcionalidade, a aplicação às entidades ges-
b) Obter informações pormenorizadas sobre a toras de fundos de pensões de alguma ou de todas as
situação dos fundos de pensões e das respectivas seguintes providências de saneamento:
entidades gestoras e o conjunto das suas acti-
vidades, através, nomeadamente, da recolha de a) Restrições ao exercício da actividade de gestão
dados, da exigência de documentos relativos ao de fundos de pensões, designadamente a cons-
exercício das actividades relacionadas com os tituição de novos ou de determinados fundos
fundos de pensões ou de inspecções a efectuar de pensões;
nas instalações das empresas; b) Proibição ou limitação da distribuição de divi-
c) Adoptar, em relação às entidades gestoras de dendos e ou de resultados;
fundos de pensões, seus dirigentes responsáveis c) Sujeição de certas operações ou actos à apro-
ou pessoas que as controlam, todas as medidas vação prévia do Instituto de Seguros de Por-
adequadas e necessárias não só para garantir tugal;
que as suas actividades observam as disposições d) Suspensão ou destituição de titulares de órgãos
legais e regulamentares que lhes são aplicáveis, sociais da empresa;
como também para evitar ou eliminar qualquer e) Encerramento e selagem de estabelecimentos.
irregularidade que possa prejudicar os interesses
dos participantes e beneficiários; 3 — Verificando-se que, com as providências de recu-
d) Garantir a aplicação efectiva das medidas refe- peração e saneamento adoptadas, não é possível recu-
ridas na alínea anterior, se necessário mediante perar a empresa, deve ser revogada a autorização para
recurso às instâncias judiciais; o exercício da actividade de gestão de fundos de pensões.
e) Exercer as demais funções e atribuições pre-
vistas no presente decreto-lei e legislação e regu- Artigo 95.o
lamentação complementares.
Publicidade das decisões do Instituto de Seguros de Portugal
2 — Nos termos de regulamentação a emitir pelo Ins- 1 — O Instituto de Seguros de Portugal noticia em
tituto de Seguros de Portugal, as entidades gestoras de dois jornais diários de ampla difusão as decisões pre-
fundos de pensões enviam-lhe periodicamente a docu- vistas nos artigos anteriores que sejam susceptíveis de
mentação necessária para efeitos de supervisão, afectar os direitos preexistentes de terceiros que não
incluindo os documentos estatísticos. o próprio fundo ou a entidade gestora de fundos de
3 — No exercício das suas funções de supervisão, o pensões.
Instituto de Seguros de Portugal emite instruções e reco- 2 — As decisões do Instituto de Seguros de Portugal
mendações para que sejam sanadas as irregularidades previstas nos artigos anteriores são aplicáveis indepen-
detectadas. dentemente da sua publicação e produzem todos os seus
4 — Sempre que as entidades gestoras de fundos de efeitos em relação aos credores.
pensões não cumpram, em prejuízo dos interesses dos 3 — Em derrogação do previsto no n.o 1, quando as
participantes e beneficiários, as instruções e recomen- decisões do Instituto de Seguros de Portugal afectem
dações referidas no número anterior, o Instituto de exclusivamente os direitos dos accionistas ou dos empre-
Seguros de Portugal pode, consoante a gravidade da gados das entidades gestoras enquanto empresas, o Ins-
situação, restringir ou proibir-lhes o exercício da acti- tituto notifica-os das mesmas por carta registada a enviar
vidade de gestão de fundos de pensões. para o respectivo último domicílio conhecido.