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FACULDADE ARMANDO ALVARES PENTEADO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

DISCIPLINA TEORIA E CULTURA DE MODA


Professora: Maíra Zimmermann
Aluna: Beatriz Teles

São Paulo - SP
2020

1.0 RESUMO
O desenvolvimento de uma coleção em 3D (modelagem e desfile digital) foi
o tema central escolhido para o TCC e que será realizado no segundo semestre de
2021. Com o auxílio de softwares e a apresentação final das peças físicas
finalizadas, o projeto irá propor a introdução da modelagem e campanhas digitais
como uma alternativa benéfica para o presente e futuro da indústria. Com a leitura
do livro Moda, Globalização e Novas tecnologias de Suzana Avelar, formada pela
Santa Marcelina e com mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela
PUC - SP, diversas bases e argumentos foram criados especialmente em relação
ao quinto capítulo, levando o nome de As tecnologias e a moda.

Uma das questões apontadas durante o projeto inicial, foi o porquê introduzir
uma modelagem 3D e quais seriam as mudanças geradas na indústria. Para poder
começar a discutir essa questão é necessário entender os agentes causadores e
incentivadores de avanços e adaptações tecnológicas na indústria têxtil. Como
explica Suzana Avelar (2009, p.135) as atividades bélicas e os esportes sempre
exigiram investimentos tecnológicos e contribuíram para um grande parte das
modernizações na vida cotidiana. Desde tecidos desenvolvidos para um
conforto/proteção maior dos soldados até roupas criadas em época de olimpíadas
gerando uma melhor performance do atleta.

Como o aviador inglês Sidney Cotton, no período da Primeira Guerra


Mundial, adaptou seu próprio uniforme adicionando novas camadas e um tecido
impermeável desenvolvido por Thomas Burberry. Ou como nas Olimpíadas de 2004,
a Speedo, empresa produtora de acessórios para a prática de natação, desenvolveu
um tecido baseado na pele dos tubarões, constituído por canais por onde a água
escorria rapidamente. Portanto, a otimização de recursos tecnológicos para o setor
têxtil gera condições mais favoráveis para quem produz e para o meio.

Atualmente, com a sociedade inteira vivendo uma pandemia, onde tudo e


todos se concentram em casa, novos recursos e formatos foram surgindo para
todas as áreas da indústria. Com as restrições de aglomeração, o isolamento social
fez com que marcas agissem rápido e criassem novas maneiras de apresentar e
vender suas coleções, até as semanas de moda, que movimenta milhares de
espectadores e profissionais, foram adaptadas para o formato digital. Porém, é
importante lembrar que quem se destacou nessas temporadas foram criadores
pequenos, que conseguiram apresentar suas peças de uma maneira única, onde
focaram no momento atual, respeitando os limites, sendo originais e apresentando
novos modelos para o público.

No subcapítulo “O estranho e os volumes além do corpo” (p.157), Suzana


explica exatamente a questão dos criadores usarem a tecnologia têxtil,
performances, modelagens diferentes a seu favor, para criarem novas imagens,
citando Margiela, Yohji Yamamoto, Mcqueen, Vivienne Westwood, entre outros. “Em
todos esses estilistas nota-se a preocupação de superar os limites naturais por meio
de volumes que escapem às formas do corpo. Todos indicam, assim, a necessidade
de imagens novas para que, de alguma forma, em algum momento, as mudanças
dos padrões comecem a acontecer.” (p.163).

A autora faz referência a volumes usados na época, que trouxeram um certo


“escapismo” dos padrões, o que pode ser relacionado com o meio de apresentação
usado em coleções de 2020. Anifa Mvuemba, uma estilista congolesa, transmitiu de
forma digital e virtual sua coleção , utilizando modelos 3D para vestir as peças de
sua marca. A marca Sunnei conseguiu a atenção do público e da mídia investindo
em modelos 3D que ao som de Macarena, dançaram demonstrando os movimentos
das roupas. É importante entender o valor do design 3D levando em consideração
não só a arte e estética, mas também sua funcionalidade.

Em novembro de 2020, o site da Uol publicou uma matéria de Felipe de


Souza com o seguinte título: "Falta de algodão, jeans e viscolycra faz roupas
subirem de preço”. Com a queda de produção e com a economia da China voltando
antes que a do Brasil, houve a venda de uma grande remessa de algodão brasileiro
para os chineses, causando a escassez da matéria prima. Em um momento crítico,
onde a melhor maneira seria evitar o desperdício, a modelagem digital entra como
uma aliada para marcas e criadores.

O designer brasileiro Alexandre Brito entra como um exemplo, utilizou da


modelagem 3D para lançar sua coleção e enfatizou a agilidade e pouco desperdício
durante o processo de produção. Os ajustes de pilotos, modelagens não necessitam
de nenhum material físico, inclusive a escolhas de tecido, texturas e simulações de
caimento no corpo. Ou seja, menos matéria prima indo para o lixo.

É importante ressaltar, que a sustentabilidade, hoje em dia, não é mais vista


como um tema e sim como um dever da marca, pensar e incorporar a mentalidade e
causa dentro de sua produção. Por esta razão é necessário entender que a
modelagem digital e manual tem suas diferenças, entender que as duas podem vir
juntas, entender até que ponto, ou em que peça compensa a utilização do processo
digital e quando saber usar a rica técnica de modelagem plana ou moulage. As duas
tem seus benefícios, a questão não é o 3D sobressair o manual, mas sim incorporá-
lo na indústria e em processos onde o desperdício reina. Por esta razão, em uma
das partes da apresentação do TCC, serão realizados cinco looks feitos a partir de
softwares e um utilizando moulage, demonstrando a quantidade de tempo e matéria
prima gasta.

2.0 REFLEXÃO

Ao decorrer o quinto capítulo, Suzana Avelar explica a questão de uma certa


"hibridação” do homem com a tecnologia, que talvez seja a melhor maneira para
descrever este capítulo. A relação do homem - máquina, denominada pós-humana,
consiste em um querer/desejo de sobreviver em todos os tipos de ambientes,
terrestres, fora do planeta e digitais. Esse desejo de expandir as funções e
processos, está desde a Primeira Guerra Mundial até nos dias de hoje. Portanto,
qualquer tipo de avanço tecnológico que venha para beneficiar o meio e diminuir
desperdícios deve ser bem-vinda.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
AVELAR, Suzana. Moda, Globalização e Novas tecnologias. São Paulo: Estação
das Letras e Cores Editora, 2009.

ASSUNÇÃO, Lucas. Como a moda 3D possibilitou o lançamento de uma coleção


durante o Isolamento. Santodecasa.co, 2020. Disponível em: <
https://santodecasa.co/2020/09/01/entrevista-moda-3d/ >. Acesso em 8 de
dezembro de 2020.

SOUZA, Felipe. Falta de algodão, jeans e viscolycra faz roupas subirem de preço.
Economia.uol, 2020. Disponível em: <
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/11/23/algodao-roupas-preco-
pandemia.htm >. Acesso em 8 de dezembro de 2020.

ASSUNÇÃO, Lucas. Avatares e modelos digitais na moda. Santodecasa.co, 2020.


Disponível em: <https://santodecasa.co/2019/09/18/a-moda-e-os-avatares-virtuais-
entrevista-com-studio-asteri/>. Acesso em 26 de novembro de 2020.

PAIVA, Vitor. Estilista congolesa altera rumos da moda com desfile 3D durante
pandemia. Hypeness, 2020. Disponível em:
<https://www.hypeness.com.br/2020/06/estilista-congolesa-altera-rumos-da-moda-
com-desfile-em-3d-durante-pandemia/>. Acesso em 8 de dezembro de 2020.

BELEZA, Alfredo. Como a tecnologia vem mudando o mercado da moda. Techenet,


2020. Disponível em: <https://www.techenet.com/2020/08/como-a-tecnologia-vem-
mudando-o-mercado-da-moda/>. Acesso em 16 de setembro de 2020.

BUSCH, Sibele. Moda e tecnologia - Uma análise da relação da moda com a


tecnologia no século XXI. Unisul, 2017. Disponível em:
<https://riuni.unisul.br/bitstream/handle/12345/4679/tcc%20corrigido%20pronto
%20para%20postar.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 16 de setembro de
2020.

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