INTRODUÇÃO
Uma necessidade tão efêmera de mudança nos faz questionar sobre qual deve ser o
fator primordial que determina o elemento formal dos objetos industrializados,
integrados ao fenômeno da moda, que permite o seu reconhecimento em um
universo de representação estilística, nos fazendo questionar também, sobre até que
ponto se pode identificar a moda como parte que determina ou participa do estilo de
uma época.
O que se costuma discutir sobre esta relação é sua maior adaptabilidade ao sistema
de forma funcional que derivada da natureza técnica do objeto ou forma decorativa
decorrente de sua natureza afetiva. Acreditam os estudiosos de design que a escolha e
o uso do vestuário são, na maioria das vezes, de ordem afetiva, visto que a moda é
mais visível em objetos de uso pessoal.
Estudioso das questões do design de moda, George Nelson, em sua obra In Problems
of Design, afirma que (1957):
Para ele, um gênero que está fora da moda possui a disposição de adotar modelos
antiquados por motivos afetivos ou diferenciação social como uma forma artística que
procura fazer publicidade de si próprio no produto.
Ser Designer significa programar para a indústria; o gosto deve estar vinculado tanto
ao gosto do público à que se destina o produto, como às exigências econômicas a que
tenha que se submeter. Estas são as duas razões que obrigam a trabalhar em equipe,
para que se possa estar em contato tanto com o setor produtivo como com o setor
técnico científico.
Ser designer não é apenas ser um desenhista, é ser projetista de objetos que serão
reproduzidos industrialmente e num plano de processo produtivo.
ORIGEM E EVOLUÇÃO
A origem da palavra design está no latim designare, verbo que abrange o sentido de
designar e de desenhar e portanto, já contém na sua origem o aspecto abstrato de
conceber/projetar/atribuir e o concreto de registrar/configurar/formar, tratando assim
de uma atividade que gera projeto, esboços e modelos.
Esta condição, que fez parte da implantação do sistema industrial de fabricação, gerou
a necessidade de organizar as primeiras escolas de design do século XIX e continuou
gerando durante o século XX, obrigando a que só se considere hoje, como designer,
um profissional formado em nível superior.
Surgiu uma nova figura de profissional, o designer como um homem que compartilha
das mesmas origens e dos mesmos gostos dos consumidores que buscavam nessas
produções, mais do que uma simples qualidade construtiva, uma afirmação de sua
identidade social capaz de ostentar seu progresso profissional. A identidade das
classes sociais passou por um processo de redefinição e, com o tempo, tais
preocupações foram se difundindo por outras camadas sociais.
Uma grande questão deste contexto foi como comunicar para o público anônimo os
préstimos de um produto desconhecido, já que na cidade, com as economias das
sobras dos salários, aumentava o número de pessoas capazes de consumir . Segundo
Rafael Cardoso (2004):
Isso criou novas tecnologias para impressão de texto, e uma expansão do mercado
para produtos gráficos, que gerou uma grande evolução no campo da reprodução de
imagens que se deu a partir do florescimento do mercado editorial que se explica
tanto pela redução no custo de produção como também pelo aumento do tamanho
do público leitor.
A rápida evolução dos meios impressos de comunicação é outro fator que distingue o
século XIX. Diversos avanços de ordem tecnológica vieram juntar-se nessa época à
ampliação do público leitor. Além de livros e jornais, foram criados veículos impressos
novos ou pouco explorados anteriormente, como o cartaz, a embalagem, o catálogo e
a revista ilustrada.
Macy’s
Printemps
O exterior da casa das pessoas passou a ser visto cada vez mais como uma expressão
do seu sentido interior, passível de apreciação e interpretação. A impressão de
conforto, de luxo e às vezes de elegância passou a revelar uma preocupação extrema
com o bem estar, a estabilidade e a solidez.
A abundância de objetos, que compôs o lar burguês vitoriano, tem revelado muito
sobre as condições sociais decorrentes da Revolução Industrial: o interior doméstico
passou a se configurar como lar, como local de refúgio e de certezas, oposto ao perigo
e instabilidade das ruas.
O novo luxo dos interiores burgueses contrastava com o lixo, a miséria e a doença
crescente nas ruas das cidades. Em nome da higiene, da segurança e do progresso,
foram empreendidas reformas urbanas de grande porte, como a reurbanização de
Paris executada pelo Barão de Haussmann e a do Rio de Janeiro. A preocupação com a
higiene não se limitou ao saneamento urbano.
Em paralelo ao redesenho das cidades e das casas ocorreu uma reorganização tanto
nas fábricas quanto nos escritórios. A evolução do design de móveis de escritório
mostra a mudança na conceituação e na natureza do trabalho. As escrivaninhas foram
substituídas por mesas e a função de arquivar foi desmembrada para um outro móvel:
o arquivo.
O que é Design de Moda? E a Evolução da
Parte 4 -
Industria da Moda.
Foi durante o período entre 1898 e 1910, que a indústria do vestuário feito em massa
arrancou de fato, tanto na Inglaterra como na América. A expansão das fábricas de
confecção, no entanto não causou a falência das lojas de alfaiates ou o
desaparecimento das costureiras que trabalhavam por dia. Pelo contrário, este
sistema aumentou o trabalho a domicílio.
Na virada do século XIX para o XX, os grupos feministas lutavam para acabar com a
exploração salarial do trabalho da mulher e da criança, e obtiveram sucesso. A
Primeira Guerra mundial fortaleceu o movimento dos Trade Boards e melhorou as
condições de trabalho.
Em 1909 houve uma greve histórica na indústria das roupas onde 20 mil trabalhadores
deixaram seus trabalhos. Apesar da maioria dos grevistas ser constituída por homens,
foi a maior greve feminina da América. E esta greve levou a um acordo histórico que
foi assinado pelos patrões, e a partir daí, as roupas femininas começaram a ser criadas
também visando às necessidades de uso para o trabalho da mulher, isto, é,
começaram a se fazer roupas funcionais.
Nos EUA havia um grande campo para roupas feitas em massa. As grandes distâncias
geraram a possibilidade de se reproduzir e vender roupas em grande quantidade,
tanto de modelos quanto de tamanhos e, para os diferentes centros.
Nos anos 40 a produção de roupa barata e atraente estava cada vez mais ligada
ao desenvolvimento de métodos de fabricação modernos que envolviam rapidez,
estilo, qualidade e preço.
Durante a década de 50, com o fim do período de guerras mundiais, houve uma
melhoria nas condições de vida e com isso, o crescimento de uma sociedade
consumidora. Outro fator que contribuiu enormemente para o desenvolvimento da
industrialização de roupas foi o surgimento do mercado voltado aos jovens
estudantes.
Nos anos 60Na metade da década de 60, quase metade das roupas industrializadas
era destinada à faixa etária de 15 a 19 anos de idade. Esta mudança nos hábitos de
consumo da juventude foi um fenômeno de moda e ocorreu inicialmente na
Inglaterra, o que fez com que o desenho de moda inglês para o mercado de massas
começasse a liderar o resto do mundo.
O crescimento do mercado de moda se deu tanto para atender exigências das faixas
etárias como pela globalização, que estabeleceu um padrão de elegância a nível
global. Tal crescimento exigiu grandes reformulações nas estruturas de trabalho e um
grande aprimoramento no maquinário. A modernização de todos os processos
industriais continuou, introduzindo o planejamento computadorizado das provisões, o
desenvolveu do corte a laser e o desenvolvimento, pelos japoneses, de máquinas que
bordam até em tecidos muito delicados, e hoje, até a alfaiataria de fábrica por
encomenda utiliza agora pontos feitos à máquina que imitam o aspecto do ponto feito
à mão.
Cabe ressaltar que, tanto o setor têxtil quanto o de confecções não são geradores da
sua própria tecnologia, o que significa que os seus respectivos avanços tecnológicos
são incorporados pela utilização de bens de capital.
Porém, hoje, esta imensa sofisticação tecnológica coexiste com a mais terrível
exploração de trabalhadores do terceiro mundo, numa versão gigantesca, em escala
mundial, do velho sistema de despedimentos e de subcontratação de serviços
facçionados, ou seja, o “sistema de suor”, como nos fala Karl Marx.