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RESUMO
ABSTRACT
This article has the purpose to show a multi-disciplinary work applied in the 2nd period of the
course of technology in design of fashion having as the deconstruction of the clothes as
inquiry object, search, development and production of a product. The methodology applied
for this research was research-action and the participants figured out how the pattern making
domain and graphical computation are essential for the creation and development of product.
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Docente do curso Tecnológico em Design de Moda da Faculdade Estácio de Sá em Belo Horizonte. Arquiteta e
urbanista especialista em Design de Moda pela Fumec, assistente da Oficina de Moda Junia Melo.
Contato: rascherrer@hotmail.com
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INTRODUÇÃO
A partir de dois produtos (espartilho e macacão) foi feito uma desconstrução – união –
resultando o novo produto, o Esparticão que apoiou-se no conceito de fetiche. Este trabalho
inspirou o tema para um trabalho interdisciplinar no curso em tecnologia em Design de moda,
enfocando design e desenvolvimento e apresentação do produto (pôster e peça piloto).
METODOLOGIA
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DESENVOLVIMENTO
Segundo TREPTOW (2007) “A pesquisa deve ser uma constante na vida do designer de
moda. As mudanças, a valorização do novo e a oportunidade para o uso da criatividade são o
que torna tão cativantes as carreiras do ramo da Moda. Designers, ilustradores, editores,
fotógrafos vivem em busca de novas leituras para o vestuário.”
O produto que remete ao fetiche é o espartilho, e a foto que inspirou a criação deste trabalho
era um macacão contemporâneo. Foram feitas pesquisas bibliográficas sobre os dois temas
(espartilho e macacão) para efetuar e concluir o estudo dos nomes.
Segundo CALLAN (2007) Macacão - “Antes usado por trabalhadores, o macacão tornou-se
uniforme obrigatório em fábricas de munição durante a 2ª Guerra Mundial. O macacão é
uma peça inteiriça, com mangas e calças compridas, fechada por zíper ou botões desde o
umbigo até a gola. Foi adotado pelas mulheres no início do século XX, sendo muito popular
na década de 60. Sendo oriundo de uma roupa funcional, para trabalho, seu modelo
apresenta sempre muitos bolsos, abas e fivelas.” Esparticão, portanto é uma união
contrastante de uma peça sexy (feminina) e outra robusta (masculina), pouco tecido versus
muito tecido, enfim a ambiguidade está sempre presente nestes dois objetos. Como
transformar um macacão numa peça feminina? Além da desconstrução tinha que trabalhar a
semiótica, através de signos construídos e desconstruídos.
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O próprio nome do produto foi criado a partir da junção e desconstrução de ESPARTILHO e
MACACÃO, que virou ESPARTICÃO.
Questiona-se: quais são os códigos por detrás desta peça, se as roupas “sensuais” aumentam
ou diminuem o poder das mulheres, se afasta ou atrai a idéia do sexo. Qual seria a mensagem
Exibicionismo ou pudor?
O material do qual é feita a roupa pode deixá-la ainda mais sensual. Muitas vezes associamos
estas características à pessoa que está usando determinados tecidos. O veludo usado para a
confecção do Esparticão tem aspecto de couro de vaca. O couro de vaca sugere, a idéia do
contato sensual com a pele de quem usa. A pele de animais está associada com os pelos
pubianos. Peças de roupas íntimas que são tão frequentemente escolhidas como um fetiche,
cristalizam o momento de despir-se, o último momento em que a mulher ainda podia ser
encarada como fálica. (STEELE, 1985)
O filó é também usado para a saia, pois com a sua transparência e volume embrulha, através
do volume das pregas da saia, o produto “V” feminino, que é um dos objetos de desejo dos
homens. A saia é propositalmente, aberta nas costas...
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Em relação às cores usadas: preto e vermelho. A noite é negra e o sangue é vermelho. O
poderoso e misterioso preto simboliza dentro do fetichismo a cor mais popular e é rivalizado
pelo fogoso vermelho da paixão. (STEELE, 1985). Estas cores fortes estão impregnadas no
fetiche e no Esparticão. A figura 1 sintetiza o processo criativo e produto finalizado.
O trabalho interdisciplinar solicitado aos alunos foi desenvolvido em grupo, com prazo de três
semanas para pesquisas, criação e desenvolvimento a peça. Cada grupo (2 a 4 alunos) deveria
entregar um pôster formato A1 com croquis, fotografias e um memorial descritivo para a
disciplina de Computação Gráfica e para a disciplina de Modelagem, a peça finalizada e sua
modelagem.
Muitos alunos estão presos à esquemas e regras e perdem a essência da criação, por isso a
autora não elaborou um esquema prático, deixando mais liberdade para a criação.
A seguir o resultado de alguns trabalhos:
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Grupo A: O trabalho que melhor representou o tema proposto (um novo produto usando
propostas diferenciadas) foi de uma dupla de mulheres em torno de 40 anos, uma modelista e
a outra artesã. Elas encontraram uma toalha de crochê na rua e resolveram desconstruía-la e
fizeram um bolero. A peça foi espertamente nomeada de TOLERO. “Transformar a toalha
em uma peça com nova utilidade foi além da questão sócio-ambiental, da reciclagem, foi
manter vivos tantos pensamentos, emoções e sentimentos...” (FALEIRO, & CHAVES, 2009).
A dupla fez uma pesquisa sobre o lixo e o crochê, escreveram um conceito para o trabalho e
descreveram o processo criativo e desenvolvimento. O que mais marcou nesta dupla, além
claro, da criatividade, foi a evolução em relação ao uso do computador como uma ferramenta
importantíssima para a apresentação de trabalho para designers de moda. Uma luta constante,
entre aluno e professor, com repetições de ferramentas, exercícios feitos em casa e muitas
dúvidas por emails além da vontade de aprender mostrou que a idade não é uma barreira à
pesquisa e à criação. “Achamos bem clara a apresentação e explicação do ESPARTICÃO.
Gostamos de trabalhar com a escolha de um tema livre, criar nossos roteiros e viajar na
pesquisa e criação do produto. O trabalho se torna mais prazeroso. As dúvidas foram
aparecendo no decorrer do processo e esclarecidas nas aulas de orientações. O tema não
poderia ser melhor, pois adoramos reciclar, aproveitar, transformar e reinventar coisas”
(FALEIRO, & CHAVES, 2009).
Dois grupos desenvolveram o mesmo tema, um produto com dois usos: bolsa e blusa (bata).
Um teve o nome titulado “Bagshirt” e o outro Bolsa-bata. O primeiro trabalho falou sobre a
história da camiseta e da bolsa, e no desenvolvimento da peça mencionaram uma preocupação
com o meio ambiente, por isso seu produto é “curinga”, já que pode ser usado de 2 maneiras.
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Grupo C: Bolsa-bata – O grupo desenvolveu uma bolsa e bata independentes, sendo que
ambas utilizam a mesma alça, mas a bata também pode ser usada como bolsa (vestindo a
bolsa...) Para o uso como bolsa a alça é removível e presa por grandes botões. Como todos os
trabalhos foram expostos, o grupo soube escolher cores fortes e óbvias (preto e dourado) para
a produção. O pôster foi ilustrado com fotos e croquis, tendo um fundo de Poá (“pois”) como
a estampa da bolsa. “No início do trabalho tive algumas dúvidas que foram esclarecidas no
decorrer do processo de pesquisa, desenvolvimento e produção. Achei o tema interessante
porque desenvolvemos um produto que achava ser inédito. Fui de cabeça no projeto e minha
inspiração ficou focada no tema.” (SILVA, 2009)
Grupo F: “Top Skirt” – “Na intenção de unir duas peças essenciais no guarda roupa
feminino, tivemos a ideia de juntar uma saia e um top formando um vestido, e, para dar mais
leveza e feminilidade à peça nós aplicamos flores bordadas. O processo de modelagem
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consiste em fazer o busto do tamanho 42 e a alça, a saia é dividida em três partes com suas
devidas medidas, sendo que todos são feitos duas vezes (frente e costas)” (FERREIRA, 2009)
Grupo G: “Folk Collar”- “O design desta peça foi transformando, pois era um cinto velho
que não se usava mais e acabou virando um lindo collar conceitual, acopanhando a
tendência folk... Recriar as peças que cada um tem em seu armário, customizar, inventar
moda com aquilo que não se usa mais; pode deixar seu look moderno e gastando muito
pouco... A ideia é transformar o “encalhado”... Essa peça pode fazer parte do seu dia a dia,
de uma maneira diferente, é só usar a criatividade, colocando blusa de cores variadas para
que seu collar fique em evidência e elegante para todas as horas...” (MARTINS,2009)
Pesquisa, conceito, metodologia e desenvolvimento foram bem desenvolvidos pelos alunos.
A figura 2 ilustra os trabalhos dos alunos, com pôsteres e manequins vestindo as peças
elaboradas para o tema proposto.
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CONCLUSÃO
Este trabalho teve um conteúdo muito denso, que deve ser feito individualmente na disciplina
de laboratório de criação, mas com interdisciplinaridade em comunicação e linguagem de
moda, para que seja melhor entendido e explorado nestas vertentes, sendo enriquecido com
análises mais profundas dos professores.
A autora percebeu que os alunos tiveram criatividade, percepção e competência para executar
tal tarefa, apesar dos percalços. As ferramentas de suporte da modelagem e informática foram
usadas e bem aplicadas. Estes alunos já estudaram Linguagem e Comunicação de Moda,
Laboratório de Criação e Pesquisa de Moda que contribuíram para o bom desfecho do
trabalho.
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REFERÊNCIAS
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo: Cosac & Naify, 1999.
CALLAN, Georgina O´Hara. Enciclopédia da Moda de 1840 À década de 90. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
JONES, Sue Jenkyn. Fashion Design: Manual do Estilista. [S. L]: Cosac & Naify, 2005.
MODA e arquitetura, a fronteira entre estes dois mundos está mais próxima. Revista
Arquitetura e Construção – Edição Top número – 02. p. 53-57 (2007).
QUINN, Bradley. The Fashion of Architecture. [S. L]: Berg Publishers, 2004.
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