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IMPACTO DO COVID-19 NO CONSUMO DE MODA

SANTOS, G.B1;
ANDRADE, R.R2;

Resumo: Em decorrência da pandemia derivada pelo COVID-19, grande parte das atividades de
naturezas diversas e disseminadas por volta do mundo todo, foram forçadas a parar. Visando uma
adaptação a este novo cenário de isolamento social, a indústria da moda busca agir com celeridade e
com o auxílio do marketing digital para permanecer próximo ao seu consumidor. Deste modo, o
presente artigo é um estudo relativo à nova forma de consumo que estabeleceu nos últimos meses e
as ações de marketing empregadas nas mídias socias pelas marcas de moda do mundo todo no
período de pandemia pelo COVID-19.

1 Consumo e Marketing de Moda

O consumo de itens de moda foi e é continuamente usado para representar e simbolizar


uma identificação aos semelhantes e produzir desejo de aquisição pelos que não o
possuem. Segundo Svendsen [1], a democratização da moda e do consumo se deu pelo
fato de que as soberanias precisavam se identificar, enquanto que a classe trabalhadora
não tinha direto de escolha de seus pertences.

Por meio do ato de consumir, a sociedade cria um sistema que possibilita


seus integrantes comprar, ter e ser; a propriedade de produtos como
símbolos servem como identificação, ou seja, se o sistema faz com que
exista a crença que ter é igual a ser, os integrantes dessa sociedade podem
se comunicar por meio desse processo de classificação. (MIRANDA) [2].

1
Giovana Barbosa Santos
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Tecnologia em Design de Moda, endereço completo,
Paraná e Brasil.
giovanabs31@gmail.com
2
Raquel Rabelo Andrade
Doutora em Design pela UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”); Docente
do Curso de Tecnologia em Design de Moda da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Rua
Marcílio Dias, 635, Apucarana, Paraná, Brasil.
raquelandrade@utfpr.edu.br
1
O consumo de moda está diretamente ligado à constituição identitária das pessoas; o
indivíduo que possui determinado objeto, característico a determinado grupo social, tende a
ser incluso no meio no qual deseja. De acordo com Miranda [2], os estudos sobre consumo
na atualidade trazem a percepção de que as pessoas consomem como uma forma de
comunicação, sobrepondo a simples aquisição das mercadorias, e tornando-se um
compartilhamento de experiências, valores, ideais e estilos.

O estudo do consumo é fundamental para o progresso das estratégias de marketing, afirma


Miranda [2], principalmente o conhecimento do consumo de moda, pois esse interpõe objeto
e seu usuário, em uma rede de sentidos, por meio de imagens e palavras.

O marketing trafega pela mente das pessoas, procurando descobrir


necessidades e desejos explícitos e ocultos, com a finalidade de
desenvolver produtos que, por serem de moda, se transformem
rapidamente em objetos de desejo (COBRA). [3]
Cobra [3] defende que o público é abordado constantemente e a partir de veículos diversos,
como a televisão, rádio, jornais, revistas e dispositivos conectados à internet, ofertando-o
milhões de possibilidades de consumo, como produtos, cartões de crédito e promoções
varejistas.

A internet causou uma nova relação com o consumo, a adequação do marketing para o
digital foi extremamente necessária para recriar novas estratégias para atrair o consumidor.
A nova relação de consumo online está em constante mudança, pois a interação entre
marca e consumidor é necessária, proporcionando uma maior participação dos
consumidores na construção das marcas por meio de suas opiniões e discussões sobre os
temas em pauta (Cunha, Cunha & Monte). [4]

2 Impacto do COVID-19 na Indústria da Moda

O Corona Vírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias,


o vírus que desencadeou a atual pandemia foi descoberto em 31 de
dezembro de 2019 em Wuhan, na China. O vírus atual faz com que os
portadores dele tenham uma doença chamada COVID-19.(Ministério da
Saúde, 2020, p1) [5]
Em tempos como esses, com a maior parte da população em suas casas, o aumento do
consumo das mídias digitais foi elevado. Antes da crise do Covid-19 não se imaginava um
crescimento tão acelerado da indústria da moda em canais digitais.

O ramo com a maior queda financeira no período de quarentena pelo Corona Vírus no
Brasil, foi o ramo da indústria têxtil e de confecção de moda (INFOMONEY) [6], que a partir
do momento em que foi decretado pelo estado de calamidade pública, teve sua produção
econômica reduzida consideravelmente, devido ao fechamento dos estabelecimentos
comerciais físicos.

2
De acordo com Bagnoli [7], o mercado de moda está envolvido diretamente com a economia
nacional, pelo fato de empregar cerca de 1,5 milhão de funcionários diretos e 8 milhões de
indiretos, sendo assim o segundo maior gerador de empregos do país, de modo que se a
economia está bem e o ambiente para fazer negócios é bom, a indústria da moda prospera
e gera riquezas. No entanto, problemas econômicos e estruturais afetam diretamente o
desempenho do mercado da moda.

O uso de ferramentas disponibilizadas pelas mídias sociais tem certa importância na


estratégia do marketing digital para melhorar a performance organizacional. Para a indústria
da moda esse desafio é grande: mesmo que muitas empresas já se façam presentes no
meio digital, voltar a atrair seus clientes ao anterior padrão de consumo, inseridos em uma
nova realidade, continua sendo uma dificuldade.

A indústria da moda vai precisar se transformar para acompanhar as


mudanças e as necessidades desse novo mundo, onde há escassez de
água e de recursos, desperdício, aumento da população, crises econômicas
e a constante evolução do comportamento da consciência do consumidor
(CARVALHAL,p.292). [8]
Que o modo de produzir roupas tinha que ser alterado, isso é um fato: Carvalhal [8] afirma
que o momento é de repensar o que está sendo fabricado e de qual forma isso afeta não só
o mundo, como o consumo exacerbado está afetando grande parte dos trabalhadores do
setor de moda. Avaliando sob este prisma, as intervenções do marketing no meio digital
podem gerar benefícios para as marcas, melhorando o comportamento e consciência de
compra desses consumidores, assim como a imagem da marca.

As semanas de moda, que anteriormente aconteciam semestralmente, foram repensadas


por algumas marcas, produzindo conteúdos e desfiles completamente online, como é o caso
da Hanifa, grife congolesa que apresentou em sua página do Instagram um desfile
completamente virtual e tridimensional, sem a participação de modelos, e exibindo detalhes
e caimentos extremamente realistas.

De acordo com o site Fashion Forward (FFW), as semanas de moda são as grandes
movimentadoras do setor de moda. O desfile de uma grife ou uma semana de moda do
circuito principal é responsável por mover milhares de pessoas para uma cidade,
movimentar centenas a milhares de profissionais e gerar valores inimagináveis de mídia
espontânea e engajamento nas redes sociais.

A reinvenção das semanas de moda e mesmo das próprias marcas se tornou um obstáculo
para grifes renomadas, visto que apresentar as coleções de modo digital não é
necessariamente a realidade de todos os desfiles e apresentações, uma vez que marcas
como Dolce & Gabbana, Etro e Jacquemus, optam por desfiles físicos com plateia. Nestes

3
eventos não houve a exigência do uso de máscaras protetoras, o que gerou à sociedade
uma sensação de negligência ou mesmo falta de empatia por parte das marcas, por mais
que a crise do Corona vírus esteja controlada nos países de origem.

Análise e conclusão

De certo modo, o meio digital estará muito mais presente na indústria da moda de agora em
diante, sendo ele apenas para a apresentação de uma coleção, como para compra de um
item de desejo. A influência do consumo online aumentou inesperadamente, como visto
acima, logo a adequação das marcas, grifes e fábricas será inevitável.

Percebendo que essa mudança poderá ser o estopim de um novo aspecto do consumo,
muitas marcas já reconhecem esse novo padrão no comportamento de seu consumidor,
entretanto, grande parte da indústria da Moda ainda tem dificuldade de adaptar-se a este
novo contexto de produção e comercialização.

Contudo, o futuro aguardado tende à indispensável adequação da indústria da moda, se


orientando pelas boas práticas de consumo, sendo ele virtual ou não, que se espera adquirir
após o período pandêmico.

Referências

[1] SVENDSEN, L. Moda: uma filosofia. Editora Schwarcz - Companhia das Letras, 2010.
[2] MIRANDA, A.P. Consumo de moda: A Relação pessoa-objeto. São Paulo, Estação
das Letras e Cores, 2008.
[3] COBRA, M. Marketing e Moda, edição 2, São Paulo: SENAC, 2007.
MODA E SUTENTABILIDADE: UMA REFLEXÃO NECESSARIA (BERLIM)
[4] CUNHA. G., CUNHA, J. & MONTE, W. As mídias sociais e as empresas de moda.
Revista Brasileira de Pesquisas de Marketing, Opinião e Mídia, 2015.
[5] MÍNISTERIO DA SAÚDE. Resposta nacional e internacional de enfrentamento ao
novo coronavírus. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/linha-do-tempo/ Acesso:
29 de julho.
[6] INFOMONEY. Produção industrial despenca 18,8% em abril com impacto do
coronavírus, Disponível em: https://www.infomoney.com.br/economia/producao-industrial-
despenca-188-em-abril-com-impacto-do-coronavirus-menos-que-o-esperado/, Acesso em: 4
de agosto de 2020
[7] BAGNOLI, Vicente. As perspectivas do mercado brasileiro para o Fashion Law.
Fashion Law – Direito da moda, São Paulo: Almedina, 2019.
[8] CARVALHAL, A. Moda com propósito: Manifesto pela grande virada, Estação das
Letras, 2016, São Paulo.
[9] FASHION FORWARD. Ponto de vista: Como os formatos digitais devem impactar a
apresentação de coleções? Disponível em: https://ffw.uol.com.br/blog/moda/ponto-de-
vista-depois-das-digital-fashion-weeks-como-os-formatos-digitais-irao-impactar-a-
apresentacao-de-colecoes/ Acesso em: 5 de agosto de 2020.

4
TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PUBLICAÇÃO E DE
RESPONSABILIDADE AUTORAL

TÍTULO DA OBRA: {Título da obra}


NOME DA PUBLICAÇÃO: {Título da obra}
Giovana Barbosa Santos 1: {Universidade Tecnológica Federal do Paraná}.
Raquel R. Andrade 2: {Universidade Tecnológica Federal do Paraná}.

Por este instrumento, eu(nós), {Giovana Barbosa Santos e Raquel R. Andrade}, Nº USP {número
USP}, docente(s) da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São
Paulo (USP), com domicilio funcional à Rua Arlindo Béttio, 1000, São Paulo, CEP 03828-000,
autor(a)(es) ou organizador(a)(es) e detentor(a)(es) dos direitos da Obra {Título da obra}
autorizo(amos) a disponibilização livre e gratuita da obra por meio do Portal de Livros Abertos da
USP.

Declaro(amos) que sou(somos) autor(a)(es) ou organizador(a)(es) da obra {Impacto do Covid-19 no


consumo de moda} submetida à publicação. Declaro(amos), ainda, que:
a) a obra não infringe direitos autorais e/ou outros direitos de propriedade de terceiros, que a
divulgação de imagens (caso as mesmas existam) foi autorizada e que assume integral
responsabilidade moral e/ou patrimonial, pelo seu conteúdo perante terceiros;
b) o(s) autor(es) ou organizador(es) autoriza(m) permanentemente e sem ônus à EACH para
publicá-la, divulgá-la e mantê-la em catálogo na presente forma, sem fins comerciais;
c) o(s) autor(es) ou organizador(es) é(são) responsável(is) pelo direito sobre eventuais
ilustrações, imagens, gráficos, quadros, tabelas, textos e quaisquer outros dados que fazem
parte da obra;
d) o(s) autor(es) ou organizador(es) representa(m) e garanto(em) que a obra é original e de
minha(nossa) autoria, com a exceção de algumas passagens de texto, figuras e dados cuja
fonte esteja claramente referenciada, e acompanhadas da permissão de reprodução do
material emitida pelos detentores dos direitos autorais, quando necessário, e afirmam que
têm o poder e autoridade para executar estas tarefas, isentando a EACH de qualquer
responsabilidade civil ou criminal por uso indevido;
e) o conteúdo da obra é de inteira responsabilidade do(s) autor(es) ou organizador(es),
isentando a EACH de qualquer responsabilidade civil ou criminal pelas opiniões nela
expressas;
f) o(s) autor(es) ou organizador(es) pode(m) reproduzir ou autorizar terceiros a reprodução
parcial ou total de sua obra, desde que não a comercialize(m) e as cópias não devem ser
utilizadas de nenhum modo que implique o endosso da EACH;
g) o(s) autor(es) ou organizador(es) podem(m) republicar o conteúdo de sua obra integralmente
ou em partes, desde que reconheça(m) à EACH o direito perpétuo expresso no item b;
h) o(s) autor(es) ou organizador(es) autoriza(m) a disponibilização livre e gratuita da Obra por
meio do Portal de Livros Abertos da USP.

O presente Termo vigerá enquanto o livro permanecer no catálogo da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades, podendo ser prorrogada mediante prévio e expresso acordo entre as partes, por
escrito.
São Paulo, 30 de agosto de 2020.

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{Giovana Barbosa Santos}

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