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Treinamento Internacional Avançado no Pensamento e nas Constelações

Sistêmicas: familiares, organizacionais e educacionais


23 a 15 /06/2017 – Tema: Atendimento individual
Facilitadora: Dra Ursula Franke-Bryson (Alemanha)

Síntese elaborada a partir das anotações feitas por René Schubert do


treinamento conduzido pela Dra. Ursula Franke Bryson com organização
do Espaço Conexão Sistêmica, em São Paulo.

Dra. Ursula conta que logo no começo de seu aprendizado junto a Bert Hellinger
o mesmo disse algo que lhe trouxe muito alivio em relação à sua pratica de
psicoterapeuta e a demanda trazida pelos clientes: “Eu não preciso resolver
nada”. Como facilitador damos um impulso, quem somos nós para mudar o
cliente? O cliente sai muito satisfeito quando tem acesso a uma informação, dado
novo de sua historia, sistema, biografia. Olhamos para as estruturas e
verificamos se há como mudar peças chaves na mesma.
Dra. Ursula menciona as ferramentas e recursos que julga fundamentais para
este trabalho no consultório com Constelações Individuais em seu
desenvolvimento no passar dos anos: O genograma; O estado de presença; A
consciência dos estados de gota, mar e oceano ( Eu e o Sistema); A leitura e
percepção do que o cliente traz em seu corpo, as manifestações corporais
(Transe familiar, Trauma e o estado de Presença); as imagens internas e
imaginação do cliente – caminhar junto com ele e com o que se mostra.
Dra. Ursula fala dos movimentos primário e secundário:
Primário; natural, espontâneo e autentico. Direção à vida e ação. Criança nasce
como expressão à vida, ao sim. A expressão física muitas vezes é movimento
primário.
Secundário; padronizado, duro, repetitivo. Negação a algo, reação. Substituição
de um por outro.
Qual movimento é meu e qual é dos outros. Estados gota, onda e oceano. Quem
sou eu e o que eu quero? O que eu quero e o que o sistema quer?
O que acontece nos 5 primeiros anos de vida da criança muitas vezes definirá
as estruturas que o cliente posteriormente, como adulto irá levar à terapia.
Não há estado ideal. Não há pai e mãe ideal. O importante é o estado de
presença dos pais e a postura destes quando em contato com a criança.
A criança precisa receber dos pais para sobreviver. O toque ajuda ao seus
sistema imunológico, lhe dá contorno e envolvimento, desenvolvendo seu Ser.
Para se proteger a criança muitas vezes recorre ao Não, ao afastamento, a
retração, a substituição, aonde verificamos a ação dos movimentos secundários.
O movimento secundário na terapia é uma resistência ao sim, uma resistência à
aceitação à sua vida.
Exemplo: A pessoa fala da morte da mãe e começa a rir enquanto relata. Tal
movimento secundário é protetivo, mas demonstra sua inadequação, dissintonia.
A pessoa não consegue liberar os afetos da perda. Elaborar o luto.
A consulta é a possibilidade de o cliente chegar as emoções primarias. Tudo
aquilo que se repete é padrão. O antigo, a coisa velha, são emoções
secundárias. A questão que colocamos ao cliente que está em movimento
secundário: Como você sente isto em seu corpo? O que acontece no seu corpo
se você se afasta? Qual o lugar bom? Qual a sensação quando esta muito perto?
Que movimento é necessário?
A família é o recurso do cliente, mas muitas vezes precisamos verificar em qual
tempo e lugar. Nem sempre os pais são recurso, por vezes temos que evocar a
figura dos avôs ou mesmo bisavôs.
O que aparece na Constelação Familiar não é necessariamente a verdade. Mas
tal atua no espaço interno do cliente, então é importante. A lealdade do cliente é
com o seu sistema, não como você, terapeuta. Sabemos muito pouco e isto não
é necessariamente a verdade. As Constelações familiares “possivelmente”
mostram algo.
O sintoma é um indicador: Olhe ai!
A pessoa evoca/externaliza imagens internas, fazendo uso de ferramentas como
papel, bonecos, ancoras de solo, representantes...nós seguimos no consultório
a trabalhar com a imaginação do cliente. Tal é possível para quase todo mundo.
Quando o cliente é muito reativo geralmente e utilizam recursos concretos –
como os bonecos. E, claro, somos responsáveis pelo que evocamos em nosso
cliente. Levamos ele a um estado, talvez ao transe familiar, a uma forte reação
emocional. Mas é importante que o facilitador saiba trazê-lo de volta. De volta,
consciente, presente e apto para seguir. Como o cliente chegou, como ele saiu?
Nós, terapeutas, não sabemos, é o cliente que sabe o que acontece, da
efetividade do que tocou e o que lhe toca. Vamos descobrir isto junto com ele
durante o processo de Constelação Familiar.
Reflexão René Schubert a partir do que Dra. Ursula mencionou sobre os
segredos e o que está oculto no sistema familiar: "Quem procura acha"...e
quando não...Talvez não seja a hora ou nem seja para procurar...As coisas são
como são e assim é!
Sempre verificar com o cliente quais recursos ele dispõe e quais ele precisa –
Há alguém que possa em seu sistema, representar este recurso? Onde vamos
achar recursos na nossa vida ou no nosso sistema? Bem, estamos vivos, vale a
pergunta, de onde vem esta força que nos mantém vivos?
A abordagem sistêmica é muito mais ampla que a própria ferramenta utilizada.
Colocação da facilitadora Glaucia Paiva: “Às vezes no procedimento de
Constelação Familiar, pouco tempo depois os clientes relatam surgir, como que
ao acaso, fotos, noticias, informações envolvendo pessoas e fatos trabalhados
durante o procedimento de Constelação Familiar. E a pergunta é como estas
pessoas, situações que não sabiam da constelação familiar entram nesta
ressonância e por que? A resposta é: porque agora tem alguém para ouvir.”
Quando um cliente não tem um problema nos não criamos um para ele.
Todas as estruturas que manifestamos (problemas com colegas de trabalho,
dificuldades com nossos superiores, conflitos com nossos amigos e
relacionamentos) provêm de nosso sistema originário, da nossa família.
Reflexões de Dra. Ursula Franke Bryson durante o treinamento:
"Tudo o que nós fazemos no presente atua e pode ser acessado por toda linha
ancestral. Nos atuamos neles. Eles atuam em nós"
"A Pátria, terra onde nascemos, é um recurso enorme. De onde o cliente veio?
O que motivou a saída? Quantos ficaram para trás e como ficaram? Quantos e
como partiram? Dos que partiram quantos ficaram pelo caminho? Qual era e qual
é a comunicação troca antes e hoje com a pátria dos antepassados e com a terra
que os acolheu e nutriu"
“Com o recurso do Genograma vêm as informações junto com as emoções
relacionadas a cada pessoa, vinculo, história...”
"O Genograma como recurso rápido para alcançar camadas profundas do
sistema de nosso cliente"
"O Genograma como recurso para visualizar o sistema e estrutura familiar do
cliente e quais associações este processo traz"
"Tudo o que o cliente fala e faz, na verdade, é a melhor forma de proceder. É ele
quem traz o campo..."
"O que é adequado, o que é necessário agora? Sim? Não? A capacidade de
diferenciar é um dom!"
“Não coloco regras para os processos no Consultório. Pergunto ao cliente.
Verifico, valido junto ao cliente. Não sei se funcionou ou “deu certo”, o cliente é
quem saberá disto com o passar do tempo”
Dra. Ursula traz uma imagem da cultura africana: "os mortos só podem passar
para o lado de lá por meio do Rio de Lagrimas."
Reflexão de Thomas Bryson: "Agora que eles estão mortos eles tem todo tempo
do mundo..."
Referência Bibliográfica
Franke-Bryson, T. & Bryson U. – Enconters with death. Nightsky Productions,
Germany, 2012
Franke, U. - Recent developments in individual sessions. Steinhardt Film und
Verlag, Karlsruhe, 2007
Franke, U. - Quando fecho meus olhos vejo você. Editora Atman, Pato de Minas,
2006
Franke-Bryson, U. - O rio nunca olha para trás - Fundações históricas e práticas
das Constelações Familiares segundo Bert Hellinger – Editora Conexão
Sistêmica, São Paulo, 2013
Franke-Bryson, U. & Bryson T. - Trauma, Transe e Transformação: O poder da
Presença na Prática. Editora Conexão Sistêmica
Schubert, R. - O trabalho individual em consultório com o referencial, olhar e
recursos das Constelações Familiares (in) Revista Brasileira de Filosofia,
Pensamento e Prática das Constelações Sistêmicas, Número 5, Editora
Conexão Sistêmica, São Paulo, 2019.
Schubert, R. - Constelação Familiar: Impressa no corpo, na alma, no destino.
Reino Editorial, São Paulo, 2019.
Schubert, R. - Atendimento Individual - Dra. Ursula Franke-Bryson (2017) -
http://aconstelacaofamiliar.blogspot.com/2017/07/atendimento-individual-dra-
ursula.html

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