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Ensino de Língua
Portuguesa
Material Teórico
A Ação Didática do Professor de Língua Portuguesa
Revisão Técnica:
Profa. Dra. Silvia Augusta de Barros Albert
Revisão Textual:
Profa. Dra. Silvia Augusta de Barros Albert
A Ação Didática do Professor de Língua
Portuguesa
Atenção
Para um bom aproveitamento da disciplina, leia o material teórico atentamente antes de realizar as
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: A Ação Didática do Professor de Língua Portuguesa
Contextualização
Vocês estão convidados a assistir ao vídeo no link a seguir, em que se apresenta uma palestra
da Profa. Roxane Rojo. Nela, essa importante pesquisadora e linguista faz uma reflexão sobre a
formação dos professores e os currículos de língua portuguesa nas universidades. Basta clicar em:
https://www.youtube.com/watch?v=iLSWnjvwYl0
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Introdução
Thinkstock/Getty Images
Na educação formal, a escola é o local que possibilita a construção de conhecimentos, o
desenvolvimento e a formação dos estudantes. Nesse ambiente, normalmente, as ligações do
processo de ensino e de aprendizagem enquadram-se em uma abordagem filosófica e científica.
Como estamos estudando o contexto no qual a ação didática se desenvolve, podemos refletir
sobre o que é didática...
A Didática é tida como parte representativa do processo formal de educação. Ela refere-se às
formas e meios de construção dos conhecimentos.
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Precisamos destacar que a prática docente, ou seja, a ação didática, é proveniente de uma
escolha teórico-metodológica específica. Em outras palavras, o modo de ensinar, o modo de
fazer o ensino, é precedido por uma teoria, que explica e fundamenta a escolha de decisões
do docente. Devido a isso, precisa-se ter domínio das diferentes abordagens do processo de
de ensino e de aprendizagem para que seja possível verificar em nossa ação pedagógica as
diferentes linhas teóricas que a respaldam.
Um grande teórico da educação João Amos Comenius (1592-1670), escreveu a obra Didática
Magna (1632), inovadora para a época e desempenhou uma grande influência sobre a prática
docente. As considerações de Comenius com relação à educação marcavam alguns princípios
elementares, fundamentados nessa obra, levando à determinada reflexão no que se refere às
suas implicações. Comenius apresentava propostas de um ensino que objetivava à transformação
do ser humano por meio da comunicação de valores éticos e morais. É relevante ressaltar que,
para entendermos a obra Didática Magna e a produção deste educador do século XVII, não
podemos desligá-la do contexto histórico, cultural e social em que vivia esse autor e do seu
ofício, sua filosofia educacional.
A escola atual traz até hoje marcas da Didática Magna. Podemos observar isso na construção
da infância moderna em que a pedagogia está presente por meio da escolaridade formal; também
se percebe na relação entre a família e a escola, em que a criança precisa se adaptar, passando
do ambiente familiar para o escolar; e na maneira como, ainda, prevalece a transmissão dos
saberes, como método de ensino, fundamentado no método de instrução simultânea, juntando-
se os alunos; e ainda na posição de educador reservada aos adultos, que possuem os saberes
legítimos. A didática de Comenius confere ao conhecimento transmitido um objetivo muito
mais utilitarista, para ser usado somente como metas profissionais futuras, do que formadora,
em que se privilegia a formação do estudante, como um cidadão crítico.
No Brasil, Paulo Freire (1921-1997) deixou uma grande
contribuição nos estudos em alfabetização com sua
proposta chamada de método Paulo Freire em oposição à
abordagem tradicional. Este método tem repercussão nas
práticas, ações didáticas e educativas em sua dimensão
filosófica, política e histórica até hoje. Para Paulo Freire,
todo ato de educação é um ato político, fato que esclarece
o seu interesse na educação e conscientização de jovens e
adultos trabalhadores, dando origem a um movimento tido
como Pedagogia da Libertação. Segundo o método Paulo
Freire, educar só tem sentido se ocorre transformação. Nessa
metodologia não há professores, e sim educadores; e da
mesma forma não existem alunos e sim educandos. O fator
mais relevante é a troca de ideias e de experiências de vida.
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Já o método tradicional se diferencia do de Paulo Freire, porque seu ensino consiste
fundamentalmente em um método expositivo, um professor à frente de uma sala de aula,
transmitindo seus conhecimentos aos alunos. Este método se expandiu pelo mundo desde o
século XVIII, a partir do Iluminismo. Foi a forma mais prática que os educadores da época
empregaram para universalizar o acesso das pessoas ao conhecimento.
Vamos recordar, a seguir, três dos mais importantes paradigmas de do processo de ensino e
de aprendizagem que influenciaram a educação moderna:
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Agora que observamos os três paradigmas, podemos observar a ação didática em cada um deles:
A) Behaviorismo
A ação didática é feita por meio da escolha de conteúdos a serem ensinados par-
tindo do mais simples para o mais difícil.
B) Construtivismo
A ação didática faz-se por meio de planos de estudos que aprimorem e desenvolvam
as habilidades cognitivas, para que assim o estudante consiga solucionar problemas e
dúvidas que possam surgir.
c) Sociointeracionismo
A ação didática considera o conhecimento prévio do aluno, então possibilita ao estudante
avançar, desenvolver e reformular o conhecimento. Possibilita ao estudante, ainda,
entrar em contato com situações que o incentive à curiosidade e à busca de informações
através da interação e lhe possibilite a construção de novos conhecimentos.
Depois das reflexões em torno desses paradigmas, podemos associar a eles as respectivas
abordagens para o ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa:
a. o Behaviorismo - está ligado ao ensino tradicional de língua, fundamentado principalmente
no estudo de conceitos, terminologias, memorização de regras de acentuação, conjugação
verbal, e outros conhecimentos de estrutura da língua. Esses conhecimentos são
necessários, mas não devem ser enfatizados. Nesse contexto, as práticas de leitura e de
produção de textos, que se apresentam como os empregos legítimos da linguagem, não
são valorizados como deveriam e perdem sua significação, pois a gramática é ensinada
de forma fragmentada.
b. o Construtivismo - esta teoria se contrapôs ao método tradicional da cartilha. No ensino de
língua, o Construtivismo, como defende a autonomia do estudante, auxilia na orientação
de atividades de linguagem que possibilitam a reflexão sobre o emprego da língua.
c. o Sociointeracionismo dá destaque para a língua e a linguagem devido a suas reflexões
teóricas. Três nomes tiveram destaque:
» Vygotsky;
» Voloshinov;
» Mikhail Bakhtin.
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A partir dos estudos destes autores surgiu uma nova direção para os estudos linguísticos.
Esses autores possibilitaram uma teoria do desenvolvimento e uma abordagem discursiva da
linguagem. Nesse contexto, a função desenvolvida pelo outro, com quem interajo, recebe uma
dimensão explicativa e constitutiva.
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Vamos observar o que consta nos PCN sobre os usos de linguagem, para pensarmos em
ação didática.
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Conforme Soares (1998), deve ser valorizado no ensino da língua: “as reações da linguagem
com os usuários, com o contexto e com as condições sociais e históricas de seu uso”(SOARES,
1998, p.85):
As relações da linguagem com os usuários, com o contexto e com as condições sócio-históricas
de seu uso.
Libâneo (1991) assinala, de uma perspectiva didático-pedagógica, que as ações didáticas mais
comuns na escola ainda apresentam tendências tradicionais, representadas pelo ensino prescritivo.
Já uma perspectiva crítica-social dos conteúdos proporcionaria um ensino capaz de ampliar as
capacidades e habilidades dos estudantes na aprendizagem de conteúdos científicos, ligando-os
com a formação da consciência crítica frente à realidade social. A realidade social é considerada a
mais adequada aos objetivos de ensino de língua, levando-se em conta a interação.
Observem que nas salas de aula de ensino de língua portuguesa, ou seja, de língua materna,
desenvolvem-se abordagens, muitas vezes sem respaldos teóricos que as organizem e muitas
vezes sem planejamento e objetivos.
Quando bases teóricas de ensino de uma língua visam à formação do cidadão crítico, deve-se
analisar o que fundamenta a questão educacional em relação ao perfil de estudante pretendido.
É preciso acreditar em uma concepção de linguagem sociocognitiva e interacional, partir de uma
perspectiva pedagógica crítico-social e respaldar-se em uma abordagem de ensino produtivo.
Sendo assim, a ação pedagógica do professor não pode se fundamentar na didática do
improviso. Toda ação pedagógica requer uma reflexão e planejamento prévios no sentido de
concretizar a ação didática desejada.
Segundo Newman e Holzman (2002) toda a ação didática deve ser acompanhada de
questionamentos que possibilitem ao professor estar consciente de suas ações. Exemplos de
questionamentos:
1. Qual a base teórica respalda a minha ação?
2. Quero desenvolver a aula deste modo?
3. Posso usar uma metodologia diferente?
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Ao professor, são exigidas diferentes competências para que consiga ter um bom desempenho
em sua ação didática:
1. Ter domínio da teoria que fundamenta o que diz respeito ao objeto de ensino e de
aprendizagem. O professor de língua portuguesa precisa ser proficiente em leitura e
escrita, saber ler e interpretar diferentes textos.
2. Conhecer profundamente a metodologia que utilizará, escolhendo aquela que lhe permita
desenvolver as atividades de ensino pretendidas.
3. Traçar metas e planejar suas atividades.
4. Definir critérios de avaliação.
5. Desenvolver diferentes atividades e maneiras de trabalhar que vão ao encontro das
necessidades dos alunos e envolvam as competências e conteúdos trabalhados.
Procuramos nessa unidade trazer algumas perspectivas teóricas e algumas reflexões sobre a
ação didática do professor de Língua Portuguesa. É fundamental lembrar que, além de saber
lidar com os conhecimentos das relações interpessoais em uma sala de aula, o professor precisa
unir a teoria e a prática que servem de base para a construção do conhecimento.
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Material Complementar
Para ampliar os conhecimentos construídos nessa unidade, assista à entrevista com o Professor
Carlos Alberto Faraco, que trata da concepção bakhtiniana da linguagem, que aqui abordamos,
e que podem respaldar ações didáticas voltadas para a interação e para o ensino produtivo.
Acesse o link:
https://youtu.be/IJMByQS0oQc
É importante lembrar sempre da importância de aprofundar seus estudos a partir do material
complementar. Sua atitude proativa para os estudos possibilita uma boa aprendizagem e
sistematização dos conhecimentos construídos!
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Referências
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, SP: Mercado das
Letras, 1996.
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Anotações
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