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Teoria e prática da
Tradução
Circulação Interna
Textos extraídos Do Livro Teoria e Prática da Tradução: Juliana Cristina Faggion Bergmann
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Apresentação
Escrever sobre tradução é sempre um grande desafio e conosco não foi diferente. Tivemos
como principal objetivo mostrar a você a riqueza e a importância dessa área, que pode aparecer
como uma nova perspectiva de trabalho ou contribuir para o enriquecimento do nosso conheci-
mento sobre língua e lingüística aplicada.
O interesse pela tradução vem claramente aumentando nos últimos anos, assim como a
equivalente necessidade de profissionalização da área, o que se reflete na inclusão dessa disciplina
em diversos currículos do curso de Letras. As perspectivas trazidas pelo mercado de trabalho
fizeram com que esse ramo de atividade crescesse enormemente nos últimos anos, incentivadas por
necessidades aportadas pela globalização e pela expansão natural das fronteiras lingüísticas.
Quanto maior o desejo de comunicação das pessoas, maior a necessidade de que traduções - boas
traduções - sejam feitas.
No primeiro capítulo, você encontrará a trajetória histórica da tradução através dos seus
períodos mais característicos; no segundo e terceiro capítulos, ressaltamos posições teóricas que
subjazem ao fenômeno da tradução, em especial, a perspectiva tradicional em contraste com a
contestadora, sendo que esta se apoia nos mais recentes estudos sobre a linguagem, como a análise
do discurso. No quarto capítulo, tratamos do dicionário, instrumento de grande relevância para a
atividade tradutória e, no quinto e sexto capítulos, mostramos as implicações tradutórias entre texto
literário/poético e tradução especializada.
Esperamos que você aproveite esta leitura para fazer da tradução não apenas uma
possibilidade profissional a mais, mas também uma ferramenta interessante e importante para o
ensino, para o conhecimento e reflexão sobre a própria língua, a língua estrangeira que você
conhece e a linguística, com todas as suas nuanças e especificidades.
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Sumário
Introdução............................................................................................................................. 4
CAPÍTULO 1
A história da tradução......................................................................................................... 5
1.1 Os passos da tradução ao longo da história....................................................................... 6
Síntese..................................................................................................................................... 9
Atividades de Síntese.............................................................................................................. 10
CAPÍTULO 2
A corrente tradicional........................................................................................................... 11
2.1 A tradução e a concepção saussuriana da língua............................................................... 12
2.2 Jakobson e as seis funções da linguagem........................................................................... 13
2.3 A teoria dos atos de fala..................................................................................................... 14
Síntese..................................................................................................................................... 16
Atividades de Síntese.............................................................................................................. 16
CAPÍTULO 3
A corrente contestadora........................................................................................................ 17
3.1 A tradução e o discurso...................................................................................................... 19
3.2 O dialogismo e o contexto discursivo............................................................................... 19
3.3 A tradução e a corrente contestadora................................................................................. 23
Síntese..................................................................................................................................... 24
Atividades de Síntese.............................................................................................................. 24
CAPÍTULO 4
Os dicionários e a tradução.................................................................................................. 26
4.1 O uso do dicionário............................................................................................................ 27
4.2 O dicionário e o ofício do tradutor..................................................................................... 27
4.3 A organização do dicionário.............................................................................................. 28
4.4 Os tipos de dicionários....................................................................................................... 29
4.5 Como avaliar um bom dicionário?..................................................................................... 31
Síntese..................................................................................................................................... 32
Atividades de Síntese.............................................................................................................. 32
CAPÍTULO 5
A tradução poética................................................................................................................ 34
5.1 O texto poético/literário..................................................................................................... 35
5.2 As particularidades do texto poético.................................................................................. 36
Síntese..................................................................................................................................... 38
Atividades de Síntese.............................................................................................................. 38
CAPÍTULO 6
A tradução especializada..................................................................................................... 40
6.1 A tradução de textos escritos............................................................................................ 41
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CAPÍTULO 7
Relação entre Linguística aplicada e tradução.................................................................. 48
7.1 A história da tradução...................................................................................................... 49
7.2 O trabalho do professor de línguas................................................................................... 51
Síntese..................................................................................................................................... 53
Atividades de Síntese.............................................................................................................. 53
Considerações Finais............................................................................................................. 54
Glossário............................................................................................................................... 55
Referências............................................................................................................................. 56
Gabarito................................................................................................................................. 58
Atividades Avaliativas............................................................................................................ 60
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Introdução
Sempre que iniciamos o estudo da tradução, percebemos o quanto é difícil datar seus
diferentes momentos de maneira precisa. O conceito de tradução está diretamente relacionado ao de
língua, e o que percebemos é, além das mudanças constantes de conceitos, a freqüente coexistência
de diferentes ideais, o que dificulta uma datação para os períodos.
De qualquer maneira, é possível destacar duas constantes. As discussões e os conceitos de
tradução giram em torno de duas importantes dicotomias: traduzibilidade versus
intraduzibilidade de um texto. E, quando consideramos a possibilidade de se traduzir, como é o
nosso caso aqui, deparamo-nos com a dicotomia tradução palavra-por-palavra versus tradução
pelo sentido.
No primeiro caso, a discussão é mais complexa. Muitos autores acreditam que é impossível
traduzir sem a perda de elementos importantes do texto na língua fonte, em especial àqueles ligados
a critérios estéticos. Outros afirmam que as perdas são naturais, mas que são justificáveis, já que
abrem a possibilidade de acesso daquele texto a um leitor que não o teria de outra forma.
E nesses pilares que se apoiam as grandes discussões teóricas sobre a tradução, enfatizando
em cada momento da história um ou outro lado, com mais ou menos força, e as tentativas de
teorização ainda não conseguiram estabelecer com segurança “uma” teoria da tradução. Por isso,
procuramos traçar um panorama sobre a tradução que pudesse situá-lo neste vasto campo de
estudos e debates. E como o próprio tema exige, serão abordados aspectos teóricos que
consideramos relevantes para o nosso estudo. Por outro lado, esclarecemos que este módulo não
tem por ambição ensinar a traduzir através do desenvolvimento de estratégias próprias, mas de
sensibilizá-lo à reflexão tradutória.
E é o que veremos a partir de agora!
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Veremos, nesta sequência de etapas, que o conceito de uma boa ou má tradução está
diretamente relacionado ao conceito de língua que vigorou em cada momento cultural e histórico,
embora tenhamos encontrado algo comum e permanente ao longo desse processo, que é a presença
da dicotomia tradução palavra-por-palavra versus tradução pelo sentido, que esteve e está sempre
presente.
Apesar das dificuldades encontradas para marcar fases dentro da história da tradução,
muitos teóricos, como William Steiner e George Jacobsen, aceitam e consideram que os primeiros
passos da tradução começaram a ser dados pelos romanos, em especial com Cícero e Horácio, no
século I a.C. Estes dois autores viam a tradução de uma forma mais ampla e acreditavam que uma
das funções dos poetas era a de disseminar a sabedoria, o que faziam mediante a tradução.
Assim, a tradução entre os romanos começou através da literatura, em especial da literatura
grega, em uma forma de enriquecimento de seu próprio sistema literário. E essa idéia trouxe como
conseqüência o enriquecimento também da língua, que acabou tomando emprestados novas
palavras e conceitos que não teriam equivalentes na outra língua. Isso fortaleceu a idéia de
desenvolvimento da língua pautada em critérios estéticos, trazidos pela literatura e pela cultura do
outro, nesse caso, dos gregos.
Apesar do desejo, por parte do tradutor, de ser o mais fiel possível ao texto da língua fonte,
naquela época ele deveria dar mais importância ao sentido, sempre considerando os interesses dos
leitores de seu texto na língua meta.
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Além das questões ligadas à religião, a tradução tinha também um propósito político a
exercer. Com uma finalidade moral e didática, as traduções possibilitavam acesso aos textos em
língua vernácula, através de exercícios de escrita e listas de palavras. Essa era uma maneira de
melhorar a oratória, tão valorizada à época, por meio de técnicas de análise de textos, como a
paráfrase, em duas áreas de estudo: o trivium, que é a base do conhecimento filosófico e engloba a
gramática, a retórica e a dialética, e o quadrivium, que une a aritmética, a geometria, a música e a
astronomia.
Surgiram naquele período dois tipos de tradução: a vertical, feita de uma língua de
prestígio para uma língua vernácula, e a horizontal, feita de uma língua vernácula para outra,
também vernácula. Independente do tipo, a tradução é vista como uma habilidade fortemente
vinculada a maneiras de ler e de interpretar o texto na língua meta.
Mas talvez a maior contribuição da tradução ocorrida naquele momento tenha sido o fato
de que, ao mesmo tempo que propiciou que fossem cada vez mais comuns e acessíveis os textos de
outras línguas na língua vernácula, ela impulsionava e fortalecia também sua literatura, ajudando a
difundir e intensificar o status da língua nativa.
Com o aumento da quantidade de traduções, conseqüência do desenvolvimento das
técnicas de impressão do século XV, a tradução como disciplina também começou a desenvolver-
se, surgindo - no século XVI - várias teorias sobre o tema.
Uma delas foi a do francês Etienne Dolet (1509 - 1546), que escreveu um artigo intitulado
La maníère de hien traduire d une langue en autre (“Como traduzir bem de uma língua para
outra”), constituído de cinco princípios para o tradutor, os quais transcreveremos a seguir.
O século XVII foi um período repleto de contrastes, pois apresentou diferentes momentos.
A primeira metade viu o barroco florescer, com todo o seu dinamismo nas formas e nas cores
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O século XVIII iniciou-se ainda sob as dúvidas e as incertezas do século anterior, quando
se estabeleceu ao mesmo tempo o excesso de fidelidade e a liberdade irrestrita dos textos
traduzidos, além de uma preocupação com o leitor. Influenciados pelo Iluminismo e pela liberdade
trazida pela Revolução Francesa de 1789, as artes plásticas, a literatura, a música e o teatro trazem
à tona o nacionalismo, a história, o amor platônico, a liberdade de criar e a valorização das
emoções, o que se refletiu inevitavelmente nas traduções do período.
Assim, a intenção neste período era fundamentalmente a de buscar a essência do texto, o
que foi feito com uma grande quantidade de novas traduções de textos antigos, por muitas vezes
adaptando-os aos padrões de língua praticados na época. Essas adaptações eram vistas de forma
natural por teóricos da tradução, que em geral afirmavam que o objetivo do tradutor era que o texto
fosse lido e, para isso, ele deveria ser acessível ao público.
Portanto não há, neste período, a idéia de que o tradutor deveria imitar o texto original. Ele
deveria, isso sim, manter o sentido essencial do texto, mas adaptando-o àquilo que o tradutor
considerasse como acessível ao leitor da língua meta.
Essa idéia se manteve até o final do século, quando Alexander Tytler, mais precisamente
no ano de 1791, publica seu livro intitulado The Principies of Translation, no qual afirma que:
Através desses princípios fica clara uma nova visão trazida pelo autor contra o excesso de
liberdade difundido por alguns tradutores da época, reforçada pela idéia de que o estilo e o modo de
escrever do autor devem aparecer também no texto em língua meta.
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Enfim, com essas várias correntes de tradução, algumas privilegiando mais a forma e
outras, mais o sentido, entramos no século XX!
Atualmente são inúmeros os estudos sobre a tradução. Como é característica desta época
em diversos aspectos, o ecletismo é distintivo desta fase e sem dúvida não seria diferente no campo
da tradução. Por isso, os dois próximos capítulos descreverão com mais detalhes as diferentes
correntes atuantes nesses dois séculos.
Síntese
Iniciamos o nosso estudo conhecendo um pouco da história da tradução e de
sua evolução em diferentes momentos. Vimos que o conceito de uma boa ou má
tradução muda freqüentemente e está diretamente relacionado ao conceito de língua
de cada período.
Indicação cultural
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Atividades de Síntese
1. Para cada uma das sentenças que iremos transcrever, aponte (V) para verdadeiro e (F) para falso
e, em seguida, assinale a alternativa que expressa a seqüência encontrada:
( ) Para os romanos, a tradução era usada como instrumento de aprendizagem da língua estrangeira.
( ) As traduções feitas pelos romanos ajudaram a enriquecer sua própria língua.
( ) O tradutor, na época dos romanos, deveria privilegiar a forma em detrimento do sentido.
a) F, F, V, V
b) F, F, V, F
c) F, V, V, F
d) V,V,V,V
4. Como vimos neste capítulo, os pilares da tradução são duas dicotomias: a questão da
traduzibilidade versus intraduzibilidade de um texto e a questão da tradução palavra-por-palavra
versus tradução pelo sentido. Para entender melhor essas questões, aprofunde seus conhecimentos
com outras leituras.
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5. Retome a leitura de cada uma das épocas apresentadas neste capítulo e estabeleça uma linha do
tempo, marcando as principais características de cada uma delas. Para um maior aprofundamento
do tema, reforce seus conhecimentos com pesquisas em outras fontes.
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quem ou o que agrada, atrai, deslumbra por suas qualidades (p. ex., beleza, inteligência,
simpatia) [ser um e. de criatura] 2 forte atração sentida por tais boas qualidades de alguém
ou de algo [o e. que ele nos causou foi imediato] 3 palavra, frase ou qualquer outro
recurso que supostamente possui poderes mágicos de enfeitiçar; encantamento [lançar um
e. sobre uma aldeia] 4 o efeito desse recurso ou ação mágica [estar sob o e. de uma bruxa]
SIN/VAR ver sinonímia de beleza, êxtase, feitiço, magia e sedução.
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explicar o fenômeno da tradução, poderíamos concluir que, se alguém possuísse um bom dicionário
bilíngue, que abrigasse todas as “etiquetas” das duas línguas, ele poderia, com certa facilidade,
traduzir um texto.
Sabemos, entretanto, que isso não ocorre. Por quê?
Primeiramente, porque essa visão está restrita a uma única função da linguagem humana, à
sua função referencial, isto é, à língua funcionando como algo que apenas designa, põe “etiqueta”
no mundo, nas coisas, nos seres, nas ações etc. Essa visão vem de uma longa tradição que remonta
a Aristóteles, que entendia o significado como uma construção mental que representa a realidade.
Na concepção de língua como representação do mundo, predomina a idéia de “objetividade”, de
caráter informativo da linguagem, de cientificidade. Mas a língua não é apenas representação.
Ao longo do século XX, alguns estudos lingüísticos tornaram-se marcos por seus
fundamentos “revolucionários” no que se refere ao funcionamento da linguagem humana de forma
mais ampla. Inaugurando a lingüística moderna1 e lançando as bases do estruturalismo, Saussure,
no início do século XX, por exemplo, centra o interesse de seus estudos na língua como um sistema
autônomo, estruturado e constituído por um conjunto de relações e não se preocupa com a sua
realização, a fala.
Para a tradução, no entanto, mais importante foi o estudo clássico sobre as funções da
linguagem de Roman Jakobson, cuja contribuição teórica, inicialmente motivada pelo seu gosto
pela poesia oral, integrou lingüística e literatura.
1 Segundo Ferdinand de Saussure (1995, p. 24), “a língua é um sistema de signos que exprimem idéia, e é comparável, por isso, à
escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais militares etc. Ela é apenas o principal
desses sistemas77.
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6. Função metalinguística: remete à própria língua; fala-se dela. Por exemplo, quando se diz
“Desculpe, me expressei mal”, estamos usando a metalinguagem.
É importante lembrar que, geralmente, nas mensagens várias funções estão presentes de
forma simultânea; raramente elas ocorrem de maneira isolada. E possível também haver a
predominância de uma função, como, por exemplo, no caso da poesia, que ao criar imagens e ao
jogar com as palavras, a sonoridade e as formas, faz uso essencialmente da função poética.
A pesquisa sobre a enunciação e o contexto possibilitou, a partir de meados do século XX,
novos rumos. Veremos a seguir o papel desempenhado por esses novos paradigmas no campo da
enunciação.
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— Se prohíbe a los ciclistas circular en columna de dos o más en línea por las autopístas. Toda
vez que circulen de a dos en línea, no podrán impedir la circulación dei trânsito7 deberán
desplazarse a una fila única en el momento en que son sobrepasados desde atrás. No está
permitido circular en bicicleta en las autopistas interestatales y en algunas otras autopistas de
acceso controlado.
— La circulación de bicicletas por la acera está permitida a menos que una ordenanza local o
algún sistema de control de trânsito disponga lo contrario [grifo nosso] .4
Você notou que a força ilocucionária desse trecho foi identificada no nível lexical, ou seja,
pelos verbos dever, poder, proibir, está permitido e pelo advérbio de negação não? Entretanto, ela
também ocorre em outros níveis: o contexto mais amplo do documento, como o título (Donde
circular) e o gênero textual - um texto de caráter injuntivo, apresentado no documento intitulado
Legislación sobre ciclismo, cujo meio de veiculação é o site oficial da Comunidade da Virgínia e
que se baseia na lei de trânsito dessa comunidade.
Arbitrariamente abreviamos o percurso retrospectivo pela necessidade de destacar as
mudanças mais profundas relacionadas à concepção da linguagem e que fundamentam algumas
perspectivas para a questão da tradução. Antes de sabermos como traduzir, é necessário definir de
que ponto de vista, ou academicamente falando, sobre que aparato teórico o ato tradutório realizar-
se-á.
Na concepção da lingüística tradicional, traduzir corresponderia a recuperar, a resgatar o
sentido de um texto original para apresentá-lo em outra língua. E a ênfase recairia na literalidade.
Para alguns, a literalidade ideal constituir-se-ia na aproximação da forma entre texto original e
texto traduzido, na identificação do termo correto. Para outros, ela recairia na mensagem, no
mesmo conteúdo, ainda que fosse necessário dizê-lo, na língua de chegada, de outra forma.
Foi, então, a partir da noção de que a língua é constituída de múltiplas funções, que se
tornou necessário traduzir os textos além da dimensão referencial.
Se nas mensagens o elemento informativo está quase sempre presente, vimos que, a partir
das reflexões de Jakobson, expandiu-se o conceito sobre linguagem para além do código. Um
código que tem que ser entendido certamente, mas também uma situação de comunicação na qual
intervém elementos como a figura de um emissor, de um destinatário e de um meio de transmissão.
Comunicar seria, talvez, a palavra que sintetizaria as teorias das funções da linguagem e dos atos
de fala. O tradutor, para compreender o texto, precisaria, então, compreender a situação de
comunicação: quem produz a mensagem, a quem se destina a mensagem, com que finalidade ele
comunica etc.
Com os atos de fala, outra dimensão importante da linguagem ganha relevo: a da
enunciação. A linguagem torna-se cena enunciativa da qual o falante “se apropria da linguagem”2 e
aí ocupa uma posição em relação a um interlocutor, ao mundo que o envolve e ao que ele diz. O
tradutor precisará traduzir uma situação de comunicação.
As correntes comunicativas são, no entanto, criticadas por incorporarem uma concepção de
língua centrada na noção de código, elemento que permite a transmissão de mensagem a um
receptor, obedecendo a certas regras. A linguagem humana, portanto, reduzir-se-ia a uma co-
municação ritualizada. Além disso, como coloca Celestina Magnanti5, no seu artigo O que se faz
com a linguagem verbal?, “a linguagem, na concepção comunicativa, é centrada na
informatividade da mensagem, na funcionalidade e não no ato de linguagem. A preocupação é
2 Expressão empregada por E. Benveniste (1970), no seu artigo O Aparelho formal da enunciação. Enquanto realização individual,
a enunciação pode definir-se em relação à língua como um processo de apropriação. O locutor se apropria do aparelho formal da
língua e enuncia sua posição de locutor através de indícios específicos, por um lado, e por meio de procedimentos acessórios, por
outro lado.
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mostrar como 'funciona a comunicação' e não a de estabelecer interações, de ouvir' e 'dar voz’ ao
outro”.
Se por um lado, a tradução ainda se preocupa em traduzir corretamente a mensagem, o que
não a diferencia muito da tradição referencial, o deslocamento teórico de língua, sistema estável,
para a cena da enunciação e suas figuras (emissor, receptor, contexto) contribui para que
principalmente a figura do tradutor e, conseqüentemente, do ato tradutório seja entendido também
como situação de comunicação. Essas mudanças vão ajudar a produzir um novo deslocamento na
concepção da linguagem: o da língua como discurso.
Síntese
Este capítulo apresentou a concepção tradicional da tradução, que se
fundamenta na visão referencial da linguagem e que não só exige fidelidade à forma e
ao sentido como considera o autor como um produtor de linguagem autônomo, que
controla o seu texto. A aspiração maior da tradução é então a de transportar o sentido
do texto original (conteúdo) para o texto traduzido de preferência com a mesma forma.
Foram apresentadas também novas teorias sobre a natureza da língua - a teoria co-
municativa e a pragmática, que incorporam à materialidade lingüística as figuras da
enunciação: locutor e interlocutor
Atividades de Síntese
1. Para cada um dos complementos de sentença que escreveremos, aponte (V) para verdadeiro e (F)
para falso e, em seguida, assinale a opção que expressa a seqüência encontrada. Isso considerando
as alternativas complementares à afirmativa:
A concepção de tradução fiel, literal, baseia-se na idéia:
( ) de língua como reflexo do mundo.
( ) de tradução palavra-por-palavra.
( ) de que todo texto é aberto a interpretações.
a) F, V, F
b) V, F, V
c) F, V, V
d) V, V, F
3. Na perspectiva da enunciação e dos atos de fala, o sujeito revela na linguagem a maneira como
ele se posiciona em relação:
I. a ele mesmo.
II. ao seu interlocutor.
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a) V, V, F, F
b) F, F, V, F
c) V, V, V, F
d) V, F, F, V
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No capítulo anterior, você viu que todo processo tradutório é influenciado por
uma visão de linguagem, pela concepção que se tem de natureza da língua. Viu
também que foi principalmente no século XX, com estudos sobre a teoria das funções
da linguagem, a teoria da comunicação e o advento da linguística da enunciação, que
novas perspectivas surgiram para a compreensão dos fenômenos lingüísticos e para a
tradução. Operou-se, pois, um deslocamento de perspectiva: da língua, sistema estável,
código de transmissão de mensagens, para a língua como cena comunicativa e
enunciativa.
O fato de compreender que o material tradutório não está restrito a um código estável
influenciou e transformou a visão que se tinha do processo tradutório. Procurou-se, então, estudar
melhor como se opera a tradução, a partir da compreensão de como se produz linguagem. Ocorre,
pois, deslocamento da perspectiva de tradução como transportadora de um sentido para a de
tradução como ato interpretativo, produtor de sentidos.
Foi a partir principalmente de Mikhail Mikhailovich Bakhtin, teórico russo da literatura,
que a questão da enunciação ganhou profundidade. Ele desenvolveu noções como a de dialogismo
e a de vozes da linguagem (polifonia)1, que vão lançar alicerces para que a linguagem verbal ganhe
outras dimensões, sobretudo, a que hoje denominamos discurso. Passaremos, então, a conhecer
algumas dessas noções.
E preciso levar em conta os papéis do emissor e do receptor, por exemplo, que compõem a
cena comunicativa e integrar as forças locucionárias, ilocucionárias e perlocucionárias das
mensagens e, assim, ampliar a dimensão do processo da tradução. Porém, as mudanças teóricas
avançaram ainda mais na segunda metade do século XX e noções como a de dialogismo, bem
como a de língua como discurso, ganham grande importância. Vamos a seguir revê-las brevemente
para então retomarmos questões diretamente ligadas ao processo tradutório.
Assim, as idéias de Bakhtin penetram cada vez mais nas abordagens lingüísticas. Para ele,
a natureza da linguagem é outra, é dialógica, pois a presença de outro é constituinte da linguagem
verbal Ser significa ser para outro, através do outro. A língua não serve a uma subjetividade
individual, as palavras não são neutras, ao contrário, estão sempre imbuídas de evocações de outro.
O discurso se constrói na interação com o outro, e essa interação interfere no próprio contexto a
partir de um outro contexto. A linguagem está ligada a uma tradição, a uma memória e a uma
trajetória compartilhada socialmente. Nas palavras de Bakhtin3, 'Tudo se reduz ao diálogo, à
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contraposição dialógica enquanto centro. Tudo é meio, o diálogo é o fim. Uma só voz nada
termina, nada resolve. Duas vozes são o mínimo de vida”.
Bakhtin4 julgava que não era possível a análise da língua como um sistema abstrato e
rejeitava a consciência individual da enunciação. Criou, então, o conceito de dialogísmo que tem a
interação verbal como elemento central da linguagem. A expressão não é ato individual, mas ati-
vidade social co-determinada por um conjunto de relações dialógicas.
Em função dos estudos de Bakhtin, a linguagem é vista além de um ato de comunicação e
institui-se como ato de interação. A palavra, como diz ele, “é determinada, tanto pelo fato de que
procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o
produto da interação do locutor e do ouvinte”5.
Podemos perceber a força do dialogismo na nossa comunicação quotidiana. Ao
elaborarmos um texto, um comunicado, ou quando dizemos alguma coisa a alguém,
permanentemente levamos em consideração não só o nosso interlocutor (seu estatuto social, o grau
de familiaridade da nossa relação, suas intenções, seus interesses em relação ao que vamos
anunciar-lhe7 as nossas intenções, os nossos interesses também etc.), mas também a representação
que achamos que essa pessoa tem de nós, para então construirmos nosso texto, nossa fala.
Noções decorrentes do dialogismo - interacionismo, intertextualidade - constituem também
conceitos-chave para outra reflexão sobre a linguagem, a da língua como discurso, pois, como
coloca Magnanti,
do ponto de vista discursivo, não há enunciado desprovido de dimensão dialógica, pois qualquer
enunciado sobre um objeto se relaciona com enunciados anteriores produzidos sobre este objeto.
Por isso, todo discurso é fundamentalmente diálogo. Isso significa que os significados e sentidos
são produzidos nas relações dialógicas, na mesma medida em que sujeitos e objetos no mundo se
constituem como sujeitos e objetos do e no mesmo discurso.
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O discurso
O termo discurso também pode ser empregado em vários sentidos, por exemplo, de
enunciado tratado globalmente e de unidade superior à frase. Ou, ainda, na perspectiva
pragmática, o enunciado em sua dimensão interativa, a da ação sobre outro em uma situação
de enuncia- cão. No entanto, para a AD, o discurso não abrange apenas a estrutura
lingüística, ele vai além do enunciado. Constitui-se em um contexto histórico-social, pelas
condições de produção do texto. No discurso3 constroem-se interações que não são neutras,
mas perpassadas por ideologias.
Dentro dos estudos da análise do discurso, Eni Orlandi7, que acompanha principalmente a
obra de Michel Pêcheux, filósofo francês4, distingue três tipos de discurso a partir da relação
de interlocução que é estabelecida dentro do discurso entre o locutor e o interlocutor: lúdico,
polêmico e autoritário. Essa tipologia se constrói sobre dois critérios: o da relação entre os
interlocutores e o da relação dos interlocutores com o objeto do discurso.
O locutor leva em conta seu interlocutor de acordo com uma certa perspectiva, não o leva
em conta, ou a relação entre interlocutores é qualquer uma? [...] o objeto do discurso é
mantido como tal e os interlocutores se expõem a ele; ou está encoberto pelo dizer e o
falante o domina; ou se constitui na disputa entre os interlocutores que o procuram
dominar.
O sujeito
As condições de produção
3 “Um olhar lançado sobre um texto do ponto de vista de sua estruturação em língua faz dele um enunciado. Um estudo
lingüístico das condições de produção desse texto fará dele um discurso'7 (Guespin, 1971 citado por ORLANDI, 1987, p. 117).
4 A questão “discurso77 foi introduzida na França, em 1969, pela tese de Michel Pêcheux, Análise Automática do Discurso. Seu
pensamento vai além da lingüística, abrindo caminho para áreas como a história, a sociologia, a psicologia, ou seja, áreas nas
quais se encontram língua e sujeito.
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O sentido
A desconstrução
o que é necessário entender é que todo o processo é ilusório, ilusão necessária para se
produzir linguagem, para que o texto se apresente; na verdade, todo o processo é um jogo,
e cada jogo tem suas próprias regras, que servem apenas para aquele jogo e não para
outro.[...] O jogo não tem origem nem fim, mas cria uma estrutura, ou melhor, permite a
ilusão de que existe uma estrutura, uma tecitura.
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Deslocar esse texto para outro momento, para outro leitor produzirá outro sentido5. Podemos
dizer que “E o sentido que define e determina a referência e não o contrário”14.
O significado, portanto, não é literal, não é previamente dado, não preexiste ao jogo da
linguagem. Ele também é construído, atribuído tanto pelo produtor quanto pelo leitor do
texto. No entanto, sabemos que interpretações semelhantes são produzidas. Para explicá-
las, lançamos mão do que Stanley Físh15 denomina de comunidades interpretativas. Estas
comunidades convencionariam os sentidos, através da história, da cultura, como Michel
Foucault16 considerou na sua célebre aula inaugural sobre a institucionalização do discurso:
“suponho que em toda a sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada,
selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que têm por
função conjurar seus poderes e perigos, dominar o acontecimento aleatório, esquivar sua
pesada e temível materialidade”.
5 Poema tirado de uma notícia de jornal é o título que o poeta Manuel Bandeira deu ao seu poema extraído de uma notícia de
jornal, o que mostra que lemos previamente, construímos o sentido a partir de nossa (pré) disposição.
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É importante dizer aqui que, se, por um lado, a perspectiva contestadora perturba pela
destruição da ilusão de um sentido estável, passível de ser transmitido integralmente pelo esforço e
pela competência de um tradutor, por outro lado, ela possibilita a valorização da tradução. Mas
como isso acontece?
Primeiro, eliminando a suposta hierarquia entre texto original e texto traduzido, não
permitindo a representação daquele como “fonte” e deste como “cópia”, que, por sua vez, é quase
sempre sentida como imperfeita, incompleta (quantas vezes ouvimos a frase: “Ah, ler no original é
outra coisa, muito melhor!”). Essa representação da tradução tira-lhe o prestígio, quando o que
ocorre é que “tanto o texto de partida quanto a tradução são produtos de uma interpretação, ou seja,
ambos são 'derivativos'”19.
Segundo, porque a corrente contestadora traz à reflexão o fato de que são traduzidos,
sobretudo, textos, obras e autores de línguas veiculadas por culturas de maior prestígio cultural,
econômico e político, o que atribuiria mais uma “virtude” ao texto de partida.
E, finalmente, essa corrente defende a valorização da figura do tradutor, pois não permite
que este continue a ser visto como um mero transportador de significados. Propõe que ele passe a
ter o prestígio de um produtor de texto no sentido de produtor de significados, cuja interferência é
inevitável, mas é o que permite a difusão e a circulação de bens literários, por exemplo. Além
disso, “Não há oposição nem simples complementaridade, há uma complexa relação de mútua
dependência. Se a tradução torna possível a sobrevivência do original, este depende dela, não tanto
para validar sua importância, mas para criá-la”20.
Síntese
Vimos neste capítulo que perspectivas revolucionárias sobre a linguagem a
partir da segunda metade do século XX repercutem nos estudos sobre tradução.
Observamos que a natureza da linguagem é dialógica (Bakhtin), que o sentido a cada
leitura é múltiplo, construído em formações discursivas (perspectiva discursiva da
língua) e que as “comunidades interpretativas” estabilizam aparentemente os sentidos
(perspectiva desconstrutivista). Questionamos uma das preocupações centrais da
tradução, a equivalência, argumentando que ela é decorrente da visão tradicional da
leitura/tradução. O processo tradutório é valorizado e propõe-se sobretudo que a
partir dessas novas perspectivas, um novo papel seja atribuído para o tradutor, que,
como o autor do texto original, não deixa de produzir sentidos.
Atividades de Síntese
1. Assinale a alternativa correta.
O caráter dialógico da linguagem fundamenta:
a) os conceitos de interação e intertextualidade.
b) a reflexão desconstrutivista.
c) o conceito de signo de Saussure - significante e significado.
d) a noção de sujeito.
2. Para cada uma das sentenças que completa a assertiva inicial, aponte (V) para verdadeiro e (F)
para falso e, em seguida, assinale a alternativa que expressa a seqüência encontrada.
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3. Para cada uma das sentenças que completam a assertiva inicial, aponte (V) para verdadeiro e (F)
para falso e, em seguida, assinale a alternativa que expressa a seqüência encontrada.
Para a corrente contestadora, mais importante do que julgar uma tradução é entender:
( ) o processo da tradução.
( ) os diferentes tipos de equivalência.
( ) que traduzir é interpretar.
( ) como evitar o sentido polissêmico.
a) V, V, F, F
b) V, V, V, F
c) V, F, F, F
d) V, F, V, F
4. Se você já fez traduções, procure lembrar com que dificuldades você se deparou e discuta sobre
elas com alguém que também já teve a experiência de realizar uma tradução. Procure entender a
origem das dificuldades encontradas.
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5.Retome a leitura do capítulo e levante os fundamentos da corrente contestadora da tradução.
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6. Quando uma obra literária é transposta para o cinema constitui um fenômeno de tradução? Por
quê? Quais são normalmente os comentários feitos ao se comparar livro e filme? Que concepção da
linguagem geralmente esses comentários revelam?
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Para falarmos de dicionário, nada melhor do que começarmos analisando exatamente o que
um dicionário fala sobre o significado desta palavra. E a função metalingüística da linguagem,
como vimos no capítulo 2; a língua falando sobre a própria língua. Assim, segundo Houaiss2,
dicionário é:
Rubrica: lexicologia. compilação completa ou parcial das unidades léxicas de uma língua
(palavras, locuções, afixos etc.) ou de certas categorias específicas suas, organizadas
numa ordem convencionada, ger. alfabética, e que fornece, além das definições
informações sobre sinônimos, antônimos, ortografia, pronúncia classe gramatical
etimologia etc. ou pelo menos, alguns destes elementos [Á tipologia dos dicionários é
bastante variada; os mais correntes são aqueles em que os sentidos das palavras de uma
língua ou dialeto são dados em outra língua (ou em mais de uma) e aqueles em que as
palavras de uma língua são definidas por meio da mesma língua.]
Essa definição já nos assinala vários pontos interessantes e vale a pena nos aprofundarmos
aqui. Em primeiro lugar, analisaremos o conceito mais óbvio, ou seja, o de que o dicionário é uma
compilação do léxico de uma língua, apresentando todas as suas possibilidades vocabulares. Apesar
de isso não ser exatamente a verdade, como veremos mais adiante, essa idéia é tomada como
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verdadeira, a ponto de muitos acreditarem que, para se fazer uma boa tradução ou para se aprender
a falar uma língua, é fundamental saber o máximo de palavras desta língua, e que é o dicionário
que trará todas essas informações.
Outro fator importante, que por sua vez é ligado ao anterior, refere-se ao equívoco, muito
comum entre aqueles menos familiarizados com o manejo do dicionário, de acreditar-se que ele
serve apenas para conhecermos o significado das palavras ou então a sua ortografia. No momento
de uma tradução, esse é o recurso mais utilizado, é verdade, mas um maior conhecimento desse
instrumento ampliará sua eficácia e diminuirá o trabalho do tradutor. E claro que usar bem um
dicionário não quer dizer, necessariamente, que os problemas relacionados à tradução estão todos
resolvidos, mas é uma ferramenta de grande ajuda para o profissional.
Assim, vamos conhecê-lo melhor a seguir!
Para que a lista não seja exaustiva, detalharemos4 apenas algumas das possibilidades que
acabamos de citar. Se você não as conhece, vá a um dicionário e analise-o, tente descobrir as
informações que faltam. Geralmente no princípio ou no final dele há uma seção dedicada a uma
explicação mais detalhada de seu funcionamento.
Mas, voltando à descrição dos elementos constitutivos do verbete, nosso foco, falaremos da
entrada! A entrada pode ser uma palavra, uma frase, uma locução ou um elemento de composição
que, como o nome já diz, abre o verbete. Ele vem seguido da ortoépia, que é a pronúncia do
vocábulo e aparece de forma bem característica, entre barras. É um recurso muito pouco utilizado
por estudantes de línguas, por exemplo, mas que na realidade pode ajudar muito na melhora da
performance do aluno, além de desenvolver a sua autonomia.
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Outro item é a classificação gramatical, que apresenta dados importantes, como o grupo de
conjugação ao qual pertence o verbo, lembrando sempre que os dicionários só trazem os verbos no
infinitivo, o que facilita a busca pelo verbo conjugado; no caso dos substantivos, eles são
apresentados na forma masculina e singular, o que também é especificado no item de classificação.
A datação é uma informação geralmente curiosa trazida pelo dicionário. E com ela que
descobrimos o momento do primeiro registro da palavra, de quando ela surgiu. A datação vem
seguida das acepções, que são as definições propriamente ditas do verbete. Muitas das palavras ou
locuções de uma língua possuem diferentes significados, às vezes até contraditórios, dependendo
do contexto em que estão inseridas, e são exatamente esses diferentes contextos de uso que
aparecerão aqui, geralmente acompanhados de frases que os exemplificam.
Para finalizar, outros dois elementos que são de grande ajuda para o falante ou para o
aprendiz de uma língua são os sinônimos e os antônimos, bem como as explicações quanto ao
sentido figurado, geralmente depois da abreviatura fig. No primeiro caso, da sinonímia e da
antonímia, elas ajudam no aprofundamento e no enriquecimento do vocabulário; já no segundo, o
do sentido figurado, temos um esclarecimento quanto ao emprego de termos em contextos
específicos, que geralmente nada tem a ver com o significado primário do termo, o que muitas
vezes nos prega 'peças77 durante a aprendizagem da língua.
Mas a pergunta agora é outra! Com esse número imenso de possibilidades de organização
de um dicionário, todos são iguais? Veremos que não no próximo tópico!
Esse tipo de dicionário é o mais comum, conhecido por todos e voltado a um público
amplo e eclético, o usuário cotidiano da língua. Apresenta tanto um léxico mais sofisticado, aquele
presente na literatura, quanto o mais coloquial e familiar, aquele com marcas de oralidade e gírias.
De acordo com as características que apresente, pode ser classificado em um destes quatro
modelos: monolíngue, bilíngue, de aprendizagem e misto.
1. Monolíngue
E aquele voltado às necessidades dos falantes nativos e que apresenta todas as acepções do
verbete - polissemia - na sua própria língua, descrevendo as suas diferentes possibilidades de uso.
aprender. Tr. dír e íntr 1 adquirir conhecimento (de), a partir de estudo; instruir-se. Ex.: a. uma
língua, uma técnica, uma ciência> <tem muita facilidade para a. tr dír e íntr 2 adquirir habilidade
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prática (em) Ex.: aprendeu um esporte; os cães aprendem com facilidade, tr dír? ind e bitr 3 vir a
ter melhor compreensão (de algo), esp. pela intuição, sensibilidade, vivência, exemplo. Ex.:
aprendeu que o amor é um sentimento instável; aprendeu muito com a própria vida; aprenderam
dos pais a generosidade.5
2. Bilíngüe
Apresenta o verbete em dois idiomas, normalmente com uma seleção dos léxicos mais
utilizados cotidianamente.
3. De aprendizagem
4. Misto
Esse dicionário mistura características dos dicionários mono e bilíngüe. Cada verbete é
apresentado em sua língua, com as suas diferentes possibilidades de uso, especificando ao final de
cada uma delas o equivalente na outra língua.
learn [lern] - past tense, past participles learned, learnt - verb 1 to get
to know: It was then that I learned that she was dead. ficar sabendo
1 to gaín knowledge or skül (in): A chíld is always learníng; to learn
French. Aprender1
Diferencia-se do dicionário geral da língua porque, como seu nome já diz, apresenta
imagens e ilustrações de alguns dos verbetes, facilitando a sua compreensão. Muitas crianças
gostam desse tipo de dicionário, por ser lúdico.
Nesse tipo de dicionário, além dos verbetes que compõem uma língua, encontramos
informações sobre personalidades, temas científicos, conceitos filosóficos etc. E uma obra que traz
informações culturais, além das questões relacionadas à língua.
Cada vez mais comuns, os dicionários especializados são muito importantes como
facilitadores para a tradução de textos técnicos e no ensino-aprendizagem de uma língua com fins
específicos. E o caso dos dicionários jurídicos, médicos, tecnológicos, de negócios, da informática,
entre outros. Neles encontramos jargões específicos da área ao qual está dedicado.
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Esses tipos de dicionários, apesar de pouco conhecidos, são muito eficazes para tradutores
e profissionais das letras. Eles apresentam, para cada verbete, seus sinônimos e antônimos,
ajudando o tradutor na escolha da palavra exata no momento da tradução para a língua meta,
permitindo a percepção das pequenas nuances no uso de cada um dos termos.
Esse é o dicionário para os verdadeiros fãs de línguas! E nele que obtemos informações
sobre a origem das palavras, isto é, se elas vêm do latim, do árabe, do grego ou de alguma outra
língua antiga, ou se elas são originárias de alguma palavra emprestada de uma língua moderna.
Excelente material para tirarmos dúvidas quanto ao uso da língua, tanto no que diz respeito
aos vocábulos (ortografia correta de determinados termos, por exemplo), quanto a questões de
regência, prefixos ou pleonasmos, por exemplo.
Apprendre, v.tr.dir. 1 On apprend un métíer, la relíure, une scíence, une technique. Ce jeune
homme apprend la natatíon, le russe, la géographie, le droit, le dessín.
Dans certaines régions de Walloníe, on commet la faute d’employer apprendre, etparfois
apprendre pour, sans article, avec pour complément le nom de celuí quí exerce un métier, une
profession : [apprendre le relíeur, apprendre pour médecín].
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Síntese
Neste capítulo vimos a importância de conhecermos o funcionamento de um
dicionário, usando-o da melhor forma possível, não só para auxiliar no trabalho de
tradução, como para ajudar na aprendizagem de uma língua, materna ou estrangeira.
Também foi visto que é fundamental uma boa escolha do dicionário, em meio às várias
possibilidades à disposição, para que o auxílio seja o maior possível.
Atividades de Síntese
1. Observe o verbete transcrito a seguir:
ca.er /kaérl 1 intr.-prnl. [de algún lugar] Moverse desde arriba hacía abajo por el peso propío: la
lluvia cae dei cielo; Newton vío ~ una manzana. Es díalectal el uso transitivo: lo caí por lo dejé
caer. cair.
2. Para cada uma das sentenças a seguir, aponte (V) para verdadeiro e (F) para falso e, em seguida,
assinale a alternativa que expressa a seqüência encontrada:
( ) A ortoépia é a pronúncia correta de um vocábulo.
( ) A entrada é o significado do verbete.
( ) A entrada é o elemento que abre o verbete.
a) F, V, V
b) V, F, V
c) V, V, F
d) V, F, F
3. Para cada uma das sentenças a seguir, aponte (V) para verdadeiro e (F) para falso e, em seguida,
assinale a alternativa que expressa a seqüência encontrada:
( ) O dicionário traz apenas o significado das palavras, em suas diversas acepções.
( ) O dicionário é uma referência mal utilizada em nossa cultura.
( ) Em alguns países, o dicionário é muito lido e utilizado por fa lantes nativos.
a) V,V,F
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b) F, V, V
c) F, F, V
d) V, F, F
5. Se você trabalha como professor, que tal tentar descobrir como seus alunos utilizam o
dicionário? Eles conhecem todas as possibilidades desse facilitador da aprendizagem? Se não,
aproveite para lhes explicar. Será de grande utilidade!
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Criação
é poesia
linguagem primeira
nova
inovadora
inaugurante
(Paulo Leminski, 1997)
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Este capítulo abordará uma das questões mais polêmicas da área da tradução: a
poesia pode ou não ser traduzida? Conheceremos, então os argumentos desta duas
posições, ou seja, daqueles que acreditam que características especiais da poesia, a
tornam intraduzível e poesia intraduzível e daqueles que mesmo reconhecendo as
especificidades do gênero poético afirmam que ela possui tradutibilidade.
Muitas vezes, levanta-se como dificuldade para o ato tradutório a não correspondência do
mundo cultural que envolve as línguas, isto é, que cada língua tem a sua história, sua cultura, uma
sensibilidade particular que a constituí e que não permitiria transpô-la para uma outra língua. Mas
se diferenças profundas existem entre algumas línguas em especial, ainda assim restariam alguns
elementos, algumas pontes entre elas, que possibilitariam a sua transposição. Além disso, a
constituição histórico-cultural não é exclusiva do gênero poético, todos os outros também carregam
suas particularidades. Logo, do ponto de vista desse pressuposto, nada poderia ser traduzido.
Outros argumentos contrários à possibilidade de tradução literária/ poética referem-se a sua
estrutura lingüística, a sua construção enquanto código. Argumenta-se que as peculiaridades de
cada língua, como a prosódia e o ritmo, dificultariam que o texto poético tivesse equivalência em
outra língua, pois nesse tipo de texto a língua significa por ela própria, não há transmissão de
mensagens, a mensagem é a própria poesia. A poesia, portanto, concentraria sua força no seu
caráter estético. Essa idéia é bastante aceita pelos estudiosos e principalmente entre poetas-
tradutores, como o grande poeta francês Charles Baudelaire1, que diz: “O ritmo é necessário à
progressão da idéia de beleza, que é o maior e mais nobre fim do poema. Ora, os artifícios do ritmo
são um obstáculo intransponível a essa progressão minuciosa de pensamentos e de expressões que
tem por objeto a verdade77.
Percebemos aí a tradicional distinção entre aspecto estético da linguagem e valor de
verdade. Para melhor entendermos esses conceitos, vamos nos reportar a duas funções da
linguagem apresentadas por R. Jakobson e que foram abordadas no capítulo 2: a função referencial
e a função poética. Na primeira, a prioridade é o conteúdo da mensagem. A mensagem é o centro,
apresenta o mundo; a língua tem caráter informativo, é veículo de verdades, refere.
Conseqüentemente, podemos distinguir forma de conteúdo. Textos técnicos e científicos são
basicamente constituídos por essa função. Porém, na poesia, a centralidade não é a mensagem, ou
melhor, a mensagem é o próprio código lingüístico, a sua materialidade sonora, a sua
morfossintaxe, o jogo que a língua faz com ela mesma. Seu sentido não é referencial; é poético,
estético. Em textos em que a própria estrutura lingüística compõe o jogo, predomina a função
poética.
Com efeito, a tradução do texto poético torna-se especial e mais árdua, pois sua matéria é a
própria língua, e as línguas são estruturalmente diversas. Por exemplo, podemos perceber
diferenças estruturais entre o português e o francês pela importante diferença de extensão entre
textos traduzidos para esses idiomas, e em edições bilíngües é possível observar esse contraste. O
texto em francês é invariavelmente um pouco mais longo, pois nessa língua a presença de
pronomes sujeito e complemento é uma constante, ao passo que em português eles tendem a ficar
subentendidos. No livro de Albert Audubert, Do Português para o Francês2, no qual são
apresentados 60 textos da literatura brasileira com sua tradução para o francês ao lado, constata-se
esse fenômeno, pois, em sua quase totalidade, todo parágrafo em francês é mais longo.
Reconhece-se, em geral, que o texto poético tem peculiaridades próprias e que dissociar
seu conteúdo de sua forma seria um grande equívoco (tradutório e de leitura). Essa experiência,
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Ressaltaríamos, ainda quanto à tradução poética, alguns elementos importantes que não
podem ser desconsiderados por um tradutor.
O primeiro é a observância da apresentação do poema original que, em princípio, deve ser
mantida no texto traduzido. Se os seus versos iniciam ou não por maiúsculas, por exemplo, se há
segmentação em estrofes ou se o poema tem forma compacta, além disso a apresentação gráfica do
título, a regularidade ou irregularidade do tamanho das estrofes e dos versos (se for um soneto, por
exemplo, manter a tradução como soneto).
6 Exemplo dado por Mário Laranjeira (2003, p. 30) desse processo de tradução encontra-se no livro Poesia russa moderna: nova
antologia, no qual os tradutores explicam que “[os poemas] ou foram vertidos diretamente do original por Augusto ou Haroldo
de Campos, e em seguida revistos por Boris Sehnaiderman, ou foram traduzidos literalmente por este e depois trabalhados, em
confronto com o original, por um dos dois poetas da equipe7'.
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Podemos observar que o fonema [s] ecoa no poema (aliteração em assim / sempre / sempre
/ faz / passado), possibilitando que o material sonoro do poema crie a idéia de movimento constante
e ininterrupto das relações entre futuro e passado (o passado é o que se projetou um dia como
futuro) e insista nisso (repetição de sempre, por exemplo). Em um trabalho de tradução, esse efeito
sonoro que constrói o poema, gerando e imprimindo no leitor a idéia de linha do tempo ininterrupta
(como sempre), deverá ser mantida no texto traduzido. Já vimos anteriormente que por terem as
línguas contrastes estruturais e semânticos, pode não ser possível manter a aliteração do [s], mas
será importante manter esse jogo no poema traduzido, através da criação de outra aliteração ou
utilizando-se de outros recursos sonoros (quem sabe semânticos ou sintáticos) da língua de chegada
para obter o mesmo efeito.
Incluiríamos, ainda no nível fonético do poema, a métrica, pois ela é geradora do ritmo que
o poema terá e que também participa da criação da significância poética. Com efeito, a extensão
dos versos e a acentuação que é distribuída no interior deles são de extrema importância no texto
poético, o que origina uma espécie de melodia. Um exemplo claro desse fenômeno ocorre no
poema Debussy, de Manuel Bandeira6. Esse poema, cujo título é o nome do compositor Claude
Debussy, reconstrói melodicamente a música desse compositor. O ritmo e a métrica são
fundamentais para criar esse efeito de linha melódica, de balanço.
São esses alguns dos aspectos que envolvem o texto poético. Contudo, vale a pena mais
uma vez ressaltar que é a nossa comunidade interpretativa quem caracteriza o texto poético, que o
particulariza. A proposta de Laranjeira, que aqui acompanhamos, de considerar como constituinte
do texto poético/literário a significância e do texto informativo o sentido mostra-se interessante
para orientar o trabalho de tradução. Entretanto, se voltarmos à perspectiva da desconstrução,
precisamos concordar que essas distinções não são inerentes ao texto, mas representam a
predisposição por parte do leitor em ler poeticamente (ver nota de rodapé referente ao poema de
Manuel Bandeira no capítulo 3). Por isso, a nível semântico, o leitor/tradutor tenderá a ampliar o
caráter polissêmico das palavras, abrir as possibilidades de sentido, pois é assim que se lê hoje um
texto poético/ literário, fazendo associações mais amplas de sentido. Arrojo7 coloca que 'ler um
poema implica aceitar um convite implícito à criação”.
Se iniciamos este capítulo pelo tema da tradução poética e a polêmica sobre a sua
(in)tradutibilidade, vamos encerrá-lo insistindo na idéia de que a tradução poética, como toda
tradução, não é cópia, não é secundária. Ela exige talento e um trabalho intenso de criatividade. E
graças a esse empenho tradutório é que obras poéticas se renovam, existem. Aliás, a tradução
poética não só é possível, “como é a poesia essencialmente aberta para uma infinidade de leituras, a
reescrita dessa infinitude de leituras dá ao poema uma gama maior de possibilidade de realizações
textuais pela via da tradução.
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Síntese
Neste capítulo, vimos que na história da tradução, o texto literário sempre foi
considerado especial, pois é o gênero que mais se distancia da função referencial da
linguagem e, conseqüentemente, é mais criativo no que se refere ao tratamento que dá
ao próprio código lingüístico, sobretudo quando se trata de poema. Nesse texto, no
qual se institui o jogo da linguagem, a mensagem é a sua própria construção, o que
dificulta o trabalho de quem o traduz para criar os mesmos efeitos, visto que são uma
realidade as diferenças estruturais entre as línguas.
Indicação cultural
O carteiro e o poeta. Direção: Michael Radford. Itália: 1994.
No filme italiano O Carteiro e o Poeta (II Postino), de 1994, dirigido por Michael Radford,
um dos personagens, um carteiro que vive com simplicidade em uma ilha do Mediterrâneo, deseja
aprender a fazer poesia e recorre então ao seu amigo, o poeta chileno Pablo Neruda, que
provisoriamente está morando ali. Além da beleza do filme, do seu contexto histórico, os diálogos
sobre poesia são muito interessantes.
Atividades de Síntese
1. Assinale a opção correta.
A leitura de um poema é especial, pois:
a) sem estudar métrica não é possível compreendê-lo.
b) ela precisa ser linear.
c) porque o próprio material sonoro produz sentido.
d) sua relação é com a verdade, com a referência.
2. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso nas seqüências que complementam a declaração
inicial e, em seguida, marque a alternativa que expressa a seqüência encontrada.
A tradução poética:
( ) não exige do tradutor uma sensibilidade poética.
( ) é mais difícil quanto mais distantes forem as línguas do ponto de vista cultural e de sua estrutura
interna.
( ) deve considerar que o seu sentido (significância) se constrói na globalidade do texto,
a) F, V, V
b) V, F, V
c) V,V, F
d) V, F, F
3. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso nas assertivas que complementam a expressão
inicial e, em seguida, marque a alternativa que corresponde à seqüência encontrada.
Para a tradução poética, é importante:
( ) manter o mesmo tipo de construção do poema original.
( ) criar uma estrutura poética totalmente diferente do original.
( ) o que se diz, não o como se diz.
a) V,V,F
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b) F, V, V
c) F, F, V
d) V, F, F
4. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso nas assertivas que complementam a expressão
inicial e, em seguida, marque a alternativa que corresponde à seqüência encontrada.
A melhor forma de tradução poética consiste em:
( ) separar conteúdo de forma.
( ) visualizar o texto e percebê-lo na sua globalidade.
( ) traduzir verso por verso.
a) F, V, V
b) F, V, F
c) F,F,V
d) V, F, F
6. Procure exemplos de poemas em que ocorre aliteração. Verifique qual o efeito criado por ela e
como ela está ligada ao sentido geral do poema.
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7. Procure dois provérbios que você conhece na língua estrangeira de sua preferência e compare a
construção dele nas duas línguas. Examine se o ritmo e a rima foram mantidos. Ou se eles não se
correspondem. Observe se os provérbios examinados mantiveram os seus jogos sonoros.
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A primeira coisa que devemos considerar quando pensamos em tradução técnica é a dupla
competência requerida para um tradutor. Ele deve, além de conhecer profundamente as duas
línguas com as quais irá trabalhar, possuir conhecimentos temáticos extralingüísticos, conhecer
muito bem a especificidade da temática que irá traduzir, como terminologias peculiares, jargões e
convenções relacionadas aos tipos de textos utilizados. Como vimos no capítulo 4, os dicionários
específicos podem ajudar muito nessa tarefa, mas eles, sozinhos, não são suficientes.
São exemplos de textos técnicos: artigos, enciclopédias técnicas, atas de reuniões,
descrições técnicas, informes técnicos, lista de peças, manuais, planos de estudo, anúncios, folhetos
publicitários, bulas de remédios, normas técnicas, carta de reclamação etc.
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As linguagens audiovisuais têm como característica a união de pelo menos dois tipos de
código: o código lingüístico - oral e/ou escrito - e o código visual - verbal e/ou icônico. Essas
peculiaridades trazem uma complexidade especial para esse tipo de tradução, já que os dois códi-
gos são indissociáveis e devem manter uma grande coesão e coerência, complementando-se para
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que possamos obter um resultado final ideal Assim, esse tipo de texto deve ser analisado, ao
mesmo tempo, a partir dos pontos de vista semiótico (considerando todos os códigos que intervém
no texto), narrativo e comunicativo - de acordo com as marcas situacionais do texto.
Com todos esses fatores, a grande dificuldade é saber: Qual prioridade estabelecer? Qual
código privilegiar? Que adaptações serão necessárias no momento de traduzirmos o texto?
Nesses casos, é normal que o código visual, a imagem, permaneça inalterado, sendo feita a
tradução do código lingüístico, do texto. Essa tradução acontece em diferentes modalidades,
conhecidas como vozes sobrepostas, legendação e dublagem.
— processo fotoquímico: o filme recebe uma cobertura com uma camada de cera ou de
parafina e é feita a impressão de cada uma das legendas;
— processo ótico: consiste na fotografia das legendas em uma outra película, do mesmo
tamanho da original, e sua sincronização;
— processo eletrônico: as legendas são escritas em uma tela eletrônica independente,
geralmente situada abaixo da tela;
— processo por laser: as legendas são escritas diretamente sobre o filme por um
computador que controla um raio laser: E a técnica atualmente utilizada na legendagem.
6.2.3 A dublagem
Na dublagem, o texto original é totalmente substituído pelo texto oral na outra língua. E
uma modalidade muito utilizada no Brasil, especialmente na televisão. No cinema, no entanto, ela
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geralmente está restrita aos filmes infantis. Isso acontece por diversas razões, trazidas pela espe-
cificidade desse procedimento. A principal delas é o fato de substituir os diálogos originais,
apagando o texto fonte, o que para muitos modifica ou restringe a percepção da atuação dos atores
no filme. Por outro lado, ela é democrática, pois permite o acesso de todas as pessoas ao conteúdo.
O processo de dublagem é complexo. E o tipo de tradução que requer a maior estrutura de
todas as exigidas pelas demais modalidades e conta com diferentes profissionais envolvidos. Além
do tradutor, trabalham também o ajustador, o diretor de dublagem, os técnicos de som, o assessor
lingüístico e os atores. Inicia-se com a visualização do material e a leitura do roteiro, seguida da
tradução e do ajuste por parte do tradutor. As próximas etapas são a direção da gravação, o
assessoramento lingüístico e a interpretação final, por parte dos atores.
No que diz respeito especificamente ao trabalho do tradutor, foco de nosso interesse aqui,
um momento importante durante o processo de dublagem é o do ajuste, no qual acontece a
sincronia entre som e imagem. Assim, esses ajustes podem ser de três tipos:
E muito comum a confusão entre os termos tradução e interpretação, a ponto de serem até
mesmo usados de maneira generalizada, especialmente quando se trata de interpretações. No
entanto essas são atividades diferentes e que não podem, necessariamente, ser feitas por um mesmo
profissional, ou seja, apesar disso ser totalmente possível, um bom tradutor não é necessariamente
um bom intérprete, e isso acontece porque essas duas atividades exigem habilidades específicas.
Como já falamos bastante sobre os tradutores; falaremos agora sobre os intérpretes.
Sempre levando em consideração os obstáculos e as dificuldades naturais de uma tradução
feita de maneira instantânea, algumas qualidades são indispensáveis para que o profissional seja um
bom intérprete: ser capaz de ser receptivo ao conteúdo expressado pelo orador e que deve ser
traduzido, sem a demonstração de nenhuma reação de caráter pessoal; ser capaz de interpretar o
que está sendo dito de maneira rápida e em um contexto geral, não palavra por palavra; ter uma boa
memória, já que existem muitos significados para cada palavra e, portanto, apenas o contexto e o
seu uso é que darão o significado correto para determinada situação.
Além disso, é fundamental que o intérprete disponha de um extenso vocabulário global das
duas línguas, conheça os termos técnicos, que poderão ser utilizados pelos especialistas que
discursam, e tenha a capacidade de manter a conferência interessante, traduzindo em detalhes
aquilo que foi dito pelo orador, além de ter a capacidade de limpar sua memória ao longo do
trabalho, já que continuará permanentemente fazendo interpretações.
Considerando essas características, próprias dessa atividade, conheceremos em seguida os
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E o tipo em que o intérprete verte o texto, após o discurso oral, portanto que ele ouviu, para
a outra língua. Ocorre em situações mais informais, quando há a necessidade de que a comunicação
seja instantânea, após segmentos maiores. Nesse tipo de tradução é comum que o intérprete traduza
a partir do sentido, ressaltando aquilo que de mais importante foi falado.
Nesse tipo, o intérprete verte o texto que ouve para a outra língua ao mesmo tempo em que
o discurso é pronunciado. E uma modalidade cada vez mais comum em congressos, seminários,
palestras ou encontros. Algumas instituições internacionais, como a ONU ou a Comissão Européia,
por exemplo, em que são várias as línguas oficiais usadas, têm serviços permanentes de intérpretes
simultâneos.
Para esse tipo de interpretação, é necessária uma cabine equipada com um aparelho
especial, na qual o(s) intérprete (s) estará (estarão) disposto (s), ouvindo através de um fone aquilo
que é falado pelo orador e transmitindo já na outra língua aos ouvintes, que também estarão
munidos de fones de ouvido. Sempre que possível, o intérprete tem acesso ao texto que será lido
pelo orador - quando este não falar de improviso - o que facilita muito o trabalho de versão do
discurso.
O discurso do orador, nessa condição, é vertido para vários idiomas ao mesmo tempo,
sendo, portanto, necessário um intérprete para cada uma das línguas a serem traduzidas, além de
equipamentos também individualizados.
Síntese
Neste capítulo foram apresentadas as diferentes modalidades de tradução
técnica especializada, que inclui tanto textos escritos como a tradução de multimídia
(internet, legendagem ou dublagem) e a interpretação - consecutiva, simultânea ou
combinada.
Indicações culturais
São vários os textos disponíveis na internet sobre tradução de textos técnicos, legendação
ou dublagem, mas nada como examiná-los na prática. Assim, esse é o momento propício para ver
muitos filmes e observar como são legendados ou dublados. E só escolher o gênero que você
prefere e bom divertimento!
Informações técnicas sobre a carreira de tradutor, assim como futuros encontros e
congressos, podem ser encontradas no site do Sindicato Nacional dos Tradutores
(http://www.sintra.org.br).
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Atividades de Síntese
1. Assinale a alternativa correta.
E um tipo específico de tradução que tem fé pública e é a única aceita em juízo. Estamos falando da
tradução:
a) juramentada.
b) simultânea.
c) técnica.
d) especializada.
2. Como vimos neste capítulo, o processo de legendagem de um filme é dividido em cinco etapas,
que aparecem desordenadamente, a seguir:
1. segmentação do original;
2. edição das legendas;
3. tradução e sincronização;
4. visualização do filme;
5. leitura do original e tomada de notas.
Ordene-as de acordo com a sua seqüência natural de trabalho e, em seguida, assinale nas
alternativas a seqüência numérica correspondente:
a) 1,2, 3,4, 5
b) 3, 2, 1,5, 4
c) 5, 4, 3, 2, 1
d) 4, 5, 1, 3, 2
3. Á mesma atividade da questão anterior, agora considerando o processo de dublagem, que tem
como etapas:
1. direção da gravação;
2. tradução e ajuste;
3. visualização do material e leitura do roteiro;
4. interpretação final;
5. assessoramento linguístico.
a) 1, 2, 3, 4, 5
b) 3, 2, 1,5, 4
c) 5, 4, 3, 2,1
d) 4, 5, 1,3, 2
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6. Selecione alguns filmes cuja língua original seja a mesma da língua estrangeira que você
conhece. Assista a cada um deles e analise-os quanto às diferentes traduções: legendação e
dublagem.
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7. Desenvolva a mesma atividade anterior, mas agora apenas em suas versões traduzidas, ou seja,
dublado e com legendas em português. Você percebe diferenças entre os dois, mesmo utilizando o
mesmo código lingüístico, a língua portuguesa?
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A leitura do esboço feito por Schmitz sobre a situação da linguística aplicada (doravante LA)
no Brasil e no mundo mostra que a "disciplina está em pleno desenvolvimento com contribuições
pertinentes para o ensino e aprendizagem de línguas" (Schmitz, 1992, p. 215). Por outro lado,
mostra também que os limites entre a lingüística e a LA não estão bem-definidos, pois o que é
incluído na área ou dela excluído depende de certos interesses institucionais. Alguns autores
consideram que a LA inclui, como subáreas, a tradução, a aquisição da linguagem, a terminologia.
Para outros, a disciplina está voltada exclusivamente para o ensino prático, limitando- se à
aplicação de modelos lingüísticos. Outros, ainda, pensam que a LA é campo de pesquisa autônomo.
Com isso, Schmitz mostra que também não há consenso em relação a seus objetivos.
Efetivamente, vemos Coste & Galison (1976), por exemplo, afirmarem que a LA deve limitar-se a
responder à questão "o que ensinar?", excluindo de seu âmbito qualquer produção teórica, qualquer
pesquisa fundamental.
Cavalcanti (1986), entretanto, não aceita a concepção de que a LA seja apenas o lugar de
aplicação das teorias linguísticas. Para a autora, o âmbito da LA é mais amplo, inclui a pesquisa
sobre questões de uso da linguagem. Ainda que se saiba que é impossível dar conta do uso da
linguagem em toda sua complexidade, a posição de Cavalcanti é exemplar no sentido de não
restringir o campo da LA à aplicação de teorias lingüísticas apenas ao ensino e à aprendizagem de
línguas. Para a autora, a LA é também o lugar de produção de pesquisa fundamental com o objetivo
de identificar questões de uso e otimizar o desempenho do profissional, do usuário ou do aprendiz,
colocando-se dentro ou fora do contexto escolar.
Widdowson levanta outro aspecto dessa questão: não considera que, necessariamente, o
modo como a lingüística concebe a linguagem é o mais apropriado para os objetivos didáticos.
Sugere, inclusive, que:
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Desde sempre, em todos os tempos e lugares, teóricos e praticantes têm dito o que pensam
da tradução, do que ela é ou do que deveria ser. São opiniões que em muitos casos se
contradizem, se desdizem, não só no acessório como no essencial; contradições que enfim
não bastam para impedir que os tradutores continuem a fazer o seu trabalho, com a sua
prática muitas vezes desmentindo a teoria. (Campos, 1987, p. 11)
O final do item leva o leitor a imaginar que qualquer reflexão sobre tradução acaba sendo
estéril:
E por aí vão os teóricos da tradução, dizendo uns, desdizendo outros. Mas também os
práticos da tradução - se assim se podem chamar aqueles para quem "traduzir se aprende
traduzindo", assim como é nadando que se aprende a nadar - emitem vez por outra
algumas opiniões, não menos discutíveis nem menos contraditórias que as dos mais
renomados teóricos. (1987, p. 15)
Esse ponto de vista tenta ocultar que toda prática pressupõe uma base teórica. E isso não está
apenas relacionado ao tradutor, aplica-se também ao professor de línguas. Entretanto, como ressalta
Arrojo:
Mesmo o tradutor que pensa poder traduzir sem se preocupar com teorias, ou sem
conhecê-las, implicitamente estará seguindo normas que pressupõem uma postura teórica
– ou ideológica - ainda que não se dê conta disso. (1992, p. 109)
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da questão. Este, pelo menos em relação à tradução, é o afastamento entre a teoria e a prática,
devido à tentativa de certos teóricos quererem regular "cientificamente" a prática, ou seja, formular
regras tradutórias.
Snell-Homby (1988) denomina "tradutologia" a linha de pesquisa baseada na lingüística que
tem como objetivo fazer com que o estudo da tradução seja rigorosamente científico e transparente.
De acordo com a autora, o que essa abordagem prioriza é a busca de equivalentes de tradução.
Entretanto, a análise que faz de trabalhos nessa linha revela que:
O termo equivalência, além de ser impreciso e mal-entendido (mesmo depois de calorosos
debates por cerca de 20 anos), indica uma ilusão de simetria entre línguas que mal vai além de
aproximações vagas e que distorce os problemas básicos da tradução (Snell-Homby, 1988, p. 22)
Conclui que essa abordagem "não forneceu qualquer contribuição substancial para o
desenvolvimento dos estudos de tradução" (p. 26). E é fácil identificar o porquê.
Em geral, são trabalhos prescritivos, descontextualizados, que se distanciam do fazer
tradutório. Buscam explicar objetivamente o que é tradução, mas usam como meio procedimentos
tradutórios, que não descrevem o produto e congelam um processo dinâmico que não pode ser
normativizado por regras universais e atemporais. O processo de tradução é dependente de um
sujeito-tradutor e relacionado a diretrizes que não são universais nem eternas, mas transitórias e
vinculadas às instituições sociais. A tradução é um processo complexo e sempre dependente de
uma leitura contextualizada. Mas, na literatura sobre tradução, acaba prevalecendo a visão baseada
na linguística, que procura congelar e dissecar o processo, assim como estabelecer normas gerais
para a boa tradução.
Alguns pesquisadores tendem a reforçar essas noções. Por exemplo, Zanotto (1992, p. 125)
comenta que "a Teoria da Tradução, acompanhando o desenvolvimento dos estudos lingüísticos,
atingiu um grau de sofisticação didática e metodológica extraordinário". No entanto, o que chama
de "desenvolvimento teórico" refere-se à aplicação de certos conceitos da lingüística textual e a
pesquisas sobre procedimentos ou modalidades tradutórias, calcadas no modelo de Vinay e
Darbelnet, que se relacionam mais a estudos contrastivos entre línguas do que à própria tradução.
Zanotto (1992), como outros pesquisadores, deixa passar a idéia de que a tradução depende
de algumas técnicas e que seria mais fácil ou mais difícil dependendo do grau de convergência ou
de divergência entre as línguas envolvidas. Essa postura é indesejável para um curso de tradução,
pois desenvolve no aprendiz a idéia de que ele é um mero intermediário de um processo em que a
equivalência se daria pelo mero conhecimento de uma série de regras mais ou menos complexas.
Além de desvalorizar o trabalho do tradutor/aprendiz, enquanto sujeito de um fazer, atitudes
como essa tendem a criar, no aprendiz, a expectativa de que um curso de tradução, especialmente o
de teoria, forneça a resposta pronta e correta para todas as questões que surgem em sua prática.
Nesse sentido, os alunos tendem a esperar que a teoria da tradução seja uma continuação de cursos
de lingüística e que formule todas as regras e normas para a tradução perfeita. Esperam, assim, que
um curso de teoria forneça receitas e fórmulas para a boa tradução. No entanto, assim como o
objetivo de um curso de língua não é fazer com que o aluno decore certas fórmulas comunicativas,
o objetivo de um curso de tradução não pode ser a prescrição de procedimentos tradutórios. E da
mesma maneira que não se podem cobrir todas as situações de uso de uma língua estrangeira,
nenhum curso de tradução pode prever em que áreas e para que comunidades os aprendizes
realizarão seus trabalhos. Nesse sentido, os cursos têm que cumprir seu papel de formadores,
conscientizando o aluno de que a linguagem é indissociável de um contexto imediato e sócio-
histórico.
A LA e a tradução podem, juntas, tentar modificar a estrutura de ensino, buscando uma
abordagem que enfoque o uso real da linguagem. Essa abordagem não deve basear-se na noção de
que a estrutura das línguas fornece uma "significação original", que pode vir a ser alterada por
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condições externas ao sistema, relacionadas ao particular. E não deve passar a idéia de que, se o
aluno aprender as normas, as regras abstratas, terá nas mãos a chave para a compreensão da língua
e todo o restante seria acessório ou suplementar. Juntas, também, podem pensar sobre a questão do
método de ensino de línguas em cursos de Tradução. É necessário refletir se deve ser o mesmo para
um futuro tradutor e para um futuro professor. Afinal, os objetivos dos cursos de licenciatura
(Letras) e de bacharelado (Tradução) são bastante diferentes, o que implica metodologias diversas.
Síntese
Essa questão precisa ser discutida no âmbito da LA e no da tradução. Mas isso
apenas significa que há pontos de contato entre as duas áreas, o que não leva a
tradução à periferia da LA, nem à sua inclusão na área. O ponto de contato e algumas
das relações entre as áreas aqui apontadas devem servir muito mais para reafirmar
suas especificidades, o que levaria a confirmá-las como áreas de pesquisa em que deve
haver estreita relação entre teoria e prática.
Atividade de Síntese
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Considerações finais
No decorrer deste estudo, foram apresentados a você diversos aspectos relativos à tradução.
Alguns de caráter mais prático, como o uso do dicionário, os tipos de tradução especializada, o
tratamento tradutório que o texto literário requer, e também aqueles que oportunizam reflexões
teóricas que subjazem à questão: o que é traduzir?
Ainda que a literatura que trata da tradução possa segmentar suas teorias, optamos aqui em
sintetizá-las em duas perspectivas dominantes: a tradicional, que propõe no seu arcabouço teórico
as noções de equivalência, ou seja, de um sentido estável e passível de ser recuperado pelo tradutor,
e a contestadora, que recusa um sentido estável, único, dado previamente pelo texto, pois
considera que o sentido se dá na leitura do tradutor, que como sujeito interpretante não é isento de
ideologia, de uma perspectiva sociocultural, do seu subjetivismo.
Felizmente para quem está envolvido com o trabalho de tradução, ensinando-a ou
praticando-a, a perspectiva contestadora, através dos princípios nos quais se fundamenta, põe em
xeque a figura tradicional do tradutor e abre caminho para que seja extinta a figura de um mero
transportador de significados, cujo trabalho se restringiria a uma competência técnica e não
criadora.
Esperamos que o módulo lhe tenha dado a oportunidade de ampliar seus conhecimentos,
mas também tenha despertado seu interesse em ir além, em procurar na bibliografia sugerida, por
exemplo, aprofundar os conteúdos apresentados aqui.
Desejamos-lhe um novo e proveitoso percurso nesse sentido.
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Glossário
Desconstrução: corrente lingüístico-filosófica cujo precursor é Jacques Derrida. A leitura proposta
pela desconstrução se opõe à idéia de leitura correta e prega o fim dos conceitos dualistas:
verdadeiro/falso, sujeito/objeto, língua/fala etc.
Dialogismo: figura central da teoria bakhtiniana, é constituinte da linguagem humana que sempre
pressupõe o outro nas suas mais diversas realizações.
Discurso: espaço entre o lingüístico e o extralingüístico onde se articulam as significações e as
produções sociais.
Enunciação: espaço de interação entre locutores, no qual eles ocupam posições, às vezes
explicitamente, outras implicitamente.
Hipertexto: são textos inseridos dentro de um texto principal através de links ou hiperlinks. Eles
podem ou não ser acessados pelo leitor, que o selecionará de acordo com suas necessidades e
conhecimentos pessoais.
Ilocucinárias: mesmo que “ilocutório, a saber, aquele 'que realiza a ação denominada pelo
respectivo verbo: promessa, juramento, ordem, pedido, batismo etc. (diz-se de ato lingüístico)”, de
onde derivam os termos ilocucional e ilocucionário (HOUAISS; Villar; Franco, 2001).
Interpretação consecutiva: é o tipo de interpretação em que o intérprete verte o texto que ouve
para a outra língua, após o discurso oral.
Interpretação simultânea: é o tipo de interpretação em que o intérprete verte o texto que ouve
para a outra língua ao mesmo tempo em que o discurso oral é pronunciado.
Legenda: nome dado à unidade de legendagem (legendação). Deve estar em sincronia com a fala
original do filme.
Língua: o termo opõe-se a discurso, pois está restrito a um código, um sistema supostamente
neutro. Segundo Saussure, sistema abstrato, virtual.
Locucionárias: mesmo que “locutório77, isto é, o que é “resultante da ação de se emitir um
enunciado (diz-se de ato lingüístico)77, de onde derivaram os adjetivos locucional e locucionário
(HOUAISS; Villar; Franco, 2001).
Perlocucionárias: o mesmo que 'perlocutório77, ou seja, 'que exerce um efeito sobre o ouvinte
(para amedrontar, persuadir etc.), dependendo, por isso, fundamentalmente, da situação da
enunciação (diz-se de ato lingüístico)77 (Hguaiss; Villar; Frango, 2001).
Sujeito: figura teórica desenvolvida originalmente pela teoria da enunciação proposta por
Benveniste, é central para a análise do discurso.
Texto: para a análise do discurso, é unidade de significação cujas condições de produção integram
o seu sentido.
Texto literário: texto cuja centralidade é a sensibilização ao estético.
Texto veicular: texto cuja centralidade é o referente, a informação.
Tomada (takes): é a unidade de dublagem que organiza cada trecho que será trabalhado pelo
tradutor.
Tradução: do latim traductione, significa “ato de conduzir, de levar além77.
Tradução juramentada: tradução que tem fé pública, ou seja, com valor jurídico.
Tradutor juramentado: tradutor concursado pela Junta Comercial de cada estado do País, é o
único com autorização para fazer a tradução juramentada.
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Gabarito
Capítulo 1
Atividades de Síntese
1. c
2. a
3. c
4. Resposta individual.
5. Resposta individual.
Capítulo 2
Atividades de Síntese
1. d
2. b
3. c
4. E muito difícil ocorrer total literalidade na tradução das mensagens, pois cada tradutor traz suas
interpretações subjetivas, históricas e sociais do texto. O fenômeno da polissemia na tradução
provavelmente ocasionará escolhas diferentes entre si.
5. Resposta individual que provavelmente é conseqüência da visão pessoal de cada um sobre a
linguagem e o seu funcionamento.
Capítulo 3
Atividades de Síntese
1. a
2. b
3. d
4. Resposta individual No entanto, é importante perceber que a tipologia textual pode tomar
relativamente mais fácil o trabalho do tradutor, se o texto não for literário/poético.
5. Na perspectiva da corrente contestadora, a tradução é produto da leitura do seu tradutor. O
sentido (referencial, de orientação enunciativa, ideológico) será aquele que a interpretação feita
pelo tradutor construir e poderá não ser o mesmo para todos. O tradutor não é simplesmente aquele
que espelha um sentido, mas que também o constrói.
Capítulo 4
Atividades de Síntese
1. a
2. b
3. b
4. Não há dúvidas de que a principal função do dicionário é informar sobre o significado
daquele verbete, em seus diferentes contextos. Porém, ele serve também para conhecermos a
pronúncia da palavra ou nos ajudar na busca por sinônimos, por exemplo.
5. Resposta individual. Sugerimos a análise de diferentes tipos de dicionários: monolíngües,
bilíngües, mistos, especializados etc.
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Capítulo 5
Atividades de Auto-Avaliação
1. c
2. a
3. d
4. b
5. c
6. Resposta individual. A aliteração cria um efeito, colabora para uma configuração.
7. Os provérbios e slogans geralmente são construídos em função de um ritmo, de uma rima. Se o
tradutor conseguir fazer o mesmo jogo de linguagem, conseguirá, então, uma boa tradução.
Capítulo 6
Atividades de Síntese
1. a
2. d
3. b
4. a
5. E importante que sejam levantadas aqui as diferentes características dos textos escritos e dos
textos orais e que sejam feitos paralelos entre os dois, analisando-os dentro do processo tradutório.
6. Resposta individual.
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Atividades Avaliativas
1- Apesar das traduções estarem presentes em nossa vida, nem sempre nos damos conta delas ou
analisamos um texto traduzido. Este é o momento! Escolha um texto clássico da língua estrangeira
com que trabalha ou conhece e compare o texto original com o texto traduzido ou com várias
traduções. Como foi feita a tradução: palavra-por-palavra ou pelo sentido? Que elemento foi
privilegiado por ele: a forma ou o sentido? Você concorda com as escolhas feitas? De que maneira
elas aparecem na tradução?
2- Procure, nos livros traduzidos que você possui, a identificação do tradutor. Reflita sobre se você
já havia anteriormente observado quem era o tradutor, se você o (re) conhece, se para você é
importante identificá-lo quando vai ler o livro. Pondere, então, como é vista a figura do tradutor no
contexto brasileiro.
4- Procure alguma poesia (em língua materna ou na língua estrangeira de sua preferência) e tente
identificar o jogo sonoro que é nela produzido pelo poeta. Tente traduzir um pequeno poema.
Anote em qual nível a sua tradução se tornou mais difícil: lexical, semântico, morfossintático ou
fonético.
5- São vários os fatores que diferem os textos escritos dos textos orais. Essas diferenças são
refletidas também nos trabalhos de tradução e ficam ainda mais evidentes quando comparamos as
escolhas linguísticas dentro da legendação e da dublagem. Que diferenças seriam essas?
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