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A história de Israel contada como uma

narrativa familiar

O professor Dr Marvin A. Sweeney (Academy of Jewish Religion,


California) observou que, por trás da história da luta de Iáacov com seu
irmão gêmeo mais velho, Essav, há uma alegoria política, refletindo como
Israel (= Iáacov) dominou Edom (= Essav) nos séculos 10 a 9 antes da era
comum; e como perdeu posteriormente o controle, no final do século 8
antes da era comum.

Uma história sobre irmãos


disfuncionais

Parashat Tol’dot relata os primeiros anos do ancestral patriarcal, Iáacov, e


seu relacionamento disfuncional com seu irmão gêmeo, Essav.

A narrativa começa em Bereshit 25: 19–26, com o relato de sua luta por
domínio, durante a gravidez e parto de Rivka. E continua em Bereshit 25:
27–34, com uma breve narrativa sobre a venda de Essav, do seu direito de
primogenitura a Iáacov por uma tigela de lentilhas.

Após um desvio de assunto (cap. 26), a narrativa volta em Bereshit 27: 1–


40, contando como Rivka levou Iáacov a enganar Itzhak, de modo que
concedesse a ele a bênção do primogênito, planejada para Essav.

E conclui em Bereshit 27: 41–28: 9, com um relato de como Rivka


convenceu Iáacov a fugir para o ponto de origem da família em Padan-
Aram, escapando da ira de seu irmão, além de tornar possível encontrar
uma noiva adequada.

[A Haftará desta parashá também enfatiza o tema da “preferência”, por


assim dizer, da divindade por Iáacov em vez de, Essav – Malahi 1: 1 – 2:
7]

Entendendo que, personagens


bíblicos são figuras representativas

Embora a história fale sobre dois irmãos, os personagens bíblicos


costumam ser pensados e elaborados para representar conceitos. Este é o
caso na narrativa da vida de Iáacov. Nesta reflexão, vamos observar alguns
destes conceitos.

Essav como Edom / Seir

Vários aspectos da descrição de Essav de Bereshit 25:25, o apresentam


como:
‫אדמוני כלו כאדרת שער‬
"vermelho, coberto por cabelos como se fosse um manto", apontando para
o povo da região de Edom, bem como para a posição da personagem
Essav, como ancestral homônimo dos Edomitas:

O termo:
‫אדמוני‬
“vermelho”, é um trocadilho com o próprio nome 'Edom”, sendo uma
referência a um “manto de cabelos''.
O termo:
‫שער‬
śe`ar, é outro trocadilho com o nome Seir, que é o nome regional do
território, em que o povo de Edom estava localizado.

A disposição de Essav em trocar sua primogenitura por um prato de


lentilhas, cena em que Essav é descrito como se referindo ao prato como:
“algumas dessas coisas vermelhas aí” ; fazendo o leitor notar o termo
Hebraico usado, ‫< אדום‬adom> em Bereshit 25:30, “explica” - como se
fosse - o motivo dele ser chamado Edom.

Iáacov como Israel / Iehudá

Em resposta à sugestão de sua mãe, Iáacov finge ser Essav diante de seu
pai cego, Itzhak, para que Iáacov recebesse a bênção do primogênito. Na
cena, ele responde (Bereshit 27: 11):

‫ל־ר ְב ָ ֖קה ִא ּ֑מֹו ֵ ֣הן עֵ ָׂש ֤ ו אָ ִחי֙ ִ ֣איׁש ָׂש ֔ ִער וְאָ נ ִ ֹ֖כי ִ ֥איׁש חָ ָ ֽלק‬
ִ ֶ‫אמר ַיעֲקֹ֔ ב א‬
ֶ ‫֣וַֹּי‬

Iáacov respondeu a sua mãe Rivka: "Mas meu irmão Essav é um homem
cabeludo (sa'ir) e eu sou de pele lisa (halak)".

Iáacov se descreve como ḥalaq ("liso, suave") em contraste com seu


irmão Sa`ir (cabeludo). Provavelmente, isso reflete a fronteira entre
Iehudá e Seir (Edom), marcada pelo Monte Halaq…
(conforme se lê em Iehoshua 11:17: desde as montanhas Halak, na porção
de Se’ir...
‫עֹול֣ה ֵׂש ֔ ִעיר‬
ֶ ָ‫)מן־הָ ָ ֤הר ֶ ֽהחָ לָ ק֙ ה‬
ִ
...Assim, este versículo consiste, provavelmente, de um jogo de palavras
inteligente, relacionado a divisão geográfica entre as duas nações, Edom e
Iehudá.

A conexão do sul
Julius Wellhausen (1844-1918), figura-chave no desenvolvimento das
críticas modernas às fontes da Torá, atribuiu a maior parte do material de
Iáacov à fonte J (chamada javista ou yahvista).

[Julius Wellhausen, no livro Die Composition des Hexateuchs und der


historischen Bücher des Alten Testaments = A composição do Hexateuco e
os livros históricos do Antigo Testamento (Berlin: Georg Reimer, 1889)
páginas 30, 31-37.]

Na visão de Wellhausen então, a tradição J era a mais antiga, das quatro


fontes tradicionais que compuseram a Torá, datando dos primeiros anos da
monarquia no século IX antes da era comum.

Outro acadêmico, o pesquisador Gerhard Von Rad (1901-1971) modificou


o período da tradição J em meados do século 10 antes da era comum, pois
isso coincide com a fundação da monarquia davídica, mas a maioria dos
estudiosos modernos considera que, o período deva ser de meados do
século 7 antes da era comum, ou mesmo do período exílico.

[A opinião de Gerhard von Rad, no livro “The Form-Critical Problem of


the Hexateuch,” The Problem of the Hexateuch and Other Essays (trans. E.
W. Trueman Dicken; London: SCM, 1966) páginas 1-78.]

Como se sabe, tradição J é chamada deste modo, pelo uso preferencial do


Tetragrama ao se referir a divindade, HaShem (no uso popular YHWH,
mas que em Alemão ficava JHWH). Além desta característica, esta fonte
tradicional também tem caráter folclórico; retrato antropomórfico da
divindade; falta de preocupação com questões éticas; e localização no
reino meridional de Iehudá, onde expressava uma concepção de relação
primitiva e entre os seres humanos e a divindade.

Por causa disso, as narrativas de Iáacov tinham mesmo que fazer parte da
tradição J, na visão de Wellhausen, posto que a narrativa fundamental da
Torá tinha que ter uma história completa, e as narrativas de Iáacov
ajudavam a garantir a integridade da fonte, que era mais antiga.
A fonte tradicional E (elohista) que era do norte – chamada deste modo
pelo uso do termo Elohim para se referir a divindade; foi estabelecida no
século 8 antes da era comum e, muitos acreditavam, que poderia ter sido
um complemento, ou apêndice da tradição J.

[Muitas características da tradição J - como o relato da Torre de Bavel em


Bereshit 11, Avraham atravessando a terra de Kena’an em Bereshit 12 e os
elementos da tradição J sobre visão de Iáacov, da escada para os céus em
Beit-El de Bereshit 28 - pressupõem imagens e práticas de origem
babilônicas e Assírias. Isso se vê nas pirâmide ou zigurates babilônicos,
que ficavam no centro da Babilônia ou, na prática dos reis assírios de
marchar pela terra em campanhas chamadas “palu”, para daquele modo,
afirmar sua autoridade sobre seus impérios. Tais instituições e práticas só
seriam conhecidas em Israel durante os séculos 8 a 6 antes da era comum.
Veja os trabalhos de: Thomas L. Thompson, AThe Historicity of the
Patriarchal Narratives (BZAW 133; Berlim e Nova York: Walter de
Gruyter, 1974); John Van Seters, Abraham in History and Tradition (New
Haven e Londres: Yale University Press, 1975); cf. Ernest Nicholson, The
Pentateuch in the Twentieth Century: The Legacy of Julius Wellhausen
(Oxford e Nova York: Oxford University Press, 1998), 132-160; Thomas
B. Dozeman e Konrad Schmid, eds., A Farewell to the Yahwist? The
Composition of the Pentateuch in Recent European Interpretation
(SBLSym34; Atlanta: Society of Biblical Literature, 2006).]

Iáacov como uma história sobre o


início do Reino do Norte de Israel (E)

Nos últimos anos, no entanto, alguns estudiosos - entre eles o Professor


Marvin Sweeney - sugerem que o cerne da história de Iáacov e Essav
vieram da fonte israelita do norte - ou seja, da fonte E - que pode ser
datada do século 8 antes da era comum.

[Vários estudiosos começaram a reconhecer que um estrato combinado de


tradições E e J existiriam, as vezes num mesmo estrato. A versão da
tradição E foi editada pela tradição J, e isso permanece como a narrativa
fundamental da Torá. Dentre as pesquisas que mostram isso, há o trabalho
de David M. Carr, no livro Reading the Fractures of Genesis: Historical
and Literary Approaches (Louisville, KY: Westminster John Knox, 1996);
e também Joel S. Baden, no livro “J, E, and the Redaction of the
Pentateuch” (FAT 68; Tübingen: Mohr Siebeck, 2009). Do mesmo modo, o
livro The Composition of the Pentateuch: Renewing the Documentary
Hypothesis (New Haven e Londres: Yale University Press, 2012); e
também o livro: The Promise to the Patriarchs (Oxford e Nova York:
Oxford University Press, 2013). Para uma visão que interpreta a tradição E
como a fonte fundamental da Torá, há o trabalho do professor Tzemah L.
Yoreh, chamado The First Book of God (BZAW 402; Berlim e Nova York:
Walter de Gruyter, 2010); e a versão do Tana’h do Professor Marvin
Weeney, chamado: A Theological and Critical Introduction to the Jewish
Bible (Minneapolis: Fortress, 2012), 45-167.]

Iáacov é um patriarca israelita do norte, associado principalmente a locais


israelitas ao norte:

[E isso, apesar de seu pai, Itzhak, ter vivido no sul de Iehudá e na Filístia.
As fontes sobre Itzhak sobre onde ele morou, vieram da tradição J não da
tradição E, refletindo as tradições da região sul.]

Shehem - a antiga capital do norte (Bereshit. 33: 18-20, 34).


Beit-El - um santuário do norte (Bereshit 28: 10-22).
As cidades tranjordanianas de Penuel (Bereshit 32: 31-32), Sucot (Bereshit
33:17) e Mahanaim (Bereshit 32: 3), todos estes foram importantes centros
administrativos do norte de Israel.
A subjugação de Israel a Aram:
Conflito de Iáacov e Lavan

A permanência de Iáacov em Aram com seu tio Lavan, a quem ele serviu
por vinte anos para se casar com as filhas, Leah e Rahel, também não deve
ser tomada literalmente.
Em vez disso, esta narrativa reflete a subjugação de Israel a Aram durante
os primeiros anos da dinastia Iehu, após a derrubada da Casa de Omri no
final do século 9 antes da era comum.
E de fato, foi somente durante o reinado dos reis da dinastia Iehu, Ioash /
Iehoash ben Iehoahaz e Ierav’am ben Ioash, que Israel restaurou seu
domínio sobre a Transjordânia, estabelecendo suas fronteiras com Aram no
século oito antes da era comum.

[Para aprender mais sobre a história de Israel durante as dinastias Omri e


Iehu, há o comentário do Professor Marvin Sweeney a Melahim alef e bet,
chamado 1 and 2 Kings: A Commentary (OTL; Louisville: Westminster
John Knox, 2007) páginas 202 a 371.]

A Conexão de Iehudá
Edomitas em uma História do Norte?

Um problema que surge ao identificar a história de Iáacov como uma


espécie de mitologia política do norte, é o foco em Essav e Edom, ao sul
de Moav e ao sudeste de Iehudá, através da região do Aravá, que se
estende da bacia sul do Mar Morto.

O reino de Edom não compartilhava uma fronteira com o reino do norte de


Israel, mas, como dito, compartilha fronteira com o último reino, a região
de Iehudá no Monte Halak.

A princípio, isso parece sugerir que a história não poderia ser do norte, e
que seria Iehudá, não Israel, que estaria alegorizando seu relacionamento
com Edom, imaginando “dois irmãos lutando” num passado remoto.

Como então essa história poderia ser lida, como uma derivação do norte de
Israel, que tinha Iáacov como sua figura ancestral?

Iehudá visto como vassalo de Israel


A história da fusão das duas
identidades

Esse problema é simples de solucionar. Iehudá dependeu do norte de Israel


durante os séculos 9 a 8 antes da era comum, quando esse texto
provavelmente foi escrito. Embora o período da monarquia dividida,
descrito na Bíblia Hebraica após o reinado do rei Shlomo, seja
frequentemente representado, como um tempo de dois reinos independente
- Iehudá ao sul e Israel ao norte - esse não é o caso – por boa parte do
período em que, Iehudá era um vassalo de Israel.
Uma Breve História das Nações

Uma leitura cuidadosa do Livro de Melahim, sugere que, pelo menos


desde o início do século 9, Iehudá se uniu de modo submissivo com Israel.
A evidências são:

Conquista - Durante o reinado da Casa de Omri, Iehudá se tornou um


vassalo para Israel.

Aliados em batalha - o rei Iehoshafat de Iehudá acompanhou o rei Ahav


de Israel na batalha contra os Arameus, onde Ahav foi morto (Melahim
alef 22). Ele novamente acompanhou o filho de Ahav, rei Ioram, de Israel,
durante a campanha deste último contra o rei Mesha de Moav (Melahim
bet 3). Nessas representações, o rei do norte é mostrado como o líder.

Aliança Real de Casamento - O filho de Iehoshafat, rei Iehoram de


Iehudá, foi casado com uma filha de Ahav (Melahim bet 8:18), embora em
outra passagem ela seja identificada como Ataliah bat Omri (Melahim bet
18:26). De qualquer maneira, um casamento real é o modo típico de selar
uma aliança entre dois reinos.

Tentativa de revolta - Mais tarde, no século 7 antes da era comum, o neto


de Ahaziah, o rei Amatziah de Iehudá, tentou se revoltar contra o rei
Ioash / I’hoash de Israel; Ioash derrotou Amatziah em Beit-Shemesh e
depois marchou sobre Jerusalém, destruindo uma parte de seu muro e
obrigando Amatziah a se submeter, mais uma vez, à soberania Israelita do
norte (Melahim bet 14: 1–20).

Assim, Iehudá foi mesmo um vassalo no norte de Israel, do final do nono


século antes da era comum; Iehudá só ganhou independência, quando
ocorreu a destruição do reino do norte de Israel, pelos Assírios em 722
antes da era comum.
Iehudá como parte de Israel

Da perspectiva israelita do norte, pareceria que Iehudá era considerado


mais do que apenas um vassalo, mas como israelita. Já na fonte norte, a
tradição E, Iehudá é retratado como um dos filhos de Iáacov, isto é, parte
de Israel, não uma nação separada. Assim, em certo sentido, Edom
compartilhou uma fronteira com Israel, a nação “controladora” ou "pai" de
Iehudá.

O servo do meu servo, é meu servo


também

No século nove antes da era comum, Edom era controlado por Iehudá, e
Iehudá, por sua vez, era controlado por Israel.
Visto que Israel via Iehudá como seu próprio território, o vassalo de
Iehudá, Edom, também era considerado vassalo de Israel. Assim, numa
história israelita do norte, se expressava tal relacionamento com Edom,
como o de nações irmãs, sendo possível até desenvolver demonstrações de
reconhecimento sobre sua fronteira comum.
A derrota de Edom e a esperança de
reconquista

Com estas informações, compreendemos que, a Parashat Toledot é parte de


uma narrativa maior, de Iáacov em Bereshit 25–35, que parece ter sido
escrita, como uma reflexão “israelita do norte”, sobre sua experiência com
Edom e Aram, durante as guerras Arameanas dos séculos 9 e 8 antes da era
comum.

[confira o livro do Professor Marvin A. Sweeney, “Puns, Politics, and


Perushim in the Jacob Cycle: A Case Study in Reading the English Hebrew
Bible,” Shofar 9 (1991) páginas 103 a 118.]

Sob a liderança de uma sucessão de dinastias - identificadas em fontes


bíblicas como a Casa Israelita de Shaul, a Casa de Iehudá / Israelita de
David, a Casa Israelita de Omri e a Casa Israelita de Iehu - o norte de
Israel passou a dominar a região e estabeleceu seu domínio sobre Iehudá,
Edom, Moav e Amom.

Isso durou até o domínio de Israel ser desafiado por Aram (finais do nono
ao início do oitavo século), período durante o qual, Edom se libertou do
controle israelita (Melahim bet 8: 20–24).

Traduzindo a alegoria política então, Israel (Iáacov) está destinado a


dominar Edom (Essav) e o faz, mas por um curto período de tempo. Em
algum momento, Israel foi atacado e subjugado por Aram (conforme a
tradição J) e, como resultado, perdeu o controle do Transjordânia, e Edom
em particular. Eventualmente, Israel escapa à dominação dos Arameus,
mas não recupera o domínio sobre Edom.
Compreendendo o relacionamento
com Edom

A Torá emprega a figura ancestral de Iáacov e seu relacionamento


disfuncional com seu irmão gêmeo mais velho e fraterno, Essav, para
expressar sua relação, com seu vassalo fugitivo, Edom.

O relacionamento é amargo, mas também multifacetado. Essav mostra que


ele não é digno da primogenitura, ao vender seu status por uma tigela de
lentilhas. Na narrativa, Iáacov é claramente o mais apto dos dois, mas ele
ganha a bênção do primogênito por enganar seu pai quase completamente
cego, Itzhak, e é forçado a fugir de sua terra natal para escapar da ira de
Essav. Quando Iáacov retornar, na Parashat Vai’shlach, Essav já se tornou
uma potência independente, localizada em Seir.

Os estágios do relacionamento entre Israel e Edom são pressagiados na


bênção de Itzhak para Essav (Bereshit 27: 40):

‫ָּוארָך‬
ֽ ֶ ַ‫וְעַ ל־חַ ְרְּב ָך֣ ִ ֽת ְח ֶ֔יה וְאֶ ת־אָ ִ ֖חיָך ַּת ֲע ֑ ֹבד וְהָ יָה֙ ַּכאֲ ֶׁש ֣ ר ָּת ִ ֔ריד ּופָ ַר ְקָּת ֥ ע ֻּ֖לֹו ֵמ ַ ֥על צ‬

Pela tua espada viverás! E servirás a teu irmão. Mas quando você se
desprender, quebrará o jugo dele, do seu pescoço.

De fato, Essav se libertou do jugo de Iáacov e conquistou a independência,


para nunca mais ser subserviente ao seu "irmão" Israel / Iehudá.

Várias fontes, como o Tehilim 137; Irmiahu 49: 7–22; e Ieheskel 25: 12–
14 indicam que, séculos mais tarde, Edom se juntou aos Babilônios e
participou da profanação e destruição do Templo de Jerusalém, em 586
antes da era comum.
As falhas de Iáacov no contexto
histórico

O que se reflete na Parashat Toldot então – quando há entendimento de que


os Estados estão por trás dos indivíduos retratados na narrativa – É que, as
histórias de Iáacov e Essav são auto reflexivas.

As falhas no caráter de Iáacov, neste relato, explicam o relacionamento de


Israel com Essav.
Iáacov é o filho escolhido, mas sofrerá dificuldades e perda de controle e
domínio – quer dizer, Israel, o reino do norte - perderá seu domínio
político sobre Edom. O autor da narrativa sugere que, o motivo é Essav ser
um personagem “defeituoso” e, talvez indigno, de realizar plenamente seu
destino.

Talvez, transformando as nações em indivíduos e pintando na cena, “o pai


fundador” da nação, como um humano com grande potencial, mas com
sérias falhas; a Torá tivesse a intenção de nos dar a oportunidade de
reconhecer, de modo auto crítico, nossas próprias vantagens e
desvantagens de caráter, seja como indivíduos e como nação, para que
pudéssemos procurar uma melhor maneira de nos estabelecer e conduzir
nossos relacionamentos, uns com os outros.

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