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Parashat Vaishlach - Leis Da Violação Da Virgem Na Torá e Na Lei Assíria
Parashat Vaishlach - Leis Da Violação Da Virgem Na Torá e Na Lei Assíria
: וְכִ י יְפַ ֶּת ה ִאיׁש ְּב תּולָ ה אֲ ֶׁש ר ל ֹא אֹ ָרָׂש ה וְָׁש כַב ִעָּמ ּה ָמהֹ ר י ְִמהָ ֶרָּנה ּלֹו ְל ִאָּׁש ה׃ ִאם
ָמאֵ ן י ְָמאֵ ן אָ ִביהָ ְל ִתָּת ּה לֹו ֶּכסֶ ף יְִׁש קֹ ל ְּכ מֹהַ ר הַ ְּב תּוֹלת
Se um homem seduzir uma virgem por quem o preço da noiva não foi
pago e se deitar com ela, ele deverá fazer dela sua esposa, pagando o preço
da noiva. Se o pai dela se recusar a entregá-la, ele ainda assim deverá pesar
a prata, de acordo com o preço da noiva, pelas virgens.
Esta lei trata da antiga prática de noivado no Oriente Médio Antigo, onde
um homem obteria uma noiva, dando a seu pai uma quantidade de prata
como um "preço da noiva" (às vezes também chamado de "riqueza da
noiva" ou “dote”).
O preço da noiva era mais alto para as virgens, então dormir com uma
virgem antes do casamento, “roubaria” - por assim dizer - da família, a
quantia mais alta. Dado o valor atribuído à virgindade, isso também
reduziria severamente, suas chances de conseguir um marido, o que a
deixaria social e economicamente vulnerável. A lei resolve esses
problemas, exigindo que o “sedutor” pague a quantia mais alta e tome a
menina como esposa. No entanto, o pai da menina se reserva o direito de
recusar o casamento, e mesmo assim, manter a prata.
Se um homem se deparar com uma virgem que não está noiva e ele a
tomar e se deitar com ela - e forem descobertos - o homem que deitar com
ela pagará ao pai da menina, cinquenta siclos de prata, e ela será sua
esposa. E porque ele a violou, ele nunca pode ter o direito de se divorciar
dela.
Essa lei trata mais de estupro do que de sedução, mas a penalidade é
semelhante: o homem deve se casar com a garota e pagar ao pai.
O Shemot exige o preço habitual da noiva, que pode ter variado ao longo
do tempo e de uma comunidade para outra, enquanto o Devarim fornece
uma quantia fixa.
Explicando as diferenças
É mais difícil explicar por que uma lei usa a sedução como exemplo,
enquanto a outra usa o estupro. Antes de retornar a esta pergunta,
consideraremos uma passagem paralela na Lei Medo Assíria.
As leis Medo Assírias foram compostas por volta de 1076 antes da era
comum, provavelmente antes de qualquer uma das coleções bíblicas.
O tablet A da LMA contém duas leis sobre sexo com uma virgem sem
compromisso, uma sobre estupro e outra sobre sexo consensual e, ao
contrário da Torá, as duas leis aparecem lado a lado.
O estuprador deve levar a garota para sua proteção e, se não for casado,
deve se casar com a garota pelo triplo do preço da noiva, embora seu pai se
mantenha o direito de rejeitar a união. Se o estuprador for casado, no
entanto, sua própria esposa deve ser estuprada.
Como as leis bíblicas carecem dessa disposição, elas não permitem uma
distinção significativa entre os dois cenários, e cada coleção precisava
apenas de uma lei. Na maioria dos outros aspectos, as leis da LMA A se
assemelham à lei da CA: elas permitem que o pai rejeite a união, não
proíbem explicitamente o divórcio e baseiam a penalidade monetária no
preço habitual da noiva, embora neste caso seja triplicado.
[como diz David P Wright, no “Invention God’s Law: How the Covenant
Code of the Bible Used and Revised the Laws of Hammurabi (New York,
Oxford University Press, 2009) páginas 110, 14]
Se isso estiver correto, parece que a CD criou o cenário de estupro da
LMA A ¶55, enquanto a CA criou o cenário do sexo consensual da LMA A
¶56.
As razões para essas decisões não são claras, mas pode haver uma pista em
Devarim 22: 23 – 27, que poupa uma garota prometida da pena de morte
por sexo com um homem que não é seu noivo, se ela foi estuprada. Isso
indica que o autor de CD considerou o consentimento um fator potencial
na determinação da culpabilidade feminina.
[“autor” aqui é só um modo de falar, dado que estas leis foram redigidas
durante um longo período de tempo. Entretanto, muitas partes do CD,
incluindo estas, mostram consistência de estilo suficientes para que sejam
atribuídas a um redator]
Todas as leis enfatizam que a ofensa foi contra o pai. Não se trata de um
crime de agressão contra a mulher, embora tentem mostrar alguma
consideração pelo bem-estar da mulher, ao proporcionar a possibilidade de
casamento.